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sexta-feira, 16 de setembro de 2022

O EU ACHEI DA DEMO DE VALKYRIE ELYSIUM? (PS5)


 












Não é novidade pra nenhuma das três pessoas que ainda leem este blog, ou das outras duas que seguem a página no Facebook, que dia 06 do mês corrente eu realizei uma cirurgia de hérnia (umbilical e inguinal). 

Aos que torcem por mim, podem ficar tranquilos: apesar dos três primeiros dias infernais (mobilidade prejudicada e gases da cirurgia na barriga), estou me recuperando maravilhindamente bem. 

E, como de costume, licença médica significa mais tempo livre pra jogar, pensar nas complexidades da vida (cabecinha de pisciano, sabe como é...) e escrever um post a mais do que a média de “de vez em nunca” aqui do blog me permite.


Eu esperando pra começar a cirurgia,
magro que nem uma sardinha!

 

Numa das minhas “andanças” pela tela principal do PS5, acabei topando com o card da demonstração do Valyrie Elysium (por que tiraram o profile do título? Um sinal de que querem desassociar este novo produto da franquia clássica? Mau sinal...). 

Pela ausência de posts aqui no blog, talvez não fique claro como eu sou fã da franquia Valkyrie Profile. Joguei à exaustão o original, de Psone, e mais vezes do que merece a sua continuação para PS2, o Valkyrie Silmeria. Sobre esse segundo jogo, é um dos mais bem feitos daquele console.


"Ah, como adoro dia de folga. Posso relaxar e... Êpa! O que é aquilo?
Uma demo decepcionante de um jogo que ninguém lembrava? Preciso ver
com meus próprios olhos!"

 

Silmeria era um daqueles jogos “à frente de sua época” para o célebre PS2, no sentido de que ele era tão bem feito e bonito, mas tãããão bem feito e bonito, que se passava fácil por um jogo de geração nova sem muito esforço. Sim, o PS2 teve vários títulos com essa característica, como God of War 2, Kingdom Hearts 2, Black, Soul Calibur 3 e etc. 

Infelizmente, beleza gráfica não é garantia de qualidade, e Silmeria é um jogo tão inferior ao primeiro Valkyrie que, muitas vezes, sequer é lembrado pelos fãs de JRPG. Além dele, também joguei a versão de Valkyrie Profile para PSP (conteúdo extra, cenas em CGI novas e uma bela execução no portátil da Sony).


Jogo de PS2 se passando por jogo de PS3.

 

Fora esses jogos, também existem títulos mais obscuros da franquia, como o Covenant of Plume (para Nintendo DS) e algum outro avulso por aí que, sinceramente, nem é digno de nota dos apreciadores da saga (pra quem não sabe, Valkyrie Profile é derivado de um mangá, então corra atrás da fonte original caso seja seu interesse). 

A outra coisa que também não é novidade (pelo menos a quem não decidiu enterrar a cabeça na areia) é que a Square-Enix, empresa detentora da marca Valkyrie após sua fusão com a Enix, não lança um jogo realmente bom desde o segundo Kingdom Hearts, em 2006 (2005 no Japão).


Seis longos anos e eu ainda não superei a decepção que foi FF15. Como a
Square-Enix conseguiu estragar um projeto desses?

 

Sério que eu acho isso? Sim, seriíssimo, mas tirando Final Fantasy 12 desse bolo, claro, pois se trata de um jogaço. Após me decepcionar com jogos como Final Fantasy 15 (um jogo incompleto, prejudicado por um histórico de desenvolvimento mais que errático cuja análise pode ser lida AQUI) e Kingdom Hearts 3 (um jogo que conseguiu a façanha de associar o adjetivo “ruim” a uma das franquias mais queridas por este que vos tecla), não resta nenhuma sombra de dúvidas de que a era de ouro da Square/Square-Enix se despediu da imensa legião de fãs que conquistou ao longo das décadas sem nem ao menos olhar pra trás. 

Sobre Kingdom Hearts, já tem post sobre o primeiro jogo aqui no blog. No momento em que trago este post, estou rejogando o s3gundo título para fazer o texto que aquela obra merece. Sobre Valkyrie, infelizmente, não faço ideia de quando teremos a análise aqui no site (uma futura cirurgia? Vira essa boca pra lá!).


Eu sei, Sora: 1 é surpreendente, 2 é maravilhoso e 3 é triste demais...

 

Mas e a demo? Como foi? Bem, a demo de Valkyrie Elysium é uma daquelas coisas que provam que os desenvolvedores estão com a razão por acharem que demonstrações de games acabam afastando alguns jogadores de adquirir um produto final... 

A demo, baixada ontem na PSN e jogada no PS5, tem aproximadamente duas horas de duração. Ela não acaba, acaba, como acontece na maioria desses softwares de degustação de um jogo. 

Sim, tem muitas coisas bloqueadas e aquela manjada frase “produto em desenvolvimento...” que só serve pra criar falsas esperanças àqueles menos calejados das armadilhas que as empresas fazem para fisgar compradores desavisados de seus produtos.


O visual do começo até que engana...

 

Aos inocentes que acham que o que foi visto na demo vai melhorar após o lançamento do jogo, eu deixo a mesma pergunta que eu fiz no vídeo do meu canal no Youtube, (clique AQUI para conferir) enquanto jogava: quantas demos você jogou que mudaram significativamente no produto final? 

Se isso aconteceu, garanto que foi por causa de má recepção do público, falsas promessas ou problema que demandasse um recall por parte da empresa (o melhor exemplo que me vem à mente foi o No Man’s Sky, de 2016, jogo esse que tenta compensar as mancadas com seu público até os dias de hoje). 

É, já deu pra ver que as impressões sobre essa demo não foram as melhores, não é mesmo? Sendo assim, vou parar de enrolar e explicar logo os motivos pelos quais eu não estou nem um pouco empolgado com o lançamento de Valyrie Elysium, ainda neste mês de setembro de 2022.


Vai dar raiva ouvir gente usando os elementos do primeiro jogo
pra justificar as cagadas que fizeram nesse aqui...

 

A demo começa no Valhalla, onde conversamos com Odin, o Pai de Todos. Pelos diálogos que nos são mostrados (e pelas telas pouco inspiradas de introdução), o game vai se passar após os momentos da criação de Tudo por Odin. Por esse Tudo, me refiro aos três planos de existência que sempre aparecem na mitologia nórdica: Terra-Média, Mundo Inferior e Asgard, o lar dos deuses e guerreiros tombados. 

Após um diálogo com Odin, a Valkyria (não fica claro seu nome na demo) parte numa missão para “purificar almas” (leia-se: enfiar a espada em tudo que se mexer) e recrutar almas de guerreiros para lutar em sua causa, pois é isso que as Valquírias fazem na mitologia escandinava.


A Corrida ao Estilo Naruto não podia faltar, claro!

 

Só que tem um pequeno detalhe nessa bagaça toda: os Valkyries citados até então eram todos do gênero RPG por turnos focado em puzzles e gerenciamento de itens, enquanto que este aqui será um RPG de ação no estilo “Souls.” 

Espera um pouco, deixa eu me expressar melhor: ele será MAIS UM RPG de ação no estilo Souls da vida. Com isso eu quero dizer que o foco será em combates punitivos um-a-um com alta dificuldade? Não, longe disso. 

Na demo enfrentamos muitos soldados genéricos e algumas criaturas mitológicas (como uma espécie de grifo). Tem uns confrontos com chefes, mas são todos no estilo de jogos de ação que todos já estamos calejados de jogar (um deles se passa numa arena com um chefão gigante no centro. Sensação de déjà vu?).


Jogou a demo e ficou com gostinho de "Elden Ring com desconto" na boca?
Parabéns, estamos na mesma sintonia!

 

“Então, quer dizer que sua bronca com este jogo é na mudança de gênero? Bem estranho, visto que os games da Enix sempre foram meio que RPGs com combates em tempo real, não é mesmo sr. Shadow?” Claro que não, nerd Troll da internet. 

Pra ser sincero, eu até que gostei dos combates. Apesar de serem repetitivos e contra inimigos genéricos (soldados com espada e arco-e-flecha em sua maioria), eles até que conseguiram adaptar alguns conceitos clássicos da série de forma convincente (como a invocação de Einherjars pra ajudar nas lutas e uso das spells). 

O problema está na falta de alma e execução do jogo em si. Valkyrie Profile é famoso por seus ótimos gráficos, dublagem maravilhosa e, acima de tudo, enredo matador que te fazia visitar cada cantinho das dungeons e cidades só pra assistir novas cenas e fazer a trama se desenrolar. Na demo...


Só faltava não ter baú nessa porra!!!

 

A demo deixa claro que o jogo será focado em capítulos com missões bem simplórias (vá até o castelo X e recrute a alma Y). Também tem um sistema de side quests que mostra que seus idealizadores estão no mínimo uns 10 anos atrasados sobre o que faz um jogo de exploração ser bom nos dias atuais. 

Sobre detalhes do enredo, pelo que deu pra vez na demo, eles chegam ao cúmulo de apresentar algumas nuances de roteiro por meio de um recurso extremamente preguiçoso (a Valkyria interage com uma flor e aparece uma caixa de diálogo acerca de uma alma desencarnada...). 

Isso faria mais sentido pra Silmeria e sua capacidade de leitura de objetos, não nesse caso. Pra piorar, além do combate repetitivo (na demo não dá pra saber se os especiais de finalização estarão presentes no jogo final), os cenários são bastante repetitivos também. E pra piorar mais ainda, o design é pobre, pouco inspirado e os gráficos até que enganam em alguns momentos (como no Valhalla), mas, de forma geral, estão bem aquém do que vimos nos trailers.


Fala pra mim: era ESSE nível de detalhes que você esperava de um game dessa franquia?

 

O que mais me incomodou nessa demo foi a falta de capricho, algo que nunca faltou aos jogos anteriores. As texturas são porcas, os efeitos não empolgam e alguns recursos, antes usados na resolução de enigmas (os cristais que a Valquíria dispara), aqui só servem como atalho pra encurtar a distância entre você e os inimigos, ou de catapulta pra alcançar lugares mais altos... 

E a música dessa demo? Música e dublagem eram duas grandes qualidades dos Valkyries anteriores, não era? Sobre o som desse jogo, apesar das linhas de diálogos clássicas da Valquíria em combate, o máximo que posso dizer sobre ela é que é difícil de perceber sua existência. E eu não consigo pensar em xingamento pior pra se fazer a um produto que carrega Valkyrie no título. 


Um design de chefão suuuuuuper criativo...


Claro, eu posso estar redondamente enganado dessa vez, julgando a pintura toda por um pedaço minúsculo do quadro geral, mas, cara, meus mais de 30 anos de experiência com games dão a entender que dificilmente isso vai acontecer. 

Apesar do que falei na demo, e a menos que algum fator externo muito significativo me faça mudar de opinião, eu dificilmente vou comprar Valkyrie Elysium, nem daqui a um bom tempo, depois que seu preço baixar, quanto mais em seu lançamento. 

A Square-Enix atual não merece meu voto de confiança. É só ver o que ela fez com suas franquias principais. É só lembrar o produto promissor em que se transformou o remake de Final Fantasy 7. 


"Tia, eu não quero jogar esse jogo nem MORTO!"


Aquela certeza do passado, de jogos de excelente qualidade não importasse o gênero, foi substituída pela desconfiança de uma empresa que sequer pode garantir ao seu público que lançará um jogo completo, mesmo cobrando preço cheio na data de estreia. 

E é isso. Detesto dar má notícias, mas parece que não foi dessa vez que veremos uma continuação à altura do primeiro Valkyrie Profile do Psone. Aliás, parece que esse post resume bem o que é estar ficando velho: ver as coisas que você gostava perderem a graça e falar de doença o tempo todo. rsrsrsrsrs 

Parece que meu sonho molhado de jogar com a Hrist em visuais 4k, num game dedicado só a ela, vai ter que continuar habitando apenas a esfera do reino onírico de Morfeus...

 

Au Revoir...


Um comentário:

  1. Ótimo artigo. Gostaria de estar publicando suas ideias e impressões em outro Blog sobre games? Visite o www.gamesever.com.br e caso tenha interesse entre em contato, teremos prazer em ter você colaborando conosco.

    Cordialmente

    Marcelo Souza
    www.gamesever.com.br
    contato@gamesever.com.br

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