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sábado, 6 de junho de 2015

AD HOMINEM PÓS-APOCALÍPTICO

























Fallout 4 mal foi anunciado e já começou a levantar algumas discussões na comunidade gamer da internet. Em qual contexto político o game se passa? É mesmo Boston a cidade onde se desenrola o enredo? O quarto jogo continuará os eventos do terceiro, ou se trata de um tipo de mundo alternativo paralelo? Não, nada disso. As dúvidas dos jogadores sobre o arrasa-quarteirão da gigante Bethesda são seus gráficos.

No trailer, lançado pela empresa ainda nesta semana, foram exibidos visuais em tempo real, ou seja, “filmados” com o próprio motor gráfico do game, capazes de deixar qualquer fã da série babando. Eu mesmo fui um deles, apesar de ter achado alguns trechos coloridos demais pra uma temática de hecatombe nuclear. Aqui vai o vídeo novamente, pra quem acabou de sair de um coma profundo e ainda não viu:




Só consigo imaginar dois perfis entre as pessoas que reclamaram dos gráficos mostrados nesse trailer: um é o do jogador de PC amargurado que coloca a culpa nos jogadores de console pela nivelação nos gráficos das diversas versões de um jogo.
Vale lembrar a esse tipo que os mesmos jogadores de PC não ficariam nada satisfeitos se o novo Fallout tivesse gráficos de saltar arco-íris dos seus olhos, mas só PCs ultra turbinados pudessem rodar o jogo (com todas as chaves de efeitos no máximo) no lançamento, como foi o caso do Doom 3, em 2003. Também vale lembrar que a decisão de fazer uma versão equivalente a todos os sistemas é uma decisão puramente COMERCIAL. Deixem de ser mimados e parem de achar que a Bethesda está lançando um jogo inferior ao que poderia ser feito apenas por que ela não vai com a cara dos donos de PC. Vale lembrar que, antes da estreia nos consoles, franquias como Fallout, Elder Scrolls e XCOM ocupavam um nicho perigosamente restrito que praticamente os excluía do interesse dos jogadores da geração atual.


O Sr. Utilidade pegando no pesado antes do cogumelo


Pare pra pensar: qual a faixa de pessoas que possuem PC em casa? Em determinados países, acredito que chegue bem perto dos 90% (deixando bem claro que são apenas especulações, sem nenhum embasamento de dados estatísticos oficiais). Quantos desses consumidores DE FATO jogam videogame? Novamente, em certos países, acredito que uma média de 60 a 70% (exclua desse cálculo perfis como o daquela sua vovó que sempre pede a sua ajuda pra abrir a janela do Chrome; daquele executivo super ocupado que só usa o laptop pra checar emails e enviar relatórios; ou aquela dona de casa que só usa o Facebook ou o Google pra descobrir novas receitas). Desse percentual, quantos desses jogadores conhecem a franquia Fallout e jogam os jogos? Acredito que a taxa caia vertiginosamente agora, ficando em torno dos 30 a 40% (estou sendo bastante generoso, mas, novamente, são apenas especulações a título de argumentação).


DogMeat mais bonitão do que nunca, procurando um petisco


Então, viu como seria dar um tiro no próprio pé (tiro esse que a Firaxis parece ter escolhido dar, com seu XCOM 2) a Bethesda lançar um game bem mais bonito pra PCs e ignorar (ou lançar um jogo muito destoante) os jogadores de console? O que estou querendo dizer é o óbvio: nem todo mundo que tem um PC joga videogame, mas todo mundo que tem um console joga. É apenas uma questão de base instalada. E isso sem levar em conta que, como os três principais pólos da indústria são Sony, Microsoft e PCs (como eu disse no vídeo, desculpe Nintendo, mas seu console anacrônico te deixa fora da brincadeira), ignorando as plataformas caseiras a Bethesda estaria abrindo mão de um terço dos lucros com as vendas de seu jogo. Um verdadeiro tiro no próprio pé, com direito a câmera lenta e taxa de acerto de 100% no Pipboy 4000...


"Droga, nada de petisco aqui também..."


Às pessoas com esse jeito de encarar as coisas, só me resta dar o seguinte conselho: cresçam! Eu passei a geração passada vendo jogos de PS3 sendo nivelados por baixo para se adequarem às especificações do Xbox 360 (que era um pouco inferior ao PS3) e nem por isso meu ânus caiu da minha bunda por causa disso. Todas as vias de se jogar videogame (consoles, PCs, celulares, Tablets...) têm seu valor, pois contribuem para a democratização de franquias que talvez nem vissem a luz do dia se permanecessem presas a um hardware só. E eu não vejo nenhum jogador de PC reclamando do serviço prestado pela Steam em trazer jogos que antes só davam as caras nos consoles...


À procura de seu dono ou de um novo petisco?


Só pra finalizar esse tópico, os PC gamers deviam se contentar com o fato de que a versão de Fallout 4, mesmo que não seja muito diferente (pra melhor) das versões de consoles, já vai sair ganhando muito em questões de resolução, efeitos, tempo de carregamento e suporte da comunidade modder. É só comparar as versões de PC e consoles do Skyrim e saberá a que me refiro.
O segundo perfil é daqueles jogadores que caíram de paraquedas no fenômeno Fallout 4, desconhecem a franquia, mas ainda se acham gabaritados a postar comentários na internet criticando os visuais do jogo (hoje em dia todo mundo acha que tem algo de relevante a dizer na internet. É incrível como a arte de dar pitacos foi acentuada nos últimos anos...).

A essas pessoas, além do conselho óbvio de procurar saber do que está falando antes de falar merda, posso explicar as coisas da seguinte maneira: é fácil um jogo linear, com dez horas de duração e localidades modestas (como God of War 3) apresentar gráficos derrubadores de mandíbulas. Outra coisa é um jogo ter mais de 200 horas de duração (para completar 100%), se passar em cenários GIGANTESCOS que apresentam escalas quase reais de distâncias e ter várias quests que muitas vezes podem ser resolvidas de mais de uma forma.


Colorido demais? Resta saber se participaremos desses flashes pré-holocausto


Eu aceitaria que jogadores de PC amargurados reclamassem dos gráficos inferiores ao que se tem visto, desde que fossem conhecedores da série. Se eles não colocassem a culpa nos donos de console, até que o queixume faria sentido. Mas uma pessoa que não tem noção da proporção que o jogo apresenta, e que o mesmo não poderia ter gráficos acima da média (sendo grandioso como é) sem torturar o jogador com telas de load intermináveis, vir falar bobagem por causa de um trailer de três minutos que não quer dizer ABSOLUTAMENTE NADA sobre o universo de Fallout? Aí eu sinto a necessidade de deixar a educação um pouco de lado e mandar esse tipo de gente tomar naquele canto, onde a radiação não alcança...


Mermão, feio é o teu *


A esse perfil de jogador “crítico”, deixo meu recado: tenham em mente que a Bethesda e a Obsidian não criam “joguinhos de videogame”. Elas criam UNIVERSOS COMPLETOS, que absorvem o jogador de uma forma que NENHUMA outra franquia vem conseguindo absorver (quiçá The Witcher 3. Veremos...). Skyrim é um dos melhores jogos que eu já joguei na minha vida, mesmo que ele tenha sofrido uma simplificação para agradar jogadores mais puxados pra ação (dado o combate sofrível de seu antecessor, Oblivion, nem de longe isso é uma falha imperdoável). É um jogo com excelente enredo, atmosfera medieval de fantasia maravilhosa e ambientes únicos em todo o jogo (simplesmente não há uma caverna igual a outra naquele jogo, diferente da repetição de cenários que víamos em Oblivion).


Será que esse misterioso cidadão nos ajudará a explodir uma cidade também?


Fallout 3, apesar de sistema de RPG mais simples que o posterior, New Vegas, e apesar também de contar com um excesso de localidades sem razão de ser, é o melhor game que eu já joguei com temática de mundo pós-apocaliptico.
Falar de um jogo da série Fallout é narrar um acontecimento que não se vê todo dia na indústria de games, então parem de falar merda sobre o que não conhecem, ok?
Quando estreei na série Fallout, no terceiro jogo, também cometi o erro de julgar o livro pela capa, ao invés de julgar o seu conteúdo. Não cometam o mesmo erro.

Mas já que não deixa de ser importante falar de aspectos técnicos (desde que se saiba o que está criticando e que se faça uso de bom senso), convém lembrar que os jogos anteriores da série Fallout não eram perfeitos em muitos aspectos.
O primeiro jogo, de 1997, eu ainda estou jogando, com o uso de um patch que aumenta a resolução do game. Estou longe de finalizar, e por se tratar de uma lacuna temporal de quase vinte anos, falar dos gráficos dele não faz sentido algum.


A Irmandade do Aço, sempre a postos pra "proteger" a humanidade...


Fallout 2 ficou famoso por seus problemas com bugs, inclusive em missões (que em casos extremos não eram passíveis de serem finalizadas). Este também ainda não joguei, apenas assisti à introdução, então vai ficar pra um futuro post.

Fallout 3 foi minha estreia na série, como eu já cansei de falar, e esse aqui estava repleto de bugs, loads abusivos e quedas de frame absurdas. Ao menos nos consoles. Os visuais do game quase me fizeram desistir de jogar e devolver o disco, mas resolvi dar uma chance ao deserto radioativo, em uma das melhores e mais acertadas decisões que já tomei em minha carreira gamer. De fato, com a lacuna deixada em minha trajetória de jogador pela ausência da série de JRPGs Final Fantasy, deixar de conhecer a franquia Fallout seria praticamente o abandono de um dos meus gêneros favoritos.


Só um saco na cara mesmo pra dar jeito nesses ghouls


Fallout New Vegas, como eu sempre digo, é melhor que o terceiro game em quase tudo. E esse “quase” a que me refiro é no tocante à atmosfera do game, que é uma das melhores que já vi em um jogo (mesmo sem ter a pretensão, FNV consegue desbancar concorrentes sérios no estilo Western, como Red Dead Redemption), mas que simplesmente tira um pouco do impacto que o holocausto nuclear causava no terceiro episódio da série.

Em New Vegas, o assunto do holocausto parece ter sido esmagado por uma enorme pedra que pôs fim ao assunto, nos dando mais tempo para nos preocuparmos com outros aspectos da sobrevivência no pós-guerra nuclear. O que faz todo sentido, claro, mas que não deixa de “colorir” demais um mundo que é caracterizado pela desolação do agente atômico invisível.


Nem se anime: essa aqui só com treinamento especial


De todos os jogos, de longe Fallout New Vegas foi o que mais me deixou jogar em paz, com relatos quase inexistentes de bugs ou travamentos. Mesmo com o velho problema do acúmulo de progresso (quanto mais você avança, mais demorados ficam os loads e mais bugs acontecem), New Vegas nem parece que “sofria” do mesmo Gamebryo que os surrados Elder Scrolls Oblivion, Fallout 3 e Skyrim. Exceto quando você para pra reparar na tosca linha horizontal que separa troncos de pescoços em seu personagem e nos NPCs (corpo de jovem, cabeça de velho. Já vi muito isso entre os personagens...) ou nas expressões de “tá na hora desse motor gráfico pendurar as chuteiras” nas ilustres carinhas do deserto de Mojave...


Lindas paisagens como sempre


E é isso pessoal. Mais uma vez, gostaria de salientar o quanto eu fiquei feliz com o anúncio (principalmente pelos rumores de que o game sai ainda este ano) e espero que o game seja criticado por fatores que realmente façam diferença na qualidade do produto final.


"Finalmente te encontrei, meu petisco"!


Vault one one one? Adorei!


Tomara que saia ainda em 2015 mesmo. Contando os milésimos de segundo...

Claro que ele não poderia faltar. Que meda!


Au Revoir!

5 comentários:

  1. Jogador de PC que é fã de Fallout joga essa franquia desde o primeiro título (exclusivo clássico do PC) e prefere por exemplo que Fallout volte as suas raízes no quesito gráfico, com câmera isométrica e tal, igual ao Wasteland 2, mas não fica reclamando do visual dos Fallouts atuais.

    Os Graphics Whores que estavam dando piti eram em sua maioria os consolistas que caíram de paraquedas no Fallout 3 e acham que gráficos são o ponto forte da franquia, ao menos foi isso que eu constatei ao ler os fóruns por aí.

    E outra, lançar um exclusivo para PC é dar tiro no próprio pé? Você precisa se informar mais, muitas empresas se tornaram gigantes através das vendas de exclusivos para essa plataforma (Blizzard, Bioware, CD Projekt Red, BETHESDA...) e muitos exclusivos do PC estão no mainstream dos games com milhares de fãs (Starcraft, Dota, World of Warcraft, Counter Strike, League of Legends e etc). No caso da Firaxis, os jogos de estratégia costumam ter uma grande aceitação no PC e nos consoles nem tanto, então é compreensível a decisão de lançar Xcom 2 apenas para PC.

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  2. Sim Jonatas, em pleno ano de 2015 lançar um jogo exclusivo pra PC (jogo que fez o maior sucesso nos consoles) É dar um tiro no próprio pé. Releia os meus argumentos. Todos são em cima de um ponto de vista comercial e base instalada de mercado.

    Que eu preciso me informar mais isso é bastante óbvio. Todo mundo que lança conteúdo na internet precisa se informar bastante... a menos que deixe bem claro que são opiniões descontraídas e pessoais sem tanto compromisso com dados estatísticos ou análises abalizadas de mercado. eu deixei isso bem claro no texto, não apenas no texto como no blog como um todo. Se você fosse um leitor assíduo do blog saberia disso.

    Mas, já que você fala em se informar melhor, quero salientar que o seu argumento (de que grandes empresas fizeram seu nome nos PCs) não se aplica à Interplay, desenvolvedora dos dois primeiros jogos. Lembre-se que os direitos da Franquia Fallout pertencem agora à Zenimax, um conglomerado que possui outras empresas como a Bethesda. A Bethesda foi a grande responsável pelo ressurgimento da série Fallout e pela manutenção da atmosfera e da qualidade da série original. claro, um pouco das características de estratégia do jogo se perdeu mas isso não vem ao caso. Os consoles, você goste ou não, tiveram um papel importante nesse ressurgimento. Onde estaria a série se fosse pela Interplay? Continuaria como mais um projeto de Kickstarter, sendo apenas um objeto de desejo de uma minoria lado B.

    Discordo da sua afirmação de que lançar XCOM apenas para PCs seja aceitável. nos dias atuais, é mais um tiro no próprio pé do ponto de vista comercial. Se não fosse viável e se os consoles não desempenhassem papel importante, grandes estúdios como Blizzard (com Diablo 3) e a própria 2K (produtora do XCOM) não mobilizariam uma equipe inteira para adaptar a jogabilidade aos controles. Acredite, as empresas não fazem isso por caridade ou por consideração aos fãs. Fazem isso por que o investimento vale a pena.

    Sobre essa questão dos gráficos eu não posso afirmar se foram jogadores de console ou não, mas é fato que muito jogador de PC gosta de demonizar jogadores de console pelo nivelamento de visuais e etc. Provavelmente ficam irritados pelo fato de turbinarem uma máquina e acabarem tendo que jogar um jogo que é feito com base em um hardware bem menos potente. Quanto a isso, se trata mais uma vez de decisão de mercado. Quem quiser tentar convencer as empresas a lançarem um jogo maravilhoso mas que ninguém tem um PC capaz de rodar (e ainda excluindo as outras fatias de mercado), fique à vontade.

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  3. "Jogador de PC que é fã de Fallout joga essa franquia desde o primeiro título (exclusivo clássico do PC) e prefere por exemplo que Fallout volte as suas raízes no quesito gráfico, com câmera isométrica e tal, igual ao Wasteland 2, mas não fica reclamando do visual dos Fallouts atuais".

    Engraçado você dizer isso, pois na época do lançamento (e até antes disso) do Fallout 3, o que eu mais ouvi foram jogadores de PC reclamando que o jogo se trataria de um "elder Scroll no futuro", pela câmera, gráficos em 3D e por utilizar o mesmo motor gráfico da série The Elder.

    Acho que as pessoas têm que aceitar que a série Fallout dos dois primeiros jogos não é a mesma que foi assumida pela Bethesda. eu estou jogando o Fallout original e gostando muito, mas não tinha como a Bethesda trazer o jogo do mesmo jeito que era sem arriscar de afundar junto com uma iniciativa arriscada dessas. as pessoas não entendem que uma empresa não pode viver apenas de agradar os fãs. ela precisa tomar decisões comerciais, e lançar um jogo com perspectiva isométrica, extremamente burocrático e complexo como os dois Fallouts originais iria afastar jogadores, impedindo que a franquia retornasse com chances de aumentar a sua popularidade. muita gente sequer conhecia a franquia antes do 3. eu sou uma dessas pessoas. e agora temos um dos jogos mais esperados do ano, conhecido até por pessoas que não gostam do gênero. me desculpe mas não consigo ver como negativa a decisão da Bethesda.

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  4. Eu não ligo tanto para gráficos, oq mais me chama a atenção é o conteúdo q o jogo tem a me oferecer. Acho até bom o jogo não ser tão avacalhado nos gráficos pq senão iria ficar pesado demais! Principalmente para os gamers mais humildes como eu :) essa coisa de botar culpa no pessoal dos consoles é pura frescura e burrice. Por exemplo o pc q eu vou montar vai rodar praticamente todos os jogos atuais e futuros o/ e o meu desejo é q ele dure o máximo possível e q suporte os novos jogos até onde der kkk

    Sobre essas pessoas que reclamaram do gráfico do jogo eu só consigo imaginar elas usando uma placa de vídeo QUADRO que custa mais ou menos uns 6 mil reais e que literalmente tem q vender o rim pra comprar uma dessas.

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  5. O tempo passou e a experiência maravilhosa com o FO4 veio para provar que meu ponto de vista sobre os gráficos do jogo estava certo: FO4 é muito bonito e enorme.

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