A franquia Resident
Evil estreou no Playstation 1, com um total de três jogos e um spin-off pro qual ninguém
liga. Dando continuidade ao seu estrondoso sucesso, a Capcom entra na nova
geração de consoles com Residente Evil: Code Veronica, lançado para Sega
Dreamcast e considerado por este que vos escreve como um dos três melhores
episódios da franquia clássica.
No Playstation 2,
devido a um acordo de exclusividade com a Nintendo que seria mandado às favas,
a franquia continuou sua fórmula tradicional com Resident Evil Outbreak, uma série
também spin-off que contava com mais elementos e atmosfera de survival que a
própria série principal (para ler a análise do primeiro Outbreak clique AQUI).
Ainda naquela
maravilhosa geração, e decidida a ganhar mais dinheiro mudar os rumos da
franquia, a Capcom ataca de Resident Evil 4, um dos melhores Resident Evil
não-Resident Evil já feitos, bem como um dos melhores jogos de ação que os
jogadores testemunhariam na época.
Na real: tem como não gostar desse jogo? |
Residente Evil 5, 6 e
7 dispensam apresentações: pegue tudo que foi estabelecido no quarto game,
adicione algumas inconsistências gráficas e elementos de jogabilidade
questionáveis e você saberá exatamente do que esses jogos se tratavam.
Na geração seguinte, a
do Playstation 4 e Xbox One, e depois de ser mais malhada que o Judas pelos fãs
da série, a Capcom decide mais uma vez “voltar às origens” com Resident Evil 7,
um dos melhores Resident Evil não-Resident Evil (só que não...) com cara de
game genérico de fantasma e um dos piores protagonistas (tanto em personalidade
quanto em jogabilidade) que nós teríamos o desprazer de controlar (análise do
RE7 AQUI).
Mas nem tudo está perdido: as máquinas de escrever estão de volta! Ou quase isso... |
Resident Evil cumpriu
sua promessa de resgatar as raízes survival da franquia Resident Evil? Pra
saber a resposta, leia a análise do link acima. Para os fãs, era claro que o
sétimo jogo oficial da saga havia melhorado muito nos quesitos sobrevivência e
atmosfera de terror, mas não o suficiente.
Tanto que, em 2015, um projeto realizado por fãs traria à luz da nova geração um trabalho amador (mas de excelente qualidade) que seria a musa inspiradora da Capcom para que ela ouvisse as vozes de quem coloca a carne de zumbi na sua mesa e aceitasse o desafio de refazer esse clássico absoluto da era Psone.
Será que o remake da
Capcom está à altura da expectativa dos fãs? Ele é tão bom quanto ou melhor que
o remake feito por fãs, com a Unreal Engine 4 (adianto a resposta: sim)? E as
necessárias e inevitáveis mudanças, será que foram feitas na medida certa ou
tiraram a personalidade do game de 1998? Prepara um café, coloca mais uma
almofada nas costas que eu pretendo responder a tudo isso na análise a seguir.
Residente Evil 2, como
a matemática sugere, é a continuação do primeiro jogo da saga. Ele contava as
aventuras de Leon e Claire numa Raccoon City dominada por zumbis depois de uma
infestação do G-Vírus tendo ratos como vetor de disseminação.
Leon é um policial em
seu primeiro dia de trabalho. Claire, uma entusiasta de motocicletas e irmã de
Chris Redfield, um dos heróis do primeiro jogo. Depois de se separarem, eles
seguem em direção à delegacia da cidade (cujas instalações se encontram num
antigo museu de arte) e precisam fazer de tudo para sobreviverem, resgatarem
possíveis sobreviventes e desvendar o envolvimento da Umbrella na porra toda.
Diferente do primeiro jogo, bem mais voltado ao terror, a história do segundo Resident Evil segue uma linha mais de filme de ação hollywoodiano. Eu sei, estou adiantando uma parte do trecho do meu futuro review do Resident Evil 2 original, mas esse aspecto de mais ação é algo que deve ser levado em conta quando o assunto é esse jogo.
O Resident Evil 2 original foi um dos jogos que eu mais joguei na vida, até porque eu comecei na franquia por ele (apesar do primeiro ser meu favorito absoluto). Aquele jogo, adiantando novamente minha futura análise, é o que toda continuação deveria ser: uma melhoria em tudo se comparado ao capítulo anterior.
Diferente do primeiro jogo, bem mais voltado ao terror, a história do segundo Resident Evil segue uma linha mais de filme de ação hollywoodiano. Eu sei, estou adiantando uma parte do trecho do meu futuro review do Resident Evil 2 original, mas esse aspecto de mais ação é algo que deve ser levado em conta quando o assunto é esse jogo.
Dúvida cruel: tem Will Smith se transformando em zumbi ou não tem? |
O Resident Evil 2 original foi um dos jogos que eu mais joguei na vida, até porque eu comecei na franquia por ele (apesar do primeiro ser meu favorito absoluto). Aquele jogo, adiantando novamente minha futura análise, é o que toda continuação deveria ser: uma melhoria em tudo se comparado ao capítulo anterior.
Essa proeza se reflete
no enredo do segundo jogo. Não que o Resident Evil clássico tivesse um roteiro
ruim, longe disso. Mas sua história era apenas ok, um resumão do que podia ser
encontrado em filmes B de terror (Mikami é fansaço deles) e que dava conta do
que a proposta daquele projeto exigia na época.
Pelo menos dessa vez o tiozinho da Kendo Gun Shop escapou de uma morte estúpida. |
Agora sim, falando do
remake de 2019: a única diferença que senti aqui foi que ele dá uma bagunçada
legal na ordem dos eventos pra tirar seu senso de porto seguro, caso você
(assim como eu) já conheça o jogo original de cabo-a-rabo. Sim, é basicamente o
mesmo jogo que você conhece de 1998, mas espere por algumas surpresas.
De forma geral, não
tem muito sobre o que discorrer nesse caso. A Capcom apenas deu uma elevada de nível
na história clássica, acrescentando detalhes a situações que já conhecíamos. A
Capcom decidiu por não arriscar em mexer demais em algo que não precisava ser
mexido, bom senso este que muitas empresas, ao fazerem remakes, definitivamente
deviam ter em mente.
“Porra, Shadow!
Mais um jogo com nota 10,0 nos visuais? Assim não dá!” Calma, hater da
internet. Você sabe muito bem qual o critério usado no blog pra julgar esse
quesito técnico: se um jogo consegue retratar com maestria, e a contento, a
proposta idealizada pelos criadores, então não vejo razão pra não dar nota
máxima a este aspecto do game.
E, caros leitores,
falar que esse jogo realiza “a contento” a sua parte gráfica é um dos maiores
eufemismos que um escritor de games pode cometer em sua carreira. Pra resumir a
conversa em poucas palavras: RESIDENT EVIL 2 REMAKE É UM DOS JOGOS MAIS BONITOS
QUE SEUS GLOBOS OCULARES TERÃO O PRAZER DE MIRAR EM TODA SUA VIDA.
O nível de detalhes beira o insano. |
Faça o seguinte:
clique com o botão esquerdo do mouse em qualquer uma das fotos deste post e vá
passando pela galeria, com a seta esquerda do teclado. Você verá que eu não
estou exagerando nem um pouco nessa parte. Em questões de atmosfera, nível de
detalhes e ambientação, se houvesse uma premiação tipo Oscar para estes quesitos
separadamente, este jogo ganharia com uma mão amarrada nas costas.
Como eu já dei a entender
no texto do Resident Evil 7, eu não achei que aquele jogo conseguiu cumprir a
missão que lhe foi encarregada. Mas, na parte meramente técnica de visuais, nem
o maior hater do mundo pode negar que ele é um jogo bem impressionante.
A Capcom sabe como fazer queixos cair, literalmente. E o gore é bem pesado. Esteja avisado. |
Dessa forma, acho que
a Capcom tomou a decisão correta e reutilizou o motor gráfico do Resident Evil 7
para o bem, dessa vez. O gore desse remake é violentíssimo e de alto nível,
algo mais que bem-vindo a um jogo onde pessoas são despedaçadas por zumbis e
monstros de toda sorte. Se você tem estômago fraco, tome um Engov antes e
depois de jogar e seja feliz com um dos melhores visuais que esta geração teve
a nos oferecer.
Sobre os cenários, apesar
de funcionarem da mesma forma que no original, alguns deles estão praticamente irreconhecíveis,
e isso não é uma crítica negativa, muito pelo contrário. Cenários que já eram
super detalhados (só que estáticos) ganharam uma vitalidade absurda nesse
projeto. Assista o curto vídeo abaixo (de minha autoria) e babe por si mesmo:
Sobre a trilha sonora,
ela não conta com as músicas originais (parece que elas fazem parte apenas da
edição deluxe. Ai, Capcom...) mas não achei que fizeram lá muita falta. O que
realmente fez falta foi meu fone 7.1 da Sony, que faleceu há uns meses atrás.
Com certeza o ótimo trabalho sonoro do game ficaria mais evidenciado com o
equipamento de som certo, mas fica pra uma próxima...
De maneira geral, o
sistema desse remake permaneceu inalterado: você coleta itens e munição que vão
te ajudar a dar cabo dos inimigos e prosseguir nos cenários. Leon pode atirar,
correr a uma velocidade moderada, inspecionar itens e combiná-los para obter
uma versão melhorada deles (no caso das ervas e munições).
A Capcom simplesmente
pegou tudo que deu certo em seus jogos anteriores (o Outbreak, o Revelations e
o remake do primeiro Resident Evil, um dos melhores jogos desse gênero EVER) e
adicionou a este aqui. Elementos como a troca rápida de armas, do Resident Evil
5, também estão presentes e dão um toque de praticidade e fluidez mais que bem-vindos
a um jogo de 2019.
A evidência da minha péssima performance na primeira jogada. |
Pra não dizer que só
elogiei, um problema que eu senti logo de cara foi com a câmera: ela não gira automaticamente
quando você dá o Quick Turn (aquela viradinha com baixo + botão de corrida). Dá
pra contornar isso, mas acho que o remake devia ter se inspirado mais no Resident
Evil 4 e 5 nessa parte.
As praticidades não se
resumem à troca de armas: pra Leon correr só precisa pressionar o botão uma
vez (ao invés de ter que ficar segurando o tempo todo), o que demonstra piedade da desenvolvedora com nossos calejados dedos de
milhares de games jogados ao longo desses anos.
Um dos inventários mais gostosinhos da série, fácil. |
Já o inventário, esse
é super leve e intuitivo de usar, deliciosidade essa herdada do Resident Evil 7
(eu não falei que ele chupava de tudo um pouco dos outros jogos?). Um V
vermelho indica os itens que você não vai precisar mais, podendo descartar pra
liberar espaço. Em se tratando de aspectos técnicos e de jogabilidade, é fácil
constatar que esse jogo é o refinamento de tudo que deu certo e se mostrou
objetivo na franquia. Simples assim.
Na parte de “coisas
alternativas pra se fazer que não matar zumbis”, os medalhões azuis do 4, 5 e 6
foram substituídos por bonequinhos bubble heads da mascote de Raccoon City. Eu
gosto desse elemento de “onde está Wally” nos jogos dessa série. Só acho que a
localização deles podia ser menos óbvia.
A "Chave Verde" está mais linda do que nunca! |
Num jogo com gráficos
bonitos a ponto de me fazer dar preferência a andar ao invés de correr (pra
babar pelos visuais), um elemento a mais pra esquadrinhar os cenários seria
mais que bem-vindo. Isso sem contar que ela, a Capcom, perdeu uma chance de
ouro de, no lugar de bonequinhos genéricos, ela poderia colocar miniaturas dos
personagens clássicos da saga Resident Evil. Fica a dica pro já confirmado
Resident Evil 8...
Agora vamos parar um pouco
pra falar dos inimigos mais icônicos da franquia, os zumbis. Mesmo no nível
normal de dificuldade, eles só morrem depois de terem a cabeça destruída. Tal detalhe
os torna bastante desafiadores, mesmo com a “desvantagem” da lentidão que é típica
dessa espécie.
Felizmente, e para adicionar ao sistema do jogo, a estrutura dos cenários foi mantida. Mesmo com as necessárias mudanças, este Resident Evil respeita os cenários do clássico e preserva as coisas como elas devem ser, sem invenções indesejadas ou surpresas forçadas. Se numa sala do original não havia zumbis, no remake a estrutura continua a mesma. Alguns deles chegam a estar, inclusive, na mesma posição que se encontravam da primeira vez.
Os zumbis desse jogo são os mais assustadores da franquia. |
Felizmente, e para adicionar ao sistema do jogo, a estrutura dos cenários foi mantida. Mesmo com as necessárias mudanças, este Resident Evil respeita os cenários do clássico e preserva as coisas como elas devem ser, sem invenções indesejadas ou surpresas forçadas. Se numa sala do original não havia zumbis, no remake a estrutura continua a mesma. Alguns deles chegam a estar, inclusive, na mesma posição que se encontravam da primeira vez.
Os zumbis desse jogo são
uma ameaça não por serem super velozes, ou por criarem asas depois de certa
quantidade de dano recebido, e sim pela sua resistência e quantidade. Nem tente
acertar outro ponto que não seja a cabeça. Mesmo no nível standard, alguns
deles vão se levantar até três vezes antes de terem o cérebro completamente
destruído.
Nessa hora nem granada dá jeito. Quer um conselho? CORRA. |
A Capcom conseguiu
retratar com maestria o perigo clássico dos zumbis lerdões pavimentados por
Romero. Sozinho, um zumbi é passível até de ser ignorado, dependendo do espaço que
você tem pra “manobrar” seu personagem. Em grupos de três são um sério problema a se
considerar. Mais que isso, corra! Sem parar pra olhar pra trás.
Falando mais sobre os
inimigos, todos os presentes no primeiro jogo estão aqui, mesmo que de forma um
pouco diferenciada. O boss dos plugues de xadrez, por exemplo, agora é um
inimigo abundante que habita os esgotos. E eles são bem competentes em seu
trabalho de barrar seu caminho e causar dano por envenenamento.
Lickers: tão lindos quanto um monstro consegue ser. |
Os lickers estão
maravilhosos como sempre: se penduram em paredes e teto. Quando se preparam pra
atacar com as garras, é bom que você esteja com a vida acima do caution laranja
se não quiser ir pro saco. Eles soltam faíscas com as garras num ataque super
impactante que vai debilitar seus personagens por uns instantes.
Outras ameaças, como as
plantas do laboratório, foram transformadas em outros inimigos, os zumbis-planta que ninguém dá a mínima pra eles, visto que no primeiro encontro com esses bichos você (meio que obrigatoriamente) já vai estar de posse do lança-chamas
(ai, ai, a Capcom e seu miss timing com elementos de jogabilidade...).
Sabe aquela cueca reserva que você leva no baú da viatura? Então, chegou a hora de usar... |
Falando em reimaginação de elementos clássicos temos o Mr. X. Ah, esse inimigo... Neste remake ele figura como um aperitivo com gostinho de Nemesis, só que com gráficos de PS4, que nos faz ansiar por um remake do terceiro jogo da série. Pra resumir, o bicho é implacável.
Ele só vai parar com
alguns tiros na fuça, e mesmo assim por apenas alguns segundos. Caso eu tenha
esquecido de falar, as portas agora se abrem em tempo real, então prepare o
marcapasso quando encontrar o Dolph Lundgren pela primeira vez... Você ficará
ouvindo os passos dele e o filho da mãe não sai da cola por nada. Se ele te
agarrar é insta game over, sem direito a choro.
Esse... bicho... simplesmente... não... morre... |
O Mr.X desse jogo é o
exemplo de como se fazer certo quando estamos falando de um inimigo a ser
temido. Ele simplesmente muda o ritmo de jogo nas partes em que aparece: se nas
primeiras duas horas você vai andar cautelosamente, apreciando os lindos
visuais, depois do Tyrant você vai correr como um louco. E prepare-se pra
repensar suas estratégias, pois um reles zumbi durante a sua fuga pode
significar uma tela de game over.
Pra não dizer que não
taquei pedradas, parte 2: o trecho onde temos que fugir com Ada do Tyrant, nos
esgotos, é bem frustrante e baseado em tentativa-e-erro. Felizmente, ele não
dura tempo suficiente pra encher o saco do jogador. E essa parte, mesmo quando
assumimos o controle de Leon, é desnecessariamente complicada e irritante. Se
você desistir desse jogo por causa do enigma dos plugues de xadrez, nenhum
tribunal do mundo vai te condenar.
Eu adorei esse bagulhinho musical. Podia ter mais deles. |
Sobre os puzzles
típicos do formato, alguns deles estão completamente repaginados e funcionam de
forma orgânica e intuitiva. Mas isso não impede que alguns vícios do gênero
assombrem Resident Evil 2 remake, como a passagem da biblioteca (que poderia
ser pulada com um reles QTE mas o jogo nos obriga a empurrar estantes de livros
pra formar uma ponte). Falando em QTEs, eles persistem, mas nada que alcance o
nível de pentelhação que vimos no RE5 ou 6.
Outros enigmas, por
sua vez, não fazem o menor sentido num jogo com pretensões minimamente lógicas,
como o do painel com as teclas numéricas faltando. E não, eu não vou dizer onde
está a falta de sentido nesse puzzle. Se você não consegue perceber por conta
própria, merece as cagadas que a Capcom arremessa na sua cara.
Puzzles da Capcom: gráficos de 2019 com lógica de 1996. |
Agora eu preciso falar
um pouco sobre a progressão do jogo em si. Se você (assim como eu) adorou a
campanha de Leon, prepare-se pra um sufoco desnecessário jogando com Claire: o
Tyrant chega cedo demais, não te dando chance de coletar boas armas antes de
enfrentá-lo. O resultado é que você vai ter que dar muitas voltas em corredores
apertados, lotados de zumbis e sem poder parar pra matá-los.
Prepare-se pra xingar
muito no Twitter na parte de empurrar as estantes na biblioteca: você vai
morrer de raiva com o Tyrant na sua cola só porque a personagem não consegue
dar um pulo de 30 cm de distância pra frente (lembra que eu falei que alguns enigmas
não fazem o menor sentido? Então...).
"Oi, moço. Você viu uma garota baixinha, cabelos pretos, acabou de completar 7 anos mês passado?" |
Ainda sobre Claire,
quase todas as suas armas são um completo LIXO. Ela chega ao cúmulo de ter três
pistolas, só que cada uma ruim à sua maneira. A lança-granadas, por exemplo,
além de demorar um Half-Life 3 pra recarregar, tem a munição de ácido mais inútil
da série (um tiro apenas não mata nem um reles zumbi).
Some todos esses problemas
ao fato de que a campanha dela é só um repeteco da missão de Leon, com leves
mudanças e um cenário exclusivo (isso se você consegue ficar empolgado com um
jogo de gato-e-rato num orfanato, sob controle de Sherry). Essa campanha chega
ao cúmulo de te fazer enfrentar chefes iguais em momentos iguais aos de Leon. Uma
cuspida na cara daqueles que jogaram o game em 1998, numa locadora por hora, e
pediam pra colocar “o disco da mulher” ou “o disco do homem” ao dono do
estabelecimento.
"Alpha Team, você me copia? Acabei de avistar uma barra de queijo gigante correndo com uma faca pra todo lado!" |
Depois de finalizar uma
das campanhas você tem acesso ao Quarto Sobrevivente e meh... quem liga pro
quarto sobrevivente? Acho que o problema aqui é que acontece uma amálgama das
duas campanhas. Se no jogo original rolava dúvidas do tipo “como essa caixa
de munição está pra aí pra Claire se eu já peguei ela com Leon?”, nesse remake
a Capcom simplesmente tocou o foda-se pra lógica dos eventos na esperança de
que o jogador esteja hipnotizado o bastante com os visuais pra não reparar
nessas falhas.
Resident Evil 2 Remake,
em sua primeira jogada, empolga o jogador a ponto dele sentir vontade de bradar
aos quatro ventos o quão a Capcom acertou em cheio com esse projeto. Depois de
jogar com Claire, ao menos pra mim, um pouco dessa boa impressão, infelizmente se perde.
Alcatra: R$15,00 o quilo. Maminha: R$12,00 o quilo. Chã de Dentro... |
Saiba que se você
parar de jogar depois de fechar a primeira campanha não estará perdendo nada de
novo. O que é triste, visto que um dos maiores diferenciais do segundo jogo
eram os dois discos rosa e azul com suas quatro possibilidades de campanha
diferentes.
Pra finalizar o tópico
derradeiro do post, algumas observações aleatórias sobre o sistema. O mapa
desse jogo é o melhor de toda a franquia, ponto. Além dos ícones pra te
contextualizar, ele marca em vermelho salas onde ficou faltando coletar algum
item, o que ajuda muito a quem cometeu o pecado de não jogar o clássico que
inspirou essa obra.
É sério: fotos são incapazes de captar toda a beleza gráfica desse jogo. |
Os loads são menores que no Resident Evil 7, detalhe esse que mostra que a Capcom sempre busca se aperfeiçoar em seu trabalho (polegar pra cima pra empresa aqui). Pra completar, todas as portas que Leon e Claire abrem são em tempo real, sem telas de carregamento ou animações tensas de dobradiças rangendo (foi mal, Sweet Home...).
Exceto pelas críticas
que eu teci ao longo desse tópico, Resident Evil 2 Remake é um game que roda
lisinho do começo ao fim, com belos gráficos e sem queda de frame mesmo em corredores
lotados de monstro. É a Capcom mostrando que ainda sabe programar um jogo como
ninguém.
ESPERANDO PELO ELEVADOR COM CONTAGEM REGRESSIVA...
Eu sei que tem muita
gente que vai discordar da minha opinião com relação a esse jogo, afirmando que
eu devia levantar as mãos pro céu por finalmente a Capcom ter voltado aos
trilhos. Mas entenda meu raciocínio: os fãs nunca pediram pra Resident Evil
tomar o rumo desgovernado que acabou descaracterizando a série. É mais que a OBRIGAÇÃO
da Capcom fazer um trabalho bem feito, reconhecível aos fãs.
Você tem todo direito
de achar que esse projeto precisava de coisas que o diferenciassem do jogo
original, mas remake é remake. Se você quer um jogo diferente, então não use o
nome de um jogo antigo com uma demão de gráficos atualizados apenas para atrair
os fãs com saudosismo. E outra: se fosse pra mudar, que mudasse ACRESCENTANDO
material ao jogo, e não oferecendo menos do que numa experiência de mais de 20
anos atrás.
NOTA FINAL: 8,9
A mesmice nas duas campanhas foi decisiva para meu veredito com esse game: NÃO, eu não acho que a Capcom acertou em cheio, e tampouco considero o Resident Evil 2 Remake como um forte candidato a jogo do ano. Veja bem, não estou dizendo que isso faz esse jogo ser ruim, apenas que foi uma decepção pessoal que, em minha opinião enquanto fã de décadas, minou o potencial de um jogo que poderia ser maravilhoso ao invés de apenas OK.
"É o seguinte, Leon: cara a gente adota, coroa ela vai pra um orfanato." |
A mesmice nas duas campanhas foi decisiva para meu veredito com esse game: NÃO, eu não acho que a Capcom acertou em cheio, e tampouco considero o Resident Evil 2 Remake como um forte candidato a jogo do ano. Veja bem, não estou dizendo que isso faz esse jogo ser ruim, apenas que foi uma decepção pessoal que, em minha opinião enquanto fã de décadas, minou o potencial de um jogo que poderia ser maravilhoso ao invés de apenas OK.
Pra não dizer que tudo
são pedradas, a Capcom conseguiu criar a fórmula perfeita de fazer um remake
com a dose certa de familiaridade com relação à fonte, sem esquecer das mudanças
necessárias pra dar um ar de novidade ao título. Ela encontrou o equilíbrio
perfeito entre exploração, enigmas e ação frenética somada a uma inigualável
atmosfera de terror.
"Agora que eu lembrei: esqueci o feijão no fogo!" |
Resident Evil 2 Remake é um survival de raiz, um jogo bom dessa franquia como não se via há anos. Nem se preocupe, pois mesmo no nível standard você passar aperto com pouca munição e terá que racionar seus recursos, se esse é o seu fetiche com jogos difíceis. Ou seja: esse jogo é do jeitinho que devia ser desde o começo da “avacalhação” da Capcom com seu Resident Evil 4.
Depois de todo o
barulho que esse remake causou, nada mais natural que nós, fãs, ansiarmos por
um remake do Resident Evil Nemesis, repaginado e repensado para fazer do
Nemesis novamente um dos inimigos mais insistentes e ameaçadores da franquia.
"O plano é o seguinte, Sherry: você distrai ele enquanto eu corro." |
E é isso, pessoal. Desculpem-me
pela demora em lançar o texto (eu joguei em março mas só bateu a vontade de
escrever agora, por causa do desânimo que a campanha da Claire causou em mim) e
nos vemos no próximo post da saga Resident Evil. Se tudo der certo nos próximos
meses, eu pretendo analisar os clássicos do PS1 e seguir com os posts dessa tão
querida franquia.
Au REvoir.
Acertou em cheio nos prós e contras. A Capcom conseguiu trazer o survival horror de volta e com estilo, mas com mecânicas antiquadas como gastar metade da munição pra matar um zumbi (muita vida ou armas com dano ridículo?), que já eram um porre no original.
ResponderExcluirEu acho que as "mecânicas antiquadas" foram para o projeto não se distanciar muito do jogo de origem. Não me incomodaram não. Só o que não gostei foi a sensação de menos conteúdo que ficou, por causa das mescla das duas campanhas. Tirou o tesão de jogar infinitas vezes, como acontecia com o primeiro jogo.
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