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domingo, 24 de novembro de 2013

COMBINAÇÃO DEVERAS INTERESSANTE...

Só pra não deixar de citar um ótimo filme













O Mais Um Blog de Games dá uma pausa em seu coma induzido de postagens para falar não de um jogo, mas de um filme a que assisti há uns poucos meses mas que não sai da minha cabeça.


A FINA ARTE DO ARREMESSO DE BALDE DE ÁGUA FRIA

Acredite se quiser: pedi um anime do nível de Death Note e me indicaram este

















Eu considero essa coisa de indicar algo a um amigo ou conhecido um assunto muito sério. Desvios de rota podem acontecer quando tentamos indicar uma obra a uma pessoa que compartilha (mais ou menos) do mesmo gosto que a gente. E, na Shadowlândia, esses desvios podem ser punidos com as mais severas penas de mortes já criadas pela mente doentia do ser humano. Para livrar meus súditos desse terrível destino, gostaria de dar alguns conselhos na hora de indicar um game, banda, filme ou livro que você achou mó legal mas que outras pessoas, talvez, não vejam exatamente dessa mesma forma.

1- Contenha a sua empolgação: não há nada mais chato do que aquela pessoa que fala de um episódio de Cavaleiros do Zodíaco como se fosse o maior achado nerd desde a invenção de Matrix ou Akira. Se você exagera muito na hora de tentar convencer uma pessoa de que uma coisa é boa e vale a pena ser vista, o máximo que você vai conseguir são duas coisas: ficar parecendo um boboca deslumbrado e criar uma expectativa na cabeça de seu (sua) amigo (a) que dificilmente a obra será capaz de suprir.

2- Não seja insistente: ontem eu vinha no ônibus e dois caras conversavam ao meu lado. Um dos sujeitos estava super empolgado com a descoberta de uma banda nova e fazia de tudo para que seu amigo conferisse a novidade. O cara se utilizou de todas as ferramentas disponíveis no utility belt dos chatos de carteirinha insistentes: falou o nome da banda mais de 10 vezes durante a conversa (sério, não estou exagerando); SOLETROU o nome para que o cara pesquisasse no Google; pediu o Facebook do coitado para marcá-lo em um post sobre a banda; pediu que o cara entrasse no Youtube ASSIM que chegasse em casa para não correr o risco de esquecer dessa tarefa de suma importância. Ou seja: o cara praticamente matou quaisquer chances de seu colega desenvolver um interesse natural pela coisa, mesmo sem ter a intenção de fazê-lo.

3- Conheça a pessoa a quem você está indicando algo. Esse conselho pode parecer um tanto óbvio, mas eu sinto a necessidade de citá-lo devido à quantidade de vezes em que isso acontece comigo.
Eu adoro filmes de terror. Eu cresci assistindo a Alien, Tubarão, Terror em Amytiville, Sexta-Feira 13 e quase tudo de que sua memória seja capaz de se recordar. Eu também sou fã de carteirinha de histórias sombrias voltadas a esse gênero, como o Monstro do Pântano escrito pelo célebre Alan Moore. Pra me fisgar em uma obra, basta que um interessante elemento de terror seja acrescentado à trama de forma coesa que o resto é história.
Sendo assim, nada mais natural que amigos e familiares estejam cientes do tipo de coisa que vai me agradar em uma história, seja ela de um jogo, livro ou desenho animado. Infelizmente não é o que acontece, e às vezes o golpe pode vir de onde menos se espera.

25 episódios que podiam ser resumidos em 5...













Há uns dias estava eu, inocentemente assistindo a um dos episódios de uma série de anime de que gosto muito, The Lost Canvas. Dizer que gosto muito desse anime não expressa o quanto eu gosto desse anime. Para ter uma noção mais precisa dê uma olhada no texto que eu escrevi sobre os primeiros 26 episódios baseados no mangá japonês (alerta de redundância soando neste momento...).
Foi então que meu irmão, sangue do meu sangue, vociferou em alto e bom som: “tu tá perdendo tempo vendo um desenho que já viu mais de mil vezes. A gente podia assistir Shingeki no Kyojin (Ataque de Titãs), que é tão interessante quanto Lost Canvas”. Castigado por uma imensa curiosidade, me senti compelido a experimentar esse desenho sobre o qual todos falavam muito bem e que tinha uma boa chance de ser tão bom quanto Lost Canvas e Death Note, os dois melhores animes aos quais tive o prazer de assistir na última década.

Vinte cinco episódios depois e algumas críticas durante as sessões de três episódios diários (comentar sobre algo enquanto assisto é um claro sinal de que não estou gostando do que estou vendo) tiro a minha conclusão: Attack on Titans não chega aos pés dos primeiros cinco episódios de Lost Canvas. É deveras chato em alguns momentos, tem uma péssima direção de eventos e é dramático em exagero. E o pior é que meu irmão ainda se surpreendeu pela classificação de Drama de Ação que o desenho recebeu em um site de análises. Sangue do meu sangue...

4- Ninguém pode agradar a gregos e troianos. Tenha a ciência de que, por melhor que seja uma coisa, algumas pessoas simplesmente não sentirão o mesmo impacto que você. Os motivos são os mais variados: gosto pessoal; identificação com o gênero; falta de bagagem cultural e etc.
Para ser mais exato em meu exemplo eu vou citar um ocorrido entre mim e um amigo meu. Com historinha chata mas breve, claro, como não poderia deixar de ser no blog.

Damien e seu fiel companheiro, Cérberus













Ter cultura e ser inteligente neste país é um mal que pode te render vários efeitos colaterais. Um deles é que, dependendo do seu nível de intelectualidade, a maioria das pessoas não será capaz de entender o que você quer dizer e, provavelmente, não acharão a menor graça em piadas e brincadeiras feitas por você.
Certa vez ao começar a jogar uma nova partida de Fallout 3, decidi que interpretaria um personagem totalmente maléfico. Batizei o meliante de Damien. Esse meu amigo começou a rir quando soube. Questionei-o e ele me explicou que havia assistido ao remake de A Profecia, que conta a história de Damien e seu fardo em ser o filho do capeta. Deu pra entender onde eu quis chegar com esse exemplo?
Se faltasse o conhecimento do personagem do filme ao meu amigo, a referência passaria totalmente despercebida e eu seria considerado um retardado sem senso de humor. Tá bom, exagerei um pouco mas é mais ou menos isso que as pessoas pensam nessas situações quando não te conhecem direito.


RAZÃO DE SER DO POST (POIS EU SEMPRE ACABO FALANDO DEMAIS E ESQUECENDO O REAL MOTIVO DE SER DO POST): COMBINAÇÃO DEVERAS INTERESSANTE!

É ou não é a cara da Bjork?












Eu mantenho uma relação de amor e ódio com a seção de filmes das Lojas Americanas. Amor porque eu adoro comprar DVDs de filme. Ódio por causa das malditas filas da loja que, por diversas vezes, me fizeram desistir de uma possível compra por causa demora.
Essa relação de amor e ódio também aparece na hora de “folhear” as caixas de filmes em busca de velhos conhecidos ou desconhecidos possivelmente ilustres que estejam à espera de um desbravador de “ótimos filmes que ninguém assistiu”.

Sendo fã de filmes de terror, nada mais natural que eu sinta uma atração quase irresistível por filmes trash e lado b. E foi a minha experiência de décadas que me fez classificar (erroneamente) Splice: A Nova Espécie como um filme lado b e trash digno do lendário Cine Trash, programa que passava nas tardes da TV Bandeirantes e que era apresentado pelo eterno José Mojica Marins. Fica a lição de nunca julgar um DVD pelo box...

Uma breve sinopse do filme, sem spoilers é claro: Splice conta a história de um casal de cientistas que trabalha em um grande laboratório de pesquisas de combinação de genes. A técnica existe de verdade, sendo conhecida pela palavra inglesa “splicing”, que significa combinar, unir, juntar. Graças aos céus, é uma técnica que passa bem longe disso aqui:




A equipe do casal de cientistas trabalha em um projeto que tem a finalidade de construir uma criatura que combina o melhor do DNA de vários animais, acrescentado do DNA humano também. Isso é tudo que posso dizer sem estragar o filme, mas não precisa ser muito inteligente pra deduzir que quando o DNA do ser humano é adicionado a uma receita o resultado é o bolo desandar, não é mesmo?


POR QUE EU ACREDITO QUE SPLICE MERECE UM POUCO DA SUA ATENÇÃO

Pra atiçar ainda mais a sua curiosidade com o filme












Sejamos francos: depois de filmes como Alien, O Oitavo Passageiro poucas obras conseguiram acrescentar algo de criativo ao gênero ficção e terror. Se você conhece um exemplo melhor que esse, sinta-se à vontade para exteriorizar a sua indicação, mas peço que leve em consideração os quatro conselhos acima. Até filmes como E.T (péssimo exemplo) e O Enigma do Outro Mundo (ótimo exemplo, inclusive o prequel) acabaram sendo influenciados pelo clássico supremo de 1979, pois tentavam se distanciar da linha estabelecida e copiada à exaustão do terror espacial.

Splice: A Nova Espécie, já ganha um ponto por ter personalidade própria e (for god sake) NÃO TENTAR COPIAR UM FILME QUE FOI LANÇADO HÁ EXATOS 34 ANOS.
O começo do filme consegue prender o espectador e, graças aos deuses, este ótimo ritmo é mantido durante cada um dos 104 minutos de filme. Nenhuma, eu digo, NENHUMA cena de Splice está lá sem ter alguma razão de ser. Todas desempenham um excelente papel na construção e desenvolvimento do roteiro, que é bem conciso e bem executado por sinal.

Outro ponto positivo fica para os personagens principais, que fogem dos clichês impostos pelo gênero (heim, Prometheus?) e conseguem ser interessantes sem serem forçados. Um destaque em especial dou à personagem da doutora Elsa, interpretada pela excelente Sarah Polley. Um exemplo de como uma personagem feminina pode ser intrigante sem ser um clone da Ripley ou sem esfregar um par de melões gigantescos na cara de quem está assistindo.

Eu sempre soube que tinha algo de alienígena nesse DNA














Um destaque também para a cantora islandesa Bjork, que interpreta a personagem Dren. Sua atuação foi responsável por alguns dos principais momentos nos quais eu tive que segurar a respiração para conter a ansiedade de não saber o que aconteceria a seguir. Ok, sou um mentiroso compulsivo mas não posso deixar passar a informação de que quem “interpreta” a personagem Dren (ao meu ver, o personagem principal do filme) é a atriz Delphine Chanéac. Justiça seja feita, mesmo que a comparação seja inevitável.

De acordo com a Wikipedia, Splice é um filme canadense e francês de ficção científica dirigido por Vincenzo Natali. Talvez sua origem possa nos dar uma pista do porquê de tanta qualidade e de seu jeitão lado b de ser. Splice é um peixe fora d’água se comparado aos demais filmes (principalmente os ruins, como o sofrível Guerra Mundial Z) da indústria norte-americana. É justamente por fugir do senso comum que ele brilha de uma forma bastante competente por causa de seu mérito e esforços próprios.

É triste ver que algumas porcarias como Percy Jackson ou Transformers recebam tanta atenção da mídia e público e diamantes brutos como Splice fiquem mofando em um cantinho obscuro da seção de DVD de grandes lojas.
De qualquer forma, mesmo fugindo um pouco do tema do blog, ainda consigo manter a sua razão de ser e principal motivo que me levou a criá-lo: expressar minha opinião pessoal, recomendar obras de entretenimento relevantes e fazer um pouco de justiça nerd àqueles menos contemplados pelos veículos tradicionais da mídia.

E é isso. Espero ter indicado um filme do qual os leitores gostarão de assistir e deixo mais uma dica: é ótimo poder acompanhar um bom filme ou jogo do zero, sem saber muito a seu respeito e ter “aquela” deliciosa surpresa que tanto nos motiva a escrever posts enormes indicando algo que nos agradou. Então, procure comprar o DVD original do filme sem assistir a trailers ou ler mais a seu respeito. Confiem no paladar de filmes do titio Shadow que não vão se arrepender. Até a próxima.


Au Revoir!