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sábado, 14 de março de 2015

PITACOS NA PRECIPITAÇÃO RADIOATIVA


A nova geração desponta no Mais Um Blog de Games. E como não podia deixar de ser, novas expectativas trazem um elemento que eu particularmente adoro: especulação.
Sim, especulação pode ser uma coisa extremamente positiva, pois serve para te dar uma ideia do que vem pela frente. E como já estamos em março, nada mais natural que especular um pouco sobre o que vai ser visto nas feiras de jogos deste ano.

Não, o texto não é sobre a E3. Como o próprio título denuncia, falarei um pouco sobre algumas coisas que eu gostaria que fossem adicionadas ou removidas de uma das melhores séries que tive o prazer de conhecer e jogar, até os dedos sangrarem, no controle do playstation 3: Fallout.

Como faz muito tempo que escrevi algo sobre a série aqui no blog (acho que apenas em uma ocasião, acredito que em 2012. Procure pelo Review Supremo aqui. Pra comemorar a minha empolgação com a possibilidade de um Fallout 4, dei uma repaginada neste que é um dos meus posts favoritos no blog. Modéstia aparte, ficou show de bola), gostaria de falar um pouco sobre os meus desejos do que eu acho que não devia mudar no quarto jogo da série (que é uma das grandes presenças esperadas a dar as caras na E3 2015) e do que eu acho que deveria ser alterado. Como o texto é de total improviso, comecemos logo essa bagaça!



1-MAIOR PODER DE DECISÕES

Tanta enrolação só pra chegar ao mesmo resultado...


O combate de Fallout se dá em tempo real, diferente dos seus dois primeiros capítulos em que a ação acontecia por turnos. Mas a forma de causar dano nos oponentes continuou a mesma no clássico contemporâneo idealizado pela Bethesda Softworks. Sim, essa digressão toda foi apenas pra explicitar que, mesmo sendo um jogo de tiro, Fallout ainda se enquadra no gênero RPG. E o que mais caracteriza os jogos deste gênero, além da impossibilidade de prosseguir na história sem conversar com NPCs e o ganho de XP? AS OPÇÕES DE DIÁLOGO DO NOSSO PERSONAGEM, CLARO!

Nesse ponto, Fallout 3 e Fallout New Vegas (que merecia um Review Supremo tanto quanto seu antecessor, mas foi vítima das vicissitudes do destino) sempre deixaram os jogadores mais exigentes com a impressão de que as coisas poderiam ser um pouco melhores na série com relação à liberdade de escolhas e o impacto que essas escolhas causam no desenrolar dos eventos.

Eu sei, não é nada fácil coordenar os eventos e tomadas de atitudes de um jogo que leva, literalmente, centenas de horas pra completar 100%, mas isso é um problema para a Bethesda, Obsidian e todas as envolvidas no desenvolvimento dos jogos. Minha parte é abrir a carteira e escrever textos enormes dando pitacos.

O mítico Dr. Mitchell: "how are you holdin' up"?


O caso é que Fallout, pelo menos nos episódios que eu tive o imenso prazer de jogar, utiliza o sistema de funil nas janelas de diálogo. O que isso quer dizer, Shadow? Simples: é que mesmo começando com várias possibilidades de diálogo, qualquer uma que você escolher vai resultar no mesmo evento, tolhendo a sua capacidade de influenciar no enredo e te roubando quaisquer sensações de que está no comando das coisas (feeling esse que todo bom RPG deveria estar preocupado em transmitir ao jogador).

Pra ficar melhor de entender, deixa eu dar um exemplo bem rasteiro: imagine que um pai e um filho estão dialogando. O pai deve uma quantia de dinheiro ao filho e se aproxima pra pagar. O pai fala:

-Aqui está o dinheiro que eu te devo, filho. O pai então pergunta:

-Você não vai conferir se está certo, filho?

O filho, que no caso é o jogador, tem as opções de responder SIM; NÃO; NÃO DEVERIA SER NECESSÁRIO ESTE TIPO DE CAUTELA ENTRE PAI E FILHO, só pra dar um exemplo.

Os roteiristas, marotamente, disponibilizam as seguintes opções de resposta do pai pra cada uma das escolhas, respectivamente:

- Faz muito bem, pois sou péssimo em matemática e posso ter errado na contagem das notas.

-Deveria, pois números nunca foram meu forte.

-Mas não é uma questão de desconfiança filho. Eu posso ter errado quando contei o dinheiro.

Viu como, mesmo interagindo com uma reposta negativa, uma positiva e uma neutra o resultado é sempre o mesmo? É esse tipo de ilusão porcamente disfarçada que os mágicos por trás da série vêm tirando espertamente de suas cartolas para evitar de programar linhas de diálogo que realmente façam alguma diferença, pois diferença para o jogador pode ser divertido, mas pra quem faz os jogos só significa uma coisa: mais trabalho!

Quem nunca sentiu falta da opção "Cala essa *&%$# de boca, Moira" que atire a primeira pedra...


Eu sei que o tópico já está ficando grande, mas acredito que em jogos como Fallout e The Elder Scrolls tal elemento seja de suma importância. Aliás, falando em Elder Scrolls, o último episódio da série, Skyrim, reduziu bastante as opções de diálogo, inclusive aquelas respostas exclusivas baseadas em um atributo em especial que você fez questão de evoluir (como medicina, por exemplo). Nesse jogo em particular os produtores chegam ao cúmulo de oferecer ao jogador apenas uma opção de resposta, te deixando com a imensa responsabilidade de escolher... quando vai pressionar o botão de confirmar para concordar com o que o jogo quer que você concorde. Ridículo...

Então, o que eu espero do Fallout 4 é isso: que haja uma maior liberdade de opções e um real impacto nos eventos do enredo, do começo ao fim da aventura.



2-MENOS CHICLETE MASTIGADO E MAIS TEMPO DE GAMEPLAY REAL

Essa tela me atormentou muito, mas muito mesmo no PS3


Certa vez eu assistia a um dos vídeos dos irmãos Piologo, quando um deles soltou uma frase que resume perfeitamente o que é um game da Bethesda nos consoles domésticos: “dá pra mastigar um chiclete inteiro enquanto espera um load de Skyrim”. Depois de conter as gargalhadas, tive que parar pra dar o braço a torcer, pois é a pura verdade. E o pior é que a Bethesda deve jurar que aqueles lindos modelos dos personagens e itens encontrados no jogo que eles exibem nos loads não são uma distração das mais vagabundas pra amortizar a nossa impaciência diante de intermináveis telas de carregamento.

Nossa, que elmo lindo... Epa! Espera um pouco. Eu tô há cinco minutos rotacionando esse item feito um bobo!


Contra um aspecto meramente técnico, que não carece de decisões criativas, não tem muito do que discorrer: PELO AMOR DE SHEOGORATH, BETHESDA: DÊ UM JEITO DE USAR A MEMÓRIA EXTRA DO PS4 E XONE PRA FAZER UM JOGO QUE NÃO POSSIBILITE AOS JOGADORES ACABAR COM O DOCE DE UM CHICLETE ENQUANTO ESPERA UMA TELA DE CARREGAMENTO.
Sem mais nada a acrescentar, e sempre salientando o fato de que os jogadores de PC, neste aspecto, não têm quase nada com o que se preocupar.



3-CONTEÚDO NÃO APENAS DOWNLOADEÁVEL MAS QUE TAMBÉM REALMENTE ADICIONE ALGO

Homenzinhos verdes...


Fallout 3 possui DLCs fantásticos. Não precisei baixar separadamente pois comprei a GOTY, que já vem com tudo incluso, adiciona dez níveis de evolução e uma linda e criativa lista de troféus pros aficionados em aceitar grandes desafios.



Mothership Zeta, The Pitt (meu preferido ever), Aquele que Continua o Enredo Que eu Não Lembro do Nome e Point Lookout (ou vila dos caipiras, pros íntimos) adicionam dezenas de horas de gameplay e contam com bizarrices e experiências inéditas e únicas na série (Operation Anchorage nem é digno de menção. Ops...). No jogo seguinte, Fallout New Vegas, a quantidade de DLCs continua a mesma mas da qualidade infelizmente não podemos dizer a mesma coisa.

De fato, os DLCs de New Vegas são tão fraquinhos que fica até difícil lembrar dos nomes deles. O mais pitoresco, Old World Blues, se passaria por uma quest mais elaborada do conteúdo original fácil fácil. O que é algo bastante triste, visto que a direção certa para esta franquia continuar com seus sucessivos strikes é se guiar por este capítulo em particular. Mas falarei disso mais pra frente.

Nem se empolgue com a capa: esse DLC é um saco dos mais intoleráveis.


E é isso: Fallout é uma daquelas séries que nos faz abrir um sorriso de orelha a orelha quando um novo DLC é anunciado, diferente das ondas de revolta que geralmente este tipo de conteúdo costuma causar. Isso porque a Bethesda capricha muito na qualidade e quantidade de horas adicionadas à campanha principal. Então, o que é esperado é que Fallout 4 (espero digitar muitas vezes esse nome nos próximos meses) tenha um conteúdo extra tão bom quanto seu irmão mais velho.
  


4-RPG DE RAIZ

Nem tão clássico quanto o primeiro mas, ainda assim, um clássico indiscutível


Fallout 3 é um excente jogo. Disso nem os fãs dos dois primeiros jogos duvidam. Mas convenhamos: depois de jogar Fallout New Vegas e nos deliciarmos com o modo Hardcore e suas contribuições à franquia é que nos damos conta de como o sistema de Fallout 3 era raso.

Explico de forma rápida (acredita no “rápida” quem quiser...): Fallout era uma franquia lado B, ou obscura pra quem nasceu já na era do CD, e bastante aclamada entre os jogadores de PC. Depois de alguns lançamentos não tão renomados, que muitas vezes tiravam a característica de estratégia casca-grossa dos dois primeiros títulos da Interplay, a batata quente de lançar um jogo que ao mesmo tempo agradasse aos fãs e atraísse novos jogadores havia caído delicadamente nas mãos da Bethesda, a atual detentora dos direitos dessa franquia.

Olha o Bob aí, transcendendo gerações


Fallout 3 foi lançado, alguns fãs mais virjões ficaram de mimimi mas o resto do mundo aceitou de boa as mudanças feitas no jogo para ressuscitar a franquia dos mortos, principalmente porque a essência dos jogos mais antigos a Bethesda havia conseguido preservar com bastante sucesso.
Fallout New Vegas, além de ser desenvolvido pela Obsidian (grande nome dos RPGs no PC até então), contou com dois integrantes originais que trabalharam no Fallout e Fallout 2. Então já dá pra imaginar que coisa muito boa sairia dessa interação, não é mesmo?

E saiu sim. Pensando em quem gosta de elementos de RGP e um pouco mais de dificuldade inteligente mas ficou a ver navios no Fallout 3, os criadores do lindo deserto de Mojave inseriram o já citado Hardcore Mode, que implementa alguns detalhes de gameplay como:

-recuperação de HP gradativa, ao invés de instantânea, com o uso de Stimpacks;

-tratamento de membros aleijados apenas por meio de intens específicos para esta finalidade, as Doctor Bags, diferente do game anterior que te permitia curar membros aleijados com meros Stimpacks;

-adição de necessidades fisiológicas mais condizentes com a realidade, como precisar beber água, comer e dormir (nada de usar comida apenas pra regenerar HP);

-um sistema de conservação de armas mais justo (sua arma não precisa estar com a barra de conservação totalmente cheia pra garantir benefícios, basta que você alcance 75% ou 50% com alguns itens) e por aí vai.

Sim, New Vegas é tão foda quanto aparenta. E sim, esse uniforme é difícil pacas de conseguir


O fato é que seu eu continuar falando de New Vegas  vou ter que parar de escrever o texto, soprar a poeira do velho PS3 e voltar a mergulhar no insanamente divertido deserto de Mojave da Bethesda. Então, fica o recado para esta produtora: NÃO DEEM UM PASSO ATRÁS NA COMPLEXIDADE DO GAME COMO VOCÊS FIZERAM COM SKYRIM. PEGUEM O NEW VEGAS PARA USAR COMO PONTO DE PARTIDA E NOS FAÇAM FELIZES PELA TERCEIRA VEZ COM UM NOVO JOGO DA SÉRIE FALLOUT.



5-ARREGASSEM AS MANGAS FOR GOD SAKE!

Gamebryo fez milagres mas já passou da hora de pendurar as chuteiras


Eu sei que nem a Bethesda teria a cara de pau de racauchutar pela milésima vez o Gamebryo, o motor gráfico utilizado nos jogos The Elder Scrolls 4: Oblivion, Fallout 3 e Vegas e Skyrim. Mas não custa nada dar esse aviso aos produtores: DESENVOLVAM UM MOTOR GRÁFICO NOVO E MAIS COMPETENTE PARA ESTE QUARTO CAPÍTULO DA SÉRIE.

Vejam uma palhinha do que foi mostrado na GDC deste ano, no começo do mês:



Acredite: tudo isso, apesar de ser uma cutscene, acontece em tempo real, filmado com o motor gráfico Unity 5 demonstrado na feira que é “exclusiva” para desenvolvedores. Não, não estou estou dizendo que Fallout 4 precisa ter um visual de The Order ou Killzone Shadow Fall (eu caindo? Aonde?). Isso seria contradizer a mim mesmo quando afirmo que me contentaria com um Fallout novo com visuais de God of War 3, só que com loads instantâneos. E minha opinião não mudou de lá pra cá: prefiro que os jogos deem um salto menor em qualidade visual para oferecer uma experiência de jogo menos sofrida  para o jogador no quesito técnico.
Telas de carregamento assombram os jogadores desde a era Playstation One, sendo inclusive motivo de exclusão para os mais acostumados a cartuchos. Já tá mais que na hora de acabar com esse mal nos consoles. Ou pelo menos tentar amenizá-lo.



6- NÃO FAÇAM MERDA, PELO AMOR DE DEUS

Como eu disse, não façam Rambo, quero dizer, merda com a série!


Esse último conselho parece ser bastante óbvio, mesmo de um ponto de vista mais formal e menos passional. Mas, diante de decepções como os recentes games da série Final Fantasy, Resident Evil e da estreante The Order, não custa nada frisar: NÃO FAÇA MERDA COM ESTA FRANQUIA, BETHESDA!

Quer levar meu dinheiro?  Leve. Quer a minha paciência? Ela está a sua disposição. Quer me torturar com uma espera que parece interminável? Estou pronto pra isso, pois já dizia o saudoso Victor Ireland, da Working Designs: “atrasos são temporários. A mediocridade é eterna”. Mas por favor, não atire as fezes no ventilador com essa franquia aqui.

Persona 5 promete...


Fãs de RPGs ficaram praticamente órfãos depois das cagadas de empresas como Square-Enix, Capcom ou Atlus, que ou decidiram fazer jogos ruins ou simplesmente trollar o jogador com atrasos de ganhar cabelos brancos, ou ainda versões para plataformas bastante inusitadas (como Persona, que resolveu dar as caras com um JOGO DE LUTA para Vita ao invés do tão aguardado quinto episódio da franquia, que parece estar vindo com tudo para a nova geração).
Depois de descobrir as maravilhas do steampunk mundo cão que é a série Fallout nos consoles de geração passada, não sei se meu coraçãozinho nerd resistiria à notícia de que Fallout 4 é algo menos que o 3 e o New Vegas foram no passado.

Porta fechadas ou não, o que importa é que ele dê as caras na E3 2015


E é isso, pessoal. Até agora a Bethesda não se pronunciou oficialmente (nem de forma não oficial, que eu saiba) sobre o assunto. Mas o que todos esperam é que algo seja revelado sobre o quarto episódio da série na E3 deste ano, que vai acontecer em maio ou comecinho de junho como de costume. um The Elder Scrolls 5: Elseyr também não seria nada mau, mas acho que já estou pedindo demais...
Espero que tenham gostado do texto e que estejam tão ansiosos por este jogo quanto eu estou. Obrigado a todos e nos vemos no próximo texto, no qual abordarei a influência da narrativa embutida nos jogos de golfe do início da década de 80 e sua contribuição para a atual cena político-econômica em que vivemos. Brincadeirinha...


Au Revoir!

5 comentários:

  1. Bom, eu não acho que a Bethesda iria fazer tanta cagada com a sua galinha dos ovos de ouro como a Bioware fez com Dragons age 2 e mass efect 3(Jesus bioware, o que esta acontecendo com você..).

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  2. hoje em dia não coloco a mão no fogo por jogo nenhum. nenhum mesmo. jogo bom pra mim é um jogo que foi jogado e analisado por mim. antes disso, qualquer coisa é mera especulação. claro que tem algumas (poucas) empresas que dificilmente darão bola fora, como a Rockstar.

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  3. E ai Shadow, o Fallout 4 atendeu algum de seus desejos? Se atendeu me diga XD

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  4. Ah mais uma coisa.. Eu jogo Skyrim no pc e quando um dos meus personagens tava no lvl 45 o load demorava horrores... dava uma tristeza rsrs dava tempo de fzr 3 sandubas e um copo de nescau.

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  5. Os tópicos 1,4 e 5 não ficaram a contento. A Bethesda não resolveu o que eu considerei como problemas. O 2 foi resolvido. O 3 ainda não temos como saber. E o 6 é bastante subjetivo: eu não acho que a Bethesda fez merda, ao menos não a curto prazo. Mas se ela continuar simplificando a série dessa forma, não verei mais motivos para chamar Fallout de RPG, e provavelmente vou parar de jogar.

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