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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

PLEA$E, WAIT...

A indústria de games não se cansa de incitar a minha ira. Ontem à tarde, quando já tinha me dado por satisfeito por ter cumprido a cota de uma postagem por semana, me dirigi ao site Game Trailers para assistir a mais um episódio da coluna Pach Attack. Pra quem não conhece, a coluna semanal publicada aos domingos (na verdade eu acho que sai um episódio novo sempre aos sábados, mas como só posso assistir aos domingos...) mostra o jornalista de games Michael Pachter respondendo a diversas perguntas dos leitores a respeito da indústria de games e tendências mercadológicas.

A quem não conhece, fica a dica, caso seu inglês “ouvido” esteja em dia, claro. Ao blog Neogamer fica a dica também, para que algum corajoso colaborador aceite o desafio de traduzir e legendar os episódios toda semana.
Aliás, gostaria de aproveitar o espaço para elogiar o ótimo trabalho dos colaboradores e mantenedores do blog, que prestam um excelente serviço àqueles que não dominam o idioma inglês, traduzindo e legendando os episódios do Angry Videogame Nerd e outros.

Bem apropriada essa imagem...











Bem, o fato é que assistia ao vídeo de ontem quando uma pergunta do Twitter me chamou muito a atenção. Nela, questionavam ao Michael Pachter sobre a tendência das empresas, pasmem, COLOCAREM PROPAGANDAS NAS TELAS DE LOAD DOS JOGOS. Isso mesmo que você entendeu: a indústria de games não cansa de achacar os jogadores e consumidores que colocam o pão em suas mesas e agora pretendem criar uma nova tendência de propaganda, violando os nossos momentos de reflexão sobre como completar aquela quest que fica no outro lado do continente de Tamriel ou o nosso medo de topar com um furioso Deathclaw assim que a tela de carregamento terminar. A coisa ficaria mais ou menos assim, por exemplo...

BIOSHOCK

“Por que idolatrar uma bandeira ou deuses, quando podemos idolatrar o que há de melhor em nós mesmos: nossa vontade de grandeza”.

E aproveite para idolatrar Borderlands, o novo jogo de tiro da 2K por apenas U$49,99

“Mire na cabeça para causar mais dano”.

E onde você está com a cabeça que ainda baixou o novo DLC Mechromancer, do Borderlands 2?

Aqui a coisa ainda era levada na brincadeira...











A minha brincadeira está longe de englobar todas as funestas possibilidades que este precedente pode trazer. Michael Pachter, no vídeo, faz uma comparação entre o cinema e os games: estamos mais do que acostumados a consumir propaganda não solicitada, quando vamos ao cinema e conferimos os trailers de próximos lançamentos da telona. Mas o bom senso que inspira o jornalista a nos lembrar dessa tradição arraigada no cinema é o mesmíssimo bom senso que frisa justamente isso, que essa é uma tradição do cinema, não dos games. E digo mais: no cinema temos a alternativa de chegar no momento exato em que o filme começa ou ir ao banheiro ou comprar pipoca, tudo isso sem correr o risco de voltarmos e nos deparar com a cena do nosso herói morto no chão por causa da nossa ausência de reação.

Toda essa especulação teria uma razão de ser: com a inserção de propagandas nas telas de load dos games, o preço dos mesmos seriam reduzidos ao consumidor final. Sinceramente, nem quero me dar ao trabalho de tentar entender a linha de raciocínio que dá fundamento a tamanho absurdo. Queria apenas concordar com a opinião de Michael Pachter, a de que a tal redução de preços não chegaria de fato a se tornar realidade. Se chegasse, dificilmente transbordaria do campo do irrisório para o do significativo.
E fico imaginando que a tentativa de implementação dessa nova estratégia de propaganda abusiva seria uma total admissão de que os desenvolvedores nem tem nem nunca tiveram a menor intenção de acabar com um inconveniente para 9 entre 10 jogadores de videogame, que são justamente os famigerados loading times.

A indústria de videogames é bilionária. Há muito já ultrapassou, em lucro, outras grandes indústrias do entretenimento como cinema e música. E eu fico aqui pensando, com meus botões de joystick, o quanto softhouses como a Bethesda lucraria com jogos como The Elder Scrolls ou Fallout, que nos consoles chegam a torturar o jogador com loads de mais de um minuto de duração. Some a isso o risco do logo de algum futuro blockbuster dessa gigante dos games ficar cauterizado em nossas retinas por causa de tanta espera...

O mercado atual de games, se não está completamente dominado, está sendo bastante influenciado pelo modelo americano de linha de produção exagerada. Vemos, atualmente, grandes empresas japonesas que antes ditavam rumos tentando se adequar ao modelo de "mais para mais lucro" e destruindo, no processo, grandes nomes de franquias outrora consagradas nos games. Franquias essas que alcançaram o estrelato com uma mentalidade extremamente oposta, a de criar com qualidade sem colocar o dinheiro na frente dos bois.
A mentalidade extremamente capitalista do modelo americano não é nenhuma surpresa, visto que foi justamente ela que possibilitou que uma ex-colônia inglesa alcançasse o status de principal potência econômica do mundo através de dívidas de guerra com grandes países europeus.
E menos novidade ainda é o resultado do modelo de negócio americano na pré-adolescente indústria de games. Na década de 80 os americanos conseguiram destruir o mercado de videogames na América do norte com o Atari e seus clones de baixíssima qualidade. Foi necessário o esforço heroico de um encanador bigodudo para recuperar a vontade dos jogadores americanos por jogos de videogames. Ao menos jogos de console, pois a indústria de games de PC deve ter dado graças aos céus pelo crash da indústria e pela autodestruição acelerada do Atari e seus clones.

Nem olha pra mim! Eu só quero voltar pra casa!















O fato é que, pela primeira vez em trinta anos, eu estou temeroso com relação a minha relação de gamer-consumidor. Nunca o jogador e comprador de videogames foi tão testado, insultado, acuado e ao mesmo tempo negligenciado por uma indústria que deveria dar o mínimo de valor à mão que a alimenta.
A solução é evitar ao máximo de morrer em um jogo, e ficar dando voltas no mesmo cenário para evitar de ser bombardeado com uma avalanche de comerciais sobre o quadragésimo oitavo DLC do COD, a roupa nova da Chun-Li no Marvel VS Capcom, a ferradura reforçada pro Pé-de-Pano no The Elder Scrolls 6: Elsweyr...


Au Revoir...

11 comentários:

  1. Boa tarde!!!
    Parabéns seu site é muito bom :P
    http://www.youtube.com/TheLordbelroar
    http://www.youtube.com/TheLordbelroar
    Dá uma passada lá tem gameplayes, séries e tal
    A gente ta pensando em sortear jogos no canal...

    Se curtir se inscreve lá, acompanhe e ajuda a gente que tá começando agora :D valeu

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  2. Acabei de conhecer o blog e gostei muito da forma como critica a indústria de games. Sou jogador de video game desde criança e sou muito suspeito pra falar, pois sempre joguei de tudo. É muito bom ver que alguém tem críticas a fazer apesar de gostar muito de games. Quem sabe assim não voltam a fazer games como antigamente com pontos e vidas finitas.
    Se quiser dá uma olhadinha no meu blog e, críticas são bem vindas.
    Abraço e segue o link ► http://conteudoegeek.blogspot.com

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  3. bem-vindo ao blog, Edson. sinta-se à vontade para comentar e obrigado pelos elogios.

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  4. A industria de games se destrói a cada dia, incrivelmente eles estão nadando no dinheiro (nem todos né finada THQ), porém, nesta geração que está acabando, para mim, pouquíssimos jogos foram de grande impacto, só fizeram dinheiro, nenhum vai fazer história como os das gerações passadas fizeram, de RPG que é meu gênero favorito, o Skyrim e a franquia Demon Souls fizeram algum barulhinho,mas épicos como Baldurs Gate, Ice Wind, o primeiro NWN, a cara, isso jamais veremos, infelizmente.

    Bom, outra coisa que me assusta na industria dos games, não citado e nem é o foco da sua postagem, a suposta qualidade de resolução 4K que vem no PS4, esta droga de PS3 mal utilizou a 1080p, e vai querer impor a 4K? Pagar 6mil (nivelando por baixo) em um televisor que ainda é luxo no japão?

    Mais me afasto dos consoles e mais me apego ao mundo do PC, pena, que este também está se quebrando, graças ao amigo Dolar que sobe e nossa amiga economia brasileira, que quer atenção só para a produção interma, mas não entende que o brasil (com b minúsculo mesmo) é insuficiente em diversas coisas, mesmo nas mais simples, como entretenimento.

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  5. Muito pertinente a sua preocupação, Shadow. Às vezes eu também fico preocupado com o futuro do mercado de games, que a cada ano torna-se mais e mais uma máquina de fazer dinheiro, não importando tanto a qualidade do produto.

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  6. Rodrigo e Fernando, desculpem o silêncio. é que respondi na forma de dois comentários imensos, mas uma combinação errada de teclas no apertado teclado do meu notebook pôs um fim às duas respostas. fica pra próxima, mas concordo com boa parte do que os dois falaram. té mais.

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  7. Olha, do jeito que eu vejo hoje, da vontade de voltar no passado. Eu passei grande parte da minha vida sem conhecer muito game e tal, eu era/sou humilde, mas bem, o que eu vejo é isso cara. Hoje em dia, tem muito gamezinho ae que é feito só com o olho no dinheiro, e o consumidor... Pagando o pato ae!!!

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  8. pois é, Anderson. pode até não ser a regra, mas isso tem acontecido com uma frequência assustadora para aqueles que acompanham os jogos há um bom tempo. atitudes como a da Capcom com o Resident Evil 6 são inaceitáveis e repulsivas. meu irmão me perguntou ontem se eu tinha visto uma notícia sobre um RE aí que vai sair. eu respondi que se não for sobre o remake do Re1 em Hd (que a Capcom já não lançou pq não pode, questões judiciais) não quero nem saber. RE pra mim morreu. o mesmo com Final Fantasy. hoje comprei o FF4 do PSP, pois é um jogo old school e com gráficos lindos. enquanto a ficha não cair pra esses desenvolvedores escrotos, só nos resta viver do passado.

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    1. True and triste ( não sei falar triste em inglês ) history!!!

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    2. triste em inglês é SAD, Leon. em todo caso, vai no google e digita a palavra que quer saber seguido de "significado". eu faço muito isso quando tô no pc ou não acho a palavra no dicionário de papel. abraço

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    3. rs, valeu cara, eu faria isso, mas é que eu tava comentando e meu pai me apressando para sair do pc!! Valeu pela dica!

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