Patriotismo é um dos sentimentos mais idiotas que um ser
humano pode ter, já que estamos falando de sentir orgulho de uma coisa que você não criou (já
existia bem antes de você nascer) e da qual você não escolheu fazer parte. E como
é triste constatar que, além de passar longe de ser patriota, eu detesto o lugar onde moro, mais pelas pessoas que
pelo lugar em si. Mas comecemos do começo...
No dia 11 de abril do ano vigente chegou a Recife o Museu
Itinerante do Videogame, uma exposição que roda o Brasil todo mostrando uma
interessante linha do tempo com os principais consoles de videogame. Além de
vitrines com exemplares dos mais obscuros aos mais conhecidos consoles, a
exposição conta com uma área para degustação de clássicos inesquecíveis de
todas as plataformas, como Street Fighter 2 (SNES), The King of Fighters 94
(NEO GEO), As Tartarugas Ninja (NES) e outros mais recentes.
Esse é o dono da bola. (FOTO: MUSEU DO VIDEOGAME) |
A “brincadeira” toda é comandada por Cleidson Lima, curador
do museu e dono dos mais de 200 consoles exibidos no evento (acredito eu).
Em um primeiro momento, a sensação é de uma criança solta em
uma loja de doces com o cartão de crédito do Bill Gates nas mãos: impossível
não me flagrar com um persistente sorriso de satisfação no rosto ao ver o meu
entretenimento preferido ser apreciado por uma enorme quantidade de pessoas
que talvez, e muito talvez mesmo, possuam o mesmo apreço pela “brincadeira” que eu. Infelizmente, em toda brincadeira
existe o espírito esportivo e o espírito de porco, que parece conseguir se
divertir apenas assistindo ao descontentamento dos outros.
Num cubículo desses tem muito videogame e cotovelada também. |
Eu moro em
Olinda, no estado de Pernambuco. Grandes eventos, como show de Red Hot Chilly
Pepers ou Ivete Sangalo não são mais novidade para o povo da minha terra, que
conta com uma estrutura mais que adequada para receber artistas desse calibre.
A menos de
10km da minha casa, por exemplo, existe um centro de convenções e o Chevrolet
Hall, espaços gigantescos apropriados pra esse tipo de ocasião. Infelizmente,
nenhum dos dois lugares foi o escolhido para acomodar um evento que certamente
lotaria os corredores destes ambientes mais rápido do que um nerd consegue
dizer “bazinga”.
O Museu
Itinerante acabou ontem, dia 26 de abril, e foi justamente nesse último dia que eu
resolvi visitar o evento. Apenas para chegar à óbvia conclusão de que a coisa
está longe de ser feita do jeito que devia quando o assunto são videogames.
Claro que não podiam faltar os cospobres |
Os problemas
são visíveis logo no início da exposição: umas poucas vitrines com consoles que
datam da década de 80 até os dias de hoje, com seus representantes máximos Xbox
One e PS4. Vitrines que, ora são baixas demais para um adulto contemplar, ora
são altas demais para os pimpolhos conhecerem aquele famoso console que possuía
um teclado numérico em seu gabinete.
Pra piorar,
os cartezes explicativos eram pequenos demais, tornando-se algo proibitivo e
incômodo de acompanhar, tanto pelos mais novos quanto pelos mais velhos (e
usuários de óculos).
Na área de
degustação, a boa e velha “educação” típica do brasileiro se fez notar com bastante
naturalidade: mesmo que algumas pessoas tivessem o bom senso de passar o controle
a quem estava esperando, em uma aglomeração que alguns insistiam em chamar de “fila”,
uma incômoda maioria estava decidida a monopolizar os controles, ignorando o
fato de que não estavam em suas casas, no conforto de seus quartos. Ficou
difícil aguardar para jogar uma reles partida de um fighting game sem dar “aquela”
olhadinha para os lados, como quem pergunta “quem é que está colocando ordem nesse galinheiro”? “Ninguém” ainda parecia ser a resposta
mais óbvia, apesar do carinha magricela vestido de encanador bigodudo.
"Daqui não saio, daqui ninguém me tira". |
Isso sem
falar no mau exemplo dado pelos pais de crianças pequenas que estavam presentes
no evento, que não tinham o tato de retirar seus filhos de um console que
estava ali para que TODOS pudessem participar da brincadeira. O resultado disso
é que passei longe de experimentar qualquer jogo que levasse o nome Mario em
seu título ou fosse publicado pela Nintendo. É, pelo jeito videogame ainda é “coisa
de criança” mesmo...
O Museu
Itinerante do Videogame é uma iniciativa gratuita do colecionador Cleidson Lima,
que me faz pensar no “mal” que um ingresso de R$10,00 faria à organização de um
evento desses. Um espaço mais aconchegante para receber o público e uma plateia
menos casual, mais comprometida com o entretenimento (e mais educada, pra
variar), talvez fossem os efeitos colaterais de um valor cobrado para ingressar
no evento. Se não, pelo menos a ausência
de cotovelos empurrando as minhas cansadas costelas talvez valessem a tarifa.
"Foi namorar, perdeu o lugar" |
Apesar de
ter desbloqueado a conquista “Participou
de um evento nerd em sua terra natal”, o saldo do Museu do Videogame deixa
sérias dúvidas na minha cabeça: a quem o evento pretendia atingir? Quantas
pessoas passaram por lá nos vinte dias e poucos dias que o evento foi
realizado? Qual a faixa etária do pessoal que segurou joysticks nesse intervalo
de tempo? Qual a impressão geral que o povo da minha região tem de algo assim?
Perguntas que
ficarão sem resposta, visto que a exposição não parece ter contado com nenhum
registro de atividades e nem dispôs de nenhum mecanismo (como quantidade de
ingressos vendidos) para aferir essas informações. Ao menos, não que eu saiba.
Um dia
estressante de engarrafamentos (por causa de um show de Ivete Sangalo). Uma "virose" que transformava o simples ato de ficar em pé em um martírio. Muita espera. Uma fila quilométrica para comprar os ingressos de Os Vingadores: A Era
de Ultron. A certeza de que os videogames, finalmente, estão começando a fazer
parte da cultura do nosso país. E muita, mas muita demonstração de falta de
educação e cordialidade entre aqueles que compartilham da mesma paixão: esse
foi o saldo da minha visita ao Museu dos Videogames.
Au Revoir!
Olá!
ResponderExcluirInteressante sua matéria, embora o estilo da fonte incomoda um pouco a leitura.
Ass: Fundador da Rede dos Blogueiros
Que bom que você gostou. quanto ao estilo da fonte, existem milhares de opções de fonte no blogger. Qualquer uma que eu escolhesse agradaria a gregos mas desagradaria a troianos, então...
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Excluir11 de Abril?? Meu aniversário!
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ResponderExcluirQue bom que você gostou do blog. só não permito spam nele, ok? Nada pessoal.
ResponderExcluirOla amigo gostaria de fechar uma parceria de blogs x blogs, eu tambem tenho um blog, e queri exbibir anuncio, juntamente com o seu se for o seu caso, do mais queria uma interação com seu blog e uma troca de publicos.
ResponderExcluirhttp://gabrielbubasg.blogspot.com.br/
Gostei da materia xD
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