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sábado, 30 de junho de 2012

PENSANDO COM PORTAIS











A premissa de Portal é bastante simples: você controla uma personagem que está presa em um grande laboratório com ares de fábrica high-tech.
Sua missão: resolver enigmas impostos por uma inteligência artificial que atende pelo nome de GLaDOS (Genetic Lifeform and Disc Operating System). Pronto. Tudo que há para se contar sobre o enredo de Portal 2 foi resumido nas linhas acima.

Portal 2, ao meu ver, pode ser enquadrado na mesma categoria de jogos como Limbo; Journey; Mirror’s Edge e tantos outros.
Não que haja uma pretensão artística por trás dele , longe disso. É que esse game segue a mesma linha dos jogos citados acima: premissa simples, que dificilmente sofrerá alteração durante todo o jogo; forte apelo visual; público de nicho; outras características recebendo mais destaque que a ação propriamente dita; baixo fator replay e etc..
E isso é uma algo ruim? Claro que não! Portal, assim como os outros jogos citados, são um sopro de criatividade para quem já não aguenta mais estourar cabeças de zumbis/alienígenas/nazistas.

Só faltou as duas bolas pra complicar...











A premissa de Portal 2, mais uma vez, é bastante direta. Toda a estrutura do jogo é tão simples quanto o ato de passar por uma porta e sair do outro lado (se é que deu pra entender a comparação), e é mais ou menos isso o que será visto em quase todo o seu decorrer. Sua fórmula é mais direta que receita de bolo: você entra em uma sala de testes; se distrai com algum gracejo de GLaDOS; dá uma olhada em um painel que resume os perigos que serão encarados no desafio; resolve o enigma (por meio da sua Portalgun, que me lembra muito a X Buster de Megaman); pega um elevador e começa tudo de novo. A curva de aprendizado dos enigmas é bastante sutil e respeitosa com o jogador: portais; cubos; lasers; cubos refletores de lasers; plataformas de salto; pontes de luz sólida; turrets; gel; túneis de energia; ou tudo isso quase que ao mesmo tempo, se o seu cérebro aguentar o tranco.
E sabe o que é mais curioso? É que você vai seguir esse esquema por horas de jogo, tendo que se obrigar a parar de jogar e não ceder à tentação de resolver “só mais um”.

Jogos com estruturas simples costumam dar um melhor polimento a outras características, e é nesse quesito que Portal 2 brilha com resplendor.
O humor do jogo é muito bom (mesmo com toda a verborragia e velocidade nos diálogos). Bom como eu não via há muito tempo, em jogos como Super Mario RPG; Radiata Stories ou Lego Star Wars.
Mas não se engane. Não há nada de infantil ou pastelão aqui. O humor de Portal é ácido; cruel; cínico; inteligente; sarcástico; mordaz. Bem, acho que sem querer, acabei de descrever a personalidade de GLaDOS, sendo que esqueci de acrescentar o item vingativo à lista.

Seu nome não é Dave, mas ainda assim quero te matar











“GLaDOS” nutre um rancor quase humano pela protagonista do game, pelo fato dela ter sido a responsável direta pela sua “morte” (se você chegou longe no jogo, certamente entenderá a razão das aspas). Isso é muito evidente, graças à (ótima) dublagem da voice actress de GLaDOS, que consegue passar tanto veneno e cinismo que quase dá pra cortar com uma faca. Mas não sem se ferir no processo...
Não joguei o primeiro Portal. Infelizmente não saiu para Playstation 3. Mas dá pra perceber, ao decorrer do jogo, que a relação entre as duas não é das mais saudáveis, envolvendo ataques pessoais; ameaças de morte indiretas e todo tipo de terror psicológico que a mente calculista de uma inteligência artificial pode realizar.

Claro, apesar de sua ideia inovadora, interessante e inteligente, Portal 2 ainda é um jogo de videogame, e está sujeito a falhas como qualquer outro produto. A começar pelos gráficos.
O jogo não é feio. Longe disso. Mas, quando paro para pensar que os desenvolvedores não precisaram se preocupar com taxas de quadro por segundo; quantidade de personagens ao mesmo tempo na tela; resolução de cenas de vídeo (pois todo o game é em tempo real), não consigo deixar de desejar que o jogo tivesse texturas mais detalhadas e bem trabalhadas e visuais mais “realistas” em geral. Os loads também poderiam ser bem mais curtos, se uma maior quantidade de dados fosse instalada no disco rígido. E o visual da personagem principal é simplesmente horrível (sim, Portal 2 é um FPS, que nesse caso pode ser traduzido como “Front Portal Shooter, mas dá pra ver o personagem controlável, graças aos... portais!) . Ela é desengonçada e me lembra muito a animação de NPCs do Fallout 3.

Portal, portal meu: existe alguém mais desengonçada que eu?












O design das fases é excelente. Criativo (mesmo com a repetição do mesmo ambiente no começo do jogo) e bastante inspirado, remetendo a games como o já citado Mirror’s Edge e Bioshock. É muito interessante ver os cenários do laboratório sendo reconstruídos por máquinas que lembram aqueles braços robóticos de montadoras de carro.
Tudo é muito limpo e hospitalar em Portal, e eu não ficaria nem um pouco surpreso se descobrisse que algum design da Apple participou da criação da arte do jogo.

Na parte sonora o jogo também não faz feio. A dublagem de todos os personagens da trama é de alto nível, com belos efeitos de “robotização” e eco (adoro a voz feminina dos turrets). Atenção especial aos sons de botões sendo pressionados; plataformas de pulo; escorregada no gel (puro Space Paranoid); raio laser e tiros de turrets. Muito originais e divertidos de se escutar, nunca tornando a tarefa de pressionar o mesmo botão pela milésima vez em uma coisa repetitiva.


CONCLUSÃO

Portal 2 é a prova cabal de que uma boa história, aliada a um conceito simples e boa jogabilidade, pode carregar qualquer estilo de jogo nas costas, sem a necessidade de torrentes de tiros (ao menos não vindos da sua personagem) ou multidões enfurecidas de zumbis.
VALE O DINHEIRO INVESTIDO? Sim, cada centavo. Claro, se você é daqueles que não consegue jogar mais de vinte minutos sem atirar em um soldado de sotaque alemão, ou acha que Sudoku é um tipo de termo chulo, dificilmente se identificará com o jogo. Mas, caso goste de um desafio de tostar os neurônios, já sabe onde encontrar.

Portal 2 é inteligente; inovador e massivamente divertido. Eu sei, copiei os dizeres da contracapa do game, mas isso não torna as afirmações menos verdadeiras. Para apreciar toda a qualidade de um jogo como esse, faz-se necessário começar a pensar com portais. Eu já come│   │cei. E você?



Au Revoir!

8 comentários:

  1. Não curti Portal 2! Jogo muito ultrafacil!não curti muito o humor do jogo também! É até engraçado,visto que eu gostei do Portal 1(embora eu não ache Portal 1 essa 8 maravilha que tantos falam)!

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    1. Breno, estava interessado na série Assassin's Creed. Você conhece os jogos? Se sim, recomendaria o Brotherhood pra começar?

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    2. Não faz muito o meu tipo! O primeiro jogo é super repetitivo! O segundo jogo tem mais variação mas é muito facil, quase que sem desafio(embora eu so tenha jogado 1/3 do jogo)! Recomendo para vc Thief 1 e 2 e Deus Ex(o primeiro)!

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  2. o primeiro eu não joguei. como a série é novidade para mim, dica mais fácil me apegar mais ao jogo. não acho que ele seja uma maravilha. se alguém diz isso, só pode ser um daqueles entusiastas ignorantes que começaram a jogar videogame agora (pegaram o bonde andando) e acham que game music é o tema de mortal kombat, por exemplo.
    mas gostei muito dele. comprei só pra fazer um teste (putz. essa palavra tá me assombrando por causa do jogo) e gostei mais do que achei que gostaria. um bom jogo.
    se o primeiro era mais difícil e baixaram a dificuldade nesse, deve ter sido ruim para os fãs mais antigos. difícil dizer, já que sou um "portalnauta" de primeira viagem.
    mas o que chama a atenção com esse tipo de jogo é isso: reclamamos de falta de criatividade; excesso de continuações; desgaste de um mesmo gênero; títulos caça-níquéis; mas quando sai algo de diferente (como o Mirror's Edge, altamente injustiçado), nós tentamos analisar do mesmo ponto de vista que usamos para analisar os jogos que apresentam os problemas citados acima. jogador de videogame é uma raça bem difícil de agradar...

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  3. Que legal ver você falando de Portal 2, Shadow. O humor do jogo é um show à parte. =D

    Dá pra pegar o primeiro pra PS3 no Orange Box: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Orange_Box


    PS: Eu ando comentando menos, mas tô sempre aqui.

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  4. também gostei muito dele. valeu pela dica. já estava com curiosidade em conhecer half-life pela orange box. agora é compra certa.

    P.S.: senti a sua falta nos comentários. que bom que está "de volta". Rebeca, você viu a lista das 100 armas do GT? eu olhei uma por uma, e digo que vale a pena. Mr. Toots é a coisa mais sem noção que eu já vi em um jogo. dá uma olhada e me conta :)

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  5. Comprei o portal 2 no natal mas ainda não joguei pq quero jogar o Portal 1 primeiro :)
    Eu tbm tava pensando em comprar half life, ouvi falar mto mas nunca joguei. Vc já jogou?

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  6. Esta é uma grande falta no meu currículo de gamer: nunca ter jogado Half-Life.
    Eu até cheguei a instalar ele num antigo PC de casa, mas não passei da parte inicial e desisti.

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