Você pode detestar
Yu-Gi-Oh! do fundo do seu coração e jamais ter jogado um jogo sequer da
franquia, mas não há como negar a popularidade da série na cultura pop/nerd da
atualidade. Lançado no ano de 1996, o mangá de Kazuki Takahashi conta a
história de Yugi, uma criança japonesa que consegue resolver um quebra-cabeça
datado do Egito antigo e tem sua vida pessoal transformada dali em diante.
Depois de sua estreia, os quadrinhos deram origem a uma série animada, lançada em 1998, contando apenas com
uma temporada. Conhecida entre os fãs como a Temporada Zero de Yu-Gi-Oh!, essa
fase precede os jogos eletrônicos e até mesmo aquela série animada clássica, do
Reino dos Duelistas, veículo pelo qual muitas das pessoas que jogam Yu-Gi-Oh!
hoje conheceram a franquia.
Como todo produto
popular abre portas para lucros, Yu-Gi-Oh! foi transformado em um jogo
eletrônico que saiu com exclusividade para o Playstation, o ascendente console
da Sony que havia puxado o tapete das gigantes da indústria dos games na década
de 90 (SEGA e Nintendo, pra quem voltou do Mundo Invertido agora e não faz
ideia do que estou falando).
Essa é a minha cópia, original, comprada ano passado. Pra entender a demora da análise ficar pronta, continue a ler. |
Yugi, como podemos ver
no mangá, é possuído pelo espírito de um antigo faraó egípcio especializado em
jogos, não importa qual sejam sua natureza. Uma coisa bem legal na história
original é que Yugi cria jogos situacionais dependendo da ocasião e dos objetos
encontrados no ambiente, sempre com o objetivo de punir os malfeitores que
ameaçam o pequeno Yugi (seu receptáculo) e seus amigos.
Eu tenho ciência de
dois fatos: o post acaba de começar, e ele não é sobre o mangá que deu
origem aos jogos, mas é um desperdício falar de um game de Yu-Gi-Oh! sem citar
a excelente fase inicial do mangá, bem como a temporada zero do anime (que,
diga-se de passagem, é muito superior em roteiro a todo o conteúdo futuro que
seria produzido apenas com o intuito de propagandear as cartas do jogo real).
Continuando: na
história, eventualmente Yugi acaba derrotando alguns de seus adversários no
jogo Monstros de Duelo. Se esse nome não te soa familiar, sinto avisar que você
caiu no blog errado. Mas enfim... Monstros de Duelo é uma versão simplificada
de Magic the Gathering, aquele que, acredito eu, tenha sido o primeiro jogo de
cartas intercambiáveis do mundo inteiro.
Pra quê derrotar suas inimizades num duelo quando você pode trancá-las num poço com um assassino serial? |
Dado o sucesso dos
Monstros de Duelo no mangá, nada mais natural que a Konami lançasse as cartas
vistas no mangá para que elas pudessem ser jogadas na vida real. A empreitada
de Takahashi, Bandai e Konami fez tanto sucesso que até entrou pro Livro dos
Recordes, o Guiness, como o jogo de cartas mais rentável do mundo (a primeira
menção foi em 2009, ocasião do aniversário de 10 anos do TCG, mas houveram
outras).
Enfim, Yu-Gi-Oh! no
TCG é um universo paralelo que não cabe ser explorado neste blog que vos
escreve. A razão do post e de toda essa introdução contextualizadora é falar
sobre o Yu-Gi-Oh! Forbidden Memories, um jogo lançado para Psone (como já
citei) no ano de 1999 que acabou servindo de porta de entrada para muitos
jogadores casuais conhecerem a série (bem como a animação que passava na TV
Globinho) e mergulharem de cabeça no mundo competitivo do TCG.
Se você acha que o Kaiba usa métodos extremos no anime, espere até ler o mangá... |
Extremamente complexo
como todo carding game costuma ser, será que o jogo Forbidden Memories
conseguiu ficar à altura do sistema do jogo de cartas reais que já havia se
estabelecido no mundo todo? Ele é um jogo bom, que pode ser jogado até hoje, ou
se tornou simples demais depois de todas as versões das outras plataformas
(como o PSP) que trazem jogos com o sistema mais atual de batalha?
Ao longo do texto eu
pretendo responder a todas essas perguntas, então senta que o duelo está apenas
começando.
HISTÓRIA (6,0)
Vamos deixar duas
coisas bem claras: Yu-Gi-Oh! é bem mais profundo do que a série animada costuma
transparecer, visto que ela nos apresenta apenas a zumbis que só pensam em
resolver todos os conflitos do ser humano na base do duelo de cartas. Tendo lido
centenas e centenas de histórias em quadrinhos durante esses meus 37 anos de
existência, eu coloco minha mão no fogo ao garantir que você não se arrependerá
nem um segundo em dar uma chance ao mangá, mesmo que tenha aversão a pessoas de
penteados fisicamente impossíveis.
A segunda coisa: tudo
que eu falar a partir de agora será com relação ao jogo Forbidden Memories. Sim,
comparações com o mangá e os animes serão necessárias ao longo deste e dos
outros tópicos, mas guarde suas quatro pedras na mão caso eu critique algum
elemento do jogo que não se reflete, necessariamente, na qualidade das HQs ou
da série animada.
Nove anos pra montar uma pirâmide com um olho? Faça-me o favor... |
Continuando, Yu-Gi-Oh!
conta a história de Yugi Muto, um moleque de cabelo extravagante que é neto do dono de uma loja de jogos. O pequeno Yugi encontra um objeto chamado Enigma do Milênio, que
é apresentado pelo seu avô como um puzzle do egito antigo que nunca foi
solucionado por ninguém. Yugi resolve o enigma (depois de fucking NOVE anos, de
acordo com o anime, se não me engano) e tem seu pedido realizado pelo objeto: ganhar amigos de
verdade com os quais ele possa contar nas horas de dificuldade.
Eu sei, lendo assim
soa como a maior história água-com-açúcar que você já viu. Mas tente enxergar
as coisas pela perspectiva de uma criança de seus quatorze ou quinze anos: Yugi era
um forever alone que só sabia ficar trancado no quarto jogando jogos e
resolvendo quebra-cabeças (lembre-se: nessa época não existiam games online ou
sequer internet como estamos habituados hoje). Dessa forma, a premissa (tanto
do mangá quanto das outras mídias) é mais do que justificada dentro do contexto
do protagonista.
No mangá o pequeno Yugi apanha mais que o Spiderman. |
Se você tiver a
oportunidade de ler o mangá (eu mais que recomendo), não tem jeito: seu destino
será se apaixonar pelo personagem do pequeno Yugi. Não, o Mais Um Blog de Games
não apoia a pedofilia. O que eu estou querendo dizer é que Yugi, na história
original, é um personagem praticamente impossível de não simpatizar com ele.
Ele é extremamente
ingênuo e fica empolgado com todas aquelas bobagens deliciosas pelas quais
sentíamos interesse quando criança, como doces, brinquedos ou a ida a um parque
de diversões. Pra piorar a situação, ele é extremamente fiel a seus amigos
conquistados com muito esforço, sendo sempre vítima de espancamentos e
injustiças as quais você (um adulto de mente sã, assim espero) não ia gostar de
ver uma criança ser submetida a.
Infelizmente, tudo
isso foi deixado de lado no Forbidden Memories. Claro, grande parte do conteúdo
adaptado (tanto no jogo eletrônico quanto na série animada) foi alterada por
causa da violência e falta de noção tipicamente japonesa (divertidíssima, diga-se de passagem)
encontrada no mangá. Só pra dar um exemplo: numa das histórias originais Yugi e
seus amigos ficam reféns de um fugitivo da prisão com uma arma apontada para
eles.
No game a Anzu só serve de refém mesmo. |
E como o “outro Yugi”
resolve toda a situação? Com um Jogo das Sombras envolvendo a própria arma do
bandido, fogo e vodca com 96% de álcool... E isso pra não recair em spoilers e
estragar a experiência de quem cometeu o erro de não ler o mangá (eu já estou
fazendo minha lição de casa e me encontro na fase onde Yugi enfrenta Seto Kaiba).
Voltando ao tópico: a
história do game traz Yugi e seus amigos num contexto contemporâneo, onde eles
participam de um campeonato para reunir todas as relíquias do milênio e
enfrentar os ancestrais de seus inimigos personificados em figuras atuais, como
Kaiba, Isis, Pegasus e Shadi.
A história do jogo é
contada num modo... história, onde navegamos por uma espécie de tabuleiro (não
leve a descrição ao pé da letra, please) com representações de alguns locais os
quais podemos visitar. Depois de vencer o campeonato você terá que enfrentar os
magos dos templos elementais para ter a honra de enfrentar Heishin, o vilão
principal do enredo que persegue o faraó desde os tempos imemoriais do Egito
antigo.
Nessas horas eu adoraria poder escolher... |
Vou ser sincero: nesse
jogo a história é o que menos importa. Durante os eventos serão oferecidas
algumas alternativas que não mudam em nada no decorrer dos eventos, sendo que
quase todas elas são apenas falsas opções de escolha, já que o diálogo se
reinicia caso você se recuse a aceitar o que o jogo propõe.
Ela não é ruim, longe
disso. Mas está lá apenas pra fazer um resumão de alguns eventos que vemos nas
outras mídias e porque, na década de 90, TODOS os jogos precisavam ter um modo
campanha para sobreviver. História é tanto uma coisa descartável ao sistema de
um jogo como Yu-Gi-Oh! que os games mais recentes conseguem divertir o jogador
sem precisar contar história alguma. Veja bem: não estou dizendo que concordo
com trabalho feito nas coxas, estou apenas reconhecendo um fato.
Eu até que gostei do final boss. Pena que ele só faz repetir a estratégia do Heishin. |
Eu, acima de todos,
sou um jogador de Yu-Gi-Oh! que defende com todas as forças do meu ser um jogo
com uma história decente, com interface digna e modos de jogo mais variados, o
exato oposto do que a Konami vem entregando com o Legacy of the Duelist e o
Duel Links.
Pra finalizar o
tópico, o modo história é apenas uma pedra no sapato do jogador, que vai
precisar atravessá-lo se quiser abrir os duelistas no modo Free Play (aquele
mesmo onde você fica duelando por 400 partidas até ganhar um Meteor Black
Dragon do Joey).
GRÁFICOS (7,0) E SOM (10,0)
Os visuais do Yu-Gi-Oh!
Forbidden Memories datam do Psone, então não espere nada de muito incrível. Não
que não existissem jogos que desafiassem hardware no primeiro filho da Sony. O caso
é que o sistema do jogo e sua razão de ser não exigem uma interface muito
complexa ou graficamente impressionante (caso contrário o GX seria impraticável).
De forma bem resumida,
os gráficos do jogo são ok. As cartas são grandes (apesar de serem quadradas,
ao invés de retangulares), o texto é bem legível nas opções de zoom e os
parâmetros de ATK e DEF das cartas são facilmente identificáveis. Entretanto,
cabem algumas considerações dignas do meu perfil extremante exigente de ser.
As cartas possuem duas
formas de serem visualizadas. Na verdade, três: a primeira é uma miniatura que
você visualiza enquanto ela está na sua mão ou setada no campo. Essa miniatura
não contempla a arte inteira da carta. A segunda é quando a carta “ataca” uma
carta do oponente, quando a arte aparece por completo. A terceira é o zoom com
o botão triângulo que, além de exibir toda a arte, ainda traz um texto descritivo
super legal sobre o monstro em questão.
Raríssimo. Dizem que só existem 3 dele no mundo... |
Os efeitos especiais
do jogo são bem a contento, sem nenhuma frescura ou firula que atrapalhe a
agilidade dos combates. Durante a partida, é possível pressionar o botão quadrado
(no lugar do xis) para atacar. Esse pequeno detalhe vai dar início a uma
animação em polígonos dos dois monstros se enfrentando. Eu sei, parece horrível
pros padrões The Witcher 3 dos dias de hoje, mas pra um game descompromissado
de cartas até que fica legal (principalmente pelo fato de ser optativo).
Algumas cartas de
mágica possuem um ou outro efeito que vai chamar um pouco da sua atenção (como
as Espadas da Luz Reveladora ou Buraco Negro), mas nada que te faça chama os
vizinhos pra mostrar com orgulho. Ainda no menu principal existe a Biblioteca,
um lugar onde as cartas são organizadas pelo seu número (são mais de setecentas
no total, sendo que as Espadas são inacessíveis ao jogador) e, caso você
pressione para a direita no controle digital (?!?), consegue visualizar os
mesmos modelos poligonais que adornam as batalhas com o botão quadrado que eu
falei anteriormente.
Olha o bichão aí, em 3D! |
Não seria exagero
dizer que, dado o devido salto tecnológico entre uma geração e outra, o
Forbidden Memories, nesse quesito de animações 3D, consegue se sair melhor que
jogos mais recentes, como o Duel Links (que traz apenas bitmaps das cartas se
mexendo) ou o Legacy of the Duelist, uma vergonha pro hardware dos consoles da
atual geração.
Sobre o som, a parte sonora
do Forbidden Memories (além do fator de colecionismo das cartas) é um de seus melhores
aspectos: além de trabalhar com competência os efeitos sonoros mais diversos
(som de confirmação, efeito de fusão, passagem de turno), a Konami chamou uma
equipe de verdadeiros artistas para compor a OST do jogo.
Enquanto jogava para
fazer a análise eu fiquei com a impressão de que o Forbidden Memories possui
uma trilha sonora melhor do que o jogo em si merecia, visto que ele é um pouco
repetitivo e injusto com o jogador na tarefa de conseguir novas (e boas)
cartas. Mesmo nas situações mais triviais (como entrar na “loja de cartas”) o
game traz faixas de altíssima qualidade.
A faixa do Sebek bombava na night do Egito antigo. |
Dentre elas, posso
citar: a clássica música do modo Free Play (que tinha mesmo que ser boa, já que
você vai passar a maior parte do tempo nesse modo); a faixa Sebek & Neku;
os temas do Kaiba; o tema do menu principal, de edição de deck e vitória; o tema do mapa; e os temas das
batalhas contra chefes de forma geral.
De fato, a trilha sonora
desse jogo é tão boa que é usada até hoje em vídeos e lives sobre Yu-Gi-Oh! de
forma geral no Youtube. Vale a pena baixar algumas delas em MP3 para ouvir enquanto
estuda (tem gente que consegue), faz as tarefas domésticas ou... escreve um
texto pra um blog, por exemplo...
SISTEMA (5,0)
Se você fez o caminho
inverso, ou seja, conheceu primeiro o TCG e só depois jogou o Forbidden
Memories, provavelmente deve ter achado o jogo no mínimo simplório e, no máximo,
bizarro e diferente de tudo que você já viu em Yu-Gi-Oh!. Apesar de simples, o
sistema de jogo é o tópico que mais vai render queixumes e comentários, então
senta que o duelo vai ser longo.
Pra começar, um resumo
do sistema: esqueça efeitos, armadilhas, mágicas ou cemitério: o Forbidden
Memories se resume a conseguir cartas de maior valor de ataque e espancar seu
oponente o mais rápido possível, sem que ele tenha chance de sacar uma carta
mais forte que a sua.
Não estou dizendo, com
isso, que não haja estratégia no game. Há sim, mas ela é bastante prejudicada
pelo sistema e quantidade de ações que você pode fazer durante seu turno. Pra começar,
você sempre começa! É isso mesmo que você leu: nada de jo-ken-po pra definir
qual será o azarado que vai sacar uma carta a menos. Aqui o jogador sempre começa e ponto final.
Quarenta cartas: o tamanho ideal de deck! |
A segunda grande
diferença é que só é possível colocar um monstro em campo por turno. Cartas mágicas
consomem sua ação no turno de forma que, se você usar um Dark Hole pra limpar
os monstros do oponente, não poderá setar monstro no campo, restando apenas
passar a vez.
As mágicas e
armadilhas, às vezes, possuem uma descrição super vaga. Por exemplo: algumas
cartas que aumentam o ataque do monstro simplesmente não te dizem de quanto é
esse aumento (ou em quais monstros ela funciona). Outras, como a Goblin Fan, te deixam totalmente às cegas pra
adivinhar qual sua condição de ativação (você não escolhe: as armadilhas se
ativam automaticamente, você querendo usar ela ou não).
Some a isso o fato de
que, como no jogo padrão, você só pode ativar uma armadilha depois que seu
turno passou e o uso delas no game fica quase que totalmente inutilizado.
Essa é a hora de rezar pra sair algo que preste. |
Continuando a viagem
ao mundo das regras loucas do Forbidden Memories, pra fazer fusão não é preciso
usar Polimerização: basta apenas conhecer os materiais da fusão, colocar pra
cima nas cartas certas e confirmar. Como eu sei quais são as cartas certas,
você pergunta? Simples, não sabe!
O jogo conta com um
sistema de fusão que te permite acessar cartas que você não possui efetivamente
no seu deck (40 cartas, padrão). Por exemplo: se você tiver um monstro do tipo
dragão, um do tipo pedra e um do tipo trovão poderá realizar a fusão do
Twin-Headed Thunder Dragon, um monstro com 2800 de ataque que poderia, fácil
fácil, constar na capa do jogo no lugar do protagonista.
Felizmente, essa
tosqueira da fusão pode (e deve) ser usada a favor do jogador: quando você
tenta fundir cartas que não casam entre si, as cartas que você selecionou antes da última são eliminadas para o limbo (lembra que não existe cemitério nesse Yu-Gi-Oh!?).
Sendo assim, caso não tenha sido agraciado com uma boa mão inicial, você poder
se livrar de TODAS AS FUCKING CINCO CARTAS DA SUA MÃO INICIAL!!!
"Você me pegou no meu pior ângulo". |
Desnecessário dizer
como isso seria bizarro no formato tradicional do TCG (apesar de que, Pot of
Desires, né?). Nas partidas também não há fases, como a Principal, a de Batalha
e assim por diante. Você puxa uma carta por turno, podendo colocar ela em
ataque ou defesa, ambas viradas pra cima ou pra baixo! Depois você seleciona o
monstro que quer derrotar e aperta Start quando não tiver mais nada pra fazer,
encerrando o turno.
O problema desse
sistema, além de não poder usar magias e monstros ao mesmo tempo no mesmo
turno, é que você é OBRIGADO a colocar alguma coisa em campo, nem que seja uma
trap inútil na zona de spell/trap. O jogo simplesmente não deixa você encerrar
o turno se você não usar uma carta da sua mão, muitas vezes te obrigando a
remover um monstro do campo desnecessariamente. Mas ok, esse é um problema que
raramente vai te acometer.
Existem vários tipos
de monstros e cabe a você descobrir o que serve pra fundir com o quê (dica:
água e peixe são inúteis). Os oponentes, por sua vez, não seguem arquétipo
algum. Se você está voando, arquétipo é um tipo de tema de um deck, como por
exemplo: um deck de zumbis, um deck só com monstros planta e assim vai. Até
Pegasus, o pioneiro nesse quesito, usa todo tipo de carta escrota que não tem
nada a ver com Toon World, só por causa do valor de ataque.
Game Shark, eu? Jamais! |
O grande problema
nisso reside no fato de que, como não existe forma de comprar cartas nesse jogo
(se você considera pagar 99999 estrelas uma opção, azar o seu), você
acaba precisando duelar ad infinitum contra
um oponente que, apesar de usar a carta que você quer, não te recompensa com
ela em caso de vitória. Fora que o drop rate de algumas cartas beiram o
impossível (tipo, 0,99% de chance).
É bem triste ter que
travar 400 duelos (ou mais) contra Joey pra ganhar uma Meteor B. Dragon e ter alguma
chance de derrotar Heishin, Kaiba ou o chefão final. De fato, essa análise só
durou meses pra sair por causa da minha mania de só escrever sobre um jogo o
qual eu finalizei recentemente. E acho que ainda mais triste é ganhar rank S
contra um oponente super difícil pra, no final da partida, ser recompensado com
um incrível Milus Radiant...
Forte candidato à banlist de janeiro de 1999... |
Sem as melhores cartas
(leia-se: cartas de dragão!), alguns inimigos beiram o impossível de se
derrotar, e a facilidade de fazer a fusão do Twin Headed Thunder Dragon acaba
meio que quebrando e limitando o sistema do jogo (e a razão de adquirir outras
cartas).
No começo, a
dificuldade do jogo parece bastante punitiva, mas não é. Ao contrário: uma vez
que você tenha entendido quais cartas precisa pra fazer as melhores fusões, o
jogo vai ficar até fácil demais (desconsiderando os chefes finais, claro).
Entretanto, de forma
geral, o Forbidden Memories é um jogo pouco convidativo a quem não tem
paciência de ficar farmando até ganhar uma carta que melhore seu deck. Sobre a
batalha final, acho que a ideia de dificuldade dos criadores era a de te fazer
enfrentar SEIS PARTIDAS SEGUIDAS, SEM PODER SALVAR, contra oponentes que
possuem a vantagem de ter as melhores cartas do jogo reunidas no mesmo deck.
Chupa, Salamangreat! |
Pra não dizer que não
existe fator de estratégia nenhum nas partidas, o Forbidden traz um sistema de
astros que você pode associar à sua carta antes de colocar no campo. É algo
parecido com pedra-papel-tesoura: lua é fraca contra sol mas é forte contra outro
astro que não lembro agora. De resto, o jogo se resume a tudo que foi descrito
acima, sem muito espaço pra improvisar.
Só pra finalizar, fica
a dúvida no ar: eu sei que o Forbidden foi idealizado para lembrar aquela parte
da Temporada Zero onde o Yugi joga Duel Monsters com o Kaiba. O que não dá pra
entender é como um jogo que foi lançado três anos depois do mangá (1999) pôde
trazer um sistema tão resumido, de certa forma repetitivo e raso, quando já
existia um excelente material no qual se basear (o TCG).
UM MONSTRO COM SETE MIL PONTOS DE ATAQUE? IMPOSSÍVEL!!!
Yu-Gi-Oh! Forbidden
Memories é um clássico, você gostando dele ou não. É um jogo que serviu de cartão
de apresentação a muitos jogadores que jogam o TCG até os dias de hoje, sendo
jogado via emuladores e contando com uma base de fãs grande demais pra ser
ignorada. Ele possui um sistema que, apesar de simples, é dinâmico e torna os
combates (até por causa da boa música) bastante divertidos de se travar.
Dada a falta de
consideração da Konami com os jogos eletrônicos que a colocaram na situação financeira confortável onde ela se encontra hoje, não é de se surpreender que o game nunca
tenha ganhado uma continuação (se você digitar “Forbidden Memories 2” no Google vai encontrar resultados e até uma versão hack, pode acreditar!).
NOTA FINAL: 7,0
E eu confesso: depois de
jogos maravilhosos como o GX, pra PSP, e depois de começar a jogar o jogo de
cartas de verdade (que além de contar com todas as possibilidades ainda traz o
bônus da interatividade humana), Yu-Gi-Oh! Forbidden Memories é um jogo difícil
de engolir e de ser levado a sério (não espere poder ensaiar seus combos de
Thunder Dragon aqui).
"Acabo de ter uma ideia pra um novo tipo de carta: ela vai ser azul, terá setas e..." |
Mesmo assim, como
produto de entretenimento e como mediador de um universo expandido que,
definitivamente, merece ser conhecido a fundo (tanto mangás quanto os outros
jogos e o próprio TCG), o Forbidden Memories é um game que merece alguns dias
da sua atenção enquanto fã da série, valendo ser jogado nem que seja apenas pra fazer a lição de casa.
E é isso, pessoal. Na medida
do possível eu vou (re)jogando e analisando os outros jogos da franquia que eu
possuo, lembrando que já tem análise do YGO GX (clique AQUI pra ler) e do Legado do Duelista (mesma coisa AQUI). Espero que os fãs de Yu-Gi-Oh! tenham gostado do post e até o próximo
duelo!
Au Revoir.
Vou navegar.... Muito bom blog
ResponderExcluirVocê já jogou o yu gi oh duelist of the roses
ResponderExcluirSe isso é uma pergunta, sim, eu já joguei e terminei várias vezes. Na época eu não tinha blog, então vou ter que jogar novamente pra escrever a análise dele. Por se tratar de um jogo bem difícil e que consome muito tempo, acho que essa análise ainda vai demorar pra sair.
ExcluirFaz uma análise do duel links. To jogando ele, mas o que me da raiva nele é o fato de ter microtransações.
ResponderExcluirJá tem. Procura na barra de pesquisa do blog.
ExcluirPostagem muito foda. Estou zerando "na raça" esse jogo pela terceira vez, mas é muito sofrido: 370 duelos com Joey e só um Dragão Negro de Olhos Vermelhos.
ResponderExcluirObrigado pelo elogio. Forbidden Memories é um jogo que vale a pena conferir, nem que seja pela trilha sonora que é top.
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