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sábado, 26 de maio de 2012

PEQUENO PLANETA, GRANDE DECEPÇÃO














Minhas expectativas com relação à atual geração de jogos não poderiam ser maiores. Sempre fui um jogador de consoles (salvo raríssimas exceções), e pelo que foi apresentado com os aparelhos de 128 bits, esperava no mínimo uma experiência extra-sensorial vinda dos gigantes de incontáveis bits de processamento. Quem acompanha o blog já ouviu essa história mais de uma vez.
Acho que meu problema foi acreditar nas (exageradas) promessas pré-lançamento de consoles que sempre são feitas, de que “a água será mais realista do que nunca”, ou que tal aparelho terá capacidade para rodar um jogo equiparável a tal animação de computação gráfica, só que em tempo real.
Quase seis anos se passaram desde o lançamento da atual geração de consoles (que não podem mais ser medidos pela sua capacidade em bits), e confesso que pouquíssimos jogos haviam cumprido com o prometido pelos desenvolvedores. Um desses jogos foi Little Big Planet.


JOGUE, CRIE, COMPARTILHE









Little Big Planet foi lançado em 2008, pela total desconhecida Media Molecule, empresa fundada em 2006 pelos ex-funcionários da Lionhead Studios. É isso mesmo que você está pensando: Little Big Planet foi desenvolvido num prazo de, aproximadamente, três anos, por uma empresa totalmente “iniciante” no assunto e que provou que, nem sempre, diamantes levam centenas de anos para se formarem.
LBP é um exemplo daqueles jogos em que tudo parece ter saído de forma perfeita: ótima trilha sonora (uma das melhores dessa geração. Com certeza, alvo de um futuro post); gráficos que fazem jus ao alarde da nova geração; modo história cativante e criativo, que consegue fisgar o jogador logo nos primeiros dez minutos de jogo (para ser mais exato, já nos créditos e apresentação o game consegue fazer você se apaixonar pelo mundo de papelão e pano); curva de dificuldade agradável.
Ou seja: um ótimo jogo, que eu joguei pelo menos duas vezes completas (a segunda foi para completar o difícil desafio de passar de todas as fases sem morrer). E isso era só o começo, pois o mote de LBP era a criação de fases para compartimento com outros jogadores ao redor do mundo.
Claro, nem tudo era perfeito nesse jogo, e como principal problema, posso citar a terrível ideia de mudança de planos e física desengonçada do Sackboy.


PEQUENA GRANDE DECEPÇÃO.












Duas coisas a respeito dos games que nunca mudam: eles podem ser tão surpreendentes quanto decepcionantes. E é no segundo caso que se enquadra Little Big Planet 2.
Para começar, a história do jogo, nem de longe, se compara com a do primeiro. Não que essa última fosse a reinvenção da roda. Longe disso. O modo single player, assim como toda a campanha solo, estavam lá para, “meramente”, apresentar ao jogador o mundo de possibilidades que as ferramentas de criação de LBP podiam proporcionar. De fato, tudo que é visto no modo solo pode ser reproduzido ou criado pelos próprios jogadores, com a criatividade e dedicação necessários.
LBP 2 nem isso consegue alcançar. A história do modo principal é monótona, com excesso de diálogos e não chega a lugar nenhum. Serve, basicamente, para te apresentar a personagens chatos e sem carisma. E por falar nisso...

No primeiro jogo da série, os mundos nos quais você jogava eram invenções das mentes criativas de figuras como Zola; The Collector; Uncle Jalapeño e outros mais. No segundo game, apenas o primeiro criador, Da Vinci, consegue entreter e demonstrar a “velha” magia Little Big Planet que foi apresentada no início da série.
Os mundos de LBP 2 são tão sem criatividade, que eu nem me recordo deles direito, e passei voando por cada um deles na vã esperança de ver algo que valesse a pena a jogada. Do começo ao fim, quando somos obrigados a enfrentar o maçante Negativitron (um monstro imbecil e clichê que só sabe berrar e dizer que vai destruir as coisas), fica a sensação de que esqueceram algum ingrediente fundamental que foi usado com abundância no primeiro jogo. Isso sem falar no personagem mais sem graça e irritante da série.

AVALON CENTRIFUGE












Avalon Centrifuge é um personagem tão irritantemente clichê que fica difícil tecer um motivo mais elaborado para a total falta de empatia que o mesmo causou em mim. Ele mora no planeta chamado Avalonia que, não por coincidência, é uma variação de seu próprio nome. Avalon é hedonista; super confiante; egocêntrico; orgulhoso e tem todas as outras falhas de personalidade que o fazem uma perfeita cópia de um “famoso” personagem da série Dragon Ball Z: Mister Satã.

Mister Satã é um caso que poderia ser analisado à parte. Como tenho um pouco de tempo livre nos fins de semana, posso fazê-lo.
No desenho animado do “mestre” Akira Toriyama, Mister Satã é um lutador fake que sempre ganha as suas lutas devido a alguma desvantagem de seu oponente. Ele é egocêntrico; covarde; exibido; embromador; e muito, mas muito, sem graça. No desenho animado, esse personagem desprezível sempre leva o crédito pelos feitos dos personagens principais, e toda a população do desenho, como retardada que é, simplesmente não consegue perceber que ele não teria condições de ter realizado nem a metade das coisas de que se gaba.
No “enredo” de Dragon Ball, esses fatos são utilizados como recurso humorístico, mas o fato é que Mister Satã é desprezível e não tem a mínima graça ou função na história. E qual é a dos japoneses de colocar um nome desses em um personagem? Será que eles não sabem o que Satã significa?

Bem, todo esse desabafo foi para explicitar o quão Avalon Centrifuge e todos os personagens de LBP 2 são o ápice da falta de criatividade. E para deixar bem claro, gostaria de dizer: mister Satã é irritante, e não engraçado! Ouviu, Akira Toriyama? Irritante é muito diferente de engraçado. O Goku criança, da fase inicial de Dragon Ball (a única que presta, diga-se de passagem), era um personagem engraçado. Mister Satã não é.


TRILHA SONORA












Aqui eu adentro no ponto mais crítico da minha experiência com esse jogo. No Little Big Planet, a trilha sonora era... quer saber de uma coisa? A música do primeiro jogo era tão boa que nem pode ser citada no mesmo post que trata de LBP2.
Só posso dizer que, desse segundo game, eu não me recordo de ABSOLUTAMENTE NENHUMA FAIXA DE NENHUM DOS ESTÁGIOS. E, para um jogador que considera a música de um game como 50% da experiência, pode apostar que esse é um problema gravíssimo do jogo, com direito a 200 pontos na carteira e multa de centenas de reais.
Não que eu estivesse brincando, mas, falando sério: como os desenvolvedores do jogo puderam fazer isso com a trilha sonora desse jogo? Com exceção de uma breve remixagem de uma sinfonia de Beethoven, que toca ao final das fases do mundo de Da Vinci, eu realmente não consigo me lembrar de mais nenhuma faixa desse game. Enquanto escrevia essas mesmas palavras, o tema dos créditos de introdução do LBP ecoava em minha mente. Acho que não preciso dizer mais nada...


ASPECTOS GERAIS DE JOGABILIDADE











Claro, Little Bif Planet 2 possui suas qualidades. O problema é que, mesmo onde acerta, fica claro que não foi por mérito próprio. Os gráficos, por exemplo: o visual desse jogo é impecável e tão perfeito quanto o do primeiro. E essa perfeição vem justamente daí: como se utiliza do mesmo motor gráfico, LBP 2 consegue apenas reprisar os feitos de seu antecessor, sem tirar nem pôr nada que já não tenha sido visto.
O jogo apresenta uma maior quantidade de fases, corrigindo uma indiscutível falha do primeiro game. Mas, se levarmos em conta que LBP dá uma surra em TODOS os aspectos de LBP 2, então isso acaba deixando de ser uma vantagem. Sem falar que as fases do 1 são mil vezes mais pitorescas que as do 2.
As novas mecânicas de jogabilidade, como a montaria de criaturas e o Grappling Hook, em seus primeiros momentos, prometem ser um parque de diversões. Isso se não fosse a MALDITA IMPRECISÃO DA ALAVANCA ANALÓGICA DO CONTROLE DO PS3, que torna a simples tarefa de se dependurar a La Tarzan um verdadeiro suplício, graças ao maldito cordão que fica se esticando ou se recolhendo sem o consentimento do jogador. E tem gente que ainda acha que o controle do Playstation é o melhor que já foi feito. Eu queria ganhar uma por fora pra bajular a Sony desse jeito também. Afinal, seus jogos andam bem carinhos.
A arma de água funciona bem, mas não acrescenta nada na mecânica dos cenários. O mesmo pode ser dito da montaria de coelhos ou lagartas. Recursos que pareciam legais nos trailers, mas que se mostraram totalmente mal aproveitados na campanha solo.


CONCLUSÃO FINAL, SÓ PRA TERMINAR












É triste o que vou dizer a seguir mas, com Little Big Planet 2, fiz algo que nunca achei que faria com um jogo dessa série: terminei ele às pressas. Sabe quando a experiência com um jogo acaba se tornando um fardo, e você se vê compelido a chegar ao final só pra ver se algo de melhor acontece? Foi o que aconteceu aqui.
A Media Molecule foi comprada pela Sony, dado o tremendo sucesso que foi a primeira empreitada da empresa. Fico me perguntando o efeito que tal transação exerceu no processo criativo da Media Molecule, a ponto de lançar um jogo bastante inferior ao que havia sido mostrado antes. Com LBP 2, essa empresa parece ter esquecido todo o aprendizado de se criar algo para o complicado Tiamat de várias cabeças que é o PS3. O pior: parece ter esquecido como se faz bons jogos. Nesse caso, a santíssima trindade “Jogue, Crie, Compartilhe” não foi seguida pelos próprios desenvolvedores do game, que entregaram um produto bastante ruim e sem personalidade, desprovido de vida própria.
O próximo jogo da série, Little Big Planet Kart, seria uma compra quase que automática, se meu julgamento fosse baseado nas minhas impressões acerca do primeiro jogo. Mas, depois dessa, faço lá minhas ressalvas quanto ao futuro dos pequeninos de pano. Triste, mas a pura verdade...


PONTOS FORTES: belos gráficos; mais estágios por planeta; deixe-me ver...

PONTOS FRACOS: história fraca; personagens que vão do sem graça ao irritante; mundos pouquíssimos variados; excesso de diálogos; mecânicas que não funcionam; e o mais grave de todos: trilha sonora inexistente.

VALE A COMPRA? A resposta é simples, clara e direta: NÃO. Se você já tem o Little Big Planet, não fique com coceira pra comprar o segundo. Ele não está à altura de seu antecessor. LBP 2 consegue reunir alguns dos defeitos que mais detesto em um jogo, como curta duração, músicas inexpressivas e personagens irritantes (dublagem de pessoas reais não caiu bem). E, se você parar para ponderar que todas as fases (online) do primeiro jogo têm compatibilidade com as do segundo e vice-versa, não vejo nenhum motivo plausível para comprar Little Big Planet 2.


Au Revoir!

domingo, 20 de maio de 2012

MEU REVIEW SUPREMO DE ALIEN, O OITAVO PASSAGEIRO

























Talvez o meu apreço pelo terror fictício venha da possibilidade de sentir fortes emoções. O meu apreço pelas obras de ficção científica, com certeza, vêm da minha eterna curiosidade e gosto pelo incrível, de difícil explicação.

O filme Alien, O Oitavo Passageiro, é proveniente de uma época em que as dublagens dos filmes não só eram aceitáveis, como eram a única opção àqueles que não dominavam o inglês. Nessa época, não posso deixar de salientar, os subtítulos dos filmes também eram bastante aceitáveis, sem cair na redundância ou ridículo.
O filme de 1979, dirigido por Ridley Scott com base no roteiro de Dan O’Bannon e Ronald Shusett, estreou em total clima de Guerra nas Estrelas, onde alienígenas jamais eram representados como uma ameaça além das questões políticas interplanetárias. E é aí que começa o meu amor pela série.
Alien aborda vários assuntos. Dentre eles: sobrevivência; ganância humana; terror propriamente dito; e o que mais me agrada dentre esses: O TERROR BIOLÓGICO. Essa categoria não existe? Na minha cabeça, sim. E, sendo assim, posso explicar o que seria tal conceito.



ALIEN, O OITAVO PASSAGEIRO (1979. Direção de Ridley Scott e roteiro de Dan O’Bannon e Ronald Shusett)



Esse filme mostra um tipo de terror até então inédito nos filmes: o já citado terror biológico. Alien conta a história da nave mineradora Nostromo (nome super-ultra-hyper-mega legal. Se eu tivesse um filho, com certeza ele... não se chamaria Nostromo. De forma alguma).
Os tripulantes do cargueiro (sete, no total. Oito se você considerar que... esquece. Eu chego lá) têm seu sono criogênico interrompido por causa da interceptação de uma mensagem de socorro, vindo de um planetoide composto basicamente por gases e rochas magmáticas. Um dos pontos mais interessantes do enredo passa totalmente despercebido nesse trecho. Ao ouvir a mensagem de socorro, Lambert (Veronica Cartwright) ressalta que o sinal lembra uma voz, e não um código de S.O.S.

Como tudo nesse filme está bem encaixado e faz muito sentido, os personagens Parker (Yaphet Kotto. Cara, só porque ele é negro tem que ter um nome esquisito desses?) e Brett (Harry Dean Stanton) questionam a lógica de pousar em um planetoide alienígena (no filme, exploração a esses planetas alienígenas já não são mais novidade) para investigar uma mensagem desconhecida. É então que Ash (Ian Holm) ressalta que, pelo acordo intergalático de dois mil novecentos e bolinha, os tripulantes são obrigados a atender a qualquer chamado de socorro, sob pena de perderem todo e qualquer futuro pagamento na atual missão em que se encontram. Aqui fica registrado o primeiro “foda-se” que Ash merece levar, ao longo do filme. Dallas (Tom Skerritt), como bom pau-mandado da Companhia, apenas concorda com Ash.
Fica decidido, então, que Dallas, Kane (John Hurt), e Lambert partirão em terra firme para ver quem pede socorro no planeta.



Depois de alguns minutos, o trio chega a uma espécie de espaçonave alienígena. Dentro dela, um ser bizarro que se assemelha a um elefante (o space joker) é encontrado morto, em sua poltrona Moebius (desculpem, mas só consigo chamar essa poltrona por esse nome. Desculpas também a quem não entendeu a referência), com a caixa torácica explodida de dentro para fora. A trilha sonora, nesse trecho do filme, é genial e assustadora, assim como em todos os outros momentos do longa metragem. Aliás, esqueci de mencionar como adoro o começo desse filme: silencioso; tranquilo; enigmático. Não dá a menor pista do que está por vir para quem ainda não o assistiu. Também adoro a forma como a palavra ALIEN vai se formando na tela. Continuando...

Sem ter se tocado da encrenca na qual havia se metido, Kane vai mais a fundo na espaçonave e prova, da pior maneira possível, a veracidade do dito que afirma que “a curiosidade matou o gato”. Cara, sinceramente, quando Kane avista os ovos de alien, e comunica aos colegas que “há movimento” nos objetos que parecem “ovos feito de couro”, muito antes disso eu já estaria a trocentas milhas galáticas dali. Então, o idiota escorrega e cai no omelete de alien. O engraçado é que dá pra ver um dos ovos balançando quando Kane esbarra nele. Faltou um pouco mais de cola nessa parte. Mas tudo bem.



O cidadão Kane, não satisfeito em estar EM UM MALDITO PLANETA ALIENÍGENA; EM UMA PORRA DE UMA ESPAÇONAVE ALIENÍGENA; CERCADO POR UNS BAGULHOS ALIENÍEGENAS QUE SOLTAM UM GÁS TOTALMENTE ESQUISITO QUE BRILHA COMO SE FOSSE NEON; bota a cara em cima de um dos ovos. O facehugger faz aquilo que melhor sabe fazer (dando início à primeira campanha de “Abraço Grátis de que se tem conhecimento), e pula no capacete de Kane, derretendo o vidro e colando no idiota.

Vale ressaltar que o facehugger foi inspirado naqueles “Jack-in-the-box” americanos (aqueles palhaços que pulam de uma caixa pra te dar susto). E uma coisa bem nojenta, que me perturba até os dias de hoje, foi a descoberta que fiz ao assistir o disco de extras da versão em DVD: essa coisa de pular na cara é o jeito que o Alien tem de se reproduzir. Ainda não se deu conta do que eu estou querendo dizer? O facehugger faz amor gostoso com o hospedeiro quando introduz aquele tubo (pênis! Argggggghhhhhhh!) na boca da vítima. Então, essa imagem pode ser considerada material pornográfico no planeta dos facehuggers:



Quando retornam ao Nostromo, Ripley fica sabendo que Kane possui um tipo de “organismo estranho” atarraxado ao seu corpo, e não pensa duas vezes em mostrar ao mundo a primeira personagem feminina mais fodona dos filmes sci-fi: ela tenta colocar os três em quarentena, e não permite que eles entrem na nave. Lambert se utiliza do lógico argumento de que a única chance de sobrevivência de Kane esteja dentro do conforto das instalações médicas do Nostromo. Dallas, tentando fazer jus ao conteúdo de suas roupas de baixo, juntamente com sua autoridade de capitão da nave, ordena que Ripley abra a porta da nave. Ele pergunta se a segundo em comando, tentente Ellen Ripley, “copiou” a ordem. A segundo em comando e tentente Ellen Ripley responde com um belo “sim. Eu entendo e ignoro”, que numa linguagem menos técnica pode ser entendido como “fodam-se vocês. Eu avisei”. E, nessa hora, Ash se faz merecedor de mais um momento “foda-se”, quando abre a porta da nave sem a permissão de Ripley, que leva um belo esporro de Dallas e umas belas bofetadas de Lambert. Outro fato curioso, é que essa cena é meso-real, meso-fictícia: as duas atrizes não se davam muito bem, e rolava um atrito entre as duas. A quedinha desajeitada de Lambert é a prova da espontaneidade da cena.



Desculpem se escapar alguma parte, mas estou escrevendo a partir da minha memória dos acontecimentos do filme.
Ripley dá uma dura em Ash, que “parecia desconhecer” o fato de que, quando Dallas está ausente da espaçonave, ela é a chefe da matilha. Ash muda de assunto, explicando que o facehugger é um tipo de tardígrado son-of-a-bitch que quebra as suas próprias moléculas de polissacarídeos para poder viver eternamente, até que encontre um desavisado para poder fazer amor gostoso ao som de Barry White.
Estão vendo? Me esqueci completamente que essa cena é depois que o facehugger já se deu por saciado, e descola da cara de Kane. Essa cena não é muito pitoresca (tirando o fato de que é aqui que ficamos sabendo “do que um alien é feito”, literalmente, e do furdunço do casco da nave sendo quase perfurado pelo ácido do facehugger), então vamos seguir.

Durante as brigas e desavenças, Kane desperta de seu sono pós fish-ball-cat no facehugger, e relata que teve um sonho estranho no qual relata que algo o sufocava. Ele para por um segundo e fica meio aéreo. Claro, ninguém tem coragem de dizer o que realmente aconteceu: “você pagou um peixe-bola-gato em uma criatura alienígena parecida com um caranguejo”. Quem seria tão sem caráter a esse ponto? O jovem e talentoso Ridley corta para a melhor e mais impactante cena de terror que um filme de ficção científica já concebeu.


CHESTBURSTING, SANGUE FALSO E REAÇÕES VERDADEIRAS.



Alien é o meu filme preferido de todos os tempos. É um marco do cinema e do terror. Por esse motivo, abandono, neste tópico, quaisquer tentativas de fazer piada e trato o assunto da maneira pela qual ele merece ser tratado. SARCASMO, HUMOR ADOLESCENTE E IRONIAS < OFF >.

O corte de cena nos mostra os personagens interagindo de forma bastante agradável e natural, durante uma refeição (almoço? Jantar? Café da manhã? Como definir  isso no espaço?).
Depois de alguns gracejos de cunho sexual que, provavelmente não dariam em nada (droga! O filtro de sarcasmo precisa de uma limpeza), começa o espetáculo.
Kane, demonstrando uma voraz fome, começa a passar mal e ter algumas convulsões. Ash, o médico da equipe, acredita se tratar de um ataque epilético, e pede para que alguém mantenha presa a língua do indivíduo.
Sentindo uma dor incontrolável, Kane grita de forma assustadoramente real e agonizante. Uma mancha vermelha tinge sua camiseta convenientemente branca. O silêncio. Todos ficam estarrecidos, com aquela familiar cara de que porra é essa? estupefação. Mais gritos de dor. Mais um jorro de sangue, e a camisa de Kane é rasgada para nos revelar o Chestburster, uma criatura horrenda, sem braços ou pernas, com dentes metálicos e que se assemelha a uma cobra. Mais caras de “estupefação”, e o bicho sai correndo mesa abaixo para desaparecer completamente. Esse efeito foi alcançado com balões e ar comprimido. E ficou muito bom.
Outro detalhe importante é a reação da atriz Veroninca Cartwright. 




Ela, segundo o documentário em DVD, não sabia muito bem que tipo de cena seria gravada no dia da tomada do peito de Kane. Então, não seria exagero dizer que A REAÇÃO DE VERONICA FOI UMA REAÇÃO GENUÍNA DE UMA PESSOA QUE TESTEMUNHOU TAMANHO HORROR, EM TEMPO REAL E SEM LEVAR EM CONTA DE QUE SE TRATAVAM DE EFEITOS VISUAIS DE CINEMA. CARA, ISSO VALE MAIS QUE OURO. É sério. Perceba a forma como a atriz parece ficar completamente chocada. Repare nos dizeres dela (meu Deus), como soam totalmente naturais e espontâneos. “É o filho de Kane”, observa Ash, completamente abismado e hipnotizado pela fuga do pequeno notável.
Vale ressaltar que Ash impede que Parker cause um terrível dano à criatura com seu afiado garfo de prata (eu já avisei que o filtro precisa de uma limpeza). Se você é um louco que chegou até aqui no texto sem nunca ter visto esse filme, preste atenção a esse tipo de nota. No futuro, tudo fará sentido e você ficará sabendo o quão terrível pode ser a ganância humana.

Essa galera consegue enfiar Alien em tudo quanto é coisa...


Os personagens decidem que é melhor dar cabo do bicho, e preparam uns bastões elétricos que podem penetrar a pele da criatura, caso ela seja mais fina que a do ser humano. Nessa cena, também, tem origem um dos maiores ícones presentes na série: O DETECTOR DE MOVIMENTOS BASEADO EM MICROALTERAÇÕES NA DENSIDADE DO AR O MEU RABO! Não é fã? Não entendeu a referência? Such a Pitty...

Chegamos ao momento da segunda morte do filme (lembra que Kane já passou dessa pra melhor? Foi o primeiro de muitos...). Brett, depois de confundir um gato (Jonesy) com uma criatura espacial de dois metros de altura, vai novamente ao encalço do bicho. A cena a seguir nos apresenta a uma criatura preta, enorme, pendurada em correntes no teto. Mas é aí que está o problema: nem o próprio telespectador estava ciente que aquele bichinho que parecia uma cobra se transformaria em uma porra gigantesca de dois metros de altura, com uma boca dentro da boca que viraria sua principal marca registrada. Brett encontra algo semelhante a uma camisinha usada, que na verdade é a pele temporária do Alien. Jonesy, que não só não é burro como é mais esperto que Brett (pena que ele não entrou na conta de passageiros do subtítulo brasileiro), dá o fora quando avista a criatura. 

Logo em seguida, o mecânico espacial é morto da mesma forma que um peru de natal é destrinchado por uma família faminta que só deseja “comemorar o nascimento do Redentor”. Parker chega a tempo de presenciar a cena da criatura, que acabaria por gerar a fantástica frase “the son of a bitch is huge”! A voz de Parker, na dublagem brasileira, era a mesma do Brutus, do desenho animado Popeye. Hilário, tosco, mas ainda assim memorável.



Morte número três: depois de traçar um incrível plano de se enfiar em uma série de corredores escuros onde se encontra um huge son of a bitch, Dallas parte em sua empreitada para encontrar seu destino final. MUITA ATENÇÃO A ESSA CENA EM ESPECIAL: primeiro, porque eu levei um susto filho da mãe ao assisti-la, mesmo já conhecendo o filme. Isso porque eu era criança na primeira vez em que assisti, e fazia anos que eu não o via, me assustei novamente. A tensão e desespero transmitidos pelas coordenadas da desesperada Lambert causam uma aflição e terror no telespectador que não podem ser medidos com palavras.
Segundo porque, até o presente momento no filme, DALLAS ERA O LÍDER; O CHEFÃO (PAU MANDADO, MAS AINDA ASSIM, CHEFÃO); O MOCINHO DO FILME. Depois dessa cena, fica IMPOSSÍVEL adivinhar quem será o sobrevivente e protagonista da história. O semblante distante de Ripley, enquanto tenta pensar no que fazer, coincide completamente com a “falta de chão” em que se encontra o telespectador a essa altura. Sem tirar nem pôr.

Ripley decide levar o plano de Dallas adiante, por mais estúpido que pareça (eu não culparia a heroína de cabelos fartos por sua completa desorientação). O plano: escapar num módulo de fuga (todo filme de ficção científica da década de 70 e 80 tinha que ter um módulo de fuga, assim como “impostores”. Ah, os malditos impostores, que causavam tanto mal nas décadas acima citadas...) que só comportava dois ocupantes.
Mais uma vez, peço desculpas por não me recordar dos eventos na ordem correta. Mas lá vai.

Eu não falo, computo.


Ripley, agora como comandante do cargueiro, tem acesso irrestrito ao Pentium 133 conhecido pela alcunha de Mother. Essa ideia de dar um nome quase próprio a um computador, que coordena todo o sistema de uma espaçonave, merece um Oscar.
No mainframe da Mother, Ripley tem a terrível revelação de que, o que pareciam ser eventos aleatórios (o sinal de socorro; a infestação de um dos tripulantes), não eram nada aleatórios ou mero acaso. A ordem especial 937 deixa tudo muito claro: todos os tripulantes da nave eram “dispensáveis”. A companhia já sabia da existência da criatura, e pretendia atravessar o bicho pela “fronteira” usando o cargueiro como disfarce. Ash sabia de tudo. Mas o telespectador não sabia tudo que tinha para saber sobre Ash. Lembra daquela regra, de que o protagonista não deve saber mais que o espectador? Deve ter sido levada em conta, nesse filme.

“Morte” número quatro: Ripley, desesperada e transtornada pela ganância da Companhia em querer aproveitar a espécie para fins militares, quase dá uma sova em Ash (que, como oficial médico que era, jamais ganharia dela em uma luta. Humilhante.). Ao tentar entrar em contato com Lambert e Parker, Ripley se vê encurralada por Ash, que trava todos os acessos entre eles dois. Ash agarra Ripley pelos cabelos. Ripley, na tentativa de se desvencilhar do seu algoz, acaba perdendo um belo tufo de pelos da cabeça, tufo esse que não devia representar nem 10% do total de pufantes de sua careca, visto que a década de oitenta (lar dos cabelos estapafúrdios) acenava ao horizonte.
Machucado, Ash começa a sangrar... leite? WTF? Imagina você, assistindo a um filme totalmente desconhecido no cinema, em uma época em que não podíamos contar com o milagre da internet para dar spoilers e estragar todo e qualquer material inédito que uma obra possa ter, e se deparar com um cara que leva um soco na testa e começa a sangrar leite? WTF, você pensa. Nada mais natural.
Ash, demonstrando possuir uma tremenda força (estou tentando adequar o vocabulário à época, morou?), arremessa Ripley em uma cama e tenta matá-la empurrando uma revista dobrada em canudo goela abaixo da heroína. 

You always know a Working Joe


Cara, essa cena é muito bizarra. É uma daquelas cenas em um filme que custa a nossas cabecinhas inocentes entenderem. Quando revi o filme, depois de adulto (2005), eu não sabia que reação ter. Eu não me lembrava de quase nada do filme, e não sabia se achava a cena engraçada, bizarra (como é), ou simplesmente estranha. Comentarei um fato relevante daqui a pouco.
Parker e Lambert chegam de repente (não, não vou fazer nenhum comentário de duplo sentido questionando onde os dois estavam enquanto acontecia a cena do tufo de cabelo). Parker, munido de um extintor de incêndio (se bem me lembro) no melhor estilo Resident Evil Outbreak/Dead Rising, acerta a moleira de Ash com um belo critical. A partir daí, o LSD é jogado no suprimento de água de todo o cinema. Ash começa a ter um ataque xiliquento, e a rodopiar que nem um louco pela sala. Ele agarra o peitinho de Parker e quase causa uma visita forçada ao mastologista no rapaz de ébano. Parker se livra do “bata, peitinho” mais ignorante da história, e acerta outro golpe na aberração, quase arrancando sua cabeça do corpo. Ash começa a fazer uns barulhos esquisitos e a dançar como uma bailarina alcoolizada. Então, Parker profere uma das minhas frases de efeito favoritas do cinema: “It’s a robot. Ash is a goddamn robot”!
Ash se revela um sintético (robô) a serviço da Companhia.

My simpathies


Não sei se conseguirei passar todo o sentimento que essa cena me causou, mas tentarei. Assisti a esse filme na primeira vez, no final da década de oitenta (infelizmente, a pouca idade me negou a experiência única de assistir ao filme nos cinemas; minha curiosidade sobre o terror era tamanha que, enquanto as crianças da época iam correndo aos cinemas para assistir a Os Fantasmas Trapalhões, eu infernizava a minha mãe, que não me permitia assistir ao King Kong nas telonas. Claro, esse filme não é de terror, mas eu encarava a experiência de ver um macaco de 30 metros no telão como uma experiência de terror; vai entender...).

Eu tinha uns seis ou sete anos, se não me engano. Claro, como criança, não absorvi ou compreendi todos os elementos presentes na obra. Depois, passei alguns anos sem ter a oportunidade de rever o filme. Isso só veio a acontecer em 1998, quando 2001: Uma Odisseia no Espaço e Alien: O Oitavo Passageiro foram exibidos em uma tacada só, numa sessão quase de madrugada na rede Globo. Nem me lembro se cheguei a assistir o filme até o fim, pois os sacanas da emissora decidiram exibir a chatíssima obra de Kubrick antes de Alien, e eu estava morrendo de sono.
Depois dessa ocasião, pude conferir o filme novamente apenas em 2005, quando um de meus irmãos comprou a edição dupla do filme em DVD. Assisti sozinho, no quarto, usando um enorme fone de ouvido para não incomodar ninguém. Mais uma vez, não me lembrava de lhufas do enredo, e a minha reação ao (re)descobrir que Ash era um goddamn robot foi quase a mesma que a do personagem Parker.

Exame de toque?


A curiosidade que eu deixei pra falar sobre Ash é sobre a cena do revistocídio, com a Ripley.
Segundo os depoimentos contidos no DVD de documentário, essa foi uma forma (perturbada e distorcida) que o sintético encontra de se “relacionar”, de “interagir” com um ser humano. Os autores vão mais fundo que um Isaac Asimov, quando o assunto são robôs pervertidos e alterados: essa era uma forma de Ash, um robô, fazer sexo...
Nada mais a declarar.

Ripley decide reativar o robô para questioná-lo sobre uma possível forma de exterminar a criatura, e é quando Ash solta a proverbial frase: “Eu admiro a sua pureza”.
Ash admira o Alien por sua perfeição genética e evolutiva (até aí tudo bem. Eu também. O design do bicho é formidável). Ash enaltece a agressividade do animal, além de sua total falta de remorso ou quaisquer emoções artificiais forçadas através de inibidores de emoções. Tá bom. Já fui muito a fundo na psicologia de robôs pervertidos.
Parker, utilizando-se da sequência de comandos “menu iniciar, desligar computador, desativar”, dá um destino final ao sintético perturbado, deferindo o tão aguardado e merecido “foda-se” pelo qual Ash ansiou o filme inteiro, e o plano de fugir no shuttle continua.



Mortes número cinco e seis. Lambert e Parker vão cuidar dos preparativos para a fuga. Enquanto recolhe alguns cilindros de oxigênio (sabe como é: no espaço, cilindros de oxigênio nunca são demais), a criatura entra sorrateiramente na sala em que se encontram os dois. Inicia-se então a cena mais ridícula, irritante e mais “tenho vontade de entrar na tela pra dar um chega pra lá no Alien e matar Lambert eu mesmo” de todo o filme.

Lambert avista a criatura, que começa a “flertar” com a aterrorizada tripulante enroscando a sua calda na perna da moça. Parker tenta dar um jeito na situação e pede para que a donzela saia da frente, para que ele possa fazer churrasco de xenomorfo com seu potente lança-chamas improvisado. Lambert, como cagona assustada que é, não consegue se mexer do lugar e apenas fica dizendo “I can’t!”, com a maior cara de medo que um ser humano consegue produzir. Imagino o cheiro que estava nessa sala, por causa da moça. Se Lambert tivesse conseguido sobreviver, com certeza precisaria de um novo par de calças.
Como não consegue usar o lança-chamas sem atingir sua colega, Parker toma a decisão mais lógica que alguém poderia tomar diante de um mostro com o dobro do seu tamanho: JOGA A ARMA NO CHÃO E PARTE PRA CIMA DO BICHO NO BRAÇO! 
Alien criou vários paradigmas dos filmes de terror e do suspense, e esse personagem do Parker, com certeza, foi responsável pelo paradigma do “heroizinho irracional que toma uma atitude idiota só pra se ferrar e bancar o... heroizinho irracional.”

Esse cara já tinha ciúmes do lugar de sentar bem antes de Sheldon Cooper virar meme de internet


Logicamente, depois de tamanho planejamento estratégico; análise da situação; reconhecimentos de área e inimigo, Lambert e Parker são mortos pela criatura. A Ripley, só resta assistir a tudo por meio de videoconferência e a sensação de alívio por não precisar mais sair no tapa por uma vaga no shuttle.
Ripley, então, define mais um paradigma do gênero ao acionar a (rufar de tambores, por favor) SEQUÊNCIA DE AUTODESTRUIÇÃO DA ESPAÇONAVE. Esse é um dos conceitos mais estranhos e contraditórios nas obras de ficção: por que diabos um fabricante incluiria, em seus produtos, a opção de explodi-los e mandar tudo pelos ares? Sei que a maioria das pessoas (principalmente americanos) adora fogos de artifício e explosões de qualquer espécie, mas continua a fazer pouquíssimo sentido.
Para realizar tal feito, Ripley abre um painel e começa a desenroscar e encaixar uns cilindros de metal que lembram velas de motor de carro. Nessa cena, toda a tecnologia analógica presente no filme, até então, se faz mais do que justificada: se você vai incluir uma opção de autodestruição em um cargueiro de milhares de toneladas, é bom se certificar de que tal recurso não possa ser ativado por acidente, com uma simples escolha de opção errada. Em resumo: tecnologia analógica é sempre mais confiável, pois hardware é sempre mais confiável que software.



Depois de ter ativado a sequência de destruição; empacotado suas coisas e engaiolado o notável Jonesy, Ripley parte para sua Last Escape no módulo de fuga. Apenas para se deparar com o Alien “em pessoa” em um dos muitos corredores da nave. Sabendo que não daria tempo de se desvencilhar de seu perseguidor antes que a contagem (de cinco minutos) acabasse, Ripley decide dar pra trás e cancelar todo o procedimento. Ela volta (sem o gato) e começa a desenroscar os cilindros novamente. Eu adoro essas duas cenas das bobinas de metal. Simplesmente fico hipnotizado com ela. Não sei explicar o motivo, mas adoro o design das peças e o barulho que elas fazem quando são rosqueadas.
Não dá tempo de cancelar, via hardware, a autodestruição. Ripley, em momento de desespero, fala para Mother que cancelou o processo. Mother apenas informa friamente que o processo continua, o que a confere um sonoro “Bitch!” por parte de Ripley.

Simplesmente F-O-D-A essa personagem


Com pouco tempo para retornar ao shuttle, Ripley volta pelo gato Jonesy, o que gerou muitos momentos “sua doida varrida. Deixa esse gato pra lá e mete sebo nas canelas” das pessoas que tiveram o privilégio de assistir ao filme em sua estreia nos cinemas. Enquanto isso, eu era arrastado pela minha mãe para assistir Os Fantasmas Trapalhões. Maldita década de oitenta.
Sim, não posso deixar de citar que, na versão diretor, há uma cena extra durante o retorno de Ripley ao módulo de fuga. Nela, a moçoila encontra Dallas e Brett presos ao teto por uma substância negra que cobre toda a parede. Isso explica o que realmente aconteceu com os dois personagens e o “No blood. No sign of Dallas”salientado por Parker a certa altura do filme. Essa cena também dá uma pista do “modus operandi” do Alien, assim como uma possível forma de nutrição utilizada pelo monstro.
Na cena, também fica evidente o terror biológico e o destino cruel de todos que topam com esta espécie: Dallas suplica a Ripley que o mate, dada a sua deplorável condição e poucas chances de sair inteiro daquela. Muito abalada, Ripley usa seu lança-chamas para acabar com a agonia de seu antigo companheiro. Acho que o ódio que a personagem sente pela raça nasce neste momento.

Já no módulo de fuga, a heroína consegue se livrar do bicho, e só lhe resta fazer um habitual strip tease e assistir de camarote à destruição do Nostromo. Essa cena da Ripley se despindo deu o que falar, mas eu não me lembro porque ainda não era nascido. Mea Culpa.

Só um Alien mesmo pra ter coragem de agredir uma tchutchuca dessas


Enquanto cuida dos preparativos para seu hipersono em hibernação criogênica, Ripley é surpreendida pelo braço da criatura, que se encontrava totalmente camuflada ao maquinário “futurista” da nave. O huge son of a bitch não só havia escapado da explosão (demonstrando um conhecimento bastante conveniente a respeito da estrutura do Nostromo), como se infiltrou no módulo antes mesmo de Ripley alcançá-lo. Vai ter instinto de sobrevivência aguçado assim no raio que o parta.
Essa sequência deu origem a um dos maiores clichês dos filmes de terror e suspense. Clichê esse que é utilizado à exaustão até nos dias de hoje: o vilão que sempre retorna, como em Sexta-Feira 13. Isso é tão lugar comum que, ao assistir a um filme, você já fica esperando a deixa no final para que nos seja revelado que o vilão não morreu definitivamente, abrindo espaço para uma possível continuação (que dependerá totalmente do seu sucesso de bilheterias) e toda a sorte de subprodutos, como jogos e mais filmes.

Bem, o fato é que Alien utiliza esse recurso com maestria. Eu, mesmo já tendo visto o filme em algum momento da minha infância, fiquei totalmente estupefato e paralisado (mais do que a própria personagem até) ao me deparar com tal situação. Como sair vivo estando dentro de um cubículo no meio do espaço sideral, acompanhado de uma criatura que só pensa em aniquilar qualquer coisa que não faça parte da sua própria espécie? O que fazer?

Cena tensa...


Ripley, demonstrando um instinto de sobrevivência ainda mais aguçado que o do próprio Alien, rapidamente veste um traje espacial que se encontrava dentro do shuttle e toma uma decisão arriscada, que pode ser a sua única saída para escapar dessa com vida.
Pra resumir, ela senta na cadeira de comando da pequena nave e abre a comporta do veículo, não sem antes estar munida de uma espécie de arpão que seria usado contra a criatura. O que diabos um arpão estava fazendo ali eu, sinceramente, não sei.

Ripley abre a comporta; o Alien é sugado para fora, mas consegue se segurar na borda da porta; Ripley mete um balaço de arpão (que fura o bicho mas, convenientemente, não respinga ácido na nave) que voa pelos “ares” e explode no vácuo do espaço.
Ripley, então, grava um log afirmando ser a única sobrevivente do cargueiro Nostromo. O gato Jonesy já se encontra em seu oitavo sono, quando a tenente Ellen Ripley se deita em seu tubo criogênico, tendo como reflexo a bela paisagem do espaço sideral. Fin.

Esse sossego não vai durar muito tempo. Enquanto isso, Amanda se "diverte" na Sevastopol...


Esse é o roteiro de Alien, meu filme preferido de terror e suspense. É impossível analisar esse marco do terror de ficção científica sem abordar alguns aspectos que permeiam o filme. Então, mãos à obra.


O TERROR!



Alien introduz um novo tipo de horror aos filmes: o terror biológico, já citado por mim algumas vezes durante este e outros posts. Mas o que seria isso, afinal?
A criatura do Alien é grotesca e fascinante pela própria natureza, a começar pelo seu método de reprodução. O Alien é um parasita que mata o seu hospedeiro durante seu ciclo de desenvolvimento. Essa ideia pode parecer um pouco forçada, mas, prestando bastante atenção a alguns exemplos oriundos de nossa própria fauna terrestre, veremos exemplos ainda mais extremos e fantásticos que o do Alien (duvida? Leia esse artigo da revista Superinteressante e me diga o contrário: http://super.abril.com.br/ciencia/donos-mundo-441746.shtml). 

E nem precisava ir tão longe assim: muitas vezes uma mãe não resiste a um parto natural, gerando uma situação mais ou menos parecida, apesar de menos extrema. O que mais me chama atenção na criatura do filme é a sua total transformação: ele nasce como uma “aranha” dorminhoca que fica aguardando, em hibernação, pelo seu hospedeiro (não fica muito claro nos filmes, mas aquela névoa expelida pelos ovos serve como um despertador biológico da criatura, com a função de reanimar o facehugger em caso de proximidade de hospedeiro). Depois adentra o organismo da vítima, deixando-a em coma profundo no processo. Qualquer tentativa de remoção da criatura causa a morte instantânea do hospedeiro, uma vez que é seu parasita quem lhe fornece recursos essenciais como oxigênio. Depois, o bicho simplesmente rasga seu hospedeiro de dentro pra fora, foge em forma de cobra e, pouco tempo depois, se transforma em uma criatura de mais de dois metros de altura (e uns noventa quilos, mais ou menos).

Jonesy sabe todas as respostas. Ele só não é muito de falar...


Falando em tempo, nunca ficou muito claro, em nenhum filme da série, quanto tempo leva para que o hospedeiro “dê a luz” ao Alien, depois que o facehugger desgruda de sua vítima. No Alien 3, fica evidente que o processo de “amadurecimento” do Alien é bem mais demorado por se tratar de uma Alien rainha. Já em filmes mais voltados para a ação, como em Aliens VS Predator, esse ciclo foi um pouco acelerado, a fim de atender a demanda imposta pelo elemento ação no filme. Algo totalmente errado e fora de contexto. Não é a mitologia da série que deve se adequar à ação, e sim a ação estar inserida dentro de um contexto interessante e que respeita os elementos do filme original.
Já no jogo Aliens VS Predator: Extinction (PS2, Xbox, 2003), esse ciclo é ainda mais rápido, acontecendo dentro de poucos segundos (!!!) e bem diante de nossos olhos. Claro, uma adequação à mecânica de jogo do RTS e totalmente perdoável pela necessidade.

E a parte onde o terror biológico entra é essa, e o personagem Kane (John Hurt) pode se considerar um “felizardo” pelo fato de não fazer a mínima ideia de sua condição. Luxo esse que alguns personagens dos outros filmes (como a própria Ripley, no Alien 3) não tiveram. Imagina saber que está carregando uma criatura que vai abrir um buraco no seu peito em poucas horas? Eu não preciso de tal exercício de criatividade nerd, pois já tive pesadelos extremamente realistas com essa situação que me deixavam feliz pelo fato de poder acordar.
Voltando ao facehugger, por exemplo. A criatura é simplesmente asquerosa, representando um verdadeiro extremo de malícia; oportunismo; comportamento viciado e obsessivo. Sem contar no fator de impotência diante do pequeno repugnante.



A violência do chestburster já esbarra em algo mais psicológico. Já ouvi alguns boatos de que as mulheres, em geral, não gostam do filme Alien. Em parte por que mulheres, geralmente, não costumam gostar muito de filmes de terror. Claro que isso não é uma generalização, ou regra. Mas é fato. Por outro lado, pesquisas afirmam que esse suposto desgosto que as mulheres têm com relação ao filme se dá devido à relação de parto entre a criatura e seu hospedeiro. O personagem Ash, durante a cena da morte de Kane, descreve o chestburster como sendo “o filho de Kane”. Talvez essa relação “maternal com a criatura tenha surgida daí.



O CRIADOR DA CRIATURA



O Alien foi idealizado pela dupla Dan O’Bannon e Ronald Shusett. Do facehugger ao Alien adulto. É engraçado saber que, durante a pré-produção do filme, alguém sugeriu que o facehugger fosse representado por um pedaço de fígado bovino, que seria atirado no rosto do ator. Felizmente, tal sugestão foi sumariamente desconsiderada.
Mas, voltando ao assunto, apesar de toda a criatividade dos roteiristas em criar tal ser nunca antes visto pelo homem, eu duvido muito que o filme tivesse alcançado igual sucesso se não fosse pela contribuição de uma pessoal em especial: p designer suíço H.R. Giger.

Giger é um artista plástico suíço, como já mencionei, cujas obras são voltadas ao surrealismo e à arte fantástica. E que melhor palavra para definir o trabalho desse artista?
Seu estilo, cheio de referências ao horror e ao erotismo, caiu como uma luva à criatura lovecraftiana mais famosa do cinema.
Não pretendo me prolongar muito no tema, mas a contribuição de Giger para o filme é imensurável. Toda a personalidade e características góticas e de terror (biológico) que o Alien possui estão lá graças ao trabalho fantástico e mente criativa de Giger. As imagens da obra desse autor “falam” melhor que eu.





PERSONAGENS



Alien criou vários paradigmas que seriam copiados à exaustão e seguidos à risca nas décadas vindouras. O cinema principalmente, mas meios de entretenimento como videogames também beberam dessa fonte. A seguir, uma breve descrição do nicho ocupado pelos personagens do filme.

DALLAS- é o suposto líder do grupo. É o “mocinho do filme”, que não poderia  ser derrotado no final. Ao menos até a cena dos corredores escuros provar que, às vezes, o maior dos clichês pode cair por terra...

RIPLEY- tudo o que podia ser dito sobre Ripley eu já disse em outros momentos do post. Ela á forte; decidida; e tem um ar de sarcasmo e rudeza que a torna uma personagem única. Ela ser um dos dois únicos sobreviventes ao final do filme é algo mais do que merecido, dado o seu bom senso e comedimento.

LAMBERT- nem chega a ser uma concorrente de Ripley, me deixando surpreso por conseguir ficar viva por tanto tempo no filme. Ela é a eterna assustada dos filmes de terror. Claro, estar preso em uma nave labiríntica com um monstro assassino não é uma das situações mais agradáveis de se estar. Mas uma hora, qualquer pessoa se acostuma e consegue lidar com o medo. Ao menos o suficiente para não ficar na mira de um lança-chamas...

BRETT- sabe aqueles personagens que são acompanhados pela frase “não entre aí, seu idiota”, nos filmes de suspense? Brett é o exemplo vivo disso. Ele não tem um papel de muito destaque, sendo apenas um peão no cargueiro. De fato, até o próprio roteirista brinca um pouco com a sua função, quando um de seus colegas afirma que ele é um tipo de papagaio que só sabe repetir o que Parker diz.

KANE- a mãe do Alien. O “gato” que é morto pela curiosidade. Acho que ele é um dos pilotos da nave. E um curioso mórbido filho da mãe.

ASH- um dos pontos fortes do filme. Não só pelo fato de eu adorar robôs, sintéticos, androides e afins, mas pela profundidade da sua participação nos eventos e pela excelente atuação do ator Ian Holm.

PARKER- é um meio-termo entre Dallas e Brett. Não tem cacife para ser o líder da nave, mas não chega ser um inútil. Tem seus momentos áureos embalados por suas frases de efeito, mas a sua total estupidez em tentar sair no braço com o Alien, ao final do filme, anula quaisquer méritos anteriormente conquistados.

BOLAJI BADEJO- o que eu disse sobre o cara ser negro e ter um nome bizarro? Aqui há a justificativa de ele ser africano, ou algo do tipo. Bem, ele veste a roupa do monstro. É magro pra caramba e deve ter sofrido pra burro tentando entrar naquele traje e tendo que chegar quatro horas mais cedo que o resto do elenco para se maquiar. Quem diria que um Alien conseguiria superar as mulheres no quesito “demora pra se arrumar”?



HELEN HORTON- não é uma atriz. Pelo menos, não visualmente. Ela faz a voz da Mother, o computador teimoso que não perde uma oportunidade de explodir cargueiros espaciais de vários bilhões de dólares.

JONESY- um ilustre tripulante do cargueiro espacial Nostromo. De muito bom senso, corajoso e carismático. Ok, já deu pra perceber que eu sou apaixonado por felinos. Mas isso não diminui o carisma de Jonesy...

NOSTROMO- não é um personagem, mas nada disso teria acontecido se não fosse por ele. Como adoro naves mineradoras ao estilo Heavy Metal, me sinto na obrigação de incluí-lo nessa lista.




SIGA O CHEFE

Alien influenciou a indústria do cinema. Até aí, nenhuma novidade. Mas, indubitavelmente, esse filme deixou marcas profundas na forma como os filmes de terror seriam feitos dali pra frente. Não posso deixar de dizer que ele foi uma das obras cinematográficas mais plagiadas e satirizadas já feitas (no mesmo nível de Matrix e O Senhor dos Anéis). E tem gente que, nos dias de hoje, nem se quer sabe que o filme existe. Difícil de acreditar, mas é verdade.



-AMBIENTAÇÃO- é de perder a conta de quantos filmes se passaram em lugares fechados depois de Alien, como espaçonaves; navios; todo tipo de instalação e afins. Tudo isso na tentativa de copiar uma atmosfera que era impossível de copiar, sem cair no plágio ou cópia descarada propriamente ditos. O engraçado foi o efeito reverso que esse fenômeno causou: na tentativa de se diferenciar desse clássico, alguns filmes (como O Enigma do Outro Mundo; O Segredo do Abismo e etc.) acabavam tomando rumos de enredo e ambientação completamente inusitados, o que não deixava de ser uma influência. Indireta, mas ainda assim, uma forte influência.



-FINAL SURPRESA- não sei se Alien foi o primeiro filme a se utilizar deste recurso, mas foi o mais marcante (ao menos para mim). O vilão que “morre” mas continua vivo. Um final disfarçado de epílogo. A deixa para o retorno ou continuação de algo. Tudo isso virou padrão por causa dos eventos posteriores ao strip tease de Ripley.









-A CORPORAÇÃO MALIGNA- Alien tenta, de forma bem sutil, passar a mensagem de que o verdadeiro inimigo do filme não é quem achamos que seja. O ser humano e sua ganância constituem ameaça bem mais sólida do que a de uma criatura que foi tirada de seu habitat natural e que está preocupada apenas em garantir a própria sobrevivência. Essa ameaça invisível meio que virou padrão, depois desse filme.









-O SINTÉTICO IMPOSTOR- essa característica se estendeu mais aos filmes subsequentes da própria série que ao cinema como um todo. Traidores; impostores; Weskers; pilantras de toda espécie sempre existiram nos enredos de filmes, principalmente nos de suspense. Mas nos filmes da franquia Alien, isso já algo esperado e previsível. Só resta tentar adivinhar quem será o canalha da vez.




-SIGA O CHEFE?- quem é o protagonista do Alien? Dallas, que morre depois de mais ou menos uma hora e meia de filme? O próprio Alien, a indiscutível estrela principal do show? Ou Ellen Ripley, que teve a sorte de estar nos lugares certos nas horas certas? Meio difícil e sem sentido dizer, mas essa é uma das principais características do filme (ao menos pra quem ainda não assistiu até o fim), a de não ter um protagonista muito bem definido.















OUTROS FILMES DA SÉRIE

Na qualidade de Review Supremo, este texto tem a obrigação moral de abordar de forma abrangente a série de filmes em sua totalidade. Claro, isso é apenas uma bela desculpa que eu estou dando para descer o pau nos outros filmes que levaram o nome Alien no título, tendo em vista que nenhum deles conseguiu chegar nem perto da qualidade e supremacia do primeiro. Here we go.



ALIENS, O RESGATE (1986. Direção de um tal de James “Terminator” Cameron. Roteiro do próprio Cameron e dois outros loosers chamados David Giler e Walter Hill)



Lançado sete anos depois do primeiro filme, Aliens é baseado nos personagens criados por Dan O’Bannon e Ron Shusett. Pronto. Qualquer outra semelhança com o filme original acaba aqui.
Aliens, O Resgate é um dos piores filmes da série, em minha opinião. DESCARADAMENTE VOLTADO À AÇÃO, jogando ralo abaixo todo o clima de horror e suspense construídos no filme original.
Esse filme conta com cenas irritantes, mostrando personagens ainda mais irritantes (tenente Gorman; Carter Burke; Apone; a lista abrange quase todos os personagens do filme, pode acreditar) em situações meio que deslocadas, como a cena em que o detestável e desprezível personagem de Bill Paxton (é incrível como tudo que sai da boca desse personagem ou é uma frase feita ou é um clichê) fica enchendo o saco de Ripley acerca da competência dos seus companheiros de batalhão.
A ação desse filme é totalmente descarada, e pode ser resumida pela cena em que a personagem interpretada por Jenette Goldstein interrompe as explanações de Ripley sobre os xenomorfos e afirma que só precisa fazer mira e saber em quê atirar. O mais triste é constatar que a maioria dos jogos que seriam feitos sobre essa franquia seguiriam essa filosofia ao pé da letra.



Aliens, O Resgate é, sem dúvida o segundo filme dessa franquia de que menos gosto. A mania desprezível do diretor James Cameron, de enfiar criancinhas em tudo que é filme quase atrapalha a experiência do filme em si (UMA CRIANÇA QUE CONSEGUE SOBREVIVER, SOZINHA, EM UM PLANETA INFESTADO DE ALIENS? Desculpe, mas essa eu nunca consegui engolir). Se não fosse pela excelente interpretação e pelo carisma da pequena Carrie Henn, atriz que interpretou a garota Newt, a ideia de uma criança “fazendo e acontecendo” em um filme da série Alien seria insuportável. O meu desgosto com esse filme beiraria o patológico, se não fosse por duas palavrinhas mágicas que sempre vêm à mente quando o assunto é Aliens, O Resgate: ALIEN RAINHA.

No primeiro filme, não fica nada claro o ciclo de vida da criatura, mesmo com a cena extra de Dallas e Brett aprisionados. O Alien sai de um ovo. Mas quem põe esses ovos?
Esse filme, apesar de todas as suas falhas lógicas (pesadelos e uma promessa capenga de extermínio da espécie -vinda de uma companhia que tentou capitalizar em cima dos aliens- não constituem motivo suficiente para que Ripley voltasse ao planeta. É como a própria diz: “não sou soldado. Vocês não precisam de mim lá”), trouxe a maior contribuição que qualquer outro filme conseguiu trazer: tornou possível (e rentável) a expansão da franquia e do mito do Alien, com a sua explicação da origem do Alien através da Alien Rainha. E nada mais.

PONTOS FRACOS: história voltada à ação; personagens clichês e irritantes; crianças; duração exagerada (devia ser mais curto); falhas lógicas de roteiro;

PONTOS FORTES: Bishop; Ricks; as Smartguns; a morte de todos os personagens citados no tópico principal; expansão da franquia; Alien Rainha; sequência final com a Alien Rainha; tudo que tiver a ver com a Alien Rainha.



ALIEN 3 (1992. Direção de David Fincher. Roteiro de Vincent Ward)



O roteiro desse filme deixa uma coisa bem clara, logo no início: nada de crianças; nada de armas de fogo; nada de casalzinho romântico que sobrevive ao final da história (morra e vá para o inferno de cabeça para baixo por querer transformar a Ripley em uma dona de casa, James Cameron).
Alien 3 se passa no planeta prisão Fiorina 161.
Esse filme pode ser considerado um retorno às origens da franquia, uma vez que temos a boa e velha Ripley sozinha (digo, sem criancinhas ou par romântico por perto) lutando contra um, e apenas um, Alien. Por sinal, esse foi o primeiro filme que se arriscou na árdua tarefa de criar novas raças de xenomorfos. 



No quesito personagens, Alien 3 consegue apresentar quase o mesmo nível de irritação que Aliens, exceto pelo fato de que o terceiro filme nos mostra personagens mais profundos e interessantes, na medida do possível. Um exemplo claro disso é o Sr. Clemens, médico da prisão que descobre do pior jeito o que acontece com quem tenta se engraçar com a Ripley.
Alien 3 é um ótimo filme, mais puxado para o suspense, assim como o primeiro. Ele, logo em seu começo, já resolve várias pataquadas trazidas pelo segundo filme, e deixa claro que não há como topar com um exemplar dessa espécie e se dar bem. Ripley que o diga.

PONTOS FRACOS: poucos. Dentre eles, os prisioneiros no cio e alguns exageros (como a cena do chumbo quente).

PONTOS FORTES: atmosfera; ordem na bagunça; Bishop e sua voz sintetizada; direção de arte magnífica; destino da Ripley; o jogo de SNES; Alien Rainha.



ALIEN, A RESSURREIÇÃO (1997. Direção do desconhecido Jean Pierre Jeunet. Roteiro de Joss “Buffy” Whedon)



Se você procurar no Google o termo “forçação de barra”, aparecerá uma foto do cartaz de Alien, A Ressurreição.
Atrelados à ideia imbecil de que só pode haver um filme dessa franquia se tiver a Sigourney Weaver no meio, Resurrection traz Ellen Ripley dos mortos. A explicação? Através dos restos biológicos encontrados no planeta Fiorina 161, cientistas conseguem clonar a Ripley e, com isso, trazer de volta a Alien Rainha que a tenente carregava em seu ventre.
Na verdade, essa não é bem a Ripley, como atesta o próprio filme. É um clone com as memórias da Ripley, o que dá no mesmo, de qualquer jeito.
Mas a bagunça não para por aí: a Ripley clone não é como a antiga Ripley que conhecemos. Ela possui DNA híbrido de humano e alien (????). Isso mesmo que você está pensando: o próximo passo na falta de criatividade evolução da série depois de enfrentar aliens e morrer nas mãos dos monstros é se tornar um deles. Sarcasmo OFF.



Esse filme nem fede nem cheira. A história é só um pretexto para mais matança xenomórfica e situações sem um pingo de sentido. Por que diabos um facehugger tenta grudar na cara da Ripley, já que agora ela faz “parte do time”? Bem, deixa pra lá.
O filme termina com os personagens chegando ao planeta Terra, sem saber direito o que vai acontecer dali pra frente. Mesmo sentimento dos fãs da franquia...

PONTOS FRACOS: desculpa esfarrapada pra trazer a Ripley de volta (não que eu esteja achando ruim. É melhor um filme de Alien com a Sigourney Weaver do que um sem. Mesmo que não faça sentido. Podiam fazer um bom filme com a Sigourney e que FIZESSE SENTIDO. Seria um perfeito meio-termo); personagens sem carisma; o ator que fez Hellboy terminar o filme vivo.

PONTOS FORTES: a esfarrapada Ripley; Carl; o Newborn Hybrid; a cena dos Aliens mancomunando para escapar do laboratório. Ela deixa a certeza de que não há como subjugar essa espécie; o computador Father; Alien Rainha (mesmo que ela esteja meio por baixo nesse filme).


CONCLUSÃO


Alien é a minha franquia predileta de filmes de ficção científica. Mesmo com algumas decisões errôneas que vêm sendo tomadas, fico bastante feliz que filmes como Prometheus tentem cumprir a difícil tarefa de acrescentar algo de bom a essa rica série (a possibilidade de ver um Space Joker vivo me causa convulsões e sensações fisiológicas de expectativa indescritíveis...).
Se você leu o texto até aqui, e ainda se pergunta o que os filmes têm a ver com games, tentarei explicar de uma forma bastante simples: Alien, O Oitavo Passageiro, não é um jogo. Mas deu origem a vários. E mais importante: o blog é meu e eu escrevo sobre o que eu quiser, capiche?
Tendo sido feitas todas as observações das quais me recordo sobre o primeiro filme da franquia, me despeço de mais um Review Supremo. Não abordei os dois filmes da subfranquia Aliens VS Predator pelo simples fato de que quero dar um pouco mais de atenção aos mesmos em um futuro post, que relacione os filmes com seus respectivos jogos.


Au Revoir!