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domingo, 4 de setembro de 2016

MEU REVIEW SUPREMO DE CHRONO TRIGGER






















Houve uma época áurea em que um nome apenas bastava. Quadrado, ou melhor, Square. Square Soft, pra ser mais exato. Nada de fusões empresariais ou firulas para se tornar uma mega produtora da indústria dos games. Foi uma época em que tudo que saía daquele modesto estúdio japonês era ouro. Uma época em que a marca Square não era apenas uma reles logomarca, e sim um verdadeiro selo de qualidade.

Foram nesses gloriosos tempos que o talento de uma equipe composta por alguns dos maiores nomes da indústria dos JRPGS deu à luz a Chrono Trigger, o jogo dos sonhos, criado pela equipe dos sonhos.

Eu já falei um pouco sobre a formação do time que viria presentear os jogadores de RPGs japoneses com um dos melhores jogos já feitos. Isso aconteceu no meu review de Chrono Cross, a sequência não-tão-boa-mas-ainda-assim-excelente que carregou o terrível fardo de tentar fazer melhor que o melhor que pôde ser feito na época do SNES

Por essa razão, não vou me prolongar muito contando a história de todos os trâmites que levaram a Square a reunir um time super mother fucker de talentosos artistas pra compor a sua obra máxima. Se quiser saber um pouco mais, leia o texto do Chrono Cross AQUI. Ou então procure por algum site de retrospectiva, ou história dos games. Esse simplesmente não é o foco do meu blog.
E que comece o Meu Review Supremo de Chrono Trigger.


HISTORINHA CHATA SOBRE A AQUISIÇÃO DO CARTUCHO DE CHRONO TRIGGER



Ah, como eu estava sedento por contar uma Historinha Chata em um dos meus textos. Já faz tanto tempo desde a última, que eu já tava ficando com saudades...

E se prepare, pois essa vai ser bastante longa, então arrume um par extra de almofadas, pra não dar dor no pescoço e nas costas, e venha se perder nos devaneios do titio Shadow.

O ano era 2001. Eu e um amigo meu jogávamos todos os RPGs que podíamos encontrar pela frente (o que, no meu caso, dava um total de aproximadamente zero). Ambos possuíamos um Super Nintendo, e só deus sabe como era difícil aqui na minha região encontrar cartuchos de RPG para este console.

Lembre-se que estamos falando de uma época em que não havia disponibilidade de sites como o Mercado Livre para encontrar esse tipo de joia rara dando sopa por aí. O máximo que podíamos fazer era rezar para que aquele dono tosco de locadora achasse uma boa ideia adquirir um cartucho que poucos locatários teriam interesse em alugar (lembre-se que, há muito pouco tempo atrás, RPGs eram uma coisa de NERDs sem vida social, vista como perda de tempo por 90% dos jogadores de videogame).


Meu primeiro console, com muito orgulho!

Então, esse meu amigo, que possuía um Psone engavetado (problema no canhão) e já conhecia maravilhas como Final Fantasy 7 e Tactics, certa vez comentou que conhecia um cara, que conhecia um cara, que tinha um cartucho de um RPG lá da Square, que ninguém conhecia muito bem na época (mais uma vez, lembre-se: estávamos em uma época em que a expressão 1MB de velocidade era sinônimo de banda “larga”).

Ele (meu amigo) descrevia várias situações que ocorriam no jogo, e eu só podia imaginar como eram todas aquelas aventuras épicas possibilitadas pelo melhor que os 16-bits podiam nos oferecer. Sim, eu já havia jogado RPGs antes. Chrono Trigger NÃO foi meu primeiro jogo nesse estilo (acredite, foi o Super Mario RPG, em um emulador de SNES, na casa de outro amigo). Pra falar a verdade, eu já tinha visto um pouco do também ótimo Final Fantasy 6 antes mesmo do Super Mario RPG. Mas essa era a primeira vez que eu tinha a chance de jogar um jogo de RPG para um console o qual eu possuía.

Pois bem, esse tal carinha que tinha o cartucho (original) de Chrono Trigger era vizinho do meu amigo, que havia se mudado pra perto da minha casa havia uns meses.
Ele tinha meio que perdido contato com o cara, mas insistente pra caramba que sou, infernizei o meu amigo até que ele concordasse em ir lá no apartamento do sujeito pra que ele nos emprestasse o cartucho.


Nem acredito que tive essa belezura nas minhas mãos...

O fato é que eu tive que ir na casa do sujeito sozinho, equipado apenas com a cara e a coragem (acho que meu amigo tinha noção de que pedir um cartucho raro desses emprestado era o mesmo que pedir pra tirar a virgindade da noiva do seu melhor amigo antes dele, na lua de mel, e por isso me mandou lá sozinho...). E, lembrando dessa história, até hoje eu me pergunto como o cara não me recebeu com uma shotgun e um saco de dois quilos de sal na mão...

Imagina a cena: “Bom dia, sr. Fulano que eu nunca vi antes na minha vida! Você, por obséquio, poderia fazer a gentileza de emprestar seu cartucho raríssimo a um total estranho que você não sabe se vai voltar a ver novamente algum dia na sua vida”? 
Sério, eu já me meti em cada situação por causa de jogo de videogame que se eu fosse parar pra computar, chegaria à conclusão de que é um milagre o simples fato de eu ainda estar vivo...

O caso é que, além de o sujeito não soltar os cachorros em cima de mim, ele foi bonzinho e me informou que na verdade o cartucho não era dele, e sim de um moleque que ele conhecia, que morava num bairro perto do meu. Como cara-de-pau pra caramba que sou, decidi visitar o moleque na esperança de que ele concordasse em trocar o cartucho dos sonhos por um saco de pipoca e uma caixa de chicletes. E foi mais ou menos isso que aconteceu, pra falar a verdade...


Descanse em paz, KI. Você mais que cumpriu com o seu propósito.

Como o perigo de levar um tiro já havia passado, meu amigo resolveu me acompanhar nessa visita. Levamos alguns jogos para convencer o pimpolho, caso seu fraco fosse quantidade ao invés de qualidade. Entre as pérolas estavam: Super Mario World, do meu amigo (um jogo ótimo, mas que todo mundo que tinha um SNES já possuía, pois vinha junto com o console) e Killer Instinct, meu, um jogo razoável, mas que nem de longe vale a troca por um jogo do naipe de Chrono Trigger.

Ao chegarmos à casa do moleque, mais uma reviravolta na nossa jornada pelo cartucho dos sonhos: o jogo era do pirralho, mas quem jogava era o pai dele, que não entendia bulhufas de inglês e anotava trechos dos diálogos pra traduzir no trabalho, na esperança de conseguir prosseguir no enredo.

O fato é que o moleque ficou praticamente mesmerizado pelos belíssimos gráficos pré-renderizados entregues pela expertise da Rare, e seu pai não teve escolha senão fazer os gostos do seu filho, aceitando trocar o cartucho (uma vez que ele estava preso mesmo, e não conseguiria terminar o jogo...). Muito obrigado à Rare pelo domínio do hardware do Super Nintendo. E eu acho que eu nunca fiquei tão feliz na vida pelo fato de alguém ser analfabeto na língua inglesa como naquele dia...

Depois disso foi só alegria: no caminho, já de posse do cartucho e meio que sem acreditar na sorte que tinha dado, eu não conseguia apagar o sorriso do rosto, mesmo com meu amigo pedindo educadamente para que eu tentasse parar de rir por um minuto. Como sem ele (meu amigo) nada disso seria possível, decidimos que o cartucho ficaria conosco em dias alternados, começando por ele.


Olha aqui o verdadeiro culpado pela perda do cartucho.

O tempo foi passando, e eu já havia feito praticamente tudo que há pra se fazer no jogo. A aurora de uma nova era de jogos acenava na minha casa, com meu irmão decidido a comprar um computador e se livrar do Super Nintendo (uma blasfêmia terrível que só uma pessoa insana pode pensar em cometer).

Como o advento do PC nos possibilitava uma gama praticamente infinita de jogos (por meio da frondosidade dos emuladores), eu decidi que seria justo passar a guarda do cartucho definitivamente para o meu amigo, que não deu muita bola (pois já havia substituído o Psone defeituoso por um novo) e se livrou do artefato de uma forma banal e revoltante (ao menos pelo meu ponto de vista): ele trocou um cartucho original de um dos melhores jogos já feitos por meros pedaços de papel com números e palavras escritos neles, que alguns conhecem pela alcunha de "dinheiro"...

Apenas finalizando a Historinha Chata, gostaria de agradecer ao meu amigo e a todos os envolvidos na minha jornada épica pra conseguir pôr as mãos em um dos meus jogos preferidos de todos os tempos (mesmo que eu ainda não soubesse disso na ocasião). E já que contei a minha jornada épica com o jogo, é chegada a hora de contar a jornada épica de Crono e seus amigos na luta contra o devorador de mundos, Lavos.




HISTÓRIA



Chrono Trigger tem como tema principal as viagens no tempo. Ele começa de uma forma espetacular, calorosa e totalmente familiar a todos aqueles que já foram acordados pela própria mãe, em uma manhã ensolarada de verão.

Balões voam no céu. Fogos de artifício espalham uma nuvem de gaivotas pelo ar. Doces são vendidos às crianças. Competições de beber refrigerante são disputadas com sangue nos olhos pelos participantes da Feira do Milênio. Não há tempo pra perder dormindo: a inventora Lucca precisa de voluntários para demonstrar a sua fantástica máquina de teletransporte. E assim começa uma das jornadas do herói mais épicas de todos os tempos.

Lembra daquela coisa que eu sempre falo em meus textos, que eu não dou tanta importância assim à originalidade em uma obra? Então, jogos como God of War e Chrono Trigger são o exemplo perfeito disso: ele conta uma história “manjada” de viagem no tempo de maneira espetacular, provando que falta de originalidade pode ser superada por uma perfeita execução. É como eu sempre digo: viagem no tempo já não era novidade quando CT foi lançado, mas sua maestria fez toda a diferença no resultado final do jogo.


"Mas mãe, hoje não tem aula! Só mais um pouquinho!"

De fato, acho que CT é uma das poucas obras a abordar o tema (viagem no tempo) sem ter uma história confusa, cheia de twists exagerados ou abusar de clichês.
Muito pelo contrário: chega uma hora que tudo será explicado de uma forma bastante respeitosa com a capacidade cognitiva do jogador, sem inundá-lo com excesso de informação de uma vez só. Lavos, o “vilão” principal do enredo, é descoberto ainda no futuro, quando nosso grupo de personagens vai parar lá por acidente.

O carrapatão intergaláctico é um dos meus “vilões” preferidos da Square. E o motivo das aspas é que, assim como Yu Yevon do Final Fantasy 10, Lavos é amoral (note que eu falei Amoral, não Imoral). Ele não tem uma motivação típica de chefes finais de RPG (do tipo: destruir o mundo, o universo ou conquistar a nação rival de seu país).

Ele nem sequer TEM uma motivação que não a biológica. É um organismo parasita que migra de planeta em planeta, consumindo a energia do centro da Terra e partindo pra depenar o próximo (qualquer semelhança que Genova tenha com este aqui NÃO é mera coincidência...).


Lavos é assustador a seu modo.


Além de tudo, Lavos é apresentado logo no começo do jogo, sendo um antagonista muito bem-estabelecido no enredo, que não sai de cena em momento algum, permeando todos os acontecimentos e motivações na trama, seja direta ou indiretamente.

Claro, o esquisitão Magus e a insana rainha de Zeal podem ser considerados os verdadeiros antagonistas da história, mas isso é apenas uma questão de ponto de vista. Sem Lavos, nenhum dos dois chegaria a representar uma real ameaça.

É impossível falar do enredo desse jogo sem passar pelos seus momentos mais marcantes. 
De fato, se eu fosse falar de cada um deles, este texto acabaria se transformando em um detonado, não um Review. Sendo assim, tomemos o julgamento de Crono como exemplo.

O julgamento de Crono é impagável, um momento inesquecível que acontece logo nos primeiros minutos de jogo. Além de contar com uma das melhores músicas do jogo, ainda mexe diretamente com as ações do jogador. Explico: na feira do milênio nós esbarramos (literalmente) com uma garota loira portando um pendante. 

Um tempo depois, nós acabamos descobrindo que a garota na verdade é a princesa Nadia, do reino de Guardia. Ao levar Marle/Nadia sã e salva ao seu castelo, Crono é acusado injustamente de um crime que não cometeu, e deve correr contra o tempo para provar a sua inocência, enquanto tentar prender o verdadeiro culpado...

Brincadeirinha. Se Chrono Trigger tivesse um enredo clichê de filme da Sessão da Tarde como esse eu não estaria rasgando a maior seda pro jogo, não é mesmo?


Se você passou dessa parte sem se apaixonar pelo jogo,
desista e vá jogar Winning Eleven.

Falando sério agora: dependendo do que você fez enquanto estava na companhia da moçoila, o júri do castelo vai te considerar culpado ou inocente (na verdade o júri é comprado pelo chanceler corrupto do reino, então não importa qual o veredito: seu crime vai lhe render uma pena de morte pelas mãos do carrasco de Guardia).

Acho que foi a primeira vez que vi um jogo reagindo a decisões que eu havia tomado anteriormente. Algo bem bizarro nesse evento é a plateia, composta por fotos de pessoas quase reais, que destoam do tom semi super deformed do resto do jogo.

Ainda nesse mesmo tribunal, dá pra destacar a entrada triunfal de Marle (pelos vitrais, na ocasião em que seu pai, o rei de Guardia, prova um pouco do próprio remédio quando é acusado de vender um tesouro nacional que estava em sua posse) e a estada de Crono na prisão, seguida da luta em conjunto com Lucca na ponte, contra um dos chefes mais legais do game (se é que dá pra escolher um só).

Pra não tornar o texto maior do que certamente ele será, posso resumir os maiores pontos de destaque do enredo: a surra que o Robo leva de seus parças, no futuro de 2330 A.D; a conquista da Masamune; a chegada ao castelo de Magus; o confronto com Lavos; a queda do “meteoro” em 65.000.000 B.C; a morte de Crono; as asas da Epoch (ocasião em que Dalton acaba servindo pra alguma coisa no game); a ressurreição de Crono (sério? Você achou mesmo que ele permaneceria morto? Eu não, nem por um minuto...); a destruição do reino mágico de Zeal; a ascensão do Black Omen; e etc.


Uma das locações mais extraordinárias dos RPGs.

Pra finalizar esse parágrafo, gostaria de dizer que, apesar de contar com 14 finais (há rumores de que são 16, mas isso nunca foi confirmado), o fim “verdadeiro”, que mostra os personagens se despedindo na Feira do Milênio, é de arrancar lágrimas do mais frio dos jogadores. 

Chrono Trigger consegue estabelecer tão bem os personagens da história, que quando o jogo acaba simplesmente não queremos aceitar o momento da despedida. Fica impossível evitar de se pegar pensando: o que vai ser do Robo, naquele futuro tenebroso? E Ayla, se casará com Kino? Magus finalmente conseguirá encontrar a paz e salvar a sua sofrida irmã? Infelizmente, só nos resta começar novamente no New Game +, visto que sua sequência não se propôs a responder a essas questões.

Ainda falando de enredo, a simples descoberta de Lavos é a base para o altruísmo dos heróis do jogo, que possuem uma meta bem clara: impedir que aquele futuro terrível que conheceram por acidente se transforme em realidade na época em que eles vivem. Quando Crono e cia decidem o que deve ser feito, toca o tema principal do jogo, em um dos momentos mais empolgantes de toda a aventura. Dali em diante não tem mais jeito: Crono, Marle, Lucca e o Robo já conquistaram o jogador de jeito, e você se engaja na aventura como se fizesse parte da equipe.


É aqui que a escala do enredo pula do micro pro macro.

Chrono Trigger é um jogo que começa com um enredo pueril, tranquilo, quase inocente e desleixado, mas vai seguindo uma gradação de eventos locais que evoluem do clássico “salvar a princesa” ao também clássico “salvar o mundo do vilão que quer destruir geral”. É a jornada do herói em sua perfeita execução, e lembre-se do que eu disse sobre originalidade não ser necessária pra contar uma boa história.

Do ponto de vista do gameplay, o jogo conta com uma progressão de eventos perfeita: nenhum cenário é sub-utilizado narrativamente, como aconteceu com o primeiro Kingdom Hearts (você passava pelos lugares uma vez, e depois não tinha mais nada acontecendo lá). Você retorna aos lugares no momento apropriado do enredo.


É bom demais ver a turma toda reunida!

O jogo também dosa os elementos de drama na medida certa. Não consigo esquecer a linda frase proferida por Gaspar, o guru do tempo, na ocasião em que estamos lutando para trazer Crono de volta à vida: “Trazer de volta uma pessoa amada... é isso que todo mundo deseja... Crono deve estar orgulhoso de ter amigos como vocês. ”

Nesse momento, fica clara a química entre os personagens, que é arrebatadora e indescritível. É tocante a tristeza de Marle e o esforço de todos para trazer Crono de volta (até o insensível Magus ajuda na tarefa). O momento de seu retorno, com uma bela paisagem de eclipse ao fundo, é um dos mais bonitos e tocantes de todos os jogos da Square.


PERSONAGENS



Não dá pra falar de enredo e ignorar o maior de seus pontos fortes, os personagens. 
Muito antes de existirem nerds desocupadas que desmaiam só de ver alguém fazendo cosplay de Sephiroth, Chrono Trigger já trazia um elenco de personagens principais e NPCs que serviriam de base pra muita coisa do que veríamos nos jogos futuros da empresa. Aliás, isso não vale apenas pra personagens: Chrono Trigger, assim como Final Fantasy 6, traz muito da personalidade de seus sucessores, apesar de poucos se darem conta disso.

Então, sem mais enrolação, eu faço agora uma pequena apresentação de todos os personagens jogáveis do jogo, detalhando os momentos que eu achei mais legais na história pessoal de cada um.


CRONO

É o típico protagonista mudo bem comum nos jogos da década de 90. Pra falar a verdade, ele não é mudo, mudo, visto que ele responde quando Marle pergunta seu nome. A questão é que o jogo não mostra seus diálogos.

Mesmo sendo um mudinho ele impõe bastante respeito. É um espadachim de primeira classe, o que me faz perguntar por que raios ele nunca deu as caras em jogos como Ergheiz ou Dissidia Final Fantasy. Mas ok...

No jogo, Crono tem técnicas de espada e ataques de trovão, seu elemento nato.
Ele vive no ano de 1000 A.D, e sua história paralela é justamente quando ele está morto, e precisa ser revivido por seus amigos (e Marle, um óbvio interesse amoroso).
Ele possui uma das melhores técnicas duplas do jogo, com Ayla, o Falcon Hit.
É o segundo personagem mais forte do grupo, com status bem balanceados.

Mesmo quando puder trocar o líder, deixar Crono de fora é um grande erro que pode ser cometido pelo jogador. Além do mais, quantos protagonistas de RPG você conhece que possuem um jogo com seu próprio nome (Arc the Lad não conta!)?

Pra finalizar, ele é amante de gatos e tem uma mãe tão desnaturada que nem chega a perceber que seu filho foi apagado do continuum espaço-tempo. Vê se pode uma coisa dessas...




LUCCA












Mesmo sendo contemporânea de Crono, Lucca é uma inventora/cientista/programadora/física-nuclear/bióloga/geneticista que está bem à frente do seu tempo. É por causa dela e de sua máquina de teleportar que toda a confusão do jogo começa.

Lucca é bastante confiante em suas habilidades, intelecto e na ciência, podendo parecer até meio arrogante para alguns. Mas ela é uma personagem muito legal, divertida e interessante, não se deixe enganar. Alguns dos diálogos mais legais do jogo só acontecem com ela no grupo.

Em combate, Lucca é a personagem que eu menos gosto. Ela possui o elemento fogo, mas dispara magia através de sua arma laser (construída por ela mesma, só pra não esquecer). Sua técnica dupla mais forte é a Antipoda, em conjunto com Marle.

A história paralela de Lucca é a mais triste do jogo, e envolve um acidente que deixou sua mãe aleijada de uma das pernas. E o incrível é como essa história tem o potencial de deixar o jogador se sentindo o maior pedaço de lixo com um controle na mão, caso falhe em ajudar a mãe dela (o password é LARA...). Quem jogou sabe do que estou falando.

Sua amizade com o Robo é uma das mais bonitas, e eu vejo Lucca como o perfeito exemplo do amor que os cientistas deviam demonstrar pelo planeta e pelas criaturas que nele vivem.


MARLE

Marle, AKA Princesa Nadia, é o primeiro contato que Crono tem com um membro da realeza de Guardia. Ela possui um pendante fabricado com um material especial, que só pode ser energizado com a energia da Mamon Machine, no palácio de Zeal. É esse mesmo pendante que causa uma interferência na máquina de Lucca, mandando ela e Crono pra época de 600 A.D.

Marle é meio esquentada, de bom coração e não suporta o autoritarismo de seu pai, o rei. 
É por causa desses problemas que ela não pensa duas vezes ao partir em viagem com Crono, seu mais novo amigo.
Cansada de sua vidinha monótona de princesa e dos desmandos de seu pai, Marle vê em Crono uma chance de conhecer um mundo que lhe tem sido negado desde sua infância, depois que sua mãe faleceu.

Marle é ótima em combate, possui magias de água (sólida), de cura e assistência (como Haste). Ela usa uma besta e um vestidinho branco que devia ser um arraso há mil anos atrás. Ela não se contenta com a destruição do mundo, descoberta no ano de 2300 A.D, e arrasta Crono pelo braço para mudar a situação, o que faz dela uma das personagens mais determinadas da história.

Como eu já havia adiantado, a história pessoal de Marle envolve o julgamento de seu pai e algumas “revelações” bastante delicadas sobre as condições envolvendo a morte de sua mãe. Quem jogou vai entender o motivo das aspas (dica: tem a ver com o maldito chanceler que tem o péssimo hábito de virar Yakra, só pra variar...).


FROG












Também conhecido como Glen, Frog é um espadachim da guarda real do ano de 600 A.D. 
Ele lutava ao lado de seu mentor, Cyrus, quando testemunhou a morte de seu mestre e foi transformado em sapo por Magus.
A história de Frog, tanto a obrigatória do enredo quanto a paralela, é uma das mais intrincadas, envolvendo vários personagens-chaves na trama.

Um dos pontos mais altos do jogo é quando nós entregamos a Masamune consertada a ele, que a usa para abrir caminho para o castelo de Magus. Aliás, sobre o castelo de Magus eu tenho uma historinha (curta, não chata) para contar.

Era uma madrugada fria e silenciosa na minha rua. Sem ter que me preocupar com trabalho ou estudos naquela época, eu podia varar madrugadas jogando videogame e desbravando enredos maravilhosos nos jogos de RPG.
Quando eu cheguei ao castelo de Magus, fui tomado por uma sensação genuína de vazio e terror.

Almas torturadas imploravam por misericórdia, ao som de uma sinistra nota de órgão que deixava a tensão do ambiente cada vez maior. Pra passar pelo castelo, teríamos que derramar o sangue de 100 bestas e derrotar Ozzie, Flea e Slash, os três capangas de Magus (os nomes são referências mais que óbvias a músicos famosos da década de 80).

E eu enfrentei a solidão e o desespero da fortaleza de Magus, junto com Frog, Crono e sua determinação e coragem inquebrantáveis. Foi nessa hora que eu me rendi aos encantos de Frog e sua bela, porém triste, história de redenção e vingança contra aquele que o havia amaldiçoado, tendo a certeza de que havia presenciado um dos momentos mais marcantes em uma dungeon de RPG.

Bem, poesias à parte, Frog também é um espadachim, e dos bons. É um personagem que já esbanjava competência e presença de palco quando andróginos de cabelo fisicamente impossível como Sephiroth ainda usavam fraldas.
Em batalha, Frog lança magias de água (líquida) e de cura. Uma das técnicas mais icônicas da série é protagonizada por ele e Crono, a técnica dupla X-Strike.


ROBO

É um dos melhores personagens do jogo. Ele vive em um dos futuros mais tristes já retratados numa obra de ficção, e a parte em que ele é rejeitado pelos seus companheiros é uma das mais angustiantes do enredo. O ano de 2300 A.D é habitado por pessoas famintas, sem esperança de vida e sem uma boa razão pra continuar a viver.

A coisa tá tão preta que a determinação dos protagonistas é recebida com espanto pelos poucos habitantes que restam nos domos (versões futuristas dos antigos castelos e vilas medievais).

O futuro de 2300 A.D é a prova daquilo que eu falo sobre o diferencial de jogos como o próprio Chrono Trigger e Final Fantasy 10: eles contam histórias não sobre salvar o mundo (pois a merda já atingiu o ventilador de qualquer jeito), mas sim sobre melhorar as condições de vida das pessoas que vivem no planeta.

Nesse futuro distópico você pode até estar bem fisicamente, com MP e HP recuperado, mas sua barriga continuará roncando de fome. Some a isso um tema musical bastante deprimente, e está montado o palco para um dos panoramas mais aterradores já retratados em um RPG.

Lembra daquela coisa do Kefka, no Final Fantasy 6, de parar de latir e DE FATO acabar com o mundo? Então, foi a mesma coisa que aconteceu com o futuro de 2300 A.D, que se passa em uma linha do tempo na qual Lavos despertou sem ninguém para impedi-lo.

Em combate, o Robo é um dos personagens mais úteis de todos. Ele não pode soltar magias, então só resta a Spekio encaixar seus raios lasers na categoria Trevas. Ele ataca com seu punho e também possui “feitiços” de cura.

Sua história paralela envolve a descoberta de sua verdadeira função como máquina, bem como indagações sobre a natureza enigmática do ser humano.


AYLA












É o exemplo da maestria em criar ótimos personagens demonstrada pela equipe de roteiristas do jogo. Ela um tem jeito tosco, único e hilário de interpretar as coisas, sendo uma das personagens mais divertidas de se manter no grupo, dados seus comentários pertinentes sobre as mais variadas situações (ela chama a Epoch de pássaro gigante, e não consegue compreender o Robo em sua plenitude enquanto forma de vida artificial).

Então, lembra quando eu falei que Crono era o segundo personagem mais forte? Isso é porque o posto de primeiro mais forte pertence a Ayla, que luta apenas com as mãos e não pode soltar magia, valendo-se de ataques de força bruta e muita sensualidade pré-histórica (ela possui o único comando de roubar itens dos inimigos, o Charm).

Aliás, o engraçado dessa técnica e de sua magia de cura, a Kiss, é que Ayla pode usá-la em personagens femininas de todo o jogo, o que faz de Chrono Trigger o primeiro JRPG com beijo lésbico da história dos games!

Leseiras à parte, a época de Ayla (65.000.000 B.C) é recheada de grandes momentos, como a chegada de Lavos (que significa “grande fogo” na linguagem pré-histórica) e a fatídica festa com danças, música e campeonato de beber sopa direto da bacia!

Ah, e é claro que eu não podia deixar de citar aquela maravilhosa parte do passeio de pterodátilos, é claro. Eu falei que em Chrono Trigger, além de uma nave que viaja no tempo, nós podemos usar pterodátilos como meio de transporte, não falei? Agora você começa a entender o porquê de Chrono Trigger ser um dos melhores jogos da história, não é mesmo?

A trama paralela de Ayla se desenrola ainda no tronco principal do enredo, e conta a triste história de Azala e do povo dinossauro (que são de crucial importância pro futuro enredo de Crono Cross).
A extinção de Azala e seu povo, diante da catástrofe trazida por Lavos, é tão triste e inexorável quanto qualquer história de extinção consegue ser na vida real.

Nós não temos futuro...”


MAGUS

É um dos personagens mais importantes para o enredo. Magus é um ser pertencente a uma raça de seres mágicos, humanoides, que vivem na época de 12.000 B.C (conhecida como Idade das Trevas). Ele é filho da rainha louca de Zeal, e irmão de Schala, que é usada pela própria mãe em sua busca insana por uma forma de se tornar imortal usando o poder de Lavos, que nessa época ainda se encontra enterrado no centro da Terra, acumulando energia para gerar suas crias e destruir tudo que estiver ao seu alcance.

Usar uma criatura que só traz morte e destruição para alcançar a vida eterna... Precisa dizer que não tinha como uma ideia dessas dar certo, precisa?

Bem, o fato é que a rainha Zeal enlouquece de ganância por poder, e Magus (e seu gatinho de pelo roxo) vai parar no ano de 600 A.D, por meio de um portal aberto por Lavos. E é aí que toda a zoeira começa pra valer, com meio mundo de gente adorando Magus e achando que ele é o responsável pela criação de Lavos.

Magus vive (ao menos quando criança) em uma cidade flutuante no reino de Zeal. 
Diferente do que veríamos em jogos futuros da empresa (como Final Fantasy 8), Zeal é um lugar onde a prosperidade foi alcançada com o avanço da magia, não da ciência.

Um dos momentos mais marcantes dessa era é a destruição das ilhas flutuantes, na ocasião em que a rainha de Zeal (eu já mencionei que ela é louca?) falha miseravelmente em usufruir do poder de Lavos.

Janus, quero dizer, Magus, usas magias do elemento trevas, e com certeza pode ensinar um truque ou dois ao mestre da guerra Spekio. Em combate ele ataca com uma foice, e sua mágica Dark Matter é um dos ataques mais acavalados e poderosos do jogo. Por ser um perito em magias, Magus possui nível dois em magias de todos os elementos, o que o torna um dos personagens mais versáteis pra se ter no grupo.

Sua história paralela está intrincada demais ao enredo principal, e o paradeiro dele e de sua irmã são duas coisas que permanecem no mais absoluto segredo na história da franquia...



GRÁFICOS



Chrono Trigger, ao lado de outros jogos como Final Fantasy 6 e Super Mario RPG, figura como um dos jogos mais bonitos que o finado (mas eterno) Super Nintendo teria o prazer de abrigar.

Não é exagero nenhum dizer que o jogo representou uma revolução pra época de seu lançamento (1995), sendo muito bonito mesmo nos dias de hoje, com efeitos bastante variados de transparência, rotação de "câmera" e até uma pequena CGI que mostra a chegada de Lavos ao planeta.

Além de possuir efeitos muito bem trabalhados, variados e impactantes (como os raios laser do Robo e as animações de técnicas duplas), o jogo conta com cenários ricamente coloridos e detalhados, como a linda paisagem que embeleza a ponte de Zenan. Não posso deixar de citar também o tamanho dos Sprites de alguns chefes, que quase não cabem na tela de tão grandes.

Além disso tudo, o jogo conta com uma grande variedade de ambientes e design de fases, como o mundo jurássico, o futuro apocalíptico do Robo, a cidade flutuante de Zeal, a era medieval de Crono, Marle e Lucca, e por aí vai.


Usando e abusando do limite de cores do SNES.

Neste aspecto não tem muito do que reclamar ou salientar: Chrono Trigger era o tipo de jogo que fazia os donos do SNES terem orgulho do console que haviam trazido pra casa (ou ganhado de presente dos pais).

Vale ressaltar, em tempo e já que eu falei de design, que Chrono Trigger possuía um diferencial com relação a outros jogos do gênero (e até em relação a jogos da própria Square), visto que ele adotava um estilo mais realista e menos infantil no design de seus personagens (criado por Akira Toryama em pessoa).

As animações aconteciam de forma fluída e em tempo real nas batalhas (nada de personagens sacudindo uma arma pra acertar o inimigo de longe, com uma cortada de ar).



SOM



O que esperar de um dos melhores compositores de game music em uma de suas fases mais inspiradas? Uma trilha sonora soberba e impecável, é claro.

Nobuo Uematsu prova que mereceu cada centavo dos cheques que recebia da Square, e presenteou o jogador com uma das melhores trilhas já compostas pra um RPG japonês. E é com bastante firmeza e convicção que eu profiro a frase a seguir (o que seria dos Reviews Supremos sem as frases em negrito?):

CHRONO TRIGGER NÃO POSSUI UMA MÚSICA RUIM SEQUER EM TODA SUA OST!!!

Foi isso mesmo que seus olhos cansados por esta longa leitura leram: a trilha sonora deste game é uma das mais perfeitas, inspiradas e bem compostas que eu já tive o prazer de ouvir em minha vida de jogador de videogame.

A começar pelos temas principais dos nossos personagens, Chrono Trigger conta com faixas que casam perfeitamente com os diversos momentos que serão vividos no jogo (tensão, medo, galhofa, amistosidade, estranheza, perigo, tristeza...).

A trilha sonora desse jogo é tão perfeita, que algumas de suas faixas foram reaproveitadas na continuação do jogo, Chrono Cross, visto que seria um desperdício usá-las em apenas um jogo.


Um dos momentos mais marcantes na trilha do game.

Claro, existem faixas na OST do jogo que você não vai querer colocar no seu tocador de MP3 (como o tema de Johny, o robô motoqueiro), mas a quantidade de temas clássicos e épicos nessa trilha é tamanha, que não é surpresa nenhuma que alguns desses temas tenham servido de base pra muito do que ouviríamos em jogos como Final Fantasy 8 e outros.

Como destaque, posso citar o tema de Frog, de Lucca, do Robo, da era pré-histórica, da batalha contra Magus em seu castelo, do continente flutuante de Zeal (que me lembra muito o estilo de música da franquia Donkey Kong Country); bem como a melhor faixa do jogo: Undersea Palace, o tema do palácio que abriga a rainha Zeal (eu tenho certeza que não esqueci de mencionar que ela é louca...) e sua Mamon Machine de estimação.

Abaixo segue o link pra você conferir essa obra de arte dos 16-bits, que me lembra muito faixas como a Lunatic Pandora, do já citado FF8, e conta com uma melodia que consegue ser linda, triste, angustiante e hipnótica ao mesmo tempo.




Pra finalizar esse tópico, que também não tem muito o que desenvolver, eu só posso concluir que tamanha façanha na qualidade das faixas foi alcançada devido à possibilidade da instalação de chips de som dedicados, nos cartuchos de SNES. E doses cavalares de inspiração e talento por parte do mestre Nobuo Uematsu, é claro...



SISTEMA



Chrono Trigger é um RPG como todos os outros que você já jogou, na mesma linha da série Dragon Quest. Como os poucos diferenciais em seu sistema, posso citar as batalhas, que podem ser evitadas ao não encostar nos inimigos presentes nos cenários; e um detalhe ou outro que agora me foge à memória. De resto, ele é exatamente igual a outros jogos do mesmo estilo: você mata monstros, ganha XP pra subir de nível e pontos de técnica para aprender novas habilidades.

O charme da franquia (se é que dá pra chamar um jogo apenas de franquia) reside nas técnicas duplas e triplas, um sistema que usa dois ou três personagens do seu time (que comporta apenas três participantes por vez) para realizar ações as mais diversas em batalha.

Falando em batalhas, as lutas contra os chefes são bastante desafiadoras. Um conselho que eu dou: não brinque com este jogo, principalmente se for a sua primeira jogada. 
O confronto com os Golens Gêmeos, só pra citar um de muitos exemplos, é tão difícil que me deixou preso por um tempinho nesta última jogada (tive que partir em busca dos tesouros selados com a marca de Zeal pra ter uma chance contra eles).

E olha que CT é um jogo que eu já perdi a conta de quantas vezes fechei do começo ao fim. Não que ele seja um jogo absurdo em seus desafios e dificuldade, longe disso.
Só estou dizendo que você não deve esperar que sua primeira jogada (antes de abrir o New Game +) seja um passeio no parque.


O diferencial de mercado de Chrono Trigger...

Aproveitando o ensejo, o New Game + foi também a grande marca registrada do jogo. Nele, o jogador pode concluir o jogo e começar um novo arquivo, preservando todos os itens que possuía (na verdade há uma exceção: os itens roubados de Ozzie, Flea e Slash somem toda vez que você recomeça), bem como habilidades e nível de experiência. 

Claro que a aquisição de personagens continua sendo limitada aos momentos do enredo, então não espere derrotar o chefe Masa e Mune com Ayla no seu grupo.

O New Game +, ao menos até onde meu parco conhecimento de games alcança, era um recurso inédito até então (ao menos em JRPGs), e acho que ele combina demais com um jogo que fala sobre viagem no tempo. É como se Crono estivesse em um looping temporal, ou numa versão estendida de  o Dia da Marmota, e cada momento que você começa a jogar novamente fosse apenas uma das muitas possíveis linhas temporais que podemos encontrar.


Game Over pra Lavos: o final mais fácil de fazer de todos.

Na parte dos diferenciais, Chrono Trigger também contava com um dos grandes: o game possui 14 finais praticamente distintos uns dos outros, sem sombra de dúvidas um dos maiores recordes no gênero até então.

Basicamente as mudanças acontecem dependendo do momento que você escolhe pra derrotar Lavos (graças ao New Game + é possível chutar o traseiro dele assim que chegamos ao End of Time) e do meio pelo qual você chega até ele (pelo baldinho ?!?, pela Epoch no ano de 1999, ou pela progressão normal do enredo).

De resto não há muito o que acrescentar. A versão original, do SNES, é impecável e, mesmo nos dias de hoje, ainda se configura como a melhor maneira de aproveitar o jogo em sua plenitude. A versão de Nintendo DS eu não joguei (bem como a dos celulares), então prefiro não opinar, mas sobre o port para Playstation 1 eu tenho algumas considerações a tecer, que valem um tópico à parte.



A FATÍDICA VERSÃO DE CHRONO TRIGGER PARA PSONE...



A época era a de lançamento de Chrono Cross, e o magnífico Playstation 2 já acenava de um futuro não muito distante. Foi então que a Square pensou: “e se a gente lançasse uma versão de Chrono Trigger para Psone, visto que muitos donos desse console não chegaram a conhecer o jogo original?"

Decidida a ganhar uns trocados a mais, a empresa levou a ideia adiante. Mas não bastava apenas jogar. A geração do Psone foi uma em que os gráficos em 2D estavam sendo substituídos por gráficos em 3D, poligonais, então é de se imaginar que muitos jogadores torcessem o nariz para um joguinho de sprites com visual datado, não importa quão bom esse jogo fosse.

Foi então que surgiu a ideia de adicionar cenas em anime dentro do jogo, pra dar uma apimentada legal na experiência (apresentando o game a quem ainda não conhecia, ao mesmo tempo que dava um boost na experiência de quem já havia jogado).

Até aí tudo bem. Não tenho nada contra belas cenas em anime com o estilo de animação do talentoso Akira Toryama. O problema foi a bomba que viria junto com o pacote...


A má vontade da equipe que converteu o jogo não conseguiu diminuir
a grandeza desse excelente jogo. Mas prefira a versão original.

Pra resumir de um jeito bem direto: A VERSÃO DE CHRONO TRIGGER PARA PSONE TRAZ LOADS ESCROTOS PRA TUDO QUE VOCÊ VAI FAZER NO JOGO.

Para entrar e sair no menu, salvar o progresso, sair da batalha, entrar em uma batalha, começar uma cena, tudo foi atravancado por um tempo de carregamento que simplesmente não existia na versão original. Isso sem falar na queda de frames nas caixas de diálogos e nas engasgadas durante as cenas em anime...

Fico pensando como a Square conseguiu duas façanhas destas ao mesmo tempo: a de criar o jogo perfeito; e a de estragá-lo de forma descomunal com um dos piores ports de Psone já vistos. Não, eu nunca vou me conformar com isso. SIMPLESMENTE NÃO HÁ DESCULPAS QUE JUSTIFIQUEM UMA CAGADA DESSAS. Sério: como os caras conseguiram ser tão amadores, a ponto de piorar um jogo que devia rodar liso nos 2MB de memória do primeiro console da Sony?

Mas Shadow, o Psone não foi feito pra rodar games em 2D. Deixe de ser um chato resmungão”. Ah, é mesmo? Jura que o Psone não consegue rodar gráficos 2D lisos, sem load e queda de frames? E quanto ao Castlevania Symphony of the Night? Esse exemplo tá de bom tamanho pra você? Se não, eu invoco ao campo de batalha argumentativa o excelente port que a Capcom fez do Street Fighter Alpha 3.

Vejam só: a Square considera CT como parte da
série Final Fantasy. Quem diria...

A bagunça técnica que a empresa fez com o jogo é tanta a ponto do jogador ter que planejar as vezes que vai mexer em menus, pra poder fazer tudo de uma tacada só e evitar de ficar abrindo o menu, só pra aguentar uma espera que nem devia estar lá. É triste jogar um jogo pesado, em 3D, como Final Fantasy 9, e constatar que a tela de seu menu é mais rápida que a de um jogo lançado pra SNES cinco anos antes. Uma vergonha, sem mais nada a acrescentar...

Como parte das novidades dessa versão toda cagada, há um sistema de extras que eu simplesmente não entendi. Ele gera um save de sistema para guardar as cenas que você assistiu, as músicas e outras coisas mais, mas eu completei o jogo e ele não liberou as músicas que eu com certeza ouvi ao longo da jornada. Também acho que a versão que baixei da PSN veio bichada, pois a maioria das cenas em anime simplesmente não aconteceram. Mas, vindo de uma versão porca como esta, o simples fato de eu ter conseguido terminar o jogo sem problemas já foi mais que uma surpresa pra mim.



CONSIDERAÇÕES FINAIS ACERCA DO MEU REVIEW SUPREMO 
DE CHRONO TRIGGER


Eu sou um cara bastante exigente pra julgar coisas. Coisas das quais eu gosto e entendo nem se fala. 
Atribuir notas a jogos é algo que eu levo muito a sério. Eu simplesmente detesto sites de análises que saem distribuindo notas 10 de forma irresponsável a qualquer jogo que veem, por mera empolgação do momento.

É fácil se entusiasmar com aquele jogo super legal que está consumindo horas dos seus dias e fazendo o entretenimento de games valer a pena. Mas é sempre bom lembrar que jogos são produtos, e devem ser tratados como tal. Uma nota mal-atribuída a um jogo tem o potencial de iludir um possível comprador, e todos sabemos que jogos não são nada baratos no nosso país.

Quem acompanha o blog sabe que eu não costumo atribuir nota a jogos alvos de Reviews Supremos, visto que este formato de texto existe simplesmente pra que eu possa escrever pelos cotovelos sobre um jogo que, não necessariamente por motivos técnicos, me conquistou de forma sem igual.

Pois bem, pra Chrono Trigger eu preciso abrir uma exceção (que eu acho que dificilmente abrirei pra outro jogo).

NOTA FINAL: 10,\0/

Sim, é isso mesmo que você acabou de ler. Pode confiar nos seus olhos.

Pra minha pessoa, Chrono Trigger é o jogo perfeito, sendo mais que merecedor da nota máxima nunca atribuída a outro jogo aqui no blog.


Top 10 melhores RPGs de todos os tempos, fácil fácil...

Chrono Trigger é um fenômeno sem igual na indústria de JRPGS. É um game no qual eu procuro falhas e simplesmente não consigo achar. Vale cada pontinho dessa nota 10,0 dada a ele, com toda a segurança de não estar exagerando em meu julgamento, pelo simples fato de que ele é bem-sucedido em todos os aspectos a que se propõe a entregar ao jogador: tem uma história simples, mas sólida e bem desenvolvida. 

Conta com um elenco de personagens inesquecíveis, gráficos e trilha sonora absolutas e um sistema que, apesar de parecer modesto pros padrões de hoje, se encaixava como uma luva em um projeto que pretendia criar sua própria mitologia, sem depender das raízes da outra franquia da empresa (estou falando de Final Fantasy, dããããã!).

Com o perdão do clichê, rejogar Chrono Trigger é como fazer uma viagem ao passado. Este jogo é o produto de uma época na qual os criadores não precisavam dar satisfação acerca de suas obras em redes sociais, uma época em que a sombra da dúvida passava longe de qualquer jogo da Square e, como eu disse lá em cima, no rodapé do texto, a marca da empresa significava um verdadeiro atestado de qualidade a qualquer jogo que a carregasse.


Frog, o mito, a lenda viva!

Pra confeccionar Reviews Supremos eu sigo a regra de sempre jogar o jogo antes, pra avivar as memórias com o game em questão e desenterrar elementos da minha experiência pessoal que venham a enriquecer o texto (como a historinha chata sobre o cartucho).

Meu medo, dessa vez, era jogar Chrono Trigger novamente e não sentir o mesmo encanto de 15 anos atrás, quando consegui o cartucho de SNES. Mas, depois do arrepio que senti vendo a abertura do jogo novamente eu fiquei bastante tranquilo e aliviado, pois tive a certeza de que eu estava para testemunhar uma reprise de um dos maiores jogos de videogame já feitos.

É DISSO que é feita a essência de um verdadeiro clássico: não importa quanto tempo se passe: quanto mais você joga, mais você gosta de Chrono Trigger. Em vez de sentir pesar pelo jogo ter envelhecido, o jogador termina a jornada com a certeza de que uma qualidade absurda foi alcançada naquela época remota da indústria dos games.

Poucos jogos me fazem sentir algo parecido. Por isso, é com bastante felicidade que eu venho reiterar que Chrono Trigger é o jogo que merece ganhar uma nota inédita na história do blog e seus cinco anos de idade.


Mudei de ideia. Esse jogo não precisa de remake. Ele é perfeito
do jeito que foi concebido. A tela de abertura é uma prova disso!

Pra finalizar e não ficar batendo na mesma tecla de perfeição isso e soberbo aquilo, eu acho engraçado em ver pessoas salivando por causa de um já certo remake de Final Fantasy 7. De forma alguma eu estou querendo desmerecer aquele excelente jogo (que eu estou jogando pela segunda vez, agora no PS3), mas eu trocaria ele fácil fácil por um remake de Chrono Trigger. Claro, isso é uma questão de gosto pessoal, e se os dois projetos pudessem acontecer sem que um impedisse a existência do outro, eu me daria por satisfeito duplamente.

O sentimento com esse jogo é tanto que não é de se surpreender que outras pessoas tenham tido a mesma ideia. É o caso de Chrono Trigger Ressurection, um projeto encabeçado por fãs que foi sutilmente convidado a ser fechado, pelos advogados da Square (agora Enix). Pra quem não conhece, eu deixo a janela com o vídeo de como seria esse sonho aí embaixo:





Na mesma pegada de RPG old school, saiu em 19 de julho deste ano o jogo I Am Setsuna, que prometia resgatar o mesmo feeling de jogos como Chrono Trigger, mas que não conseguiu muito sucesso em sua empreitada (haja vista as notas mornas que recebeu em vários veículos especializados). O que é uma pena, visto que eu nutria grandes esperanças de que o jogo, ao menos, se firmasse como uma franquia que vem pra provar que esse estilo ainda tem um lugarzinho nos dias de hoje.

Mas sobre I Am Setsuna eu falarei melhor depois, quando jogar e comprovar sua qualidade com meus próprios olhos.
Obrigado a todos que leram até aqui, espero que eu tenha conseguido expressar uma fração do quanto eu gosto de Chrono Trigger, e nos vemos no próximo Meu Review Supremo.


Au Revoir!

7 comentários:

  1. Bom review. Fazia um tempo que não lia o este blog. Acho que parei na época do anúncio de que iria acabar. Foi mais ou menos na época que encerrei meu blog cubagames. Como eu ainda tinha o favorito guardado, resolvi reabrir esses dias e notei que tinha conteúdo novo e passei a ler algumas coisas.

    O que me impressiona em Chrono Trigger é que ele conseguiu melhorar várias mecânicas típicas dos jRPGs da época a ponto de ser um dos únicos jogos do gênero que me agrada.

    Eu não tenho paciência para jogar a maioria dos rpgs japoneses por serem meramente uma novelinha com batalhas. São praticamente visual novels com um pontinho a mais de gameplay, a ponto de eu mal conseguir classificar vários desses jogos como "jogos" de fato.

    Pra mim, a semi-linearidade, a possibilidade de visitar os mapas anteriores, as diferentes side-quests e npcs variados dão ao CT uma variedade de jogo que até hoje é difícil encontrar em outros jogos do gênero.

    É realmente uma pena ver que poucos rpgs foram influenciados por Chrono Trigger e até hoje usam sistemas arcaicos de batalhas aleatórias e personagens fixos, além de uma aventura 100% linear.

    Aliás, eu joguei um pouco a versão no DS por emulador e está tão boa quanto a do Snes, porém, conta com as cenas de animação do PS1 e finais extras. Talvez essa do DS seja a versão definitiva.

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  2. Bem-vindo de volta Fernando. Infelizmente eu não joguei a versão do DS, então não posso opinar. Só sei que a do PSone é horrenda, como eu expliquei no texto.

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  3. Shadow, você ja pensou em fazer um review supremo de: ALIENS: COLONIAL MARINES ?

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  4. Esse jogo foi o primwiro jogo que eu joguei na minha vida.


    Shadow, você não pensa em fazer um review supremo do jogo aliens colonial marines ?

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  5. Eric, confesso que passei um tempinho indeciso entre o botão de "publicar" e o de "marcar como spam" quando vi o seu comentário na minha caixa de email.
    Pelo benefício da dúvida, decidi partir do pressuposto de que você não está me trollando na sua pergunta. Então, pra fazer um review do Colonial Marines eu teria que jogá-lo primeiro, coisa que eu não fiz. Pra entender os motivos, leia este post antigo aqui: http://maisumblogdegame.blogspot.com.br/2013/02/fugindo-de-alien-colonial-marines.html

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  6. Este é, facilmente, um dos melhores RPG's já lançados. Minha equipe favorita é Chrono, Robot e Ayla, com o dano físico mais forte do jogo mas uma deficiência no dano mágico.
    Ainda sim, sinto falta de uma linha temporal em que Chrono e Lucca ficam juntos.

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    1. Acho que é porque a amizade deles é muito forte, então não rola atração. rsrsrsrsrsrs

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