Houve uma época áurea em
que um nome apenas bastava. Quadrado, ou melhor, Square. Square Soft, pra ser
mais exato. Nada de fusões empresariais ou firulas para se tornar uma mega produtora
da indústria dos games. Foi uma época em que tudo que saía daquele modesto
estúdio japonês era ouro. Uma época em que a marca Square não era apenas uma
reles logomarca, e sim um verdadeiro selo de qualidade.
Foram nesses gloriosos
tempos que o talento de uma equipe composta por alguns dos maiores nomes da
indústria dos JRPGS deu à luz a Chrono Trigger, o jogo dos sonhos, criado pela
equipe dos sonhos.
Eu já falei um pouco
sobre a formação do time que viria presentear os jogadores de RPGs japoneses
com um dos melhores jogos já feitos. Isso aconteceu no meu review de Chrono
Cross, a sequência não-tão-boa-mas-ainda-assim-excelente que carregou o
terrível fardo de tentar fazer melhor que o melhor que pôde ser feito na época do SNES
Por essa razão, não
vou me prolongar muito contando a história de todos os trâmites que levaram a
Square a reunir um time super mother fucker de talentosos artistas pra compor a
sua obra máxima. Se quiser saber um pouco mais, leia o texto do Chrono Cross
AQUI. Ou então procure por algum site de retrospectiva, ou história dos games. Esse simplesmente não é o foco do meu blog.
E que comece o Meu Review Supremo de Chrono Trigger.
E que comece o Meu Review Supremo de Chrono Trigger.
HISTORINHA CHATA SOBRE A AQUISIÇÃO DO
CARTUCHO DE CHRONO TRIGGER
Ah, como eu estava sedento por contar uma Historinha Chata em um dos meus textos. Já faz tanto tempo desde a última, que eu já tava ficando com saudades...
E se prepare, pois
essa vai ser bastante longa, então arrume um par extra de almofadas, pra não dar
dor no pescoço e nas costas, e venha se perder nos devaneios do titio Shadow.
O ano era 2001. Eu e
um amigo meu jogávamos todos os RPGs que podíamos encontrar pela frente (o que,
no meu caso, dava um total de aproximadamente zero). Ambos possuíamos um Super
Nintendo, e só deus sabe como era difícil aqui na minha região encontrar
cartuchos de RPG para este console.
Lembre-se que estamos falando de uma época em que não havia disponibilidade de sites como o Mercado Livre para encontrar esse tipo de joia rara dando sopa por aí. O máximo que podíamos fazer era rezar para que aquele dono tosco de locadora achasse uma boa ideia adquirir um cartucho que poucos locatários teriam interesse em alugar (lembre-se que, há muito pouco tempo atrás, RPGs eram uma coisa de NERDs sem vida social, vista como perda de tempo por 90% dos jogadores de videogame).
Lembre-se que estamos falando de uma época em que não havia disponibilidade de sites como o Mercado Livre para encontrar esse tipo de joia rara dando sopa por aí. O máximo que podíamos fazer era rezar para que aquele dono tosco de locadora achasse uma boa ideia adquirir um cartucho que poucos locatários teriam interesse em alugar (lembre-se que, há muito pouco tempo atrás, RPGs eram uma coisa de NERDs sem vida social, vista como perda de tempo por 90% dos jogadores de videogame).
Meu primeiro console, com muito orgulho! |
Então, esse meu amigo,
que possuía um Psone engavetado (problema no canhão) e já conhecia maravilhas
como Final Fantasy 7 e Tactics, certa vez comentou que conhecia um cara, que
conhecia um cara, que tinha um cartucho de um RPG lá da Square, que ninguém
conhecia muito bem na época (mais uma vez, lembre-se: estávamos em uma época em
que a expressão 1MB de velocidade era sinônimo de banda “larga”).
Ele (meu amigo)
descrevia várias situações que ocorriam no jogo, e eu só podia imaginar como
eram todas aquelas aventuras épicas possibilitadas pelo melhor que os 16-bits
podiam nos oferecer. Sim, eu já havia jogado RPGs antes. Chrono Trigger NÃO foi
meu primeiro jogo nesse estilo (acredite, foi o Super Mario RPG, em um emulador
de SNES, na casa de outro amigo). Pra falar a verdade, eu já tinha visto um pouco
do também ótimo Final Fantasy 6 antes mesmo do Super Mario RPG. Mas essa era a
primeira vez que eu tinha a chance de jogar um jogo de RPG para um console o
qual eu possuía.
Pois bem, esse tal
carinha que tinha o cartucho (original) de Chrono Trigger era vizinho do meu
amigo, que havia se mudado pra perto da minha casa havia uns meses.
Ele tinha meio que
perdido contato com o cara, mas insistente pra caramba que sou, infernizei o
meu amigo até que ele concordasse em ir lá no apartamento do sujeito pra que ele nos
emprestasse o cartucho.
Nem acredito que tive essa belezura nas minhas mãos... |
O fato é que eu tive
que ir na casa do sujeito sozinho, equipado apenas com a cara e a coragem (acho que meu amigo
tinha noção de que pedir um cartucho raro desses emprestado era o mesmo que
pedir pra tirar a virgindade da noiva do seu melhor amigo antes dele, na lua de
mel, e por isso me mandou lá sozinho...). E, lembrando dessa história, até hoje
eu me pergunto como o cara não me recebeu com uma shotgun e um saco de dois
quilos de sal na mão...
Imagina a cena: “Bom dia, sr. Fulano que eu nunca vi antes na
minha vida! Você, por obséquio, poderia fazer a gentileza de emprestar seu
cartucho raríssimo a um total estranho que você não sabe se vai voltar a ver novamente
algum dia na sua vida”?
Sério, eu já me meti em cada situação por causa de jogo de videogame que se eu fosse parar pra computar, chegaria à conclusão de que é um milagre o simples fato de eu ainda estar vivo...
Sério, eu já me meti em cada situação por causa de jogo de videogame que se eu fosse parar pra computar, chegaria à conclusão de que é um milagre o simples fato de eu ainda estar vivo...
O caso é que, além de
o sujeito não soltar os cachorros em cima de mim, ele foi bonzinho e me
informou que na verdade o cartucho não era dele, e sim de um moleque que ele
conhecia, que morava num bairro perto do meu. Como cara-de-pau pra caramba que
sou, decidi visitar o moleque na esperança de que ele concordasse em trocar o
cartucho dos sonhos por um saco de pipoca e uma caixa de chicletes. E foi mais
ou menos isso que aconteceu, pra falar a verdade...
Descanse em paz, KI. Você mais que cumpriu com o seu propósito. |
Como o perigo de levar
um tiro já havia passado, meu amigo resolveu me acompanhar nessa visita.
Levamos alguns jogos para convencer o pimpolho, caso seu fraco fosse quantidade
ao invés de qualidade. Entre as pérolas estavam: Super Mario World, do meu
amigo (um jogo ótimo, mas que todo mundo que tinha um SNES já possuía, pois vinha
junto com o console) e Killer Instinct, meu, um jogo razoável, mas que nem de
longe vale a troca por um jogo do naipe de Chrono Trigger.
Ao chegarmos à casa do
moleque, mais uma reviravolta na nossa jornada pelo cartucho dos sonhos: o jogo
era do pirralho, mas quem jogava era o pai dele, que não entendia bulhufas de
inglês e anotava trechos dos diálogos pra traduzir no trabalho, na esperança de
conseguir prosseguir no enredo.
O fato é que o moleque
ficou praticamente mesmerizado pelos belíssimos gráficos pré-renderizados
entregues pela expertise da Rare, e seu pai não teve escolha senão fazer os
gostos do seu filho, aceitando trocar o cartucho (uma vez que ele estava preso
mesmo, e não conseguiria terminar o jogo...). Muito obrigado à Rare pelo
domínio do hardware do Super Nintendo. E eu acho que eu nunca fiquei tão feliz
na vida pelo fato de alguém ser analfabeto na língua inglesa como naquele
dia...
Depois disso foi só
alegria: no caminho, já de posse do cartucho e meio que sem acreditar na sorte
que tinha dado, eu não conseguia apagar o sorriso do rosto, mesmo com meu amigo
pedindo educadamente para que eu tentasse parar de rir por um minuto. Como sem
ele (meu amigo) nada disso seria possível, decidimos que o cartucho ficaria
conosco em dias alternados, começando por ele.
Olha aqui o verdadeiro culpado pela perda do cartucho. |
O tempo foi passando,
e eu já havia feito praticamente tudo que há pra se fazer no jogo. A aurora de
uma nova era de jogos acenava na minha casa, com meu irmão decidido a comprar
um computador e se livrar do Super Nintendo (uma blasfêmia terrível que só uma
pessoa insana pode pensar em cometer).
Como o advento do PC
nos possibilitava uma gama praticamente infinita de jogos (por meio da
frondosidade dos emuladores), eu decidi que seria justo passar a guarda do
cartucho definitivamente para o meu amigo, que não deu muita bola (pois já
havia substituído o Psone defeituoso por um novo) e se livrou do artefato de
uma forma banal e revoltante (ao menos pelo meu ponto de vista): ele trocou um
cartucho original de um dos melhores jogos já feitos por meros pedaços de papel com números e palavras escritos neles, que alguns conhecem pela alcunha de "dinheiro"...
Apenas finalizando a
Historinha Chata, gostaria de agradecer ao meu amigo e a todos os envolvidos na
minha jornada épica pra conseguir pôr as mãos em um dos meus jogos preferidos
de todos os tempos (mesmo que eu ainda não soubesse disso na ocasião). E já que contei a minha jornada épica com o jogo, é chegada
a hora de contar a jornada épica de Crono e seus amigos na luta contra o
devorador de mundos, Lavos.
HISTÓRIA
Chrono Trigger tem
como tema principal as viagens no tempo. Ele começa de uma forma espetacular,
calorosa e totalmente familiar a todos aqueles que já foram acordados pela
própria mãe, em uma manhã ensolarada de verão.
Balões voam no céu. Fogos
de artifício espalham uma nuvem de gaivotas pelo ar. Doces são vendidos às
crianças. Competições de beber refrigerante são disputadas com sangue nos olhos
pelos participantes da Feira do Milênio. Não há tempo pra perder dormindo: a
inventora Lucca precisa de voluntários para demonstrar a sua fantástica máquina
de teletransporte. E assim começa uma das jornadas do herói mais épicas de
todos os tempos.
Lembra daquela coisa
que eu sempre falo em meus textos, que eu não dou tanta importância assim à
originalidade em uma obra? Então, jogos como God of War e Chrono Trigger são o
exemplo perfeito disso: ele conta uma história “manjada” de viagem no tempo de
maneira espetacular, provando que falta de originalidade pode ser superada por
uma perfeita execução. É como eu sempre digo: viagem no tempo já não era
novidade quando CT foi lançado, mas sua maestria fez toda a diferença no
resultado final do jogo.
"Mas mãe, hoje não tem aula! Só mais um pouquinho!" |
De fato, acho que CT é
uma das poucas obras a abordar o tema (viagem no tempo) sem ter uma história
confusa, cheia de twists exagerados ou abusar de clichês.
Muito pelo contrário:
chega uma hora que tudo será explicado de uma forma bastante respeitosa com a
capacidade cognitiva do jogador, sem inundá-lo com excesso de informação de uma
vez só. Lavos, o “vilão” principal do enredo, é descoberto ainda no futuro, quando
nosso grupo de personagens vai parar lá por acidente.
O carrapatão intergaláctico
é um dos meus “vilões” preferidos da Square. E o motivo das aspas é que, assim
como Yu Yevon do Final Fantasy 10, Lavos é amoral (note que eu falei Amoral,
não Imoral). Ele não tem uma motivação típica de chefes finais de RPG (do tipo:
destruir o mundo, o universo ou conquistar a nação rival de seu país).
Ele nem sequer TEM uma
motivação que não a biológica. É um organismo parasita que migra de planeta em
planeta, consumindo a energia do centro da Terra e partindo pra depenar o
próximo (qualquer semelhança que Genova tenha com este aqui NÃO é mera
coincidência...).
Lavos é assustador a seu modo. |
Além de tudo, Lavos é apresentado logo no começo do jogo, sendo um antagonista muito bem-estabelecido no enredo, que não sai de cena em momento algum, permeando todos os acontecimentos e motivações na trama, seja direta ou indiretamente.
Claro, o esquisitão
Magus e a insana rainha de Zeal podem ser considerados os verdadeiros antagonistas da história, mas isso é apenas uma questão de ponto de vista. Sem Lavos, nenhum
dos dois chegaria a representar uma real ameaça.
É impossível falar do
enredo desse jogo sem passar pelos seus momentos mais marcantes.
De fato, se eu fosse falar de cada um deles, este texto acabaria se transformando em um detonado, não um Review. Sendo assim, tomemos o julgamento de Crono como exemplo.
De fato, se eu fosse falar de cada um deles, este texto acabaria se transformando em um detonado, não um Review. Sendo assim, tomemos o julgamento de Crono como exemplo.
O julgamento de Crono
é impagável, um momento inesquecível que acontece logo nos primeiros minutos de
jogo. Além de contar com uma das melhores músicas do jogo, ainda mexe diretamente
com as ações do jogador. Explico: na feira do milênio nós esbarramos
(literalmente) com uma garota loira portando um pendante.
Um tempo depois, nós acabamos descobrindo que a garota na verdade é a princesa Nadia, do reino de Guardia. Ao levar Marle/Nadia sã e salva ao seu castelo, Crono é acusado injustamente de um crime que não cometeu, e deve correr contra o tempo para provar a sua inocência, enquanto tentar prender o verdadeiro culpado...
Um tempo depois, nós acabamos descobrindo que a garota na verdade é a princesa Nadia, do reino de Guardia. Ao levar Marle/Nadia sã e salva ao seu castelo, Crono é acusado injustamente de um crime que não cometeu, e deve correr contra o tempo para provar a sua inocência, enquanto tentar prender o verdadeiro culpado...
Brincadeirinha. Se
Chrono Trigger tivesse um enredo clichê de filme da Sessão da Tarde como esse
eu não estaria rasgando a maior seda pro jogo, não é mesmo?
Se você passou dessa parte sem se apaixonar pelo jogo, desista e vá jogar Winning Eleven. |
Falando sério agora: dependendo
do que você fez enquanto estava na companhia da moçoila, o júri do castelo vai
te considerar culpado ou inocente (na verdade o júri é comprado pelo chanceler
corrupto do reino, então não importa qual o veredito: seu crime vai lhe render
uma pena de morte pelas mãos do carrasco de Guardia).
Acho que foi a
primeira vez que vi um jogo reagindo a decisões que eu havia tomado
anteriormente. Algo bem bizarro nesse evento é a plateia, composta por fotos de
pessoas quase reais, que destoam do tom semi super deformed do resto do jogo.
Ainda nesse mesmo tribunal, dá
pra destacar a entrada triunfal de Marle (pelos vitrais, na ocasião em que seu
pai, o rei de Guardia, prova um pouco do próprio remédio quando é acusado de
vender um tesouro nacional que estava em sua posse) e a estada de Crono na
prisão, seguida da luta em conjunto com Lucca na ponte, contra um dos chefes
mais legais do game (se é que dá pra escolher um só).
Pra não tornar o texto
maior do que certamente ele será, posso resumir os maiores pontos de destaque
do enredo: a surra que o Robo leva de seus parças, no futuro de 2330 A.D; a conquista
da Masamune; a chegada ao castelo de Magus; o confronto com Lavos; a queda do
“meteoro” em 65.000.000 B.C; a morte de Crono; as asas da Epoch (ocasião em que
Dalton acaba servindo pra alguma coisa no game); a ressurreição de Crono
(sério? Você achou mesmo que ele permaneceria morto? Eu não, nem por um
minuto...); a destruição do reino mágico de Zeal; a ascensão do Black Omen; e
etc.
Uma das locações mais extraordinárias dos RPGs. |
Pra finalizar esse
parágrafo, gostaria de dizer que, apesar de contar com 14 finais (há rumores de
que são 16, mas isso nunca foi confirmado), o fim “verdadeiro”, que mostra os
personagens se despedindo na Feira do Milênio, é de arrancar lágrimas do mais
frio dos jogadores.
Chrono Trigger consegue estabelecer tão bem os personagens da história, que quando o jogo acaba simplesmente não queremos aceitar o momento da despedida. Fica impossível evitar de se pegar pensando: o que vai ser do Robo, naquele futuro tenebroso? E Ayla, se casará com Kino? Magus finalmente conseguirá encontrar a paz e salvar a sua sofrida irmã? Infelizmente, só nos resta começar novamente no New Game +, visto que sua sequência não se propôs a responder a essas questões.
Chrono Trigger consegue estabelecer tão bem os personagens da história, que quando o jogo acaba simplesmente não queremos aceitar o momento da despedida. Fica impossível evitar de se pegar pensando: o que vai ser do Robo, naquele futuro tenebroso? E Ayla, se casará com Kino? Magus finalmente conseguirá encontrar a paz e salvar a sua sofrida irmã? Infelizmente, só nos resta começar novamente no New Game +, visto que sua sequência não se propôs a responder a essas questões.
Ainda falando de
enredo, a simples descoberta de Lavos é a base para o altruísmo dos heróis do
jogo, que possuem uma meta bem clara: impedir que aquele futuro terrível que
conheceram por acidente se transforme em realidade na época em que eles vivem. Quando
Crono e cia decidem o que deve ser feito, toca o tema principal do jogo, em um
dos momentos mais empolgantes de toda a aventura. Dali em diante não tem mais
jeito: Crono, Marle, Lucca e o Robo já conquistaram o jogador de jeito, e você
se engaja na aventura como se fizesse parte da equipe.
É aqui que a escala do enredo pula do micro pro macro. |
Chrono Trigger é um
jogo que começa com um enredo pueril, tranquilo, quase inocente e desleixado,
mas vai seguindo uma gradação de eventos locais que evoluem do clássico “salvar a princesa” ao também clássico “salvar o mundo do vilão que quer destruir
geral”. É a jornada do herói em sua perfeita execução, e lembre-se do que
eu disse sobre originalidade não ser necessária pra contar uma boa história.
Do ponto de vista do
gameplay, o jogo conta com uma progressão de eventos perfeita: nenhum cenário é
sub-utilizado narrativamente, como aconteceu com o primeiro Kingdom Hearts (você
passava pelos lugares uma vez, e depois não tinha mais nada acontecendo lá). Você
retorna aos lugares no momento apropriado do enredo.
É bom demais ver a turma toda reunida! |
O jogo também dosa os elementos
de drama na medida certa. Não consigo esquecer a linda frase proferida por Gaspar,
o guru do tempo, na ocasião em que estamos lutando para trazer Crono de volta à
vida: “Trazer de volta uma pessoa
amada... é isso que todo mundo deseja... Crono deve estar orgulhoso de ter
amigos como vocês. ”
Nesse momento, fica
clara a química entre os personagens, que é arrebatadora e indescritível. É
tocante a tristeza de Marle e o esforço de todos para trazer Crono de volta
(até o insensível Magus ajuda na tarefa). O momento de seu retorno, com uma
bela paisagem de eclipse ao fundo, é um dos mais bonitos e tocantes de todos os jogos da
Square.
PERSONAGENS
Não dá pra falar de enredo e ignorar o maior de seus pontos fortes, os personagens.
Muito antes de existirem nerds desocupadas que desmaiam só de ver alguém fazendo cosplay de Sephiroth, Chrono Trigger já trazia um elenco de personagens principais e NPCs que serviriam de base pra muita coisa do que veríamos nos jogos futuros da empresa. Aliás, isso não vale apenas pra personagens: Chrono Trigger, assim como Final Fantasy 6, traz muito da personalidade de seus sucessores, apesar de poucos se darem conta disso.
Então, sem mais
enrolação, eu faço agora uma pequena apresentação de todos os personagens
jogáveis do jogo, detalhando os momentos que eu achei mais legais na história
pessoal de cada um.
CRONO
É o típico
protagonista mudo bem comum nos jogos da década de 90. Pra falar a verdade, ele
não é mudo, mudo, visto que ele responde quando Marle pergunta seu nome. A questão
é que o jogo não mostra seus diálogos.
Mesmo sendo um mudinho
ele impõe bastante respeito. É um espadachim de primeira classe, o que me faz
perguntar por que raios ele nunca deu as caras em jogos como Ergheiz ou
Dissidia Final Fantasy. Mas ok...
No jogo, Crono tem
técnicas de espada e ataques de trovão, seu elemento nato.
Ele vive no ano de
1000 A.D, e sua história paralela é justamente quando ele está morto, e precisa
ser revivido por seus amigos (e Marle, um óbvio interesse amoroso).
Ele possui uma das
melhores técnicas duplas do jogo, com Ayla, o Falcon Hit.
É o segundo personagem
mais forte do grupo, com status bem balanceados.
Mesmo quando puder
trocar o líder, deixar Crono de fora é um grande erro que pode ser cometido
pelo jogador. Além do mais, quantos protagonistas de RPG você conhece que
possuem um jogo com seu próprio nome (Arc the Lad não conta!)?
Pra finalizar, ele é
amante de gatos e tem uma mãe tão desnaturada que nem chega a perceber que seu
filho foi apagado do continuum espaço-tempo. Vê se pode uma coisa dessas...
LUCCA
Mesmo sendo
contemporânea de Crono, Lucca é uma
inventora/cientista/programadora/física-nuclear/bióloga/geneticista que está
bem à frente do seu tempo. É por causa dela e de sua máquina de teleportar que
toda a confusão do jogo começa.
Lucca é bastante
confiante em suas habilidades, intelecto e na ciência, podendo parecer até meio
arrogante para alguns. Mas ela é uma personagem muito legal, divertida e
interessante, não se deixe enganar. Alguns dos diálogos mais legais do jogo só
acontecem com ela no grupo.
Em combate, Lucca é a
personagem que eu menos gosto. Ela possui o elemento fogo, mas dispara magia
através de sua arma laser (construída por ela mesma, só pra não esquecer). Sua
técnica dupla mais forte é a Antipoda, em conjunto com Marle.
A história paralela de
Lucca é a mais triste do jogo, e envolve um acidente que deixou sua mãe aleijada
de uma das pernas. E o incrível é como essa história tem o potencial de deixar
o jogador se sentindo o maior pedaço de lixo com um controle na mão, caso falhe
em ajudar a mãe dela (o password é LARA...). Quem jogou sabe do que estou
falando.
Sua amizade com o Robo
é uma das mais bonitas, e eu vejo Lucca como o perfeito exemplo do amor que os
cientistas deviam demonstrar pelo planeta e pelas criaturas que nele vivem.
MARLE
Marle, AKA Princesa
Nadia, é o primeiro contato que Crono tem com um membro da realeza de Guardia.
Ela possui um pendante fabricado com um material especial, que só pode ser
energizado com a energia da Mamon Machine, no palácio de Zeal. É esse mesmo
pendante que causa uma interferência na máquina de Lucca, mandando ela e Crono
pra época de 600 A.D.
Marle é meio
esquentada, de bom coração e não suporta o autoritarismo de seu pai, o rei.
É por causa desses problemas que ela não pensa duas vezes ao partir em viagem com Crono, seu mais novo amigo.
É por causa desses problemas que ela não pensa duas vezes ao partir em viagem com Crono, seu mais novo amigo.
Cansada de sua vidinha
monótona de princesa e dos desmandos de seu pai, Marle vê em Crono uma chance
de conhecer um mundo que lhe tem sido negado desde sua infância, depois que sua
mãe faleceu.
Marle é ótima em
combate, possui magias de água (sólida), de cura e assistência (como Haste).
Ela usa uma besta e um vestidinho branco que devia ser um arraso há mil anos
atrás. Ela não se contenta com a destruição do mundo, descoberta no ano de 2300
A.D, e arrasta Crono pelo braço para mudar a situação, o que faz dela uma das
personagens mais determinadas da história.
Como eu já havia
adiantado, a história pessoal de Marle envolve o julgamento de seu pai e
algumas “revelações” bastante delicadas sobre as condições envolvendo a morte
de sua mãe. Quem jogou vai entender o motivo das aspas (dica: tem a ver com o
maldito chanceler que tem o péssimo hábito de virar Yakra, só pra variar...).
FROG
Também conhecido como Glen,
Frog é um espadachim da guarda real do ano de 600 A.D.
Ele lutava ao lado de seu mentor, Cyrus, quando testemunhou a morte de seu mestre e foi transformado em sapo por Magus.
Ele lutava ao lado de seu mentor, Cyrus, quando testemunhou a morte de seu mestre e foi transformado em sapo por Magus.
A história de Frog,
tanto a obrigatória do enredo quanto a paralela, é uma das mais intrincadas,
envolvendo vários personagens-chaves na trama.
Um dos pontos mais
altos do jogo é quando nós entregamos a Masamune consertada a ele, que a usa
para abrir caminho para o castelo de Magus. Aliás, sobre o castelo de Magus eu
tenho uma historinha (curta, não chata) para contar.
Era uma madrugada fria
e silenciosa na minha rua. Sem ter que me preocupar com trabalho ou estudos
naquela época, eu podia varar madrugadas jogando videogame e desbravando
enredos maravilhosos nos jogos de RPG.
Quando eu cheguei ao
castelo de Magus, fui tomado por uma sensação genuína de vazio e terror.
Almas torturadas
imploravam por misericórdia, ao som de uma sinistra nota de órgão que deixava a
tensão do ambiente cada vez maior. Pra passar pelo castelo, teríamos que
derramar o sangue de 100 bestas e derrotar Ozzie, Flea e Slash, os três
capangas de Magus (os nomes são referências mais que óbvias a músicos famosos
da década de 80).
E eu enfrentei a
solidão e o desespero da fortaleza de Magus, junto com Frog, Crono e sua
determinação e coragem inquebrantáveis. Foi nessa hora que eu me rendi aos
encantos de Frog e sua bela, porém triste, história de redenção e vingança
contra aquele que o havia amaldiçoado, tendo a certeza de que havia presenciado
um dos momentos mais marcantes em uma dungeon de RPG.
Bem, poesias à parte,
Frog também é um espadachim, e dos bons. É um personagem que já esbanjava
competência e presença de palco quando andróginos de cabelo fisicamente
impossível como Sephiroth ainda usavam fraldas.
Em batalha, Frog lança
magias de água (líquida) e de cura. Uma das técnicas mais icônicas da série é
protagonizada por ele e Crono, a técnica dupla X-Strike.
ROBO
É um dos melhores
personagens do jogo. Ele vive em um dos futuros mais tristes já retratados numa obra de ficção, e a parte em que ele é rejeitado pelos seus companheiros é uma das mais
angustiantes do enredo. O ano de 2300 A.D é habitado por pessoas famintas, sem
esperança de vida e sem uma boa razão pra continuar a viver.
A coisa tá tão preta
que a determinação dos protagonistas é recebida com espanto pelos poucos
habitantes que restam nos domos (versões futuristas dos antigos castelos e
vilas medievais).
O futuro de 2300 A.D é a prova daquilo que eu
falo sobre o diferencial de jogos como o próprio Chrono Trigger e Final Fantasy
10: eles contam histórias não sobre salvar o mundo (pois a merda já atingiu o
ventilador de qualquer jeito), mas sim sobre melhorar as condições de vida das
pessoas que vivem no planeta.
Nesse futuro distópico
você pode até estar bem fisicamente, com MP e HP recuperado, mas sua barriga continuará
roncando de fome. Some a isso um tema musical bastante deprimente, e está
montado o palco para um dos panoramas mais aterradores já retratados em um
RPG.
Lembra daquela coisa
do Kefka, no Final Fantasy 6, de parar de latir e DE FATO acabar com o mundo? Então,
foi a mesma coisa que aconteceu com o futuro de 2300 A.D, que se passa em uma
linha do tempo na qual Lavos despertou sem ninguém para impedi-lo.
Em combate, o Robo é
um dos personagens mais úteis de todos. Ele não pode soltar magias, então só
resta a Spekio encaixar seus raios lasers na categoria Trevas. Ele ataca com
seu punho e também possui “feitiços” de cura.
Sua história paralela
envolve a descoberta de sua verdadeira função como máquina, bem como indagações
sobre a natureza enigmática do ser humano.
AYLA
É o exemplo da
maestria em criar ótimos personagens demonstrada pela equipe de roteiristas do
jogo. Ela um tem jeito tosco, único e hilário de interpretar as coisas, sendo
uma das personagens mais divertidas de se manter no grupo, dados seus
comentários pertinentes sobre as mais variadas situações (ela chama a Epoch de
pássaro gigante, e não consegue compreender o Robo em sua plenitude enquanto
forma de vida artificial).
Então, lembra quando
eu falei que Crono era o segundo personagem mais forte? Isso é porque o posto
de primeiro mais forte pertence a Ayla, que luta apenas com as mãos e não pode
soltar magia, valendo-se de ataques de força bruta e muita sensualidade
pré-histórica (ela possui o único comando de roubar itens dos inimigos, o
Charm).
Aliás, o engraçado
dessa técnica e de sua magia de cura, a Kiss, é que Ayla pode usá-la em
personagens femininas de todo o jogo, o que faz de Chrono Trigger o primeiro
JRPG com beijo lésbico da história dos games!
Leseiras à parte, a
época de Ayla (65.000.000 B.C) é recheada de grandes momentos, como a chegada
de Lavos (que significa “grande fogo” na linguagem pré-histórica) e a fatídica
festa com danças, música e campeonato de beber sopa direto da bacia!
Ah, e é claro que eu
não podia deixar de citar aquela maravilhosa parte do passeio de pterodátilos,
é claro. Eu falei que em Chrono Trigger, além de uma nave que viaja no tempo,
nós podemos usar pterodátilos como meio de transporte, não falei? Agora você
começa a entender o porquê de Chrono Trigger ser um dos melhores jogos da
história, não é mesmo?
A trama paralela de
Ayla se desenrola ainda no tronco principal do enredo, e conta a triste
história de Azala e do povo dinossauro (que são de crucial importância pro
futuro enredo de Crono Cross).
A extinção de Azala e
seu povo, diante da catástrofe trazida por Lavos, é tão triste e inexorável
quanto qualquer história de extinção consegue ser na vida real.
“Nós não temos futuro...”
MAGUS
É um dos personagens
mais importantes para o enredo. Magus é um ser pertencente a uma raça
de seres mágicos, humanoides, que vivem na época de 12.000 B.C (conhecida como
Idade das Trevas). Ele é filho da rainha louca de Zeal, e irmão de Schala, que é
usada pela própria mãe em sua busca insana por uma forma de se tornar imortal
usando o poder de Lavos, que nessa época ainda se encontra enterrado no centro
da Terra, acumulando energia para gerar suas crias e destruir tudo que estiver
ao seu alcance.
Usar uma criatura que
só traz morte e destruição para alcançar a vida eterna... Precisa dizer que não
tinha como uma ideia dessas dar certo, precisa?
Bem, o fato é que a
rainha Zeal enlouquece de ganância por poder, e Magus (e seu gatinho de pelo
roxo) vai parar no ano de 600 A.D, por meio de um portal aberto por Lavos. E é
aí que toda a zoeira começa pra valer, com meio mundo de gente adorando Magus e
achando que ele é o responsável pela criação de Lavos.
Magus vive (ao menos
quando criança) em uma cidade flutuante no reino de Zeal.
Diferente do que veríamos em jogos futuros da empresa (como Final Fantasy 8), Zeal é um lugar onde a prosperidade foi alcançada com o avanço da magia, não da ciência.
Diferente do que veríamos em jogos futuros da empresa (como Final Fantasy 8), Zeal é um lugar onde a prosperidade foi alcançada com o avanço da magia, não da ciência.
Um dos momentos mais
marcantes dessa era é a destruição das ilhas flutuantes, na ocasião em que a
rainha de Zeal (eu já mencionei que ela é louca?) falha miseravelmente em
usufruir do poder de Lavos.
Janus, quero dizer,
Magus, usas magias do elemento trevas, e com certeza pode ensinar um truque ou
dois ao mestre da guerra Spekio. Em combate ele ataca com uma foice, e sua
mágica Dark Matter é um dos ataques mais acavalados e poderosos do jogo. Por
ser um perito em magias, Magus possui nível dois em magias de todos os
elementos, o que o torna um dos personagens mais versáteis pra se ter no grupo.
Sua história paralela está intrincada demais ao enredo principal, e o paradeiro dele e de sua irmã
são duas coisas que permanecem no mais absoluto segredo na história da
franquia...
GRÁFICOS
Chrono Trigger, ao lado de outros jogos como Final Fantasy 6 e Super Mario RPG, figura como um dos jogos mais bonitos que o finado (mas eterno) Super Nintendo teria o prazer de abrigar.
Não é exagero nenhum
dizer que o jogo representou uma revolução pra época de seu lançamento (1995),
sendo muito bonito mesmo nos dias de hoje, com efeitos bastante variados de transparência, rotação de "câmera" e até uma pequena CGI que mostra a chegada de Lavos ao planeta.
Além de possuir
efeitos muito bem trabalhados, variados e impactantes (como os raios laser do
Robo e as animações de técnicas duplas), o jogo conta com cenários ricamente
coloridos e detalhados, como a linda paisagem que embeleza a ponte de Zenan. Não
posso deixar de citar também o tamanho dos Sprites de alguns chefes, que quase
não cabem na tela de tão grandes.
Além disso tudo, o
jogo conta com uma grande variedade de ambientes e design de fases, como o
mundo jurássico, o futuro apocalíptico do Robo, a cidade flutuante de Zeal, a
era medieval de Crono, Marle e Lucca, e por aí vai.
Usando e abusando do limite de cores do SNES. |
Neste aspecto não tem
muito do que reclamar ou salientar: Chrono Trigger era o tipo de jogo que fazia
os donos do SNES terem orgulho do console que haviam trazido pra casa (ou
ganhado de presente dos pais).
Vale ressaltar, em
tempo e já que eu falei de design, que Chrono Trigger possuía um diferencial
com relação a outros jogos do gênero (e até em relação a jogos da própria
Square), visto que ele adotava um estilo mais realista e menos infantil no
design de seus personagens (criado por Akira Toryama em pessoa).
As animações
aconteciam de forma fluída e em tempo real nas batalhas (nada de personagens
sacudindo uma arma pra acertar o inimigo de longe, com uma cortada de ar).
SOM
O que esperar de um dos melhores compositores de game music em uma de suas fases mais inspiradas? Uma trilha sonora soberba e impecável, é claro.
Nobuo Uematsu prova
que mereceu cada centavo dos cheques que recebia da Square, e presenteou o
jogador com uma das melhores trilhas já compostas pra um RPG japonês. E é com
bastante firmeza e convicção que eu profiro a frase a seguir (o que seria dos
Reviews Supremos sem as frases em negrito?):
CHRONO TRIGGER NÃO POSSUI UMA MÚSICA RUIM SEQUER EM TODA SUA
OST!!!
Foi isso mesmo que
seus olhos cansados por esta longa leitura leram: a trilha sonora deste game é uma das mais perfeitas,
inspiradas e bem compostas que eu já tive o prazer de ouvir em minha vida de
jogador de videogame.
A começar pelos temas
principais dos nossos personagens, Chrono Trigger conta com faixas que casam
perfeitamente com os diversos momentos que serão vividos no jogo (tensão, medo, galhofa, amistosidade, estranheza, perigo, tristeza...).
A trilha sonora desse
jogo é tão perfeita, que algumas de suas faixas foram reaproveitadas na
continuação do jogo, Chrono Cross, visto que seria um desperdício usá-las em
apenas um jogo.
Um dos momentos mais marcantes na trilha do game. |
Claro, existem faixas
na OST do jogo que você não vai querer colocar no seu tocador de MP3 (como o
tema de Johny, o robô motoqueiro), mas a quantidade de temas clássicos e épicos
nessa trilha é tamanha, que não é surpresa nenhuma que alguns desses temas
tenham servido de base pra muito do que ouviríamos em jogos como Final Fantasy
8 e outros.
Como destaque, posso
citar o tema de Frog, de Lucca, do Robo, da era pré-histórica, da batalha contra
Magus em seu castelo, do continente flutuante de Zeal (que me lembra muito o
estilo de música da franquia Donkey Kong Country); bem como a melhor faixa do
jogo: Undersea Palace, o tema do palácio que abriga a rainha Zeal (eu tenho
certeza que não esqueci de mencionar que ela é louca...) e sua Mamon Machine de
estimação.
Abaixo segue o link
pra você conferir essa obra de arte dos 16-bits, que me lembra muito faixas
como a Lunatic Pandora, do já citado FF8, e conta com uma melodia que consegue ser linda, triste, angustiante e hipnótica ao mesmo tempo.
Pra finalizar esse
tópico, que também não tem muito o que desenvolver, eu só posso concluir que tamanha
façanha na qualidade das faixas foi alcançada devido à possibilidade da
instalação de chips de som dedicados, nos cartuchos de SNES. E doses cavalares
de inspiração e talento por parte do mestre Nobuo Uematsu, é claro...
SISTEMA
Chrono Trigger é um RPG como todos os outros que você já jogou, na mesma linha da série Dragon Quest. Como os poucos diferenciais em seu sistema, posso citar as batalhas, que podem ser evitadas ao não encostar nos inimigos presentes nos cenários; e um detalhe ou outro que agora me foge à memória. De resto, ele é exatamente igual a outros jogos do mesmo estilo: você mata monstros, ganha XP pra subir de nível e pontos de técnica para aprender novas habilidades.
O charme da franquia
(se é que dá pra chamar um jogo apenas de franquia) reside nas técnicas duplas
e triplas, um sistema que usa dois ou três personagens do seu time (que comporta apenas três participantes por vez) para realizar ações as mais diversas em batalha.
Falando em batalhas, as
lutas contra os chefes são bastante desafiadoras. Um conselho que eu dou: não
brinque com este jogo, principalmente se for a sua primeira jogada.
O confronto com os Golens Gêmeos, só pra citar um de muitos exemplos, é tão difícil que me deixou preso por um tempinho nesta última jogada (tive que partir em busca dos tesouros selados com a marca de Zeal pra ter uma chance contra eles).
O confronto com os Golens Gêmeos, só pra citar um de muitos exemplos, é tão difícil que me deixou preso por um tempinho nesta última jogada (tive que partir em busca dos tesouros selados com a marca de Zeal pra ter uma chance contra eles).
E olha que CT é um
jogo que eu já perdi a conta de quantas vezes fechei do começo ao fim. Não que
ele seja um jogo absurdo em seus desafios e dificuldade, longe disso.
Só estou dizendo que
você não deve esperar que sua primeira jogada (antes de abrir o New Game +) seja um
passeio no parque.
O diferencial de mercado de Chrono Trigger... |
Aproveitando o ensejo,
o New Game + foi também a grande marca registrada do jogo. Nele, o jogador pode
concluir o jogo e começar um novo arquivo, preservando todos os itens que possuía (na
verdade há uma exceção: os itens roubados de Ozzie, Flea e Slash somem toda vez
que você recomeça), bem como habilidades e nível de
experiência.
Claro que a aquisição de personagens continua sendo limitada aos momentos do enredo, então não espere derrotar o chefe Masa e Mune com Ayla no seu grupo.
Claro que a aquisição de personagens continua sendo limitada aos momentos do enredo, então não espere derrotar o chefe Masa e Mune com Ayla no seu grupo.
O New Game +, ao menos
até onde meu parco conhecimento de games alcança, era um recurso inédito até
então (ao menos em JRPGs), e acho que ele combina demais com um jogo que fala
sobre viagem no tempo. É como se Crono estivesse em um looping temporal, ou numa versão estendida de o Dia da Marmota, e cada momento que você começa a jogar novamente fosse apenas
uma das muitas possíveis linhas temporais que podemos encontrar.
Game Over pra Lavos: o final mais fácil de fazer de todos. |
Na parte dos
diferenciais, Chrono Trigger também contava com um dos grandes: o game possui 14
finais praticamente distintos uns dos outros, sem sombra de dúvidas um dos
maiores recordes no gênero até então.
Basicamente as
mudanças acontecem dependendo do momento que você escolhe pra derrotar Lavos
(graças ao New Game + é possível chutar o traseiro dele assim que chegamos ao End
of Time) e do meio pelo qual você chega até ele (pelo baldinho ?!?, pela Epoch
no ano de 1999, ou pela progressão normal do enredo).
De resto não há muito
o que acrescentar. A versão original, do SNES, é impecável e, mesmo nos dias de
hoje, ainda se configura como a melhor maneira de aproveitar o jogo em sua
plenitude. A versão de Nintendo DS eu não joguei (bem como a dos celulares), então prefiro não opinar, mas
sobre o port para Playstation 1 eu tenho algumas considerações a tecer, que
valem um tópico à parte.
A FATÍDICA VERSÃO DE CHRONO TRIGGER
PARA PSONE...
A época era a de lançamento de Chrono Cross, e o magnífico Playstation 2 já acenava de um futuro não muito distante. Foi então que a Square pensou: “e se a gente lançasse uma versão de Chrono Trigger para Psone, visto que muitos donos desse console não chegaram a conhecer o jogo original?"
Decidida a ganhar uns trocados a mais, a empresa levou a ideia adiante. Mas não bastava apenas jogar. A geração do Psone foi uma em que os gráficos em 2D estavam sendo substituídos por gráficos em 3D, poligonais, então é de se imaginar que muitos jogadores torcessem o nariz para um joguinho de sprites com visual datado, não importa quão bom esse jogo fosse.
Foi então que surgiu a
ideia de adicionar cenas em anime dentro do jogo, pra dar uma apimentada legal
na experiência (apresentando o game a quem ainda não conhecia, ao mesmo tempo que dava um boost na experiência de quem já havia jogado).
Até aí tudo bem. Não tenho
nada contra belas cenas em anime com o estilo de animação do talentoso Akira
Toryama. O problema foi a bomba que viria junto com o pacote...
A má vontade da equipe que converteu o jogo não conseguiu diminuir a grandeza desse excelente jogo. Mas prefira a versão original. |
Pra resumir de um
jeito bem direto: A VERSÃO DE CHRONO TRIGGER PARA PSONE TRAZ LOADS ESCROTOS PRA
TUDO QUE VOCÊ VAI FAZER NO JOGO.
Para entrar e sair no
menu, salvar o progresso, sair da batalha, entrar em uma batalha, começar uma cena, tudo
foi atravancado por um tempo de carregamento que simplesmente não existia na
versão original. Isso sem falar na queda de frames nas caixas de diálogos e nas engasgadas durante as cenas em anime...
Fico pensando como a
Square conseguiu duas façanhas destas ao mesmo tempo: a de criar o jogo perfeito;
e a de estragá-lo de forma descomunal com um dos piores ports de Psone já
vistos. Não, eu nunca vou me conformar com isso. SIMPLESMENTE NÃO HÁ DESCULPAS
QUE JUSTIFIQUEM UMA CAGADA DESSAS. Sério: como os caras conseguiram ser tão
amadores, a ponto de piorar um jogo que devia rodar liso nos 2MB de memória do
primeiro console da Sony?
“Mas Shadow, o Psone não foi feito pra rodar games em 2D. Deixe de ser
um chato resmungão”. Ah, é mesmo? Jura que o Psone não consegue rodar
gráficos 2D lisos, sem load e queda de frames? E quanto ao Castlevania Symphony
of the Night? Esse exemplo tá de bom tamanho pra você? Se não, eu invoco ao
campo de batalha argumentativa o excelente port que a Capcom fez do Street
Fighter Alpha 3.
Vejam só: a Square considera CT como parte da série Final Fantasy. Quem diria... |
A bagunça técnica que
a empresa fez com o jogo é tanta a ponto do jogador ter que planejar as vezes
que vai mexer em menus, pra poder fazer tudo de uma tacada só e evitar de ficar abrindo o menu, só pra aguentar uma espera que nem devia estar lá. É triste jogar um jogo pesado, em
3D, como Final Fantasy 9, e constatar que a tela de seu menu é mais rápida que a de
um jogo lançado pra SNES cinco anos antes. Uma vergonha, sem mais nada a
acrescentar...
Como parte das novidades dessa versão toda
cagada, há um sistema de extras que eu simplesmente não entendi. Ele gera um
save de sistema para guardar as cenas que você assistiu, as músicas e outras
coisas mais, mas eu completei o jogo e ele não liberou as músicas que eu com
certeza ouvi ao longo da jornada. Também acho que a versão que baixei da PSN
veio bichada, pois a maioria das cenas em anime simplesmente não aconteceram. Mas,
vindo de uma versão porca como esta, o simples fato de eu ter conseguido
terminar o jogo sem problemas já foi mais que uma surpresa pra mim.
CONSIDERAÇÕES FINAIS ACERCA DO MEU
REVIEW SUPREMO
DE CHRONO TRIGGER
Eu sou um cara
bastante exigente pra julgar coisas. Coisas das quais eu gosto e entendo nem se fala.
Atribuir
notas a jogos é algo que eu levo muito a sério. Eu simplesmente detesto sites
de análises que saem distribuindo notas 10 de forma irresponsável a qualquer
jogo que veem, por mera empolgação do momento.
É fácil se entusiasmar
com aquele jogo super legal que está consumindo horas dos seus dias e fazendo o
entretenimento de games valer a pena. Mas é sempre bom lembrar que jogos são
produtos, e devem ser tratados como tal. Uma nota mal-atribuída a um jogo tem o
potencial de iludir um possível comprador, e todos sabemos que jogos não são
nada baratos no nosso país.
Quem acompanha o blog
sabe que eu não costumo atribuir nota a jogos alvos de Reviews Supremos, visto
que este formato de texto existe simplesmente pra que eu possa escrever pelos
cotovelos sobre um jogo que, não necessariamente por motivos técnicos, me
conquistou de forma sem igual.
Pois bem, pra Chrono
Trigger eu preciso abrir uma exceção (que eu acho que dificilmente abrirei pra
outro jogo).
NOTA FINAL: 10,\0/
Sim, é isso mesmo que
você acabou de ler. Pode confiar nos seus olhos.
Pra minha pessoa,
Chrono Trigger é o jogo perfeito, sendo mais que merecedor da nota máxima nunca
atribuída a outro jogo aqui no blog.
Top 10 melhores RPGs de todos os tempos, fácil fácil... |
Chrono Trigger é um
fenômeno sem igual na indústria de JRPGS. É um game no qual eu procuro falhas e simplesmente não
consigo achar. Vale cada pontinho dessa nota 10,0 dada a ele, com toda a segurança
de não estar exagerando em meu julgamento, pelo simples fato de que ele é
bem-sucedido em todos os aspectos a que se propõe a entregar ao jogador: tem
uma história simples, mas sólida e bem desenvolvida.
Conta com um elenco de personagens inesquecíveis, gráficos e trilha sonora absolutas e um sistema que, apesar de parecer modesto pros padrões de hoje, se encaixava como uma luva em um projeto que pretendia criar sua própria mitologia, sem depender das raízes da outra franquia da empresa (estou falando de Final Fantasy, dããããã!).
Conta com um elenco de personagens inesquecíveis, gráficos e trilha sonora absolutas e um sistema que, apesar de parecer modesto pros padrões de hoje, se encaixava como uma luva em um projeto que pretendia criar sua própria mitologia, sem depender das raízes da outra franquia da empresa (estou falando de Final Fantasy, dããããã!).
Com o perdão do
clichê, rejogar Chrono Trigger é como fazer uma viagem ao passado. Este jogo
é o produto de uma época na qual os criadores não precisavam dar satisfação
acerca de suas obras em redes sociais, uma época em que a sombra da dúvida
passava longe de qualquer jogo da Square e, como eu disse lá em cima, no rodapé
do texto, a marca da empresa significava um verdadeiro atestado de qualidade a
qualquer jogo que a carregasse.
Frog, o mito, a lenda viva! |
Pra confeccionar
Reviews Supremos eu sigo a regra de sempre jogar o jogo antes, pra avivar as
memórias com o game em questão e desenterrar elementos da minha experiência pessoal
que venham a enriquecer o texto (como a historinha chata sobre o cartucho).
Meu medo, dessa vez,
era jogar Chrono Trigger novamente e não sentir o mesmo encanto de 15 anos
atrás, quando consegui o cartucho de SNES. Mas, depois do arrepio que senti vendo a abertura do jogo novamente eu
fiquei bastante tranquilo e aliviado, pois tive a certeza de que eu estava para
testemunhar uma reprise de um dos maiores jogos de videogame já feitos.
É DISSO que é feita a
essência de um verdadeiro clássico: não importa quanto tempo se passe: quanto
mais você joga, mais você gosta de Chrono Trigger. Em vez de sentir pesar pelo
jogo ter envelhecido, o jogador termina a jornada com a certeza de que uma
qualidade absurda foi alcançada naquela época remota da indústria dos games.
Poucos jogos me fazem
sentir algo parecido. Por isso, é com bastante felicidade que eu venho reiterar
que Chrono Trigger é o jogo que merece ganhar uma nota inédita na história do
blog e seus cinco anos de idade.
Mudei de ideia. Esse jogo não precisa de remake. Ele é perfeito do jeito que foi concebido. A tela de abertura é uma prova disso! |
Pra finalizar e não
ficar batendo na mesma tecla de perfeição isso e soberbo aquilo, eu acho
engraçado em ver pessoas salivando por causa de um já certo remake de Final
Fantasy 7. De forma alguma eu estou querendo desmerecer aquele excelente jogo
(que eu estou jogando pela segunda vez, agora no PS3), mas eu trocaria ele
fácil fácil por um remake de Chrono Trigger. Claro, isso é uma questão de gosto
pessoal, e se os dois projetos pudessem acontecer sem que um impedisse a
existência do outro, eu me daria por satisfeito duplamente.
O sentimento com esse
jogo é tanto que não é de se surpreender que outras pessoas tenham tido a
mesma ideia. É o caso de Chrono Trigger Ressurection, um projeto encabeçado por
fãs que foi sutilmente convidado a ser fechado, pelos advogados da Square
(agora Enix). Pra quem não conhece, eu deixo a janela com o vídeo de como seria
esse sonho aí embaixo:
Na mesma pegada de RPG
old school, saiu em 19 de julho deste ano o jogo I Am Setsuna, que prometia
resgatar o mesmo feeling de jogos como Chrono Trigger, mas que não conseguiu
muito sucesso em sua empreitada (haja vista as notas mornas que recebeu em
vários veículos especializados). O que é uma pena, visto que eu nutria grandes
esperanças de que o jogo, ao menos, se firmasse como uma franquia que vem pra
provar que esse estilo ainda tem um lugarzinho nos dias de hoje.
Mas sobre I Am Setsuna
eu falarei melhor depois, quando jogar e comprovar sua qualidade com meus
próprios olhos.
Obrigado a todos que
leram até aqui, espero que eu tenha conseguido expressar uma fração do quanto
eu gosto de Chrono Trigger, e nos vemos no próximo Meu Review Supremo.
Au Revoir!
Bom review. Fazia um tempo que não lia o este blog. Acho que parei na época do anúncio de que iria acabar. Foi mais ou menos na época que encerrei meu blog cubagames. Como eu ainda tinha o favorito guardado, resolvi reabrir esses dias e notei que tinha conteúdo novo e passei a ler algumas coisas.
ResponderExcluirO que me impressiona em Chrono Trigger é que ele conseguiu melhorar várias mecânicas típicas dos jRPGs da época a ponto de ser um dos únicos jogos do gênero que me agrada.
Eu não tenho paciência para jogar a maioria dos rpgs japoneses por serem meramente uma novelinha com batalhas. São praticamente visual novels com um pontinho a mais de gameplay, a ponto de eu mal conseguir classificar vários desses jogos como "jogos" de fato.
Pra mim, a semi-linearidade, a possibilidade de visitar os mapas anteriores, as diferentes side-quests e npcs variados dão ao CT uma variedade de jogo que até hoje é difícil encontrar em outros jogos do gênero.
É realmente uma pena ver que poucos rpgs foram influenciados por Chrono Trigger e até hoje usam sistemas arcaicos de batalhas aleatórias e personagens fixos, além de uma aventura 100% linear.
Aliás, eu joguei um pouco a versão no DS por emulador e está tão boa quanto a do Snes, porém, conta com as cenas de animação do PS1 e finais extras. Talvez essa do DS seja a versão definitiva.
Bem-vindo de volta Fernando. Infelizmente eu não joguei a versão do DS, então não posso opinar. Só sei que a do PSone é horrenda, como eu expliquei no texto.
ResponderExcluirShadow, você ja pensou em fazer um review supremo de: ALIENS: COLONIAL MARINES ?
ResponderExcluirEsse jogo foi o primwiro jogo que eu joguei na minha vida.
ResponderExcluirShadow, você não pensa em fazer um review supremo do jogo aliens colonial marines ?
Eric, confesso que passei um tempinho indeciso entre o botão de "publicar" e o de "marcar como spam" quando vi o seu comentário na minha caixa de email.
ResponderExcluirPelo benefício da dúvida, decidi partir do pressuposto de que você não está me trollando na sua pergunta. Então, pra fazer um review do Colonial Marines eu teria que jogá-lo primeiro, coisa que eu não fiz. Pra entender os motivos, leia este post antigo aqui: http://maisumblogdegame.blogspot.com.br/2013/02/fugindo-de-alien-colonial-marines.html
Este é, facilmente, um dos melhores RPG's já lançados. Minha equipe favorita é Chrono, Robot e Ayla, com o dano físico mais forte do jogo mas uma deficiência no dano mágico.
ResponderExcluirAinda sim, sinto falta de uma linha temporal em que Chrono e Lucca ficam juntos.
Acho que é porque a amizade deles é muito forte, então não rola atração. rsrsrsrsrsrs
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