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sábado, 28 de janeiro de 2012

JULGANDO PELA CAPA


Sei que listas sobre isso ou aquilo, geralmente, são um indício de pouca criatividade em um blog. Mas blogs servem para expressar a opinião pessoal de alguém, não é mesmo?
Surfando pelas turvas ondas da internet, descobri um interessante e hilário artigo sobre capas de jogos mais feias de todos os tempos, no Blog do Amer (que se encontra na minha lista de blogs, logo abaixo). Aqui vai o link para quem ainda não leu: http://blogdohammer.blogspot.com/2008/05/capas-horrveis-de-games-volume-1.html

Enquanto garimpava games em uma loja online, tive uma súbita vontade de comentar sobre as capas de jogos que mais gosto, e de algumas que eu simplesmente não entendo sua razão de ser. Uma coisa que eu acho bastante curiosa é como uma capa de jogo (assim como de disco ou filme) pode nos dar pista da qualidade real do produto. Ou não. Na lista, não há nenhuma ordem ou padrão de quantidade. O critério é a minha inspiração, vontade de falar sobre a capa escolhida e experiência pessoal com o jogo em questão.


GOD OF WAR 3, PS3

A série God of War, desde o Playstation 2, é famosa por seus belos gráficos. Eu, particularmente, nunca achei o primeiro game da série lá essas coisas de tão bonito. Não que ele não tenha seus méritos no quesito visual, mas existiam jogos bem mais impressionantes no console, como Metal Gear 3. Mas, se tem uma coisa que é difícil de discordar, é a beleza da arte contida na capa dos jogos dessa série. Vejamos:

GOD OF WAR, PS2




GOD OF WAR 2, PS2




GOD OF WAR: CHAINS OF OLYMPUS, PSP




GOD OF WAR: GHOST OF SPARTA, PSP




GOD OF WAR 3, PS3



UOTA RÉU????????
O que diabos aconteceu aqui? Onde estão os montes altivos, as belas construções gregas e a imponente pose do espartano encarando a face de seus maiores desafios? Essa capa me deixa com a seguinte impressão: GOW 3 é, indiscutivelmente, um dos mais belos jogos de videogame já feitos. Tente não ficar de queixo caído ao ver a introdução desse jogo, na qual Kratos luta contra o deus grego Poseidon. Claro, fazer um jogo com um visual destes leva tempo e dinheiro. Perto do lançamento do game, quando a matriz para as cópias já seria enviada às fábricas, ainda faltava definir a capa do título. Sem muito tempo disponível e estando muito confiante no belo trabalho gráfico que sua equipe havia realizado, o diretor e produtor do jogo deu a seguinte ordem: “ainda falta a arte da capa? Não temos tempo. Dá um zoom no rosto de Kratos e manda pro estúdio de impressão.” E, novamente, eu pergunto: o que diabos aconteceu aqui? Por sorte, God of War 3 não é um jogo desconhecido que precise de todas as armas que a propaganda moderna possa oferecer para alcançar o sucesso que alcançou. Mesmo com uma capa totalmente sem graça que destoa completamente do padrão da série, ele acabou conseguindo seu lugar no hall da fama dos jogos da atual geração.


LOST PLANET 2

Lost Planet, para Xbox 360 e PC (posteriormente lançado para PS3), foi razoavelmente bem sucedido. Lost Planet 2 causou muito hype e gerou bastante expectativa entre fãs e não fãs da “série”. Apesar de ter visto algumas fotos do game, meu primeiro contato com esse jogo foi através de uma demo baixada pela PS Store, na casa de um amigo. Sabe quando você se depara com um filme/revista em quadrinhos/jogo/anime tão bom que você vai pra cama e ainda fica pensando nele, consumido pela expectativa? Foi o efeito que a demo de Lost Planet 2 causou em mim. Belíssimos gráficos; altas doses de ação; ótimos controles; momentos grandiosos nas batalhas contra inimigos trezentas vezes maiores que você... não tinha como sair nada de errado com uma premissa dessas.
Quando foi lançado, fui conferir o preço do jogo nas lojas pela internet, e me surpreendi com a sua capa.



Alguns soldados atirando em uma tartarugona gigante. Nada muito diferente do que foi descrito acima, na demo. Mas algo não cheirava bem. Não que a capa seja muito feia. Mas eu, simplesmente, perdi a vontade de comprá-lo depois disso. Alguns rumores e uma nota 7.2 no Game Trailers depois, minhas suspeitas se confirmaram: Lost Planet 2 se mostrou ser um jogo bastante genérico com ênfase no multiplayer. A Capcom, mais uma vez, tratou o consumidor de games como cobaia para descobrir se as pessoas estão interessadas em jogos genéricos voltados para jogatina online, sem um modo campanha decente que justifique a compra. Pra quê perder anos e anos trabalhando na I.A de um jogo, se os jogadores podem fazer o trabalho por ela? Quebrou a cara, pois Lost Planet foi um fracasso comercial e, nem de longe, teve o retorno esperado pela empresa. Mas os indícios já estavam lá, no monstrão tartaruga sendo fuzilado pelos soldados genéricos.



EVERY EXTENDED EXTRA, PSP



Você já teve vontade de comprar um CD apenas por causa da arte da capa? Claro que sim, na época em que os seres humanos ainda possuíam em seus códigos genéticos o instinto de comprar CDs. É o mesmo que acontece comigo com EEE. A capa desse jogo me lembra aqueles vinis antigos da década de 80, de bandas como Pink Floid e Joy Division.
Nem consigo definir direito o gênero ao qual EEE pertence (acho que ele é um tipo de shooter musical), mas tenho vontade de comprar o jogo apenas para ter a capa em minha coleção de games de PSP. Every Extended Extra me lembra a arte das capas de séries de ficção científica das décadas de 60 e 70, como Perry Rhodan, e os livros de robôs de Isaac Asimov. Qualquer coisa que remeta à ficção científica da década de 60, 70 e 80 ganha um ponto automático no meu termômetro pessoal.


GOD HAND, PS2

Existem várias boas formas de chamar atenção para um jogo de uma empresa obscura que tenta o sucesso com um título descontraído e sem muitas pretensões. E, pelo que parece, o Clover Studio evitou todas elas.



Sinceramente, nem sei muito o que falar sobre a imagem acima. God Hand era voltado para o humor. Era mais ou menos competente em vários aspectos técnicos, pois eu acredito que ele se utilizava do mesmo motor gráfico que Resident Evil 4. Mesmo que eu esteja errado, a ideia não me sai da cabeça.  Mas, voltando ao assunto, fica a dúvida na minha mente: você compraria, para seu filho (não importa a idade do guri), um jogo com uma imagem de um punk com adereços sado-maso levando um sei-lá-o-quê na goela? Sim, porque parece que o tal God Hand está fazendo tudo, menos socando o sujeito. Mesmo com minha imaginação fértil, prefiro não dar nenhuma opinião do que estava acontecendo antes do clímax dessa cena. Figures...


SUPER STREET FIGHTER 4

A arte da capa de Street Fighter 4 é perfeita. Nem mesmo essa faixa branca com o nome verde do Xbox consegue estragá-la:



Ryu versus Ken num embate clássico, representados no belíssimo estilo “borrão de tinta”, que lembra aquarela e, se não disse isso no review supremo de SF4, digo agora: o carinha que teve essa sacada merece ter todos os pecados perdoados e ir para céu antes mesmo de morrer, na primeira classe e com a Ana Hickman sentada em seu colo, pois essa era uma das idéias que mais tinham tudo para dar errado num jogo. Então, a Capcom resolve, mais uma vez, tirar uma com a nossa cara e lança Super Street Fighter 4. Prestem muita atenção nessa capa:



Todo o contraste do preto-e-branco foi substituído por um amarelo-ovo de causar náuseas. Repare nas expressões de Adon e Dee Jay (parece que ele teve o pescoço quebrado por um Forbidden Shoryuken). E o que é esse estilo visual? Parece que houve um empobrecimento da ótima ideia do borrão de tinta que a substituiu e colocou no lugar essa risca de giz de cera do pré-primário. A Capcom é especialista em novas idéias, e duas vezes mais especialista em destruir suas próprias criações com uma precisão cirúrgica digna do Dr. House. Mas tudo bem. Se você (como eu) odiou a capa (e todo o acabamento artístico) do SSF4, pode se contentar com o fato de que a capa da Arcade Edition é um pouco menos feinha.




HEAVY RAIN

Já falei que, às vezes, os americanos são mestres em CAGAR com tudo? Se não, tenho dito. Heavy Rain conta a história de um assassino serial conhecido como Origami Killer. Durante quase todo o desenrolar do game, cai uma forte chuva, daí o título Heavy Rain (não, a chuva não é pesada). Contemplem agora a capa européia do jogo:



Bastante enigmática. Consegue englobar todos os elementos de enredo citados acima. Mas, não satisfeitos com o resultado da versão européia, a capa americana joga toda a beleza da original para o alto e nos presenteia com uma imagem da caixa do jogo Detetive:




O executivo burocrata; a gostosa genérica; o modelo de comercial do Prestobarba; o tiozinho pensando em suicídio; quem será o assassino?
E, se você ainda acha que não houve muitas perdas, dê uma olhada nessa foto e encontre coragem para, ainda, me dizer o contrário:



Ainda discorda que o Perk Stomp the Shit é exclusivo da raça Americanos? Olha só a capa da versão japonesa:


 Se você jogou o Heavy Rain até o fim sabe que, além de bonita, essa capa tem tudo a ver com o enredo.

  

METAL GEAR SOLID 4: THE GUNS OF THE PATRIOTS

Essa capa segue o mesmo destino trágico que God of War 3. Não que Metal Gear seja tão bonito quanto God of War. Nem de longe e com muita boa vontade. Mas a queda na qualidade da arte é visível:

METAL GEAR, PS1



MEATAL GEAR 2, PS2



METAL GEAR 3, PS2



METAL GEAR 4, PS3




Mas, o que c*&%$jos esta habiendo aqui? Usaram o mesmo recurso safado do zoom na cara nos últimos meses de finalização do jogo. Que vergonha...


ALIENS VS PREDATOR: EXTICTION

Falei desse jogo no post Nono Passageiro. Extinction não ficou lá muito conhecido por apresentar visuais incríveis. Pra falar a verdade, esse jogo nem se quer ficou conhecido. Mas ele tinha muita personalidade própria, e conseguia manter a qualidade das séries em questão, mesmo navegando em mares totalmente desconhecidos. Pena que a sua capa não seja tão inspirada.



Desculpem-me a Zono Incorporated e a EA Games, mas a cara desse Marine não é a de um soldado pronto para matar ou morrer no campo de batalha. Parece mais a cara de alguém levando um belo nabo. E outra: a imagem da capa de Extinction me lembra a Human Centipad, do South Park.




THE ELDER SCROLLS: SKYRIM

Essa série dispensa apresentações. Mesmo que você não goste de RPGs, já ouviu falar dela. The Elder Scrolls: Skyrim, com seu trailer retumbante, belos gráficos em alta definição e uma promessa de mundo livre arrebatou diversos gamers que se quer tinham experimentado um jogo do gênero antes. RPG? Ação? RPG de ação? É um pouco complicado definir a qual gênero esse jogo pertence mas, com certeza, é um titulo indispensável, seja para PC, 360 ou PS3.
A capa de Skyrim é um caso sério, a ser analisado.
Você já comprou jogos pela internet, ou conhece alguém que tenha comprado, certo? Antes de um game ser lançado, ele fica disponível para pré-venda, ou pre-order. Como ainda não há uma imagem da capa do título, o site de vendas cria uma capa fictícia para fins de divulgação do produto. Geralmente, trata-se de um fundo preto com o logotipo do game.Veja um exemplo:



Agora veja a capa final de um game que passou mais de três anos em desenvolvimento, com uma equipe de dezenas de artistas altamente gabaritados:



Não muito diferente da versão pobretona da pré-venda, não é mesmo?
Eu sei que a capa desse jogo faz referência a um livro que fala sobre o mito do Dovahkiin, mas eu confesso que levei um choque quando o jogo finalmente chegou em minha casa. Um jogo com tanto hype girando em torno merecia um cartão de visitas melhor que esse. Quem sabe com a edição Ultimate Perfect Ultra Deluxe The Elder Scrolls: Skyrim, que já vem com todas as 10 expansões no mesmo disco...


CONCLUSÃO

Publishers e desenvolvedoras, ouçam o que eu tenho a dizer: nós sabemos o quão árdua é a tarefa de criar um jogo. Desde o simples conceito até a sua exibição nas prateleiras das lojas, passam-se anos e anos de muito trabalho esforçado. Mas planejamento nos detalhes é essencial. Não deixem a arte da capa para a última hora. Raros jogos são tão bem posicionados no mercado a ponto de não precisarem de quase nenhuma propaganda ou marketing. A primeira impressão, às vezes, é a que fica. Nem todos os compradores de games são nerds super bem informados que lêem trinta reviews e pensam dez vezes antes de adquirir um jogo. Pais, mães, namoradas e outros parentes podem e, provavelmente vão, julgar um livro pela capa. Ou game, no caso. Então, fica a dica. Um pouco de capricho e esmero nunca matou ninguém.


Au Revoir!

4 comentários:

  1. Geralmente prefiro as capas europeias e japonesas, as americanas tendem a ser literais e pouco imaginativas. Heavy Rain é um dos melhores exemplos disso. Já no caso de Skyrim, gosto dessa capa final modesta e elegante. Acho que o jogo já é tão "abarrotado", que o minimalismo da capa dá uma equilibrada. rsrs

    As capas europeia e japonesa do MGS4 seguem o padrão da série, com uma ilustração do Yoji Shinkawa, olha (lá no final da página): http://metalgear.wikia.com/wiki/Metal_Gear_Solid_4:_Guns_of_the_Patriots

    PS: "Qualquer coisa que remeta à ficção científica da década de 60, 70 e 80 ganha um ponto automático no meu termômetro pessoal." ---> Somos dois. AMEI essa arte do EEE. =D

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  2. bem bonita mesmo essa capa do metal gear 4. se não me engano, saiu uma edição especial do jogo com essa capa.

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  3. Muito boa a análise das capas. Acho que a ideia dos americanos de simplificar a capa serve para tentar vender mais tentando "explicar" a maior quantidade de coisas possíveis na capa. No final, elas acabam ficando muito poluídas e confusas. Muitos games da década de 80 tinham umas 3 cenas de ação ocorrendo ao mesmo tempo, tipo uma explosão ao fundo, com naves atirando em primeiro plano e o protagonista no meio defendendo de um ataque, enquanto se esquiva de outro, e ainda atacando um inimigo (ufa).

    Outra coisa ridícula é quando você vai numa loja de games de PC e vê todas aquelas capas de games genéricos de estratégia e RPG. Em todas elas tem alguém com um sorrisinho malígno segurando uma espada, feitos em 3D rudimentar no meio de vários soldados elfos e criaturas diversas.

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  4. Essa sua teoria sobre as capas americanas até que faz muito sentido, Fernando. Também já tinha percebido essa coisa das capas dos anos 80. não incluí nenhuma capa dessa época por querer me focar nos jogos que ainda estavam frescos na minha memória.
    os jogos para PC geralmente têm umas capas bem genéricas mesmo, sem querer generalizar, claro.
    acho essa falta de atenção com a capa um erro fatal que uma produtora comete. a capa é o primeiro contato que o comprador tem com o jogo (isso depois de ver centenas e centenas de vídeos e notícias sobre um game de seu interesse). e eu continuo batendo a tecla de que dá pra ter uma noção da qualidade do jogo baseando-se pela capa. nem sempre, é claro...

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