Talvez o meu apreço pelo terror fictício venha da
possibilidade de sentir fortes emoções. O meu apreço pelas obras de ficção
científica, com certeza, vêm da minha eterna curiosidade e gosto pelo incrível,
de difícil explicação.
O filme Alien, O Oitavo Passageiro, é proveniente de uma
época em que as dublagens dos filmes não só eram aceitáveis, como eram a única
opção àqueles que não dominavam o inglês. Nessa época, não posso deixar de
salientar, os subtítulos dos filmes também eram bastante aceitáveis, sem cair
na redundância ou ridículo.
O filme de 1979, dirigido por Ridley Scott com base no
roteiro de Dan O’Bannon e Ronald Shusett, estreou em total clima de Guerra nas
Estrelas, onde alienígenas jamais eram representados como uma ameaça além das
questões políticas interplanetárias. E é aí que começa o meu amor pela série.
Alien aborda vários assuntos. Dentre eles: sobrevivência;
ganância humana; terror propriamente dito; e o que mais me agrada dentre esses:
O TERROR BIOLÓGICO. Essa categoria
não existe? Na minha cabeça, sim. E, sendo assim, posso explicar o que seria
tal conceito.
ALIEN, O OITAVO
PASSAGEIRO (1979. Direção de Ridley Scott e roteiro de Dan O’Bannon e Ronald
Shusett)
Esse filme mostra um tipo de terror até então inédito nos
filmes: o já citado terror biológico. Alien conta a história da nave mineradora
Nostromo (nome super-ultra-hyper-mega legal. Se eu tivesse um filho, com
certeza ele... não se chamaria Nostromo. De forma alguma).
Os tripulantes do cargueiro (sete, no total. Oito se você
considerar que... esquece. Eu chego lá) têm seu sono criogênico interrompido
por causa da interceptação de uma mensagem de socorro, vindo de um planetoide
composto basicamente por gases e rochas magmáticas. Um dos pontos mais
interessantes do enredo passa totalmente despercebido nesse trecho. Ao ouvir a
mensagem de socorro, Lambert (Veronica Cartwright) ressalta que o sinal lembra
uma voz, e não um código de S.O.S.
Como tudo nesse filme está bem encaixado e
faz muito sentido, os personagens Parker (Yaphet Kotto. Cara, só porque ele é
negro tem que ter um nome esquisito desses?) e Brett (Harry Dean Stanton)
questionam a lógica de pousar em um planetoide alienígena (no filme, exploração
a esses planetas alienígenas já não são mais novidade) para investigar uma
mensagem desconhecida. É então que Ash (Ian Holm) ressalta que, pelo acordo
intergalático de dois mil novecentos e bolinha, os tripulantes são obrigados a
atender a qualquer chamado de socorro, sob pena de perderem todo e qualquer
futuro pagamento na atual missão em que se encontram. Aqui fica registrado o
primeiro “foda-se” que Ash merece levar, ao longo do filme. Dallas (Tom Skerritt),
como bom pau-mandado da Companhia, apenas concorda com Ash.
Fica decidido, então, que Dallas, Kane (John Hurt), e Lambert
partirão em terra firme para ver quem pede socorro no planeta.
Depois de alguns minutos, o trio chega a uma espécie de
espaçonave alienígena. Dentro dela, um ser bizarro que se assemelha a um
elefante (o space joker) é encontrado morto, em sua poltrona Moebius
(desculpem, mas só consigo chamar essa poltrona por esse nome. Desculpas também
a quem não entendeu a referência), com a caixa torácica explodida de dentro
para fora. A trilha sonora, nesse trecho do filme, é genial e assustadora,
assim como em todos os outros momentos do longa metragem. Aliás, esqueci de
mencionar como adoro o começo desse filme: silencioso; tranquilo; enigmático.
Não dá a menor pista do que está por vir para quem ainda não o assistiu. Também
adoro a forma como a palavra ALIEN vai se formando na tela. Continuando...
Sem ter se tocado da encrenca na qual havia se metido, Kane
vai mais a fundo na espaçonave e prova, da pior maneira possível, a veracidade
do dito que afirma que “a curiosidade matou o gato”. Cara, sinceramente, quando
Kane avista os ovos de alien, e comunica aos colegas que “há movimento” nos
objetos que parecem “ovos feito de couro”, muito antes disso eu já estaria a
trocentas milhas galáticas dali. Então, o idiota escorrega e cai no omelete de
alien. O engraçado é que dá pra ver um dos ovos balançando quando Kane esbarra
nele. Faltou um pouco mais de cola nessa parte. Mas tudo bem.
O cidadão Kane, não satisfeito em estar EM UM
MALDITO PLANETA ALIENÍGENA; EM
UMA PORRA DE UMA ESPAÇONAVE ALIENÍGENA; CERCADO POR UNS
BAGULHOS ALIENÍEGENAS QUE SOLTAM UM GÁS TOTALMENTE ESQUISITO QUE BRILHA COMO SE
FOSSE NEON; bota a cara em cima de um dos ovos. O facehugger faz aquilo que
melhor sabe fazer (dando início à primeira campanha de “Abraço Grátis de que se
tem conhecimento), e pula no capacete de Kane, derretendo o vidro e colando no
idiota.
Vale ressaltar que o facehugger foi inspirado naqueles
“Jack-in-the-box” americanos (aqueles palhaços que pulam de uma caixa pra te
dar susto). E uma coisa bem nojenta, que me perturba até os dias de hoje, foi a
descoberta que fiz ao assistir o disco de extras da versão em DVD: essa
coisa de pular na cara é o jeito que o Alien tem de se reproduzir.
Ainda não se deu conta do que eu estou querendo dizer? O facehugger faz amor gostoso
com o hospedeiro quando introduz aquele tubo (pênis! Argggggghhhhhhh!) na boca
da vítima. Então, essa imagem pode ser considerada material
pornográfico no planeta dos facehuggers:
Quando retornam ao Nostromo, Ripley fica sabendo que Kane
possui um tipo de “organismo estranho” atarraxado ao seu corpo, e não pensa
duas vezes em mostrar ao mundo a primeira personagem feminina mais fodona dos
filmes sci-fi: ela tenta colocar os três em quarentena, e não permite que eles
entrem na nave. Lambert se utiliza do lógico argumento de que a única chance de
sobrevivência de Kane esteja dentro do conforto das instalações médicas do
Nostromo. Dallas, tentando fazer jus ao conteúdo de suas roupas de baixo,
juntamente com sua autoridade de capitão da nave, ordena que Ripley abra a
porta da nave. Ele pergunta se a segundo em comando, tentente Ellen Ripley,
“copiou” a ordem. A segundo em comando e tentente Ellen Ripley responde com um
belo “sim. Eu entendo e ignoro”, que numa linguagem menos técnica pode ser
entendido como “fodam-se vocês. Eu avisei”. E, nessa hora, Ash se faz merecedor
de mais um momento “foda-se”, quando abre a porta da nave sem a permissão de
Ripley, que leva um belo esporro de Dallas e umas belas bofetadas de Lambert.
Outro fato curioso, é que essa cena é meso-real, meso-fictícia: as duas atrizes
não se davam muito bem, e rolava um atrito entre as duas. A quedinha desajeitada
de Lambert é a prova da espontaneidade da cena.
Desculpem se escapar alguma parte, mas estou escrevendo a
partir da minha memória dos acontecimentos do filme.
Ripley dá uma dura em Ash, que “parecia desconhecer” o fato
de que, quando Dallas está ausente da espaçonave, ela é a chefe da matilha. Ash
muda de assunto, explicando que o facehugger é um tipo de tardígrado son-of-a-bitch
que quebra as suas próprias moléculas de polissacarídeos para poder viver
eternamente, até que encontre um desavisado para poder fazer amor gostoso ao
som de Barry White.
Estão vendo? Me esqueci completamente que essa cena é depois
que o facehugger já se deu por saciado, e descola da cara de Kane. Essa cena
não é muito pitoresca (tirando o fato de que é aqui que ficamos sabendo “do que
um alien é feito”, literalmente, e do furdunço do casco da nave sendo quase
perfurado pelo ácido do facehugger), então vamos seguir.
Durante as brigas e desavenças, Kane desperta de seu sono
pós fish-ball-cat no facehugger, e relata que teve um sonho estranho no qual
relata que algo o sufocava. Ele para por um segundo e fica meio aéreo. Claro,
ninguém tem coragem de dizer o que realmente aconteceu: “você pagou um
peixe-bola-gato em uma criatura alienígena parecida com um caranguejo”. Quem
seria tão sem caráter a esse ponto? O jovem e talentoso Ridley corta para a
melhor e mais impactante cena de terror que um filme de ficção científica já
concebeu.
CHESTBURSTING, SANGUE
FALSO E REAÇÕES VERDADEIRAS.
Alien é o meu filme preferido de todos os tempos. É um marco
do cinema e do terror. Por esse motivo, abandono, neste tópico, quaisquer
tentativas de fazer piada e trato o assunto da maneira pela qual ele merece ser
tratado. SARCASMO, HUMOR ADOLESCENTE E
IRONIAS < OFF >.
O corte de cena nos mostra os personagens interagindo de
forma bastante agradável e natural, durante uma refeição (almoço? Jantar? Café
da manhã? Como definir isso no espaço?).
Depois de alguns gracejos de cunho sexual que, provavelmente
não dariam em nada (droga! O filtro de sarcasmo precisa de uma limpeza), começa
o espetáculo.
Kane, demonstrando uma voraz fome, começa a passar mal e ter
algumas convulsões. Ash, o médico da equipe, acredita se tratar de um ataque
epilético, e pede para que alguém mantenha presa a língua do indivíduo.
Sentindo uma dor incontrolável, Kane grita de forma
assustadoramente real e agonizante. Uma mancha vermelha tinge sua camiseta
convenientemente branca. O silêncio. Todos ficam estarrecidos, com aquela
familiar cara de que porra é essa? estupefação. Mais gritos de dor. Mais
um jorro de sangue, e a camisa de Kane é rasgada para nos revelar o
Chestburster, uma criatura horrenda, sem braços ou pernas, com dentes metálicos
e que se assemelha a uma cobra. Mais caras de “estupefação”, e o bicho sai
correndo mesa abaixo para desaparecer completamente. Esse efeito foi alcançado
com balões e ar comprimido. E ficou muito bom.
Outro detalhe importante é a reação da atriz Veroninca
Cartwright.
Ela, segundo o documentário em DVD, não sabia muito bem que tipo de
cena seria gravada no dia da tomada do peito de Kane. Então, não seria exagero
dizer que A REAÇÃO DE VERONICA FOI UMA
REAÇÃO GENUÍNA DE UMA PESSOA QUE TESTEMUNHOU TAMANHO HORROR, EM TEMPO REAL E SEM
LEVAR EM CONTA DE QUE
SE TRATAVAM DE EFEITOS VISUAIS DE CINEMA. CARA, ISSO VALE MAIS QUE OURO. É
sério. Perceba a forma como a atriz parece ficar completamente chocada. Repare
nos dizeres dela (meu Deus), como soam totalmente naturais e espontâneos. “É o
filho de Kane”, observa Ash, completamente abismado e hipnotizado pela fuga do
pequeno notável.
Vale ressaltar que Ash impede que Parker cause um terrível
dano à criatura com seu afiado garfo de prata (eu já avisei que o filtro
precisa de uma limpeza). Se você é um louco que chegou até aqui no texto sem
nunca ter visto esse filme, preste atenção a esse tipo de nota. No futuro, tudo
fará sentido e você ficará sabendo o quão terrível pode ser a ganância humana.
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Essa galera consegue enfiar Alien em tudo quanto é coisa... |
Os personagens decidem que é melhor dar cabo do bicho, e
preparam uns bastões elétricos que podem penetrar a pele da criatura, caso ela
seja mais fina que a do ser humano. Nessa cena, também, tem origem um dos
maiores ícones presentes na série: O
DETECTOR DE MOVIMENTOS BASEADO EM MICROALTERAÇÕES NA
DENSIDADE DO AR O MEU RABO! Não é fã? Não entendeu a
referência? Such a Pitty...
Chegamos ao momento da segunda
morte do filme (lembra que Kane já passou dessa pra melhor? Foi o primeiro
de muitos...). Brett, depois de confundir um gato (Jonesy) com uma criatura
espacial de dois metros de altura, vai novamente ao encalço do bicho. A cena a
seguir nos apresenta a uma criatura preta, enorme, pendurada em correntes no
teto. Mas é aí que está o problema: nem o próprio telespectador estava ciente
que aquele bichinho que parecia uma cobra se transformaria em uma porra
gigantesca de dois metros de altura, com uma boca dentro da boca que viraria
sua principal marca registrada. Brett encontra algo semelhante a uma camisinha usada,
que na verdade é a pele temporária do Alien. Jonesy, que não só não é burro
como é mais esperto que Brett (pena que ele não entrou na conta de passageiros
do subtítulo brasileiro), dá o fora quando avista a criatura.
Logo em seguida,
o mecânico espacial é morto da mesma forma que um peru de natal é destrinchado
por uma família faminta que só deseja “comemorar o nascimento do Redentor”. Parker
chega a tempo de presenciar a cena da criatura, que acabaria por gerar a
fantástica frase “the son of a bitch is huge”! A voz de Parker, na dublagem
brasileira, era a mesma do Brutus, do desenho animado Popeye. Hilário, tosco,
mas ainda assim memorável.
Morte número três:
depois de traçar um incrível plano de se enfiar em uma série de corredores
escuros onde se encontra um huge son of a bitch, Dallas parte em sua empreitada
para encontrar seu destino final. MUITA
ATENÇÃO A ESSA CENA EM ESPECIAL: primeiro, porque eu levei um susto filho
da mãe ao assisti-la, mesmo já conhecendo o filme. Isso porque eu era criança na
primeira vez em que assisti, e fazia anos que eu não o via, me assustei
novamente. A tensão e desespero transmitidos pelas coordenadas da desesperada
Lambert causam uma aflição e terror no telespectador que não podem ser medidos
com palavras.
Segundo porque, até o presente momento no filme, DALLAS ERA O LÍDER; O CHEFÃO (PAU MANDADO,
MAS AINDA ASSIM, CHEFÃO); O MOCINHO DO FILME. Depois dessa cena, fica IMPOSSÍVEL adivinhar quem será o
sobrevivente e protagonista da história. O semblante distante de Ripley,
enquanto tenta pensar no que fazer, coincide completamente com a “falta de
chão” em que se encontra o telespectador a essa altura. Sem tirar nem pôr.
Ripley decide levar o plano de Dallas adiante, por mais
estúpido que pareça (eu não culparia a heroína de cabelos fartos por sua
completa desorientação). O plano: escapar num módulo de fuga (todo filme de
ficção científica da década de 70 e 80 tinha que ter um módulo de fuga, assim
como “impostores”. Ah, os malditos impostores, que causavam tanto mal nas
décadas acima citadas...) que só comportava dois ocupantes.
Mais uma vez, peço desculpas por não me recordar dos eventos
na ordem correta. Mas lá vai.
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Eu não falo, computo. |
Ripley, agora como comandante do cargueiro, tem acesso
irrestrito ao Pentium 133 conhecido pela alcunha de Mother. Essa ideia de dar
um nome quase próprio a um computador, que coordena todo o sistema de uma
espaçonave, merece um Oscar.
No mainframe da Mother, Ripley tem a terrível revelação de
que, o que pareciam ser eventos aleatórios (o sinal de socorro; a infestação de
um dos tripulantes), não eram nada aleatórios ou mero acaso. A ordem especial
937 deixa tudo muito claro: todos os tripulantes da nave eram “dispensáveis”. A
companhia já sabia da existência da criatura, e pretendia atravessar o bicho
pela “fronteira” usando o cargueiro como disfarce. Ash sabia de tudo. Mas o
telespectador não sabia tudo que tinha para saber sobre Ash. Lembra daquela
regra, de que o protagonista não deve saber mais que o espectador? Deve ter
sido levada em conta, nesse filme.
“Morte” número quatro:
Ripley, desesperada e transtornada pela ganância da Companhia em querer
aproveitar a espécie para fins militares, quase dá uma sova em Ash (que, como
oficial médico que era, jamais ganharia dela em uma luta. Humilhante.). Ao
tentar entrar em contato com Lambert e Parker, Ripley se vê encurralada por
Ash, que trava todos os acessos entre eles dois. Ash agarra Ripley pelos
cabelos. Ripley, na tentativa de se desvencilhar do seu algoz, acaba perdendo
um belo tufo de pelos da cabeça, tufo esse que não devia representar nem 10% do
total de pufantes de sua careca, visto que a década de oitenta (lar dos cabelos
estapafúrdios) acenava ao horizonte.
Machucado, Ash começa a sangrar... leite? WTF? Imagina você,
assistindo a um filme totalmente desconhecido no cinema, em uma época em que
não podíamos contar com o milagre da internet para dar spoilers e estragar todo
e qualquer material inédito que uma obra possa ter, e se deparar com um cara
que leva um soco na testa e começa a sangrar leite? WTF, você pensa. Nada mais
natural.
Ash, demonstrando possuir uma tremenda força (estou tentando
adequar o vocabulário à época, morou?), arremessa Ripley em uma cama e tenta
matá-la empurrando uma revista dobrada em canudo goela abaixo da heroína.
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You always know a Working Joe |
Cara,
essa cena é muito bizarra. É uma daquelas cenas em um filme que custa a nossas
cabecinhas inocentes entenderem. Quando revi o filme, depois de adulto (2005),
eu não sabia que reação ter. Eu não me lembrava de quase nada do filme, e não
sabia se achava a cena engraçada, bizarra (como é), ou simplesmente estranha. Comentarei
um fato relevante daqui a pouco.
Parker e Lambert chegam de repente (não, não vou fazer
nenhum comentário de duplo sentido questionando onde os dois estavam enquanto
acontecia a cena do tufo de cabelo). Parker, munido de um extintor de incêndio
(se bem me lembro) no melhor estilo Resident Evil Outbreak/Dead Rising, acerta
a moleira de Ash com um belo critical. A partir daí, o LSD é jogado no
suprimento de água de todo o cinema. Ash começa a ter um ataque xiliquento, e a
rodopiar que nem um louco pela sala. Ele agarra o peitinho de Parker e quase
causa uma visita forçada ao mastologista no rapaz de ébano. Parker se livra do
“bata, peitinho” mais ignorante da história, e acerta outro golpe na aberração,
quase arrancando sua cabeça do corpo. Ash começa a fazer uns barulhos
esquisitos e a dançar como uma bailarina alcoolizada. Então, Parker profere uma
das minhas frases de efeito favoritas do cinema: “It’s a robot. Ash is a
goddamn robot”!
Ash se revela um sintético (robô) a serviço da Companhia.
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My simpathies |
Não sei se conseguirei passar todo o sentimento que essa
cena me causou, mas tentarei. Assisti a esse filme na primeira vez, no final da
década de oitenta (infelizmente, a pouca idade me negou a experiência única de
assistir ao filme nos cinemas; minha curiosidade sobre o terror era tamanha
que, enquanto as crianças da época iam correndo aos cinemas para assistir a Os
Fantasmas Trapalhões, eu infernizava a minha mãe, que não me permitia
assistir ao King Kong nas telonas. Claro, esse filme não é de terror, mas eu
encarava a experiência de ver um macaco de 30 metros no telão como uma
experiência de terror; vai entender...).
Eu tinha uns seis ou sete anos, se não me engano. Claro, como
criança, não absorvi ou compreendi todos os elementos presentes na obra.
Depois, passei alguns anos sem ter a oportunidade de rever o filme. Isso só
veio a acontecer em 1998, quando 2001: Uma Odisseia no Espaço e Alien: O Oitavo
Passageiro foram exibidos em uma tacada só, numa sessão quase de madrugada na
rede Globo. Nem me lembro se cheguei a assistir o filme até o fim, pois os
sacanas da emissora decidiram exibir a chatíssima obra de Kubrick antes de
Alien, e eu estava morrendo de sono.
Depois dessa ocasião, pude conferir o filme novamente apenas
em 2005, quando um de meus irmãos comprou a edição dupla do filme em DVD. Assisti sozinho,
no quarto, usando um enorme fone de ouvido para não incomodar ninguém. Mais uma
vez, não me lembrava de lhufas do enredo, e a minha reação ao (re)descobrir que
Ash era um goddamn robot foi quase a mesma que a do personagem Parker.
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Exame de toque? |
A curiosidade que eu deixei pra falar sobre Ash é sobre a
cena do revistocídio, com a Ripley.
Segundo os depoimentos contidos no DVD de documentário, essa
foi uma forma (perturbada e distorcida) que o sintético encontra de se
“relacionar”, de “interagir” com um ser humano. Os autores vão mais fundo que
um Isaac Asimov, quando o assunto são robôs pervertidos e alterados: essa era
uma forma de Ash, um robô, fazer sexo...
Ripley decide reativar o robô para questioná-lo sobre uma
possível forma de exterminar a criatura, e é quando Ash solta a proverbial
frase: “Eu admiro a sua pureza”.
Ash admira o Alien por sua perfeição genética e evolutiva
(até aí tudo bem. Eu também. O design do bicho é formidável). Ash enaltece a
agressividade do animal, além de sua total falta de remorso ou quaisquer
emoções artificiais forçadas através de inibidores de emoções. Tá bom. Já fui
muito a fundo na psicologia de robôs pervertidos.
Parker, utilizando-se da sequência de comandos “menu
iniciar, desligar computador, desativar”, dá um destino final ao sintético
perturbado, deferindo o tão aguardado e merecido “foda-se” pelo qual Ash ansiou
o filme inteiro, e o plano de fugir no shuttle continua.
Mortes número cinco e
seis. Lambert e Parker vão cuidar dos preparativos para a fuga. Enquanto
recolhe alguns cilindros de oxigênio (sabe como é: no espaço, cilindros de
oxigênio nunca são demais), a criatura entra sorrateiramente na sala em que se
encontram os dois. Inicia-se então a cena mais ridícula, irritante e mais
“tenho vontade de entrar na tela pra dar um chega pra lá no Alien e matar
Lambert eu mesmo” de todo o filme.
Lambert avista a criatura, que começa a “flertar” com a
aterrorizada tripulante enroscando a sua calda na perna da moça. Parker tenta
dar um jeito na situação e pede para que a donzela saia da frente, para que ele
possa fazer churrasco de xenomorfo com seu potente lança-chamas improvisado. Lambert,
como cagona assustada que é, não consegue se mexer do lugar e apenas fica
dizendo “I can’t!”, com a maior cara de medo que um ser humano consegue
produzir. Imagino o cheiro que estava nessa sala, por causa da moça. Se Lambert
tivesse conseguido sobreviver, com certeza precisaria de um novo par de
calças.
Como não consegue usar o lança-chamas sem atingir sua
colega, Parker toma a decisão mais lógica que alguém poderia tomar diante de um
mostro com o dobro do seu tamanho: JOGA
A ARMA NO CHÃO E PARTE PRA CIMA DO BICHO NO BRAÇO!
Alien criou vários paradigmas dos filmes de terror e do
suspense, e esse personagem do Parker, com certeza, foi responsável pelo
paradigma do “heroizinho irracional que toma uma atitude idiota só pra se
ferrar e bancar o... heroizinho irracional.”
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Esse cara já tinha ciúmes do lugar de sentar bem antes de Sheldon Cooper virar meme de internet |
Logicamente, depois de tamanho planejamento estratégico;
análise da situação; reconhecimentos de área e inimigo, Lambert e Parker são
mortos pela criatura. A Ripley, só resta assistir a tudo por meio de
videoconferência e a sensação de alívio por não precisar mais sair no tapa por
uma vaga no shuttle.
Ripley, então, define mais um paradigma do gênero ao acionar
a (rufar de tambores, por favor) SEQUÊNCIA
DE AUTODESTRUIÇÃO DA ESPAÇONAVE. Esse é um dos conceitos mais estranhos e
contraditórios nas obras de ficção: por que diabos um fabricante incluiria, em
seus produtos, a opção de explodi-los e mandar tudo pelos ares? Sei que a
maioria das pessoas (principalmente americanos) adora fogos de artifício e
explosões de qualquer espécie, mas continua a fazer pouquíssimo sentido.
Para realizar tal feito, Ripley abre um painel e começa a
desenroscar e encaixar uns cilindros de metal que lembram velas de motor de
carro. Nessa cena, toda a tecnologia analógica presente no filme, até então, se
faz mais do que justificada: se você vai incluir uma opção de autodestruição em
um cargueiro de milhares de toneladas, é bom se certificar de que tal recurso
não possa ser ativado por acidente, com uma simples escolha de opção errada. Em
resumo: tecnologia analógica é sempre mais confiável, pois hardware é sempre
mais confiável que software.
Depois de ter ativado a sequência de destruição; empacotado
suas coisas e engaiolado o notável Jonesy, Ripley parte para sua Last Escape no
módulo de fuga. Apenas para se deparar com o Alien “em pessoa” em um dos muitos
corredores da nave. Sabendo que não daria tempo de se desvencilhar de seu
perseguidor antes que a contagem (de cinco minutos) acabasse, Ripley decide dar
pra trás e cancelar todo o procedimento. Ela volta (sem o gato) e começa a
desenroscar os cilindros novamente. Eu adoro essas duas cenas das bobinas de
metal. Simplesmente fico hipnotizado com ela. Não sei explicar o motivo, mas
adoro o design das peças e o barulho que elas fazem quando são rosqueadas.
Não dá tempo de cancelar, via hardware, a autodestruição.
Ripley, em momento de desespero, fala para Mother que cancelou o processo.
Mother apenas informa friamente que o processo continua, o que a confere um
sonoro “Bitch!” por parte de Ripley.
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Simplesmente F-O-D-A essa personagem |
Com pouco tempo para retornar ao shuttle, Ripley volta pelo
gato Jonesy, o que gerou muitos momentos “sua doida varrida. Deixa esse gato
pra lá e mete sebo nas canelas” das pessoas que tiveram o privilégio de
assistir ao filme em sua estreia nos cinemas. Enquanto isso, eu era arrastado
pela minha mãe para assistir Os Fantasmas Trapalhões. Maldita década de oitenta.
Sim, não posso deixar de citar que, na versão diretor, há
uma cena extra durante o retorno de Ripley ao módulo de fuga. Nela, a moçoila
encontra Dallas e Brett presos ao teto por uma substância negra que cobre toda
a parede. Isso explica o que realmente aconteceu com os dois personagens e o
“No blood. No sign of Dallas”salientado por Parker a certa altura do filme.
Essa cena também dá uma pista do “modus operandi” do Alien, assim como uma
possível forma de nutrição utilizada pelo monstro.
Na cena, também fica evidente o terror biológico e o destino
cruel de todos que topam com esta espécie: Dallas suplica a Ripley que o mate,
dada a sua deplorável condição e poucas chances de sair inteiro daquela. Muito
abalada, Ripley usa seu lança-chamas para acabar com a agonia de seu antigo
companheiro. Acho que o ódio que a personagem sente pela raça nasce neste
momento.
Já no módulo de fuga, a heroína consegue se livrar do bicho,
e só lhe resta fazer um habitual strip tease e assistir de camarote à
destruição do Nostromo. Essa cena da Ripley se despindo deu o que falar, mas eu
não me lembro porque ainda não era nascido. Mea Culpa.
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Só um Alien mesmo pra ter coragem de agredir uma tchutchuca dessas |
Enquanto cuida dos preparativos para seu hipersono em
hibernação criogênica, Ripley é surpreendida pelo braço da criatura, que se
encontrava totalmente camuflada ao maquinário “futurista” da nave. O huge son
of a bitch não só havia escapado da explosão (demonstrando um conhecimento
bastante conveniente a respeito da estrutura do Nostromo), como se infiltrou no
módulo antes mesmo de Ripley alcançá-lo. Vai ter instinto de sobrevivência
aguçado assim no raio que o parta.
Essa sequência deu origem a um dos maiores clichês dos
filmes de terror e suspense. Clichê esse que é utilizado à exaustão até nos
dias de hoje: o vilão que sempre retorna, como em Sexta-Feira 13. Isso é tão
lugar comum que, ao assistir a um filme, você já fica esperando a deixa no
final para que nos seja revelado que o vilão não morreu definitivamente,
abrindo espaço para uma possível continuação (que dependerá totalmente do seu
sucesso de bilheterias) e toda a sorte de subprodutos, como jogos e mais
filmes.
Bem, o fato é que Alien utiliza esse recurso com maestria.
Eu, mesmo já tendo visto o filme em algum momento da minha infância, fiquei
totalmente estupefato e paralisado (mais do que a própria personagem até) ao me
deparar com tal situação. Como sair vivo estando dentro de um cubículo no meio
do espaço sideral, acompanhado de uma criatura que só pensa em aniquilar
qualquer coisa que não faça parte da sua própria espécie? O que fazer?
|
Cena tensa... |
Ripley, demonstrando um instinto de sobrevivência ainda mais
aguçado que o do próprio Alien, rapidamente veste um traje espacial que se encontrava
dentro do shuttle e toma uma decisão arriscada, que pode ser a sua única saída
para escapar dessa com vida.
Pra resumir, ela senta na cadeira de comando da pequena nave
e abre a comporta do veículo, não sem antes estar munida de uma espécie de arpão
que seria usado contra a criatura. O que diabos um arpão estava fazendo ali eu,
sinceramente, não sei.
Ripley abre a comporta; o Alien é sugado para fora, mas
consegue se segurar na borda da porta; Ripley mete um balaço de arpão (que fura
o bicho mas, convenientemente, não respinga ácido na nave) que voa pelos “ares”
e explode no vácuo do espaço.
Ripley, então, grava um log afirmando ser a única
sobrevivente do cargueiro Nostromo. O gato Jonesy já se encontra em seu oitavo
sono, quando a tenente Ellen Ripley se deita em seu tubo criogênico, tendo como
reflexo a bela paisagem do espaço sideral. Fin.
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Esse sossego não vai durar muito tempo. Enquanto isso, Amanda se "diverte" na Sevastopol... |
Esse é o roteiro de Alien, meu filme preferido de terror e
suspense. É impossível analisar esse marco do terror de ficção científica sem
abordar alguns aspectos que permeiam o filme. Então, mãos à obra.
O TERROR!
Alien introduz um novo tipo de horror aos filmes: o terror
biológico, já citado por mim algumas vezes durante este e outros posts. Mas o
que seria isso, afinal?
A criatura do Alien é grotesca e fascinante pela própria
natureza, a começar pelo seu método de reprodução. O Alien é um parasita que
mata o seu hospedeiro durante seu ciclo de desenvolvimento. Essa ideia pode
parecer um pouco forçada, mas, prestando bastante atenção a alguns exemplos oriundos
de nossa própria fauna terrestre, veremos exemplos ainda mais extremos e
fantásticos que o do Alien (duvida? Leia esse artigo da revista
Superinteressante e me diga o contrário:
http://super.abril.com.br/ciencia/donos-mundo-441746.shtml).
E nem precisava ir tão longe assim: muitas vezes uma mãe não resiste a um parto natural, gerando uma situação mais ou menos parecida, apesar de menos extrema. O que mais me chama atenção na criatura do filme é a sua total transformação:
ele nasce como uma “aranha” dorminhoca que fica aguardando, em hibernação, pelo
seu hospedeiro (não fica muito claro nos filmes, mas aquela névoa expelida
pelos ovos serve como um despertador biológico da criatura, com a função de
reanimar o facehugger em caso de proximidade de hospedeiro). Depois adentra o
organismo da vítima, deixando-a em coma profundo no processo. Qualquer
tentativa de remoção da criatura causa a morte instantânea do hospedeiro, uma
vez que é seu parasita quem lhe fornece recursos essenciais como oxigênio.
Depois, o bicho simplesmente rasga seu hospedeiro de dentro pra fora, foge em
forma de cobra e, pouco tempo depois, se transforma em uma criatura de mais de
dois metros de altura (e uns noventa quilos, mais ou menos).
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Jonesy sabe todas as respostas. Ele só não é muito de falar... |
Falando em tempo, nunca ficou muito claro, em nenhum filme
da série, quanto tempo leva para que o hospedeiro “dê a luz” ao Alien, depois
que o facehugger desgruda de sua vítima. No Alien 3, fica evidente que o
processo de “amadurecimento” do Alien é bem mais demorado por se tratar de uma
Alien rainha. Já em filmes mais voltados para a ação, como em Aliens VS Predator,
esse ciclo foi um pouco acelerado, a fim de atender a demanda imposta pelo
elemento ação no filme. Algo totalmente errado e fora de contexto. Não é a
mitologia da série que deve se adequar à ação, e sim a ação estar inserida
dentro de um contexto interessante e que respeita os elementos do filme
original.
Já no jogo Aliens VS Predator: Extinction (PS2, Xbox, 2003),
esse ciclo é ainda mais rápido, acontecendo dentro de poucos segundos (!!!) e
bem diante de nossos olhos. Claro, uma adequação à mecânica de jogo do RTS e totalmente
perdoável pela necessidade.
E a parte onde o terror biológico entra é essa, e o
personagem Kane (John Hurt) pode se considerar um “felizardo” pelo fato de não
fazer a mínima ideia de sua condição. Luxo esse que alguns personagens dos
outros filmes (como a própria Ripley, no Alien 3) não tiveram. Imagina saber
que está carregando uma criatura que vai abrir um buraco no seu peito em poucas
horas? Eu não preciso de tal exercício de criatividade nerd, pois já tive
pesadelos extremamente realistas com essa situação que me deixavam feliz pelo
fato de poder acordar.
Voltando ao facehugger, por exemplo. A criatura é
simplesmente asquerosa, representando um verdadeiro extremo de malícia;
oportunismo; comportamento viciado e obsessivo. Sem contar no fator de
impotência diante do pequeno repugnante.
A violência do chestburster já esbarra em algo mais psicológico.
Já ouvi alguns boatos de que as mulheres, em geral, não gostam do filme Alien.
Em parte por que mulheres, geralmente, não costumam gostar muito de filmes de
terror. Claro que isso não é uma generalização, ou regra. Mas é fato. Por outro
lado, pesquisas afirmam que esse suposto desgosto que as mulheres têm com
relação ao filme se dá devido à relação de parto entre a criatura e seu
hospedeiro. O personagem Ash, durante a cena da morte de Kane, descreve o
chestburster como sendo “o filho de Kane”. Talvez essa relação “maternal com a
criatura tenha surgida daí.
O CRIADOR DA CRIATURA
O Alien foi idealizado pela dupla Dan O’Bannon e Ronald
Shusett. Do facehugger ao Alien adulto. É engraçado saber que, durante a
pré-produção do filme, alguém sugeriu que o facehugger fosse representado por
um pedaço de fígado bovino, que seria atirado no rosto do ator. Felizmente, tal
sugestão foi sumariamente desconsiderada.
Mas, voltando ao assunto, apesar de toda a criatividade dos
roteiristas em criar tal ser nunca antes visto pelo homem, eu duvido muito que
o filme tivesse alcançado igual sucesso se não fosse pela contribuição de uma
pessoal em especial: p designer suíço H.R. Giger.
Giger é um artista plástico suíço, como já mencionei, cujas
obras são voltadas ao surrealismo e à arte fantástica. E que melhor palavra
para definir o trabalho desse artista?
Seu estilo, cheio de referências ao horror e ao erotismo,
caiu como uma luva à criatura lovecraftiana mais famosa do cinema.
Não pretendo me prolongar muito no tema, mas a contribuição
de Giger para o filme é imensurável. Toda a personalidade e características
góticas e de terror (biológico) que o Alien possui estão lá graças ao trabalho
fantástico e mente criativa de Giger. As imagens da obra desse autor “falam”
melhor que eu.
PERSONAGENS
Alien criou vários paradigmas que seriam copiados à exaustão
e seguidos à risca nas décadas vindouras. O cinema principalmente, mas meios de
entretenimento como videogames também beberam dessa fonte. A seguir, uma breve
descrição do nicho ocupado pelos personagens do filme.
DALLAS- é o
suposto líder do grupo. É o “mocinho do filme”, que não poderia ser derrotado no final. Ao menos até a cena
dos corredores escuros provar que, às vezes, o maior dos clichês pode cair por
terra...
RIPLEY- tudo o que
podia ser dito sobre Ripley eu já disse em outros momentos do post. Ela á
forte; decidida; e tem um ar de sarcasmo e rudeza que a torna uma personagem
única. Ela ser um dos dois únicos sobreviventes ao final do filme é algo mais
do que merecido, dado o seu bom senso e comedimento.
LAMBERT- nem
chega a ser uma concorrente de Ripley, me deixando surpreso por conseguir ficar
viva por tanto tempo no filme. Ela é a eterna assustada dos filmes de terror.
Claro, estar preso em uma nave labiríntica com um monstro assassino não é uma
das situações mais agradáveis de se estar. Mas uma hora, qualquer pessoa se
acostuma e consegue lidar com o medo. Ao menos o suficiente para não ficar na
mira de um lança-chamas...
BRETT- sabe
aqueles personagens que são acompanhados pela frase “não entre aí, seu idiota”,
nos filmes de suspense? Brett é o exemplo vivo disso. Ele não tem um papel de
muito destaque, sendo apenas um peão no cargueiro. De fato, até o próprio
roteirista brinca um pouco com a sua função, quando um de seus colegas afirma
que ele é um tipo de papagaio que só sabe repetir o que Parker diz.
KANE- a mãe do
Alien. O “gato” que é morto pela curiosidade. Acho que ele é um dos pilotos da
nave. E um curioso mórbido filho da mãe.
ASH- um dos
pontos fortes do filme. Não só pelo fato de eu adorar robôs, sintéticos,
androides e afins, mas pela profundidade da sua participação nos eventos e pela
excelente atuação do ator Ian Holm.
PARKER- é um
meio-termo entre Dallas e Brett. Não tem cacife para ser o líder da nave, mas
não chega ser um inútil. Tem seus momentos áureos embalados por suas frases de
efeito, mas a sua total estupidez em tentar sair no braço com o Alien, ao final
do filme, anula quaisquer méritos anteriormente conquistados.
BOLAJI BADEJO- o
que eu disse sobre o cara ser negro e ter um nome bizarro? Aqui há a
justificativa de ele ser africano, ou algo do tipo. Bem, ele veste a roupa do
monstro. É magro pra caramba e deve ter sofrido pra burro tentando entrar
naquele traje e tendo que chegar quatro horas mais cedo que o resto do elenco
para se maquiar. Quem diria que um Alien conseguiria superar as mulheres no
quesito “demora pra se arrumar”?
HELEN HORTON- não
é uma atriz. Pelo menos, não visualmente. Ela faz a voz da Mother, o computador
teimoso que não perde uma oportunidade de explodir cargueiros espaciais de
vários bilhões de dólares.
JONESY- um ilustre tripulante do cargueiro espacial Nostromo. De muito bom senso, corajoso e carismático. Ok, já deu pra perceber que eu sou apaixonado por felinos. Mas isso não diminui o carisma de Jonesy...
NOSTROMO- não é
um personagem, mas nada disso teria acontecido se não fosse por ele. Como adoro
naves mineradoras ao estilo Heavy Metal, me sinto na obrigação de incluí-lo
nessa lista.
SIGA O CHEFE
Alien influenciou a indústria do cinema. Até aí, nenhuma
novidade. Mas, indubitavelmente, esse filme deixou marcas profundas na forma
como os filmes de terror seriam feitos dali pra frente. Não posso deixar de
dizer que ele foi uma das obras cinematográficas mais plagiadas e satirizadas
já feitas (no mesmo nível de Matrix e O Senhor dos Anéis). E tem gente que, nos
dias de hoje, nem se quer sabe que o filme existe. Difícil de acreditar, mas é
verdade.
-AMBIENTAÇÃO- é
de perder a conta de quantos filmes se passaram em lugares fechados depois de
Alien, como espaçonaves; navios; todo tipo de instalação e afins. Tudo isso na
tentativa de copiar uma atmosfera que era impossível de copiar, sem cair no
plágio ou cópia descarada propriamente ditos. O engraçado foi o efeito reverso
que esse fenômeno causou: na tentativa de se diferenciar desse clássico, alguns
filmes (como O Enigma do Outro Mundo; O Segredo do Abismo e etc.) acabavam
tomando rumos de enredo e ambientação completamente inusitados, o que não
deixava de ser uma influência. Indireta, mas ainda assim, uma forte influência.
-FINAL SURPRESA-
não sei se Alien foi o primeiro filme a se utilizar deste recurso, mas foi o
mais marcante (ao menos para mim). O vilão que “morre” mas continua vivo. Um
final disfarçado de epílogo. A deixa para o retorno ou continuação de algo.
Tudo isso virou padrão por causa dos eventos posteriores ao strip tease de
Ripley.
-A CORPORAÇÃO MALIGNA-
Alien tenta, de forma bem sutil, passar a mensagem de que o verdadeiro inimigo
do filme não é quem achamos que seja. O ser humano e sua ganância constituem
ameaça bem mais sólida do que a de uma criatura que foi tirada de seu habitat
natural e que está preocupada apenas em garantir a própria sobrevivência. Essa
ameaça invisível meio que virou padrão, depois desse filme.
-
O SINTÉTICO IMPOSTOR-
essa característica se estendeu mais aos filmes subsequentes da própria série
que ao cinema como um todo. Traidores; impostores; Weskers; pilantras de toda
espécie sempre existiram nos enredos de filmes, principalmente nos de suspense.
Mas nos filmes da franquia Alien, isso já algo esperado e previsível. Só resta
tentar adivinhar quem será o canalha da vez.
-SIGA O CHEFE?-
quem é o protagonista do Alien? Dallas, que morre depois de mais ou menos uma
hora e meia de filme? O próprio Alien, a indiscutível estrela principal do
show? Ou Ellen Ripley, que teve a sorte de estar nos lugares certos nas horas
certas? Meio difícil e sem sentido dizer, mas essa é uma das principais
características do filme (ao menos pra quem ainda não assistiu até o fim), a de
não ter um protagonista muito bem definido.
Na qualidade de Review Supremo, este texto tem a obrigação
moral de abordar de forma abrangente a série de filmes em sua totalidade.
Claro, isso é apenas uma bela desculpa que eu estou dando para descer o pau nos
outros filmes que levaram o nome Alien no título, tendo em vista que nenhum
deles conseguiu chegar nem perto da qualidade e supremacia do primeiro. Here we
go.
ALIENS, O RESGATE
(1986. Direção de um tal de James “Terminator” Cameron. Roteiro do próprio
Cameron e dois outros loosers chamados David Giler e Walter Hill)
Lançado sete anos depois do primeiro filme, Aliens é baseado
nos personagens criados por Dan O’Bannon e Ron Shusett. Pronto. Qualquer outra
semelhança com o filme original acaba aqui.
Aliens, O Resgate é um dos piores filmes da série, em minha
opinião. DESCARADAMENTE VOLTADO À AÇÃO,
jogando ralo abaixo todo o clima de horror e suspense construídos no filme
original.
Esse filme conta com cenas irritantes, mostrando personagens
ainda mais irritantes (tenente Gorman; Carter Burke; Apone; a lista abrange
quase todos os personagens do filme, pode acreditar) em situações meio que deslocadas,
como a cena em que o detestável e desprezível personagem de Bill Paxton (é incrível como tudo que sai da boca desse personagem ou é uma frase feita ou é um clichê) fica
enchendo o saco de Ripley acerca da competência dos seus companheiros de
batalhão.
A ação desse filme é totalmente descarada, e pode ser
resumida pela cena em que a personagem interpretada por Jenette Goldstein
interrompe as explanações de Ripley sobre os xenomorfos e afirma que só precisa
fazer mira e saber em quê atirar. O mais triste é constatar que a maioria dos jogos que seriam feitos sobre essa franquia seguiriam essa filosofia ao pé da letra.
Aliens, O Resgate é, sem dúvida o segundo filme dessa
franquia de que menos gosto. A mania desprezível do diretor James Cameron, de
enfiar criancinhas em tudo que é filme quase atrapalha a experiência do filme
em si (UMA CRIANÇA QUE CONSEGUE
SOBREVIVER, SOZINHA, EM UM PLANETA INFESTADO
DE ALIENS? Desculpe, mas essa eu nunca consegui engolir). Se não fosse pela
excelente interpretação e pelo carisma da pequena Carrie Henn, atriz que
interpretou a garota Newt, a ideia de uma criança “fazendo e acontecendo” em um
filme da série Alien seria insuportável. O meu desgosto com esse filme beiraria
o patológico, se não fosse por duas palavrinhas mágicas que sempre vêm à mente
quando o assunto é Aliens, O Resgate: ALIEN
RAINHA.
No primeiro filme, não fica nada claro o ciclo de vida da
criatura, mesmo com a cena extra de Dallas e Brett aprisionados. O Alien sai de
um ovo. Mas quem põe esses ovos?
Esse filme, apesar de todas as suas falhas lógicas
(pesadelos e uma promessa capenga de extermínio da espécie -vinda de uma
companhia que tentou capitalizar em cima dos aliens- não constituem motivo
suficiente para que Ripley voltasse ao planeta. É como a própria diz: “não sou
soldado. Vocês não precisam de mim lá”), trouxe a maior contribuição que qualquer
outro filme conseguiu trazer: tornou possível (e rentável) a expansão da
franquia e do mito do Alien, com a sua explicação da origem do Alien através da
Alien Rainha. E nada mais.
PONTOS FRACOS:
história voltada à ação; personagens clichês e irritantes; crianças; duração
exagerada (devia ser mais curto); falhas lógicas de roteiro;
PONTOS FORTES:
Bishop; Ricks; as Smartguns; a morte de todos os personagens citados no tópico
principal; expansão da franquia; Alien Rainha; sequência final com a Alien Rainha;
tudo que tiver a ver com a Alien Rainha.
ALIEN 3 (1992.
Direção de David Fincher. Roteiro de Vincent Ward)
O roteiro desse filme deixa uma coisa bem clara, logo no
início: nada de crianças; nada de armas de fogo; nada de casalzinho romântico
que sobrevive ao final da história (morra e vá para o inferno de cabeça para
baixo por querer transformar a Ripley em uma dona de casa, James Cameron).
Alien 3 se passa no planeta prisão Fiorina 161.
Esse filme pode ser considerado um retorno às origens da
franquia, uma vez que temos a boa e velha Ripley sozinha (digo, sem criancinhas
ou par romântico por perto) lutando contra um, e apenas um, Alien. Por sinal,
esse foi o primeiro filme que se arriscou na árdua tarefa de criar novas raças
de xenomorfos.
No quesito personagens, Alien 3 consegue apresentar quase o
mesmo nível de irritação que Aliens, exceto pelo fato de que o terceiro filme
nos mostra personagens mais profundos e interessantes, na medida do possível.
Um exemplo claro disso é o Sr. Clemens, médico da prisão que descobre do pior
jeito o que acontece com quem tenta se engraçar com a Ripley.
Alien 3 é um ótimo filme, mais puxado para o suspense, assim
como o primeiro. Ele, logo em seu começo, já resolve várias pataquadas trazidas
pelo segundo filme, e deixa claro que não há como topar com um exemplar dessa
espécie e se dar bem. Ripley que o diga.
PONTOS FRACOS:
poucos. Dentre eles, os prisioneiros no cio e alguns exageros (como a cena do
chumbo quente).
PONTOS FORTES:
atmosfera; ordem na bagunça; Bishop e sua voz sintetizada; direção de arte
magnífica; destino da Ripley; o jogo de SNES; Alien Rainha.
ALIEN, A RESSURREIÇÃO
(1997. Direção do desconhecido Jean Pierre Jeunet. Roteiro de Joss “Buffy”
Whedon)
Se você procurar no Google o termo “forçação de barra”, aparecerá
uma foto do cartaz de Alien, A Ressurreição.
Atrelados à ideia imbecil de que só pode haver um filme
dessa franquia se tiver a Sigourney Weaver no meio, Resurrection traz Ellen
Ripley dos mortos. A explicação? Através dos restos biológicos encontrados no
planeta Fiorina 161, cientistas conseguem clonar a Ripley e, com isso, trazer
de volta a Alien Rainha que a tenente carregava em seu ventre.
Na verdade, essa não é bem a Ripley, como atesta o próprio
filme. É um clone com as memórias da Ripley, o que dá no mesmo, de qualquer
jeito.
Mas a bagunça não para por aí: a Ripley clone não é como a
antiga Ripley que conhecemos. Ela possui DNA híbrido de humano e alien (????).
Isso mesmo que você está pensando: o próximo passo na falta de criatividade
evolução da série depois de enfrentar aliens e morrer nas mãos dos monstros é
se tornar um deles. Sarcasmo OFF.
Esse filme nem fede nem cheira. A história é só um pretexto
para mais matança xenomórfica e situações sem um pingo de sentido. Por que
diabos um facehugger tenta grudar na cara da Ripley, já que agora ela faz
“parte do time”? Bem, deixa pra lá.
O filme termina com os personagens chegando ao planeta
Terra, sem saber direito o que vai acontecer dali pra frente. Mesmo sentimento
dos fãs da franquia...
PONTOS FRACOS:
desculpa esfarrapada pra trazer a Ripley de volta (não que eu esteja achando
ruim. É melhor um filme de Alien com a Sigourney Weaver do que um sem. Mesmo
que não faça sentido. Podiam fazer um bom filme com a Sigourney e que FIZESSE SENTIDO. Seria um perfeito
meio-termo); personagens sem carisma; o ator que fez Hellboy terminar o filme
vivo.
PONTOS FORTES: a
esfarrapada Ripley; Carl; o Newborn Hybrid; a cena dos Aliens mancomunando para
escapar do laboratório. Ela deixa a certeza de que não há como subjugar essa
espécie; o computador Father; Alien Rainha (mesmo que ela esteja meio por baixo
nesse filme).
Alien é a minha franquia predileta de filmes de ficção
científica. Mesmo com algumas decisões errôneas que vêm sendo tomadas, fico bastante
feliz que filmes como Prometheus tentem cumprir a difícil tarefa de acrescentar
algo de bom a essa rica série (a possibilidade de ver um Space Joker vivo me
causa convulsões e sensações fisiológicas de expectativa indescritíveis...).
Se você leu o texto até aqui, e ainda se pergunta o que os
filmes têm a ver com games, tentarei explicar de uma forma bastante simples: Alien,
O Oitavo Passageiro, não é um jogo. Mas deu origem a vários. E mais importante:
o blog é meu e eu escrevo sobre o que eu quiser, capiche?
Tendo sido feitas todas as observações das quais me recordo
sobre o primeiro filme da franquia, me despeço de mais um Review Supremo. Não
abordei os dois filmes da subfranquia Aliens VS Predator pelo simples fato de
que quero dar um pouco mais de atenção aos mesmos em um futuro post, que
relacione os filmes com seus respectivos jogos.
Au Revoir!