.

.
.

domingo, 31 de março de 2019

ANÁLISE: YU-GI-OH! FORBIDDEN MEMORIES (PS1)






















Você pode detestar Yu-Gi-Oh! do fundo do seu coração e jamais ter jogado um jogo sequer da franquia, mas não há como negar a popularidade da série na cultura pop/nerd da atualidade. Lançado no ano de 1996, o mangá de Kazuki Takahashi conta a história de Yugi, uma criança japonesa que consegue resolver um quebra-cabeça datado do Egito antigo e tem sua vida pessoal transformada dali em diante.

Depois de sua estreia, os quadrinhos deram origem a uma série animada, lançada em 1998, contando apenas com uma temporada. Conhecida entre os fãs como a Temporada Zero de Yu-Gi-Oh!, essa fase precede os jogos eletrônicos e até mesmo aquela série animada clássica, do Reino dos Duelistas, veículo pelo qual muitas das pessoas que jogam Yu-Gi-Oh! hoje conheceram a franquia.

Como todo produto popular abre portas para lucros, Yu-Gi-Oh! foi transformado em um jogo eletrônico que saiu com exclusividade para o Playstation, o ascendente console da Sony que havia puxado o tapete das gigantes da indústria dos games na década de 90 (SEGA e Nintendo, pra quem voltou do Mundo Invertido agora e não faz ideia do que estou falando).

Essa é a minha cópia, original, comprada ano passado.
Pra entender a demora da análise ficar pronta, continue a ler.

Yugi, como podemos ver no mangá, é possuído pelo espírito de um antigo faraó egípcio especializado em jogos, não importa qual sejam sua natureza. Uma coisa bem legal na história original é que Yugi cria jogos situacionais dependendo da ocasião e dos objetos encontrados no ambiente, sempre com o objetivo de punir os malfeitores que ameaçam o pequeno Yugi (seu receptáculo) e seus amigos.

Eu tenho ciência de dois fatos: o post acaba de começar, e ele não é sobre o mangá que deu origem aos jogos, mas é um desperdício falar de um game de Yu-Gi-Oh! sem citar a excelente fase inicial do mangá, bem como a temporada zero do anime (que, diga-se de passagem, é muito superior em roteiro a todo o conteúdo futuro que seria produzido apenas com o intuito de propagandear as cartas do jogo real).

Continuando: na história, eventualmente Yugi acaba derrotando alguns de seus adversários no jogo Monstros de Duelo. Se esse nome não te soa familiar, sinto avisar que você caiu no blog errado. Mas enfim... Monstros de Duelo é uma versão simplificada de Magic the Gathering, aquele que, acredito eu, tenha sido o primeiro jogo de cartas intercambiáveis do mundo inteiro.

Pra quê derrotar suas inimizades num duelo quando
você pode trancá-las num poço com um assassino serial?

Dado o sucesso dos Monstros de Duelo no mangá, nada mais natural que a Konami lançasse as cartas vistas no mangá para que elas pudessem ser jogadas na vida real. A empreitada de Takahashi, Bandai e Konami fez tanto sucesso que até entrou pro Livro dos Recordes, o Guiness, como o jogo de cartas mais rentável do mundo (a primeira menção foi em 2009, ocasião do aniversário de 10 anos do TCG, mas houveram outras).

Enfim, Yu-Gi-Oh! no TCG é um universo paralelo que não cabe ser explorado neste blog que vos escreve. A razão do post e de toda essa introdução contextualizadora é falar sobre o Yu-Gi-Oh! Forbidden Memories, um jogo lançado para Psone (como já citei) no ano de 1999 que acabou servindo de porta de entrada para muitos jogadores casuais conhecerem a série (bem como a animação que passava na TV Globinho) e mergulharem de cabeça no mundo competitivo do TCG.

Se você acha que o Kaiba usa métodos extremos no anime,
espere até ler o mangá...

Extremamente complexo como todo carding game costuma ser, será que o jogo Forbidden Memories conseguiu ficar à altura do sistema do jogo de cartas reais que já havia se estabelecido no mundo todo? Ele é um jogo bom, que pode ser jogado até hoje, ou se tornou simples demais depois de todas as versões das outras plataformas (como o PSP) que trazem jogos com o sistema mais atual de batalha?

Ao longo do texto eu pretendo responder a todas essas perguntas, então senta que o duelo está apenas começando.


HISTÓRIA (6,0)


Vamos deixar duas coisas bem claras: Yu-Gi-Oh! é bem mais profundo do que a série animada costuma transparecer, visto que ela nos apresenta apenas a zumbis que só pensam em resolver todos os conflitos do ser humano na base do duelo de cartas. Tendo lido centenas e centenas de histórias em quadrinhos durante esses meus 37 anos de existência, eu coloco minha mão no fogo ao garantir que você não se arrependerá nem um segundo em dar uma chance ao mangá, mesmo que tenha aversão a pessoas de penteados fisicamente impossíveis.

A segunda coisa: tudo que eu falar a partir de agora será com relação ao jogo Forbidden Memories. Sim, comparações com o mangá e os animes serão necessárias ao longo deste e dos outros tópicos, mas guarde suas quatro pedras na mão caso eu critique algum elemento do jogo que não se reflete, necessariamente, na qualidade das HQs ou da série animada.

Nove anos pra montar uma pirâmide com um olho? Faça-me o favor...

Continuando, Yu-Gi-Oh! conta a história de Yugi Muto, um moleque de cabelo extravagante que é neto do dono de uma loja de jogos. O pequeno Yugi encontra um objeto chamado Enigma do Milênio, que é apresentado pelo seu avô como um puzzle do egito antigo que nunca foi solucionado por ninguém. Yugi resolve o enigma (depois de fucking NOVE anos, de acordo com o anime, se não me engano) e tem seu pedido realizado pelo objeto: ganhar amigos de verdade com os quais ele possa contar nas horas de dificuldade.

Eu sei, lendo assim soa como a maior história água-com-açúcar que você já viu. Mas tente enxergar as coisas pela perspectiva de uma criança de seus quatorze ou quinze anos: Yugi era um forever alone que só sabia ficar trancado no quarto jogando jogos e resolvendo quebra-cabeças (lembre-se: nessa época não existiam games online ou sequer internet como estamos habituados hoje). Dessa forma, a premissa (tanto do mangá quanto das outras mídias) é mais do que justificada dentro do contexto do protagonista.

No mangá o pequeno Yugi
apanha mais que o Spiderman.

Se você tiver a oportunidade de ler o mangá (eu mais que recomendo), não tem jeito: seu destino será se apaixonar pelo personagem do pequeno Yugi. Não, o Mais Um Blog de Games não apoia a pedofilia. O que eu estou querendo dizer é que Yugi, na história original, é um personagem praticamente impossível de não simpatizar com ele.

Ele é extremamente ingênuo e fica empolgado com todas aquelas bobagens deliciosas pelas quais sentíamos interesse quando criança, como doces, brinquedos ou a ida a um parque de diversões. Pra piorar a situação, ele é extremamente fiel a seus amigos conquistados com muito esforço, sendo sempre vítima de espancamentos e injustiças as quais você (um adulto de mente sã, assim espero) não ia gostar de ver uma criança ser submetida a.

Infelizmente, tudo isso foi deixado de lado no Forbidden Memories. Claro, grande parte do conteúdo adaptado (tanto no jogo eletrônico quanto na série animada) foi alterada por causa da violência e falta de noção tipicamente japonesa (divertidíssima, diga-se de passagem) encontrada no mangá. Só pra dar um exemplo: numa das histórias originais Yugi e seus amigos ficam reféns de um fugitivo da prisão com uma arma apontada para eles.

No game a Anzu só serve de refém mesmo.

E como o “outro Yugi” resolve toda a situação? Com um Jogo das Sombras envolvendo a própria arma do bandido, fogo e vodca com 96% de álcool... E isso pra não recair em spoilers e estragar a experiência de quem cometeu o erro de não ler o mangá (eu já estou fazendo minha lição de casa e me encontro na fase onde Yugi enfrenta Seto Kaiba).

Voltando ao tópico: a história do game traz Yugi e seus amigos num contexto contemporâneo, onde eles participam de um campeonato para reunir todas as relíquias do milênio e enfrentar os ancestrais de seus inimigos personificados em figuras atuais, como Kaiba, Isis, Pegasus e Shadi.

A história do jogo é contada num modo... história, onde navegamos por uma espécie de tabuleiro (não leve a descrição ao pé da letra, please) com representações de alguns locais os quais podemos visitar. Depois de vencer o campeonato você terá que enfrentar os magos dos templos elementais para ter a honra de enfrentar Heishin, o vilão principal do enredo que persegue o faraó desde os tempos imemoriais do Egito antigo.

Nessas horas eu adoraria poder escolher...

Vou ser sincero: nesse jogo a história é o que menos importa. Durante os eventos serão oferecidas algumas alternativas que não mudam em nada no decorrer dos eventos, sendo que quase todas elas são apenas falsas opções de escolha, já que o diálogo se reinicia caso você se recuse a aceitar o que o jogo propõe.

Ela não é ruim, longe disso. Mas está lá apenas pra fazer um resumão de alguns eventos que vemos nas outras mídias e porque, na década de 90, TODOS os jogos precisavam ter um modo campanha para sobreviver. História é tanto uma coisa descartável ao sistema de um jogo como Yu-Gi-Oh! que os games mais recentes conseguem divertir o jogador sem precisar contar história alguma. Veja bem: não estou dizendo que concordo com trabalho feito nas coxas, estou apenas reconhecendo um fato.

Eu até que gostei do final boss. Pena que
ele só faz repetir a estratégia do Heishin.

Eu, acima de todos, sou um jogador de Yu-Gi-Oh! que defende com todas as forças do meu ser um jogo com uma história decente, com interface digna e modos de jogo mais variados, o exato oposto do que a Konami vem entregando com o Legacy of the Duelist e o Duel Links.

Pra finalizar o tópico, o modo história é apenas uma pedra no sapato do jogador, que vai precisar atravessá-lo se quiser abrir os duelistas no modo Free Play (aquele mesmo onde você fica duelando por 400 partidas até ganhar um Meteor Black Dragon do Joey).


GRÁFICOS (7,0) E SOM (10,0)


Os visuais do Yu-Gi-Oh! Forbidden Memories datam do Psone, então não espere nada de muito incrível. Não que não existissem jogos que desafiassem hardware no primeiro filho da Sony. O caso é que o sistema do jogo e sua razão de ser não exigem uma interface muito complexa ou graficamente impressionante (caso contrário o GX seria impraticável).

De forma bem resumida, os gráficos do jogo são ok. As cartas são grandes (apesar de serem quadradas, ao invés de retangulares), o texto é bem legível nas opções de zoom e os parâmetros de ATK e DEF das cartas são facilmente identificáveis. Entretanto, cabem algumas considerações dignas do meu perfil extremante exigente de ser.

As cartas possuem duas formas de serem visualizadas. Na verdade, três: a primeira é uma miniatura que você visualiza enquanto ela está na sua mão ou setada no campo. Essa miniatura não contempla a arte inteira da carta. A segunda é quando a carta “ataca” uma carta do oponente, quando a arte aparece por completo. A terceira é o zoom com o botão triângulo que, além de exibir toda a arte, ainda traz um texto descritivo super legal sobre o monstro em questão.

Raríssimo. Dizem que só existem 3 dele no mundo...

Os efeitos especiais do jogo são bem a contento, sem nenhuma frescura ou firula que atrapalhe a agilidade dos combates. Durante a partida, é possível pressionar o botão quadrado (no lugar do xis) para atacar. Esse pequeno detalhe vai dar início a uma animação em polígonos dos dois monstros se enfrentando. Eu sei, parece horrível pros padrões The Witcher 3 dos dias de hoje, mas pra um game descompromissado de cartas até que fica legal (principalmente pelo fato de ser optativo).



Algumas cartas de mágica possuem um ou outro efeito que vai chamar um pouco da sua atenção (como as Espadas da Luz Reveladora ou Buraco Negro), mas nada que te faça chama os vizinhos pra mostrar com orgulho. Ainda no menu principal existe a Biblioteca, um lugar onde as cartas são organizadas pelo seu número (são mais de setecentas no total, sendo que as Espadas são inacessíveis ao jogador) e, caso você pressione para a direita no controle digital (?!?), consegue visualizar os mesmos modelos poligonais que adornam as batalhas com o botão quadrado que eu falei anteriormente.

Olha o bichão aí, em 3D!

Não seria exagero dizer que, dado o devido salto tecnológico entre uma geração e outra, o Forbidden Memories, nesse quesito de animações 3D, consegue se sair melhor que jogos mais recentes, como o Duel Links (que traz apenas bitmaps das cartas se mexendo) ou o Legacy of the Duelist, uma vergonha pro hardware dos consoles da atual geração.

Sobre o som, a parte sonora do Forbidden Memories (além do fator de colecionismo das cartas) é um de seus melhores aspectos: além de trabalhar com competência os efeitos sonoros mais diversos (som de confirmação, efeito de fusão, passagem de turno), a Konami chamou uma equipe de verdadeiros artistas para compor a OST do jogo.

Enquanto jogava para fazer a análise eu fiquei com a impressão de que o Forbidden Memories possui uma trilha sonora melhor do que o jogo em si merecia, visto que ele é um pouco repetitivo e injusto com o jogador na tarefa de conseguir novas (e boas) cartas. Mesmo nas situações mais triviais (como entrar na “loja de cartas”) o game traz faixas de altíssima qualidade.

A faixa do Sebek bombava na night do Egito antigo.

Dentre elas, posso citar: a clássica música do modo Free Play (que tinha mesmo que ser boa, já que você vai passar a maior parte do tempo nesse modo); a faixa Sebek & Neku; os temas do Kaiba; o tema do menu principal, de edição de deck e vitória; o tema do mapa; e os temas das batalhas contra chefes de forma geral.

De fato, a trilha sonora desse jogo é tão boa que é usada até hoje em vídeos e lives sobre Yu-Gi-Oh! de forma geral no Youtube. Vale a pena baixar algumas delas em MP3 para ouvir enquanto estuda (tem gente que consegue), faz as tarefas domésticas ou... escreve um texto pra um blog, por exemplo...


SISTEMA (5,0)


Se você fez o caminho inverso, ou seja, conheceu primeiro o TCG e só depois jogou o Forbidden Memories, provavelmente deve ter achado o jogo no mínimo simplório e, no máximo, bizarro e diferente de tudo que você já viu em Yu-Gi-Oh!. Apesar de simples, o sistema de jogo é o tópico que mais vai render queixumes e comentários, então senta que o duelo vai ser longo.

Pra começar, um resumo do sistema: esqueça efeitos, armadilhas, mágicas ou cemitério: o Forbidden Memories se resume a conseguir cartas de maior valor de ataque e espancar seu oponente o mais rápido possível, sem que ele tenha chance de sacar uma carta mais forte que a sua.

Não estou dizendo, com isso, que não haja estratégia no game. Há sim, mas ela é bastante prejudicada pelo sistema e quantidade de ações que você pode fazer durante seu turno. Pra começar, você sempre começa! É isso mesmo que você leu: nada de jo-ken-po pra definir qual será o azarado que vai sacar uma carta a menos. Aqui o jogador sempre começa e ponto final.

Quarenta cartas: o tamanho ideal de deck!

A segunda grande diferença é que só é possível colocar um monstro em campo por turno. Cartas mágicas consomem sua ação no turno de forma que, se você usar um Dark Hole pra limpar os monstros do oponente, não poderá setar monstro no campo, restando apenas passar a vez.

As mágicas e armadilhas, às vezes, possuem uma descrição super vaga. Por exemplo: algumas cartas que aumentam o ataque do monstro simplesmente não te dizem de quanto é esse aumento (ou em quais monstros ela funciona). Outras, como a Goblin Fan, te deixam totalmente às cegas pra adivinhar qual sua condição de ativação (você não escolhe: as armadilhas se ativam automaticamente, você querendo usar ela ou não).

Some a isso o fato de que, como no jogo padrão, você só pode ativar uma armadilha depois que seu turno passou e o uso delas no game fica quase que totalmente inutilizado.

Essa é a hora de rezar pra sair algo que preste.

Continuando a viagem ao mundo das regras loucas do Forbidden Memories, pra fazer fusão não é preciso usar Polimerização: basta apenas conhecer os materiais da fusão, colocar pra cima nas cartas certas e confirmar. Como eu sei quais são as cartas certas, você pergunta? Simples, não sabe!

O jogo conta com um sistema de fusão que te permite acessar cartas que você não possui efetivamente no seu deck (40 cartas, padrão). Por exemplo: se você tiver um monstro do tipo dragão, um do tipo pedra e um do tipo trovão poderá realizar a fusão do Twin-Headed Thunder Dragon, um monstro com 2800 de ataque que poderia, fácil fácil, constar na capa do jogo no lugar do protagonista.

Felizmente, essa tosqueira da fusão pode (e deve) ser usada a favor do jogador: quando você tenta fundir cartas que não casam entre si, as cartas que você selecionou antes da última são eliminadas para o limbo (lembra que não existe cemitério nesse Yu-Gi-Oh!?). Sendo assim, caso não tenha sido agraciado com uma boa mão inicial, você poder se livrar de TODAS AS FUCKING CINCO CARTAS DA SUA MÃO INICIAL!!!

"Você me pegou no meu pior ângulo".

Desnecessário dizer como isso seria bizarro no formato tradicional do TCG (apesar de que, Pot of Desires, né?). Nas partidas também não há fases, como a Principal, a de Batalha e assim por diante. Você puxa uma carta por turno, podendo colocar ela em ataque ou defesa, ambas viradas pra cima ou pra baixo! Depois você seleciona o monstro que quer derrotar e aperta Start quando não tiver mais nada pra fazer, encerrando o turno.

O problema desse sistema, além de não poder usar magias e monstros ao mesmo tempo no mesmo turno, é que você é OBRIGADO a colocar alguma coisa em campo, nem que seja uma trap inútil na zona de spell/trap. O jogo simplesmente não deixa você encerrar o turno se você não usar uma carta da sua mão, muitas vezes te obrigando a remover um monstro do campo desnecessariamente. Mas ok, esse é um problema que raramente vai te acometer.

Existem vários tipos de monstros e cabe a você descobrir o que serve pra fundir com o quê (dica: água e peixe são inúteis). Os oponentes, por sua vez, não seguem arquétipo algum. Se você está voando, arquétipo é um tipo de tema de um deck, como por exemplo: um deck de zumbis, um deck só com monstros planta e assim vai. Até Pegasus, o pioneiro nesse quesito, usa todo tipo de carta escrota que não tem nada a ver com Toon World, só por causa do valor de ataque.

Game Shark, eu? Jamais!

O grande problema nisso reside no fato de que, como não existe forma de comprar cartas nesse jogo (se você considera pagar 99999 estrelas uma opção, azar o seu), você acaba precisando duelar ad infinitum contra um oponente que, apesar de usar a carta que você quer, não te recompensa com ela em caso de vitória. Fora que o drop rate de algumas cartas beiram o impossível (tipo, 0,99% de chance).

É bem triste ter que travar 400 duelos (ou mais) contra Joey pra ganhar uma Meteor B. Dragon e ter alguma chance de derrotar Heishin, Kaiba ou o chefão final. De fato, essa análise só durou meses pra sair por causa da minha mania de só escrever sobre um jogo o qual eu finalizei recentemente. E acho que ainda mais triste é ganhar rank S contra um oponente super difícil pra, no final da partida, ser recompensado com um incrível Milus Radiant...

Forte candidato à banlist de janeiro de 1999...

Sem as melhores cartas (leia-se: cartas de dragão!), alguns inimigos beiram o impossível de se derrotar, e a facilidade de fazer a fusão do Twin Headed Thunder Dragon acaba meio que quebrando e limitando o sistema do jogo (e a razão de adquirir outras cartas).

No começo, a dificuldade do jogo parece bastante punitiva, mas não é. Ao contrário: uma vez que você tenha entendido quais cartas precisa pra fazer as melhores fusões, o jogo vai ficar até fácil demais (desconsiderando os chefes finais, claro).

Entretanto, de forma geral, o Forbidden Memories é um jogo pouco convidativo a quem não tem paciência de ficar farmando até ganhar uma carta que melhore seu deck. Sobre a batalha final, acho que a ideia de dificuldade dos criadores era a de te fazer enfrentar SEIS PARTIDAS SEGUIDAS, SEM PODER SALVAR, contra oponentes que possuem a vantagem de ter as melhores cartas do jogo reunidas no mesmo deck.

Chupa, Salamangreat!

Pra não dizer que não existe fator de estratégia nenhum nas partidas, o Forbidden traz um sistema de astros que você pode associar à sua carta antes de colocar no campo. É algo parecido com pedra-papel-tesoura: lua é fraca contra sol mas é forte contra outro astro que não lembro agora. De resto, o jogo se resume a tudo que foi descrito acima, sem muito espaço pra improvisar.

Só pra finalizar, fica a dúvida no ar: eu sei que o Forbidden foi idealizado para lembrar aquela parte da Temporada Zero onde o Yugi joga Duel Monsters com o Kaiba. O que não dá pra entender é como um jogo que foi lançado três anos depois do mangá (1999) pôde trazer um sistema tão resumido, de certa forma repetitivo e raso, quando já existia um excelente material no qual se basear (o TCG).


UM MONSTRO COM SETE MIL PONTOS DE ATAQUE? IMPOSSÍVEL!!!



Yu-Gi-Oh! Forbidden Memories é um clássico, você gostando dele ou não. É um jogo que serviu de cartão de apresentação a muitos jogadores que jogam o TCG até os dias de hoje, sendo jogado via emuladores e contando com uma base de fãs grande demais pra ser ignorada. Ele possui um sistema que, apesar de simples, é dinâmico e torna os combates (até por causa da boa música) bastante divertidos de se travar.

Dada a falta de consideração da Konami com os jogos eletrônicos que a colocaram na situação financeira confortável onde ela se encontra hoje, não é de se surpreender que o game nunca tenha ganhado uma continuação (se você digitar “Forbidden Memories 2” no Google vai encontrar resultados e até uma versão hack, pode acreditar!).

NOTA FINAL: 7,0

E eu confesso: depois de jogos maravilhosos como o GX, pra PSP, e depois de começar a jogar o jogo de cartas de verdade (que além de contar com todas as possibilidades ainda traz o bônus da interatividade humana), Yu-Gi-Oh! Forbidden Memories é um jogo difícil de engolir e de ser levado a sério (não espere poder ensaiar seus combos de Thunder Dragon aqui).

"Acabo de ter uma ideia pra um novo tipo de carta: ela vai ser azul, terá setas e..."

Mesmo assim, como produto de entretenimento e como mediador de um universo expandido que, definitivamente, merece ser conhecido a fundo (tanto mangás quanto os outros jogos e o próprio TCG), o Forbidden Memories é um game que merece alguns dias da sua atenção enquanto fã da série, valendo ser jogado nem que seja apenas pra fazer a lição de casa.

E é isso, pessoal. Na medida do possível eu vou (re)jogando e analisando os outros jogos da franquia que eu possuo, lembrando que já tem análise do YGO GX (clique AQUI pra ler) e do Legado do Duelista (mesma coisa AQUI). Espero que os fãs de Yu-Gi-Oh! tenham gostado do post e até o próximo duelo!

Au Revoir.