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segunda-feira, 27 de abril de 2015

UMA TARDE NO MUSEU




Patriotismo é um dos sentimentos mais idiotas que um ser humano pode ter, já que estamos falando  de sentir  orgulho de uma coisa que você não criou (já existia bem antes de você nascer) e da qual você não escolheu fazer parte. E como é triste constatar que, além de passar longe de ser patriota, eu detesto o lugar onde moro, mais pelas pessoas que pelo lugar em si. Mas comecemos do começo...

No dia 11 de abril do ano vigente chegou a Recife o Museu Itinerante do Videogame, uma exposição que roda o Brasil todo mostrando uma interessante linha do tempo com os principais consoles de videogame. Além de vitrines com exemplares dos mais obscuros aos mais conhecidos consoles, a exposição conta com uma área para degustação de clássicos inesquecíveis de todas as plataformas, como Street Fighter 2 (SNES), The King of Fighters 94 (NEO GEO), As Tartarugas Ninja (NES) e outros mais recentes.


Esse é o dono da bola. (FOTO: MUSEU DO VIDEOGAME)

A “brincadeira” toda é comandada por Cleidson Lima, curador do museu e dono dos mais de 200 consoles exibidos no evento (acredito eu).
Em um primeiro momento, a sensação é de uma criança solta em uma loja de doces com o cartão de crédito do Bill Gates nas mãos: impossível não me flagrar com um persistente sorriso de satisfação no rosto ao ver o meu entretenimento preferido ser apreciado por uma enorme quantidade de pessoas que talvez, e muito talvez mesmo, possuam o mesmo apreço pela “brincadeira”  que eu. Infelizmente, em toda brincadeira existe o espírito esportivo e o espírito de porco, que parece conseguir se divertir apenas assistindo ao descontentamento dos outros.

Num cubículo desses tem muito videogame e cotovelada também.


Eu moro em Olinda, no estado de Pernambuco. Grandes eventos, como show de Red Hot Chilly Pepers ou Ivete Sangalo não são mais novidade para o povo da minha terra, que conta com uma estrutura mais que adequada para receber artistas desse calibre.
A menos de 10km da minha casa, por exemplo, existe um centro de convenções e o Chevrolet Hall, espaços gigantescos apropriados pra esse tipo de ocasião. Infelizmente, nenhum dos dois lugares foi o escolhido para acomodar um evento que certamente lotaria os corredores destes ambientes mais rápido do que um nerd consegue dizer “bazinga”.

O Museu Itinerante acabou ontem, dia 26 de abril, e foi justamente nesse último dia que eu resolvi visitar o evento. Apenas para chegar à óbvia conclusão de que a coisa está longe de ser feita do jeito que devia quando o assunto são videogames.

Claro que não podiam faltar os cospobres


Os problemas são visíveis logo no início da exposição: umas poucas vitrines com consoles que datam da década de 80 até os dias de hoje, com seus representantes máximos Xbox One e PS4. Vitrines que, ora são baixas demais para um adulto contemplar, ora são altas demais para os pimpolhos conhecerem aquele famoso console que possuía um teclado numérico em seu gabinete.
Pra piorar, os cartezes explicativos eram pequenos demais, tornando-se algo proibitivo e incômodo de acompanhar, tanto pelos mais novos quanto pelos mais velhos (e usuários de óculos).

Na área de degustação, a boa e velha “educação” típica do brasileiro se fez notar com bastante naturalidade: mesmo que algumas pessoas tivessem o bom senso de passar o controle a quem estava esperando, em uma aglomeração que alguns insistiam em chamar de “fila”, uma incômoda maioria estava decidida a monopolizar os controles, ignorando o fato de que não estavam em suas casas, no conforto de seus quartos. Ficou difícil aguardar para jogar uma reles partida de um fighting game sem dar “aquela” olhadinha para os lados, como quem pergunta “quem é que está colocando ordem nesse galinheiro”? “Ninguém” ainda parecia ser a resposta mais óbvia, apesar do carinha magricela vestido de encanador bigodudo.

"Daqui não saio, daqui ninguém me tira".


Isso sem falar no mau exemplo dado pelos pais de crianças pequenas que estavam presentes no evento, que não tinham o tato de retirar seus filhos de um console que estava ali para que TODOS pudessem participar da brincadeira. O resultado disso é que passei longe de experimentar qualquer jogo que levasse o nome Mario em seu título ou fosse publicado pela Nintendo. É, pelo jeito videogame ainda é “coisa de criança” mesmo...

O Museu Itinerante do Videogame é uma iniciativa gratuita do colecionador Cleidson Lima, que me faz pensar no “mal” que um ingresso de R$10,00 faria à organização de um evento desses. Um espaço mais aconchegante para receber o público e uma plateia menos casual, mais comprometida com o entretenimento (e mais educada, pra variar), talvez fossem os efeitos colaterais de um valor cobrado para ingressar no evento.  Se não, pelo menos a ausência de cotovelos empurrando as minhas cansadas costelas talvez valessem a tarifa.

"Foi namorar, perdeu o lugar"


Apesar de ter desbloqueado a conquista “Participou de um evento nerd em sua terra natal”, o saldo do Museu do Videogame deixa sérias dúvidas na minha cabeça: a quem o evento pretendia atingir? Quantas pessoas passaram por lá nos vinte dias e poucos dias que o evento foi realizado? Qual a faixa etária do pessoal que segurou joysticks nesse intervalo de tempo? Qual a impressão geral que o povo da minha região tem de algo assim? 
Perguntas que ficarão sem resposta, visto que a exposição não parece ter contado com nenhum registro de atividades e nem dispôs de nenhum mecanismo (como quantidade de ingressos vendidos) para aferir essas informações. Ao menos, não que eu saiba.

Um dia estressante de engarrafamentos (por causa de um show de Ivete Sangalo). Uma "virose" que transformava o simples ato de ficar em pé em um martírio. Muita espera. Uma fila quilométrica para comprar os ingressos de Os Vingadores: A Era de Ultron. A certeza de que os videogames, finalmente, estão começando a fazer parte da cultura do nosso país. E muita, mas muita demonstração de falta de educação e cordialidade entre aqueles que compartilham da mesma paixão: esse foi o saldo da minha visita ao Museu dos Videogames.


Au Revoir!

12 comentários:

  1. Olá!
    Interessante sua matéria, embora o estilo da fonte incomoda um pouco a leitura.


    Ass: Fundador da Rede dos Blogueiros

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    1. Que bom que você gostou. quanto ao estilo da fonte, existem milhares de opções de fonte no blogger. Qualquer uma que eu escolhesse agradaria a gregos mas desagradaria a troianos, então...

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  7. Que bom que você gostou do blog. só não permito spam nele, ok? Nada pessoal.

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  8. Ola amigo gostaria de fechar uma parceria de blogs x blogs, eu tambem tenho um blog, e queri exbibir anuncio, juntamente com o seu se for o seu caso, do mais queria uma interação com seu blog e uma troca de publicos.

    http://gabrielbubasg.blogspot.com.br/

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