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sábado, 26 de maio de 2012

PEQUENO PLANETA, GRANDE DECEPÇÃO














Minhas expectativas com relação à atual geração de jogos não poderiam ser maiores. Sempre fui um jogador de consoles (salvo raríssimas exceções), e pelo que foi apresentado com os aparelhos de 128 bits, esperava no mínimo uma experiência extra-sensorial vinda dos gigantes de incontáveis bits de processamento. Quem acompanha o blog já ouviu essa história mais de uma vez.
Acho que meu problema foi acreditar nas (exageradas) promessas pré-lançamento de consoles que sempre são feitas, de que “a água será mais realista do que nunca”, ou que tal aparelho terá capacidade para rodar um jogo equiparável a tal animação de computação gráfica, só que em tempo real.
Quase seis anos se passaram desde o lançamento da atual geração de consoles (que não podem mais ser medidos pela sua capacidade em bits), e confesso que pouquíssimos jogos haviam cumprido com o prometido pelos desenvolvedores. Um desses jogos foi Little Big Planet.


JOGUE, CRIE, COMPARTILHE









Little Big Planet foi lançado em 2008, pela total desconhecida Media Molecule, empresa fundada em 2006 pelos ex-funcionários da Lionhead Studios. É isso mesmo que você está pensando: Little Big Planet foi desenvolvido num prazo de, aproximadamente, três anos, por uma empresa totalmente “iniciante” no assunto e que provou que, nem sempre, diamantes levam centenas de anos para se formarem.
LBP é um exemplo daqueles jogos em que tudo parece ter saído de forma perfeita: ótima trilha sonora (uma das melhores dessa geração. Com certeza, alvo de um futuro post); gráficos que fazem jus ao alarde da nova geração; modo história cativante e criativo, que consegue fisgar o jogador logo nos primeiros dez minutos de jogo (para ser mais exato, já nos créditos e apresentação o game consegue fazer você se apaixonar pelo mundo de papelão e pano); curva de dificuldade agradável.
Ou seja: um ótimo jogo, que eu joguei pelo menos duas vezes completas (a segunda foi para completar o difícil desafio de passar de todas as fases sem morrer). E isso era só o começo, pois o mote de LBP era a criação de fases para compartimento com outros jogadores ao redor do mundo.
Claro, nem tudo era perfeito nesse jogo, e como principal problema, posso citar a terrível ideia de mudança de planos e física desengonçada do Sackboy.


PEQUENA GRANDE DECEPÇÃO.












Duas coisas a respeito dos games que nunca mudam: eles podem ser tão surpreendentes quanto decepcionantes. E é no segundo caso que se enquadra Little Big Planet 2.
Para começar, a história do jogo, nem de longe, se compara com a do primeiro. Não que essa última fosse a reinvenção da roda. Longe disso. O modo single player, assim como toda a campanha solo, estavam lá para, “meramente”, apresentar ao jogador o mundo de possibilidades que as ferramentas de criação de LBP podiam proporcionar. De fato, tudo que é visto no modo solo pode ser reproduzido ou criado pelos próprios jogadores, com a criatividade e dedicação necessários.
LBP 2 nem isso consegue alcançar. A história do modo principal é monótona, com excesso de diálogos e não chega a lugar nenhum. Serve, basicamente, para te apresentar a personagens chatos e sem carisma. E por falar nisso...

No primeiro jogo da série, os mundos nos quais você jogava eram invenções das mentes criativas de figuras como Zola; The Collector; Uncle Jalapeño e outros mais. No segundo game, apenas o primeiro criador, Da Vinci, consegue entreter e demonstrar a “velha” magia Little Big Planet que foi apresentada no início da série.
Os mundos de LBP 2 são tão sem criatividade, que eu nem me recordo deles direito, e passei voando por cada um deles na vã esperança de ver algo que valesse a pena a jogada. Do começo ao fim, quando somos obrigados a enfrentar o maçante Negativitron (um monstro imbecil e clichê que só sabe berrar e dizer que vai destruir as coisas), fica a sensação de que esqueceram algum ingrediente fundamental que foi usado com abundância no primeiro jogo. Isso sem falar no personagem mais sem graça e irritante da série.

AVALON CENTRIFUGE












Avalon Centrifuge é um personagem tão irritantemente clichê que fica difícil tecer um motivo mais elaborado para a total falta de empatia que o mesmo causou em mim. Ele mora no planeta chamado Avalonia que, não por coincidência, é uma variação de seu próprio nome. Avalon é hedonista; super confiante; egocêntrico; orgulhoso e tem todas as outras falhas de personalidade que o fazem uma perfeita cópia de um “famoso” personagem da série Dragon Ball Z: Mister Satã.

Mister Satã é um caso que poderia ser analisado à parte. Como tenho um pouco de tempo livre nos fins de semana, posso fazê-lo.
No desenho animado do “mestre” Akira Toriyama, Mister Satã é um lutador fake que sempre ganha as suas lutas devido a alguma desvantagem de seu oponente. Ele é egocêntrico; covarde; exibido; embromador; e muito, mas muito, sem graça. No desenho animado, esse personagem desprezível sempre leva o crédito pelos feitos dos personagens principais, e toda a população do desenho, como retardada que é, simplesmente não consegue perceber que ele não teria condições de ter realizado nem a metade das coisas de que se gaba.
No “enredo” de Dragon Ball, esses fatos são utilizados como recurso humorístico, mas o fato é que Mister Satã é desprezível e não tem a mínima graça ou função na história. E qual é a dos japoneses de colocar um nome desses em um personagem? Será que eles não sabem o que Satã significa?

Bem, todo esse desabafo foi para explicitar o quão Avalon Centrifuge e todos os personagens de LBP 2 são o ápice da falta de criatividade. E para deixar bem claro, gostaria de dizer: mister Satã é irritante, e não engraçado! Ouviu, Akira Toriyama? Irritante é muito diferente de engraçado. O Goku criança, da fase inicial de Dragon Ball (a única que presta, diga-se de passagem), era um personagem engraçado. Mister Satã não é.


TRILHA SONORA












Aqui eu adentro no ponto mais crítico da minha experiência com esse jogo. No Little Big Planet, a trilha sonora era... quer saber de uma coisa? A música do primeiro jogo era tão boa que nem pode ser citada no mesmo post que trata de LBP2.
Só posso dizer que, desse segundo game, eu não me recordo de ABSOLUTAMENTE NENHUMA FAIXA DE NENHUM DOS ESTÁGIOS. E, para um jogador que considera a música de um game como 50% da experiência, pode apostar que esse é um problema gravíssimo do jogo, com direito a 200 pontos na carteira e multa de centenas de reais.
Não que eu estivesse brincando, mas, falando sério: como os desenvolvedores do jogo puderam fazer isso com a trilha sonora desse jogo? Com exceção de uma breve remixagem de uma sinfonia de Beethoven, que toca ao final das fases do mundo de Da Vinci, eu realmente não consigo me lembrar de mais nenhuma faixa desse game. Enquanto escrevia essas mesmas palavras, o tema dos créditos de introdução do LBP ecoava em minha mente. Acho que não preciso dizer mais nada...


ASPECTOS GERAIS DE JOGABILIDADE











Claro, Little Bif Planet 2 possui suas qualidades. O problema é que, mesmo onde acerta, fica claro que não foi por mérito próprio. Os gráficos, por exemplo: o visual desse jogo é impecável e tão perfeito quanto o do primeiro. E essa perfeição vem justamente daí: como se utiliza do mesmo motor gráfico, LBP 2 consegue apenas reprisar os feitos de seu antecessor, sem tirar nem pôr nada que já não tenha sido visto.
O jogo apresenta uma maior quantidade de fases, corrigindo uma indiscutível falha do primeiro game. Mas, se levarmos em conta que LBP dá uma surra em TODOS os aspectos de LBP 2, então isso acaba deixando de ser uma vantagem. Sem falar que as fases do 1 são mil vezes mais pitorescas que as do 2.
As novas mecânicas de jogabilidade, como a montaria de criaturas e o Grappling Hook, em seus primeiros momentos, prometem ser um parque de diversões. Isso se não fosse a MALDITA IMPRECISÃO DA ALAVANCA ANALÓGICA DO CONTROLE DO PS3, que torna a simples tarefa de se dependurar a La Tarzan um verdadeiro suplício, graças ao maldito cordão que fica se esticando ou se recolhendo sem o consentimento do jogador. E tem gente que ainda acha que o controle do Playstation é o melhor que já foi feito. Eu queria ganhar uma por fora pra bajular a Sony desse jeito também. Afinal, seus jogos andam bem carinhos.
A arma de água funciona bem, mas não acrescenta nada na mecânica dos cenários. O mesmo pode ser dito da montaria de coelhos ou lagartas. Recursos que pareciam legais nos trailers, mas que se mostraram totalmente mal aproveitados na campanha solo.


CONCLUSÃO FINAL, SÓ PRA TERMINAR












É triste o que vou dizer a seguir mas, com Little Big Planet 2, fiz algo que nunca achei que faria com um jogo dessa série: terminei ele às pressas. Sabe quando a experiência com um jogo acaba se tornando um fardo, e você se vê compelido a chegar ao final só pra ver se algo de melhor acontece? Foi o que aconteceu aqui.
A Media Molecule foi comprada pela Sony, dado o tremendo sucesso que foi a primeira empreitada da empresa. Fico me perguntando o efeito que tal transação exerceu no processo criativo da Media Molecule, a ponto de lançar um jogo bastante inferior ao que havia sido mostrado antes. Com LBP 2, essa empresa parece ter esquecido todo o aprendizado de se criar algo para o complicado Tiamat de várias cabeças que é o PS3. O pior: parece ter esquecido como se faz bons jogos. Nesse caso, a santíssima trindade “Jogue, Crie, Compartilhe” não foi seguida pelos próprios desenvolvedores do game, que entregaram um produto bastante ruim e sem personalidade, desprovido de vida própria.
O próximo jogo da série, Little Big Planet Kart, seria uma compra quase que automática, se meu julgamento fosse baseado nas minhas impressões acerca do primeiro jogo. Mas, depois dessa, faço lá minhas ressalvas quanto ao futuro dos pequeninos de pano. Triste, mas a pura verdade...


PONTOS FORTES: belos gráficos; mais estágios por planeta; deixe-me ver...

PONTOS FRACOS: história fraca; personagens que vão do sem graça ao irritante; mundos pouquíssimos variados; excesso de diálogos; mecânicas que não funcionam; e o mais grave de todos: trilha sonora inexistente.

VALE A COMPRA? A resposta é simples, clara e direta: NÃO. Se você já tem o Little Big Planet, não fique com coceira pra comprar o segundo. Ele não está à altura de seu antecessor. LBP 2 consegue reunir alguns dos defeitos que mais detesto em um jogo, como curta duração, músicas inexpressivas e personagens irritantes (dublagem de pessoas reais não caiu bem). E, se você parar para ponderar que todas as fases (online) do primeiro jogo têm compatibilidade com as do segundo e vice-versa, não vejo nenhum motivo plausível para comprar Little Big Planet 2.


Au Revoir!

5 comentários:

  1. Muito boa análise. Mas o que me chamou mais atenção foram as críticas da atual geração e o controller do PS3.

    Não consigo entender como as pessoas "compram" tecnologia de ponta e promessas à respeito tão facilmente assim. Será este mundo tão vazio a ponto das pessoas só se importarem com as promessas do futuro?

    Eu faço questão de manter meu N64, PS2 e vários emuladores do PC em funcionamento pela grande quantidade de jóias do entretenimento escondidas e quase perdidas nas gerações anteriores.

    E quanto ao Dual Shock, eu realmente não entendo o sucesso. Eu até gosto da idéia geral do design dele, e tenho um Logitech para o PC e para o PS2 baseados no modelo do controller. A diferença é que os analógicos do Logitech são mais afastados um do outro, mais precisos, e o direcional é um bloco único e arredondado, similar ao do XBox, só que mais preciso também.

    Jogar um bom e velho Street Fighter nesses controllers modernos é um desastre. Nunca foi tão difícil fazer um hadouken. Menos no Logitech, claro.

    (patrocínio Logitech) :)

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    1. valeu pelo apoio, Fernando. que bom que você gostou do texto. o review do Alien, O Oitavo Passageiro deu um trabalho dos diabos pra terminar (custou um dia do meu final de semana), e eu pensei que ele seria mais apreciado pelos leitores do blog, mas acho que pouca gente conhece o filme, afinal de contas.

      sobre o lbp2, queria que o post serviço de aviso para quem acha que vai encontrar a mesma qualidade do primeiro game. não atribuirei notas, mas vou manter esse formato de altos e baixos e se vale a pena comprar o jogo em destaque ou não. é bom ter a opinião de alguém antes de investir o seu dinheiro em um produto, seja jogo ou qualquer outra coisa. e muitos esquecem isto: que jogos são produtos, apesar da empatia e carinho que temos com eles, tem gente por aí (coff...Capcom...coff) enchendo os bolsos de dinheiro às custas do nosso meio de divertimento.

      o controle do Play eu não acho ruim. só não acho que seja tudo isso que o pessoal pinta. eu consigo jogar SF4 normalmente nele, apesar de sofrer um pouco. o incrível é que ninguém se dá conta de que os proprietários de Playstation estão jogando com um controle cujo design foi "criado" há mais de quinze anos atrás. a coisa mais covarde e idiota que a Sony fez foi abandonar o controle bumerangue que seria lançado no PS3. o visual era estranho, mas era uma tentativa de mudar. mas os fãs fizeram mimimi em coro e já viu. ridículo. fica parecendo que a empresa não tem a mínima confiança nos produtos que cria. por isso que eu tenho o maior respeito pela Blizard, quando dá um belo FODA-SE na cara dos fãs e demora o tempo que bem acha melhor para desenvolver seus jogos (apesar daquela cagada de alterar a paleta de cores do Diablo 3).

      P.S.: você já reparou como os botões do controle de PS são pequenos (parecem MMs) e param de responder se você pressioná-los rápido demais?

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    2. Os botões do controller do PS2 e provavelmente do PS3 (nunca conferi) são analógicos também. Existem níveis de pressão. O direcional digital também aceita níveis de pressão. É possível jogar Gran Turismo 3 e 4 no d-pad e fazer curvas suaves ou bruscas conforme a pressão exercida (o paraíso para os antigos jogadores de Top Gear que pressionavam inutilmente com força o d-pad nas curvas mais fechadas). O problema disso é que os botões dão uma sensação de estarem em cima de pequenas molas, e parecem não responder tão bem assim, como você observou. Para mim isso é um recurso desnecessário e foi pouco utilizado.

      Já a questão da paleta de Diablo 3, apesar de ainda não ter jogado, ela me agradou bastante. Acho que o visual do primeiro era dark por ser somente uma masmorra escondida nas entranhas de Tristam. Não faz sentido um jogo cheio de locais abertos ser sempre escuro. Eu até prefiro um visual mais Teletubbies porque isso traz um certo relaxamento, principalmente num jogo onde ficaremos horas seguidas jogando. Não quero jogar com um vidrinho de Prozac do meu lado.

      Não tem coisa melhor em Skyrim do que sair de uma dungeon fedorenta (na minha mente) e se deparar com um belíssimo nascer do sol banhando de dourado as folhas levemente agitadas das árvores pela brisa matinal que corre ao longo das montanhas cobertas da neve branca e imaculada daquela terra pura com animais pastando onde nenhum homem deveria ter posto seus pés (ufa, sem vírgula).

      Quanto ao Alien, eu tenho um problema. Não gosto muito do gênero suspense e terror e não sou fã de filmes e TV em geral. Acho que os games me deixaram desacostumado com entretenimento passivo. Mas juro que tenho muito interesse em assistir a essa trilogia de quatro filmes por causa do seu lado sci-fi. Lembro de alguns pedaços que acabei assistindo na tv e tinha muita coisa interessante.

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  2. Marcos A. S. Almeida2 de junho de 2012 às 08:50

    Shadow, têm Steam?Quer experimentar o Beta do CS:GO?Tenho um convite.

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    1. eu tenho Steam, Marcos, mas acho que meu note não roda nenhum jogo que exija placa de vídeo (pois ele não tem placa de vídeo rsrsrs). obrigado pelo convite. desculpa, só vi o comentário agora. valeu!

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